9

1806 Words
Nikolai se fechou em seu escritório. Ele ficou aliviado por estar a sós. Sua noite não foi uma das melhores. Ele não parava de pensar em Alice e no quanto queria estar em seus braços. Sim, ele entendia que era um erro. Como sucessor do pai, como rei, o homem não devia ter se envolvido com uma mulher, sabendo que já era noivo, contudo, o tempo passou e Sophia era só uma criança na qual ele odiava. Mas agora ela estava aqui, crescida, sendo a mulher que tirava seu sono. No peito, crescia a sensação de estar traindo seu reino, assim como trair a mulher que ele amava: Alice. Enquanto Nikolai se sentia preso em seus pensamentos, sua mente vagava pelo caminho tortuoso dos sentimentos. Em um momento, ele se via dividido entre seus deveres como rei e o amor que sentia por Alice, e em outro, atraído pela presença de Sophia em sua vida. Sei que é um erro resistir a princesa, mas não consigo convencer meu coração disso. Seria tão mais fácil se eu me apegasse a garota. d***a! Ela é provocativa. Ninguém nunca me desafiou. Porque ela tem que ser tão... diferente? Eu esperava uma menina mimada, na qual eu teria razões pela qual achar uma saída e acabar com esse acordo, contudo... Sophia me instiga mais a ficar com ela aqui, do que me livrar dela. Ele sabia que uma decisão precisava ser tomada. Ele não podia continuar enganando a si mesmo nem a todas as pessoas que o cercavam. Nikolai lembrava da sua responsabilidade como líder e de como as escolhas dele afetavam não apenas a ele, mas todo o reino. Ele se olhou no espelho e viu um homem confuso e angustiado. Ele não sabia como lidar com os sentimentos que o consumiam, mas ele sabia que precisava enfrentá-los. Por hora, o rei decidiu senta-se no seu lugar habitual, escondido do mundo, por algumas horas até ser levado a visitar um evento onde milhares de pessoas o esperavam. Ele odiava eventos públicos, mas aquilo era seu trabalho. Afinal, ele era o rei. Há vezes que eu só desejava ser um cara normal. Escolheria como lidar com a minha vida, se ter medo de causar um conflito com outro país. Sua agenda estava cheia e ali, naquele momento, era a única oportunidade de ficar a sós com seus pensamentos. Até que batidas na porta o interrompe. Niko respirou fundo, fechando os olhos, pensando que era mais algum problema para ele resolver. Então a porta foi aberta e sua assistente anunciou a entrada da mulher que ele desejava ficar longe: Sophia. Nikolai se levantou surpreso e um corpo tenso. Ele observou Sophia entrar e fechar a porta atrás de si. Ela parecia um pouco nervosa, mas determinada. — Sophia, o que faz aqui? — Perguntou ele, sem esconder a surpresa. — Eu precisava falar com você. — Respondeu ela, caminhando em direção ao rei. A própria estava tensa e nervosa. Não sabia se por ele ser rei e ela estar em um país que não era o dela, ou por sentir-se atraída por um homem rude e desconhecido. Nikolai ficou em silêncio, esperando que ela continuasse. Ele não estava confortável com isso. Nunca estaria. Ou pensava assim. — Sei que começamos com o pé esquerdo e que sou uma pessoa difícil. — Soph se aproximou dele, que apenas a observou, sério. — Também percebi que somos diferentes. Enquanto sou extrovertida, você é introvertido e bem.... calado. — Finalmente ela tirou um pequeno sorriso do seu rosto, mas sem perder a compostura. — Não é meu desejo está aqui, como não é o seu de casar comigo. Sim, ele já tinha deixado claro. Ela sabia exatamente o porquê. Sua tia fez questão de colocar espiões nesse país, para saber exatamente como andava a vida do homem que deveria unificar as duas nações. Então, descobriu uma amante. Um erro. Nikolai deveria saber que se envolver com outra mulher, sabendo que teria que honrar o acordo, era deixar claro que era um t**o. Caso não honrasse, Margareth declararia guerra contra Galles, e como uma grande influência na política mundial, deixaria o pais de Nikolai isolado. Ter uma potência armamentista e um dos maiores exércitos, em sua grande maioria mulheres, era significativo para por medo em muitos país que fossem contra o que a rainha acreditava. — É uma situação na qual foi tardia e com o tempo, pensei que nunca fosse acontecer. – Confessou. Soph até gostava da sinceridade. — Sinceramente — ela estava próxima o suficiente para sussurrar. — Eu gostaria disso. — Niko, sem perceber, soltou um suspiro risório que a impressionou. — Porém, aqui estamos nós e... precisamos fazer isso acontecer. É, nisso ela tinha razão. Mesmo ele não querendo. Ainda tinha em mente que deveria achar uma saída. Mas será que acharia? Seria uma ofensa e desonra. Nikolai sabia como era o temperamento da rainha de Interfell. O quanto ela era dura, e talvez, por isso Sophia fosse tão... desafiadora, assim como a tia. — Perdoe-me se sou antipático. – O homem a olhou de cima. Aqueles olhos verdes, intensos, eram tão lindos. O fazia se perder naquela imensidão. — O senhor me ignora. — ela o corrigiu, irônica. — Mas o perdoo. Nikolai sempre foi duro consigo mesmo e com todos. A única pessoa que tirava isso dele era Alice. Contudo, a mulher a sua