Salir de Aqui

1602 Words
Alana                Por Dios, como isso aconteceu? Quando ele me apresentou aquela garota, meu mundo desabou. Não pode ser! Dani nunca trouxe namorada para apresentar a família, acho até que ele nunca teve uma namorada, ou algo sério com alguém, então isso significa que ele tem algum sentimento por ela, e não é apenas sexo. Isso me preocupa. Ela aperta minha mão e em seguida me abraça, sorrio e não esboço mais nenhuma reação, apenas fico controlando minhas emoções para não entrar em surto. Eles falam e me fazem perguntas, e eu apenas balanço a cabeça, e continuo sorrindo, o sorriso mais sem graça possível, e sem expressão. Sinto-me arrasada, preciso correr, fugir desse lugar. Distancio-me do casal, ainda não consigo acreditar em tudo que ouvi, não pode ser possível, ele não pode estar apaixonado, como isso aconteceu? A minha verdadeira vontade é gritar, chorar, e fazer um verdadeiro show de horrores diante de todos, mas sei que estaria errada agindo assim, então, o melhor a fazer é tirar o meu time de campo. Ando de costas, me sinto tão m*l, tão perplexa que nem percebo que esbarro em alguém, e escuto apenas uma voz rouca atrás de mim, que me tira do transe maldito em que me encontro. — Vejo que viver esse tempo no Brasil te fez muito bem! Você está mais bonita, cariño! — Eu não olho para trás, mas pela voz rouca, palavras envolventes, e pelo modo como me chamou, "cariño". Só há uma pessoa que me chama assim, Raúl. — Se você diz! — Respondo um pouco chateada, viro-me e o encaro. Durante esses dois anos, vi imagens dele e alguns jogos na tv, mas revê-lo pessoalmente me encanta um pouco. Ele sempre foi bonito, mas parece diferente. Não sei se são as tatuagens espalhadas pelo seu braço, seu cabelo castanho caindo perto dos olhos ou seu sorriso vibrante, que Edu e Babi costumavam chamar de "molha calcinha", e eu particularmente acho isso ridículo, mas tenho que confessar que sempre gostei de vê-lo sorrindo. — Você parece chateada, o que houve? Não gostou do que eu disse? — Ele me pergunta e leva sua mão até o meu rosto, e o acaricia. — Não, imagina! Eu adoro quando você me elogia e me chama de cariño. Eu só não gostei da presença de algumas pessoas que eu nem conheço, e que estão nesta festa! — Você está falando da Isabella? Será que esse ciúme exagerado com seu irmão não acaba nunca? — ele me pergunta num tom de brincadeira, me abraça bem forte, e em seguida, fala bem próximo a minha orelha. — Senti tanto a sua falta, cariño! Seu abraço me acalma. Ele sempre foi tão carinhoso comigo. Meus amigos, Babi e Edu, adoravam criar histórias sem sentido, e achavam que o Raúl era apaixonado por mim, e que nós combinávamos. Eu não conseguia, e ainda não consigo acreditar nisso, ele sempre saiu com garotas que pareciam super modelos, então, por que se interessaria por mim? Além disso, o amo como amigo, um amigo irmão, era algo que deveria sentir por Dani, mas não aconteceu. Talvez minha vida fosse mais fácil se eu me apaixonasse pelo Raúl. — Não é ciúmes! Eu apenas não gosto de chegar em casa e encontrar pessoas que não conheço, e ela parece bem chatinha! — Respondo, e faço uma careta, ele sorri e me responde. — Mas você nem a conhece, e acho melhor você se acostumar, pois ele parece apaixonado por ela! — Faz quanto tempo que eles estão juntos? Quando foi que tudo isso aconteceu? Por que eu só descobri, agora? — Bombardeio Raúl com perguntas. — Faz mais de um ano que eles se conheceram e parece que foi amor à primeira vista, e você não pode reclamar que não sabia, pois m*l falava comigo, ou com o Dani, parece que queria se isolar de tudo, e todos! — Ele parece chateado ao me responder. — Não é bem assim, eu só estava muito ocupada ajudando meu pai, estudando e à noite eu ficava muito cansada, sem paciência para fazer qualquer coisa. Minto descaradamente, porque sei que Raúl está certo, em parte, eu queria me isolar e me afastar para esquecer o Dani, mas não adiantou muita coisa, eu continuo gostando dele, mas, o que faço agora? Ele está apaixonado por aquela garota, e parece que eu sempre serei a irmã. — Eu também senti sua falta Raúl! Desculpe-me, se não dei muita atenção a você enquanto estive no Brasil, mas prometo que vou recompensá-lo! — Humm... Que tipo de recompensa, cariño? Isso muito me interessa! — Ele responde e me olha de um jeito meio sedutor, ou sou eu que estou imaginando coisas? — Ah, você está muito curioso! — Respondo um pouco sem graça, por conta de seu olhar, pois, não me lembro de tê-lo visto me olhando assim antes, o que está acontecendo com ele?   — Por que está me olhando desse jeito? — De que jeito? — De uma forma estranha, se eu não te conhecesse diria que você está flertando comigo… — Sinto desconforto nele, que me olha um pouco sem graça, e em seguida responde quase gaguejando. — Eu...Eu...Não...Não...Estou flertando contigo, eu só estava brincando! Desculpa se você entendeu errado, não era isso que eu queria passar, não que seja impossível alguém sentir alguma coisa por você, Alana. Eu sinto sinceridade no que diz, mas há algo estranho, será que estou enxergando demais? Sei que está diferente, não apenas na aparência, e por falar nisso, está mais forte, seu olhos verdes parecem mais escuros ao me responder, e quando sorri duas covinhas se formam em suas bochechas, algo que sempre achei tão fofo! Acho que as covinhas são a única coisa que remete ao passado, pois, ele não é mais aquele garoto que conheci, e que costumava ir às peneiras dos times de Madrid com Dani. Sou tirada de meus pensamentos, e Raúl é salvo de seu desconforto, quando meu padrasto se aproxima para falar conosco. — Esse zagueiro abusado já está te perturbando, princesa? — Ele nunca perturba! — Ele me abraça mais uma vez, e sorri para Raúl, que sorri de volta. [...]     Uma hora se passou, e a minha comemoração de boas-vindas parece não ter fim, estou cansada de falar com as pessoas, falei com muitos conhecidos, amigos da minha mãe, alguns parentes de meu padrasto, mas estava sentindo falta dos meus amigos que não deram as caras aqui por causa da Babi, que arrastou o Edu para uma sessão de fotos. Enquanto eu circulava e falava com as pessoas, sentia o olhar de Raúl sob mim, ele disfarçou, mas percebi que me olhava demais. O que está acontecendo com ele? Enquanto subo as escadas penso nos olhares de Raúl sob mim, e ao chegar a seu topo, dou de cara com um corredor imenso, paro e lembro, qual era o meu quarto? Será que abro todas as portas, ou volto para a sala e pergunto? Definitivamente, não! Para não ter que voltar, o melhor a fazer é ficar com a primeira opção, e antes que eu siga, sinto uma mão tocar meu ombro, quando me viro para olhar, encontro mais uma vez aqueles olhos verdes. Seu olhar parece um pouco desconcertado, eu o observo, ele não fala nada, e resolvo quebrar esse silêncio que parece durar uma eternidade. — O que foi? Está tudo bem? — Está tudo bem! E você estava parada aí... — Eu cheguei aqui e me dei conta de que não sei qual é o meu quarto! — Esse é o problema? Eu sei qual é o seu quarto, vem! Ele me estende a mão, observo, e em seguida me deixo conduzir. Caminhamos pelo longo corredor branco com algumas fotos da minha família espalhada pelas paredes, até chegarmos ao final dele, e diante de uma porta do lado direito, Raúl abre e faz sinal para que eu entre, e assim que o faço me deparo com o meu novo quarto, todo branco. Eu não andei por toda a casa, mas acho que tudo aqui é branco. Há uma mesinha com o computador ao lado da porta, olho para o lado direito e avisto duas portas, e à minha frente está uma imensa cama bem aconchegante. Ando pelo quarto, olho para Raúl, que sorri, retribuo seu sorriso e ele pergunta. — É bem diferente do seu antigo quarto, não é? — Não tem comparação! — Agradeça ao futebol! — Não só ao futebol, mas a Deus e ao talento do Dani, afinal, ele batalhou muito pra chegar até aqui, assim como você! Eu vi as fotos que saíram da sua casa naquela matéria! — Gostou? — Adorei! Quem te ajudou a decorar? — Dona Mari contratou alguém para ajudá-la na decoração! — Ah, que saudade da sua mãe! Também sinto falta daqueles docinhos maravilhosos que ela fazia. Ela está morando com você? — Ela e meus irmãos, e você está convidada para visitar minha casa e comer os famosos docinhos de Dona Mari! — Ele diz isso, em seguida fecha a porta e se aproxima de mim com aquele olhar que me perseguiu durante toda a festa. — Lana, eu preciso muito falar com você! — Fala... — É realmente importante, o que eu tenho pra te falar... — Ele fala e percebo que seu olhar intercala entre minha boca e meus olhos. Essa situação me deixa desconfortável, e instantaneamente lembro o que meus amigos falavam, e me sinto nervosa, mas resolvo pressionar para que fale de uma vez. — Então, fala logo!      
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