Micaela
Andy: — Micaela. — Ouço e percebo que ela ainda está aqui.
Micaela: — Sim? — olho a bela mulher de cabelos tão claros que são quase brancos.
Andy: — Estou indo, você deveria fazer o mesmo. — Ela me lança um sorriso meigo, ela é linda.
Micaela: — Tenha uma ótima noite, só preciso terminar com essas coisas. — Mostro os papéis em minhas mãos — e depois também vou.
Andy: — Jorge ainda está trabalhando, suponho que tenha muitos documentos para assinar.
Micaela: — É, acredito que sim. — Não havia me dado conta de que ele ainda estava na empresa — assim que terminar vou ver se ele precisa de ajuda. — Ela sorri novamente — tenha um ótimo fim de semana, nos vemos na segunda.
Ela se despede e vai embora.
Hoje o dia foi realmente terrível. Tive que lidar com pessoas irritadas, na verdade, clientes muito, muito irritados mesmo e até uma ameaça de vida. Esse foi um dia fora do normal, geralmente meu serviço é calmo e posso dizer ser fácil. São 19:20 normalmente eu já estaria em casa, mas parece que Jorge está tendo um dia pior que o meu.
Micaela: — Jorge. — Bato na porta e não ouço resposta.
Bato novamente e nada. Resolvo entrar, aperto os olhos e não o vejo atrás de sua mesa, ele sempre está sentado em sua cadeira com a cara enfiada em contratos.
Micaela: — Jorge? — tento novamente.
Meu coração quase para quando vejo seu corpo caído perto da estante, uma pequena poça de sangue ao lado de seu copo imóvel, o que só piora a situação. Sem pensar duas vezes ligo para a emergência e como ele é um homem importante me asseguram de que uma ambulância já está a caminho antes que a ligação seja encerrada.
A pedido da atendente confirmo que mesmo estando desacordado ele ainda respira, me sento ao seu lado e fico ali pedindo a Deus para que tudo fique bem. Jorge é a pessoa mais próxima que já tive, ele é minha família.
Alaric
Estou terminando de me arrumar, é sexta e tenho um encontro daqui a pouco.
A TV estava ligada e algo i****a passa no canal 60. Sinceramente não estou nem um pouco preparado para receber a ligação do hospital dizendo que meu pai foi encontrado desacordado em sua sala.
Chego ao hospital em menos de 10 minutos. Confesso ter ultrapassado alguns sinais vermelhos, mas como não causei nenhum acidente, está tudo bem.
Vou até à recepção, a recepcionista informa que ele está com o médico e devo esperar. Minha vontade é dizer algumas obscenidades, essa mulher só pode ser louca por querer que eu espere sem saber o que está acontecendo com meu pai.
Junto todo o meu autocontrole e faço o que ela aconselha.
Me arrependo segundos depois quando entro na sala de espera vejo uma mulher que parece estar mais que desesperada, ela chora tanto que m*l cheguei e já está me dando nos nervos, mesmo estando longe é loucura toda essa choradeira, me seguro para não a mandar calar a maldita boca.
Após o que parece uma eternidade, quando toda minha paciência realmente acabou e estou a ponto de ser um b****a com a mulher, o médico aparece procurando os familiares do Sr. Ferraz e sem pensar duas vezes me apresento.
Graças ao bom pai a garota cala a boca.
Alaric: — Ele é meu pai, pode falar comigo. — Digo sem pestanejar.
Micaela: — Vim com ele, é um amigo. — Diz olhando para o médico também.
A ignoro e digo ao médico que deve falar apenas comigo e não dar informações a mais ninguém. Dito isso, presto atenção apenas no que ele explica, o m*l súbito e a pancada na cabeça decorrente da queda.
Felizmente ficara bem, só precisa de descanso e muito repouso, graças a Deus ele foi atendido em um tempo recorde e tudo ficou bem.
Médico: — Vocês podem vê-lo, desde que mantenham tudo calmo, agora preciso ver outros pacientes.
Alaric: — Obrigado. — agradeço realmente aliviado.
Micaela: — Ainda estou aqui! — reclama.
Alaric: — Sim. — me viro para poder ver quem é a mulher insistente, quando realmente olho para ela o choque é instantâneo. A reconheço, essa é a mulher que me persegue há muito, muito tempo mesmo.
Micaela: — Sou a secretaria do seu pai, eu o encontrei desmaiado e chamei a ambulância. — ela parece irritada.
Alaric: — Seu trabalho acabou, já pode ir. — sou grosso mesmo, essa mulher me causa insônia, me olhando há anos com essa indiferença... e, porque não conseguiria resistir por muito tempo, o melhor é ficar o mais longe possível.
Micaela: — Mas... — não deixo que ela continue a falar.
Alaric: — Tenha uma ótima noite. — repondo já caminhando em direção ao quarto.
A última coisa que precisoé dessa mulher na minha vida... outra vez!