Micaela
Não consigo acreditar que agora aquele i****a é meu chefe, a única parte da minha vida que realmente gosto está arruinada, meu serviço já era.
Meu emprego era meu lugar de paz, o único onde me sentia amada, isso foi mais perto que cheguei de ter carinho paterno.
Perdi meus pais muito cedo e cresci vivendo com uma tia, não que ela agisse como uma tia feliz, só de pensar nela meu estômago revira. As cenas passam em minha mente, cenas de tudo que vivi naquela casa que apelidei gentilmente de “casa do terror”, minha amada tia que era uma verdade v***a sempre deixou bem claro que só fazia aquilo porque queria uma boa parte da herança que meus pais deixaram.
Por falar em herança, como se minha vida já não fosse um caos tem isso também.
Meus amados pais ao invés de deixarem o dinheiro em um banco para eu poder pegar quando fosse maior de idade, fizeram um testamento dizendo que só posso ter acesso ao dinheiro depois que for uma senhora devidamente casada! Minha tia Andreia vivia arrumando pretendentes antes mesmo dos meus 18 anos, então assim que tive idade suficiente arrumei um emprego e sai daquela maldita casa e hoje vivo por conta própria.
Acabei com o problema da minha tia e seus pretendentes para arrumar um problema chamado Frederico. No começo ele era um fofo, gentil e educado, mas depois de cinco meses de namoro o homem deu um giro de 360 graus, ficou ciumento, possessivo, controlador e agressivo, mas não como nos livros de romance, está mais para a categoria “filmes de terror”.
Terminamos tem quase dois meses, mas parece que ele não aceitou muito bem o término e continua no meu pé, já estou até mesmo pensando em mudar de casa.
Sei que vou encontrá-lo na frente da minha casa e que ele estará possesso de raiva, desde que terminamos tenho que ficar pensando em qual será o próximo passo para evitar que algo e******o aconteça.
Fico o restante do dia trabalhando em paz, distraindo minha mente e o tempo passa voando. Está na hora de ir para casa e me resolver de vez com Frederico. Não fugirei, o que preciso é ir para a minha cama com um pote de sorvete em mãos.
Saio do escritório às 17:00, vou para o ponto de ônibus e depois de 40 minutos chego em casa e por um milagre divino nem sinal de Fred.
Entro. Jogo minhas coisas no sofá e vou até à cozinha pegar um café, hoje foi quase impossível tomar um, aquele e******o me deixou louca! Sem contar aquele momento estranho no banheiro, foi como se nos conhecêssemos há muito tempo, parece que rolou uma sintonia e isso me assustou muito!
Estou perdida em meus pensamentos quando ouço um barulho no meu quarto.
Droga! Só falta ser um ladrão, não preciso disso normalmente, hoje muito menos.
Vou até lá na ponta dos pés, e dou de cara com Frederico no quarto mexendo nas minhas gavetas, na verdade, ele está mexendo na minha gaveta de calcinhas.
Micaela: — Como entrou aqui? — fico firme, demonstrar medo só piorará tudo.
Fred: — Apareceu a margarida. — ele ostenta um sorriso que me dá calafrios.
Micaela: — Saia da minha casa ou chamarei a polícia! — digo rangendo os dentes.
Não deixarei ele me intimidar, gostaria de saber como esse i****a entrou aqui.
Fred: — Onde passou a noite? — ele se aproxima um passo.
Micaela: — Isso não é da sua conta. Não há mais nada entre nós, Frederico então é melhor sair da minha casa! — digo sem me mover um centímetro.
Ele para com o rosto praticamente colado ao meu e segura meu braço com mais força do que é necessário.
Fred: — Só perguntarei mais uma vez e espero que seja educada! Onde é que você passou a noite? — seus belos olhos azuis brilham de ódio.
Micaela: — Tire sua maldita mão de mim! — grito tentando me livrar de suas garras. — E vá para o inferno, como já disse não devo satisfações da minha vida para você!
Mal acabo de falar e ele me dá uma bofetada no rosto, fico em choque sem acreditar que ele realmente fez isso. Meu rosto arde e as lágrimas queimam meus olhos, mas não darei esse gostinho a ele. Fred me encara com os olhos tão arregalados quanto os meus devem estar.
Fred: — Me perdoe meu amor, me perdoe! — ele alisa meu rosto, mas desvio de suas mãos. — Não sei o que deu em mim.
Micaela: — Saia agora ou vou até a polícia e coloco você atrás das grades!
Fred: — Mica…
Micaela: — Saia! — ele abaixa a cabeça e sai.
Merda! Como foi que ele conseguiu entrar aqui?
Começo a arrumar as minhas coisas, não dá para continuar nessa casa. Pego meu celular para mandar uma mensagem para Angel, mas ele apita antes, avisando que chegaram novas mensagens e são de um número desconhecido.
+5528851223589
Mande seu endereço, busco você às 19:30.
Deve ser engano, não marquei nada com ninguém. — penso segundos antes de meu celular apitar novamente.
+5528851223589
Mande logo a porcaria do endereço Michele.
Não acredito… Essa será a cereja do bolo! O que esse i****a quer agora?
Micaela — Me deixe em paz e não mande mais mensagens.
E meu nome é Micaela, seu i****a!
Aperto enviar e fico imaginando a cara do infeliz quando ler o que mandei.
Continuo arrumando minhas coisas e o celular volta a apitar, leio já com vontade de socar a cara dele.
+5528851223589
Quero sair com você tanto quanto você quer sair comigo. Infelizmente temos um evento e estou sendo obrigado a levá-la. Então não me faça perder a paciência e passe logo a porcaria do endereço!
Ele fala como se estivesse fazendo um favor, é ele quem precisa de mim!
Jogo o celular em cima da cama e continuo arrumando minhas coisas, já decidi que alugarei um AP, é mais difícil invadir se você corre o risco de cair e quebrar o pescoço.
Passo mais algum tempo arrumando tudo o que consigo, quando dá 18:30 meu celular começa a tocar e ignoro. Quando ele toca pela décima vez, me deixando louca e decidida a trocar a m***a do toque, resolvo atender e mandar ele para aquele lugar.
Ligação
Micaela: — Dá para me deixar em paz! — grito sem me dar ao trabalho de olhar o nome na tela.
Jorge: — Bem, não era essa reação que eu estava esperando, filha. — quando reconheço a voz fico roxa de vergonha.
Micaela: — Desculpe Jorge, pensei ser o i****a do… — paro de falar quando me dou conta de que quase chamei seu filho e meu atual patrão de i****a.
Jorge: — Não precisa se desculpar, Alaric pode ser bem difícil às vezes.
Ou sempre completo mentalmente.
Micaela: — Em que posso ajudá-lo Jorge, o senhor está melhor? Aconteceu algo?
Jorge: — Estou bem, confesso que resolvi me afastar por um tempo, mas conversaremos sobre isso outra hora. E o que preciso agora é que me faça um favor.
Se afastar? Recuso-me a acreditar nisso, quase choro ao saber e faço uma prece silenciosa para que não seja o que estou imaginando.
Micaela: — Pode falar, se estiver ao meu alcance… — minha vontade é de gritar que não, que não farei o que ele está prestes a pedir.
Jorge: — Preciso que vá a um coquetel hoje à noite… com Alaric.
Merda, não estou em condições de ir à festa alguma hoje, ainda mais com aquele i****a, podemos nos m***r antes da festa acabar.
Micaela: —Infelizmente hoje não posso, estou arrumando minhas coisas. Estou de mudança. — não preciso entrar em detalhes.
Jorge: — Sei que conseguirá me ajudar, quanto à mudança, esse é outro assunto sobre o qual falaremos depois. — não entendo o que ele quis dizer, mas resolvo ignorar.
Micaela: — Tudo bem, mandarei uma mensagem para ele avisando que vou ao coquetel e passo o endereço. — digo suavemente quando, na verdade, minha vontade é de gritar.
Jorge: — Não há necessidade, Alaric está em frente à sua casa e Verônica fez questão de escolher um vestido para você, espero que se divirtam. — diz e desliga.
Só pode ser brincadeira, ele disse que me buscaria as 19:30 e ainda são 18:32. Para piorar meu braço está doendo e meu rosto ardendo.
Vou até à porta e quase tenho um troço quando me deparo com Alaric encostado em um carro, ele está vestido impecavelmente, usando um “smoking” que grita riqueza, deve valer muito mais dinheiro do que tenho no banco. Ele me olha dos pés à cabeça e faz uma careta, estou vestindo um short jeans e regata, o cabelo preso em um coque, passei um pouco de base no rosto e no braço para esconder a vermelhidão. Após seu minucioso exame ele vem andando e para na minha frente, tem nas mãos algumas sacolas que estende para mim.
Alaric: — Ainda bem que minha mãe escolheu suas roupas, não gostaria que me envergonhasse. — diz já entrando na minha casa.
Fica parada, perplexa e irritada com a cara de p*u do sujeito.
Alaric: — Ficará aí na porta? Esse bairro não parece nada seguro.
Entro e bato a porta com toda força que tenho.
Alaric: — Suponho que você deveria arrumar esse lugar. — percebo ele olhando a bagunça que estou encaixotando. — Não vai me oferecer algo para beber? — ele se joga no meu lindo sofá velho.
Micaela: — O que você está fazendo na minha casa e por que está tentando ser engraçado e simpático? — não acredito podermos ser civilizados.
Alaric: — Só estou tentando tornar a noite agradável. E já estou aqui porque tinha que trazer os trajes da princesa. — diz fazendo uma careta h******l.
Micaela: — Já trouxe, pode ir agora. — abro a porta.
Alaric: — Já disse para manter essa porta fechada e evitar ser assaltada. E não me mande embora como se eu fosse um cachorro.
Micaela: — Só vá embora! — continuo com a porta aberta.
Alaric: — Claro madame e depois ter o trabalho de voltar para te buscar. Traga-me algo para beber e vá se arrumar. — ele pega o controle e liga a TV.
Pego as sacolas e caixas que ele trouxe e vou para meu quarto, se ele quiser algo para beber que procure, já está se sentindo em casa mesmo.
Vou até o banheiro e tomo meu banho, lavo meu cabelo, passo hidratante por toda a minha pele com toda a calma do mundo.
Saio do banheiro e dou uma espiada na sala, o infeliz não está lá e eu que não ficarei procurando pela casa, não enquanto estou enrolada em apenas em uma toalha.
Viro para ir até o quarto e dou de cara com ele, solto um grito.
Alaric: — Está ficando louca mulher? — pergunta me encarando.
Fico instantaneamente vermelha, já é a terceira situação constrangedora que passo com ele.
Alaric: — Ficou muda foi? — seu sorriso é um tanto quanto cínico.
Micaela: — Me dê licença. — passo indo até o quarto.
Sinto seus olhos em minhas costas até o momento que entro no quarto, mas não olho para confirmar.
Visto minha roupa íntima e seco o cabelo, faço uma maquiagem leve caprichando apenas no batom vermelho. Tiro o vestido da capa e sinceramente amo, é de um vermelho vivo, longo, colado no b***o e quadril, ainda tenho direito a um fino cinto preto. Resolvo deixar os cabelos soltos, coloco alguns anéis e meus brincos. Pego a sandália meia pata preta que está na outra sacola e calço, ganhando alguns centímetros, por último a bolsa de mão e estou pronta.
Ops, quase pronta afinal de contas ainda falta meu perfume.
Termino de me arrumar as 19:10 e o e******o já está na sala gritando que estamos atrasados.
Alaric: — Pelo amor de Deus mulher, vamos logo! — conto até dez, respiro fundo e saio do quarto.
Micaela: — Vamos logo, você está nos atrasando. — entro na sala e ele está de costas enquanto olha pela janela.
Alaric: — Pensei que teria que… — quando me vê para de falar e arregala os olhos. — Você está deslumbrante!
Micaela: — Obrigado. — digo constrangida.
Ele balança a cabeça e sorri de canto, me deixando com as pernas bambas.
Alaric: — Vamos logo. — ele simplesmente sai me deixando para trás.
Não acredito que ele me deixou aqui falando sozinha, cadê o cavalheirismo?
Maldito e******o! — Penso enquanto caminho em direção ao carro estacionado do outro lado da rua com meu lindo acompanhante já no assento do motorista.
Nada de lindo! Apenas e******o!