frente não era ela, e Sophia não merecia ser tratada dessa forma por um erro dele. Niko não sabia como reverter essa decisão. Provavelmente afetaria a relação dos dois. — Sei que não é sua culpa. Na verdade, é minha. — Ele baixou a cabeça. — Não gostei dos termos, na época e nem agora. — O sentimento é mútuo. — Ela riu. Seu rosto se iluminava quando sorria e Nikolai nem percebeu que estava a observando com tanta atenção. — E espero que possamos mudar essa situação. Afinal, vamos nos casar, apesar de você dizer que não vai se casar comigo. — É, eu disse. – Mordeu a mandíbula. – O que temos que mudar? A olhou com dúvidas, com o cenho franzido. — Obviamente não gostamos, nenhum pouco, um do outro. — ela pontuou. — Somos diferentes, mas estamos no mesmo barco. O melhor a se fazer, ao meu ver, é nós aproximar. Sermos amigos. Ou não vamos durar muito tempo juntos. Bem, pensando na possibilidade de não achar nada para fugir de mim – Ela era mesmo sincera. O rei ficou bêbado com tanta informação. – Temos que nos tolerar, pelo menos. – Apontou. – Imagine só, casarmos e as pessoas perceberem que somos como rivais. Além disso, o propósito de um monarca é dar herdeiros. – A última palavra o pegou de jeito. Se sente traindo Alice apenas ficando a metros de Sophia, como daria herdeiros a coroa? Ele teria que ir além, no contato físico. Naquele momento, Niko engoliu em seco, dando passos para outro lado. – Está claro para mim, que isso será um desafio para você. Ele ficou nervoso. Nunca achou que ela fosse tão direta e sincera. Ela se preocupou tanto com a presença da mulher ali, que se esqueceu do futuro com ela. Bem, Sophia era linda, tinha belos atributos que era atrativo para um homem. Nikolai, apesar de apaixonado por Alice, reconhecia. — Bem... — pigarreou, nervoso. — Isso é... verdade, mas não acho que precisamos falar sobre isso agora. — Não... — Soph apareceu em sua frente. Estava a centímetros dele. Ela era menor, tinha cabelos longos, ondulados e escuros, seus olhos eram verdes claros, seu rosto era delicado e tinha um sorriso bonito. A roupa que usava traduzia a sua personalidade. Elegante e forte. Desde que chegou, o rei nunca a viu baixar a cabeça. Até se surpreendia com a ousadia. Era característico de uma espanhola criada pela rainha Margareth. Não era atoa que seu pais era constituído por mulheres fortes e determinada. Era o único exército, no mundo, que majoritariamente, constituído por mulheres, e uma pequena parcela, por homens. — Estou dizendo que temos que começar a fazer amizade. Conversas sobre coisas, sentimentos, mesmo que você deixe claro que me odeia. O rei sorriu, baixando a cabeça. — Você tem a habilidade de me fazer rir. — apontou. — E... não odeio você. – Ele pensou, lembrando da sua amada. – Eu... passei muito tempo, desde o acordo, odiando o fato que estou preso a você, mas compreendo que, assim como eu, você está presa a isso. É tão vitima quanto eu. — Fico feliz que entenda. — Se animou. — Estamos começando bem. — Sinceramente, eu queria apenas odiar você. — confessou. – Assim que pisou nesse castelo, achei que a odiaria totalmente, mas você me surpreende. Soph se animou. A sinceridade deixava claro o que cada um sentia, e isso poderia ser trabalhado. — Estou feliz em saber que, pelo menos, o surpreendo. — Ele a encarou. Sem perceber, Nikolai varreu seu corpo, de cima a baixo. Sentiu aquela sala pequena. O ar ficou mais quente. Isso o deixou nervoso. Tanto que começou a sentir-se com ansiedade. — Pode gostar de mim, me odiando. Ser meu amigo, mesmo não gostando. Quem sabe assim não torne as coisas mais fáceis. — Nada disso é fácil para mim. — Não é. —andou de um lado a outro, observando o lugar, que tinha enormes estantes com livros, alguns quadros, cadeiras, poltronas. Enquanto Nikolai, só encarava a mulher, que em pouco tempo, o convenceu a não a odiar totalmente. — Mas é inevitável. Acho melhor ser sua amiga do que o odiar. Apesar de que vou, se me ignora, ser arrogante ou ríspido. Espere uma resposta a altura, pois não sou uma santa. E nem tenho medo de você. Quando Sophia parou e prestou atenção nele, viu que o homem a observava com atenção. Seu olhar era congelante e não dava para não se atrair pelos olhos azuis. Sua barba desenhava seu rosto, os cabelos escorridos, caiam sobre o rosto. Ela não podia acreditar que estava se atraindo e desejando aquele homem. Não! Sophia tinha que lembrar. Nikolai tinha uma amada. Ela tinha que levar isso na lógica, não no sentimento. Ou se machucaria. — Não precisa ter medo de mim. – Niko não desviou sua atenção dela. Parecia vidrado, ou tentando decifrar alguma coisa. - Espere um homem que sempre vai errar e ser rude. — É bom deixar isso claro. – Ela entendeu o que ela quis dizer. Aquele homem estava suscetível a errar. Ao olhar no relógio, ele se tocou que estava próximo do seu evento. — Desculpa. — O homem respirou fundo, tentando voltar a ser o cara de sempre. — Tenho que comparecer a um evento e... Provavelmente vão entrar por essa porta e me arrastar, as pressas.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD