Ao dar meu horário para ir embora, guardei os meus pertences em minha bolsa e me levantei, caminhando até a porta e me retirando do escritório. Assim que cheguei ao elevador, avistei Leon me esperando.
— Então, pronta para o jantar? — perguntou ele apertando o botão do elevador.
— Nenhum pouco! Estou nervosa para ir jantar com os seus pais.
— Relaxa, vai dar tudo certo — sorriu ele.
— Com todo respeito senhor, mas por que me escolheu? Poderia ter escolhido a moça da recepção!
— Por favor Louise, vamos deixar a formalidade de lado, não me chame de "senhor", mas sim de Leon! E eu escolhi você, porque foi a primeira pessoa que passou pela minha cabeça, só isso.
Abaixei minha cabeça respirando fundo, tentando conter a ansiedade e o nervosismo.
Ao chegarmos no andar de baixo, saímos da empresa e caminhamos até o carro de Leon. Entramos e seguimos para o meu apartamento. Assim que chegamos, entramos no prédio e subimos, entrando em meu apartamento em seguida.
— Bom, vá tomar um banho e se arrumar, eu espero você aqui — disse ele sentando no sofá.
— Tudo bem.
Me retirei da sala e segui para o quarto. Ao chegar, peguei uma toalha e me segui para o chuveiro. Assim que terminei, saí do banheiro e caminhei até o guarda-roupa, pegando o vestido vermelho e o vestindo. Em seguida, peguei algumas maquiagens e comecei a me maquiar. Havia feito uma maquiagem leve, coloquei um delineado de raposa e um batom vermelho claro. Arrumei meus cabelos, fazendo escova nos mesmos e assim que terminei, calcei um salto vermelho.
P.O.V. Leon Hermam.
Estava na sala de Louise, sentado em seu sofá e observando ao redor do local. Seu apartamento era bonito, apesar de ser um prédio simples e humilde. Suas decorações eram impecáveis e tudo muito bem organizado.
Algum tempo depois, Eli havia aparecido na sala, procurando por Louise.
— A minha irmã está por aqui? — perguntou ele com seu rosto ainda sonolento, como se houvesse acabado de acordar.
— Ela está em seu quarto, se arrumando.
— Entendi.
— Você está bem?
— Sim, estou bem.
Assim que Eli voltou para o seu quarto, Louise havia voltado para a sala.
P.O.V. Louise.
Ao voltar para sala, sorri olhando timidamente para Leon. Assim que o mesmo havia colocado seus olhos em mim, ele me olhou de cima para baixo e sorriu admirado.
— Nossa! Parece que você fica cada vez mais linda.
— Obrigado! — sorri.
— Enfim. Vamos?
— Claro.
Ao sairmos do meu apartamento, caminhamos em direção ao carro, entrando no mesmo e seguindo para a casa dos pais de Leon. Assim que chegamos, descemos do carro e andamos até a porta, apertando a campainha e aguardando alguém nos atender.
— Boa noite! Chegaram bem na hora! — sorriu a mãe de Leon.
— Boa noite mãe — sorriu Leon a abraçando.
— Oi Sra.Hermam — a cumprimentei com um sorriso tímido.
— Oi Louise, que bom revê-la novamente — me abraçou. — Venham! Podem entrar — disse ela dando passagem.
Assim que entramos, seguimos para sala de jantar, onde o pai e o irmão de Leon já estavam, ambos sentados na mesa. Nos aproximamos e em seguida nos sentamos.
— Boa noite — cumprimentou Leon sério.
— Que bom em revê-lo irmão — sorriu Ian.
— Ou Ian, digo o mesmo! — Leon forçou um sorriso.
— Então é essa a sua nova namorada? Pelo menos uma vez na vida teve sorte com uma mulher — sorriu Ian debochado.
Ian não era parecido com Leon em sua aparência, ele havia puxado para o seu pai. O mesmo tinha olhos castanhos claros, cabelos pretos e Ian era um pouco menor que Leon.
— Prazer — dei um leve sorriso.
— É um prazer em conhecê-la. Bem vinda a família — falou Ian.
Assim que Ian havia falado “bem vinda a família”, o John havia se engasgado com a água.
— Perdão — disse ele com uma de suas mãos em seu peito.
O olhei sem graça, envergonhada por aquilo ter acontecido e ao mesmo tempo me sentindo constrangida.
Assim que o cozinheiro nos entregou os pratos, começamos a comer.
— Então Louise, você nasceu aonde? — perguntou John.
— Eu nasci na Espanha, em Valência.
— É espanhola? Isso é muito legal — sorriu Martha, mãe de Leon.
— Você veio morar sozinha? — indagou Ian.
— Eu vim com o meu irmão.
— E seus pais? — perguntou John.
Olhei para baixo, engolindo em seco.
— Eles faleceram.
Leon me olhou com pena e ao mesmo tempo incômodo por seu irmão ter perguntado isso.
— Eu sinto muito — respondeu Ian.
— Tudo bem, já fez tempo — sorri tristonha.
— Mas enfim, está gostando daqui? — perguntou Martha tentando mudar de assunto.
— Sim, Londres é muito bonito.
— Fico feliz que esteja gostando daqui — sorriu ela.
— E vocês já se decidiram? — indagou John.
— Decidimos o que? — perguntou Leon confuso.
— Se querem formar uma família ou até mesmo se casar.
— Não! Ainda nós não decidimos nada, até porque, ninguém aqui está com pressa — respondeu Leon.
— Você quer Louise?
— Como Leon falou, ninguém está com pressa por aqui — respondi.
— Quem sabe com outra — disse John.
Leon o olhou irritado, pois ele estava odiando as atitudes e os olhares de seu pai.
— E quem sabe você consiga ter mais educação e consiga conversar como uma pessoa civilizada , e principalmente, que tenha um bom senso! — respondeu Leon.
— O que disse?
— Precisa de aparelhos auditivos?
— Eu sou o seu pai, você me deve respeito!
— Eu não lhe devo nada!
— Está incomodado por que? Não consegue ouvir a verdade?
— E qual seria a verdade que o senhor acha que está falando?
John se levantou da cadeira e colocou suas mãos na mesa, se escorando na mesma
— A verdade é que você arrumou uma pessoa de classe baixe para namorar! Você não me engana com esse vestido p**o pelo Leon! — disse John olhando para mim. Em seguida, o mesmo voltou os seus olhares para Leon. — Se ela tivesse dinheiro, ela estaria sabendo se comportar em um mesa, mas nem isso ela faz direito — respondeu John me olhando com desprezo.
O olhei irritada, levantando-me da cadeira em seguida e me escorando na mesa.
— Eu posso não ter dinheiro e muito menos saber etiqueta, posso não morar em um belo apartamento e ser uma pessoa humilde, mas uma coisa que eu tenho é caráter e educação, algo que o senhor nunca teve e nunca terá! Você deveria se envergohar das suas atitudes deprimentes. Então deixe de descontar a sua frustração nos outros, só porque o senhor é amargurado com a sua vidinha de m***a!
John me olhou surpreso e ao mesmo tempo aborrecido.
Peguei meu casaco e minha bolsa e me retirei da sala de jantar, saindo da casa.
— Louise, espera — chamou Leon. — Eu sinto muito pelas coisas que meu pai lhe disse.
— Está tudo bem Leon, seu pai é insignificante para mim, assim como as suas palavras.
— Vem, vou levá-la para casa.
Assim que entramos no carro, seguimos de volta para o apartamento. Ao chegarmos, Leon estacionou e se desculpou novamente.
— Me desculpe mais uma vez, principalmente pelo o que ele te fez passar e por tentar rebaixar você.
— Tudo bem, não ficaria triste por aquelas coisas, até porque nós não estamos juntos.
— É claro — Leon forçou um sorriso.
Assim que me despedi, desci do carro e entrei no prédio, subindo para o meu apartamento e entrando.
— Oi Louise, como foi? — perguntou Eli no sofá.
— Cansativo e extremamente chato, odiei! Vou ir descansar, boa noite.
— Boa noite.
Assim que entrei no meu quarto, fechei a porta e deitei em minha cama, me cobrindo até a cabeça e chorando silenciosamente no travesseiro.
Mesmo que eu não quisesse admitir e transparecer que as palavras de John haviam me magoado, eu não podia mentir para mim mesma, tentando fingir de que que eu era forte, mesmo não sendo.