P.O.V - LILY
O filme foi ótimo, como todos os filmes da franquia.
Eu me diverti tanto com o Ben que eu nem vi o tempo passar, quando finalmente tudo aquilo acabou eu nem conseguia acreditar na felicidade que eu sentia no meu peito. Sei lá, eu parecia ter recuperado um pouco da minha vitalidade só de sair do subúrbio um pouco, me senti menos sugada, menos usava, e mais eu. Seja lá que eu deva ter sido antes de acordar do acidente.
Saímos sorrindo de orelha a orelha apesar da madrugada estar feia e nebulosa. A noite estava escura demais, e com isso eu já havia me acostumado, mas tinha alguma coisa no ar que era estranha. Uma névoa esquisita se apoderava de toda a cidade de Nova York, e o cheiro era esquisito também. Eu conseguia sentir nas minhas entranhas que deveríamos correr para o carro, ou então, entrar de novo no cinema.
Mas eu não disse nada, eu costumava ignorar qualquer sinal que eu poderia ter de dar a minha opinião própria, por que eu não queria o desgaste que isso acompanhava.
- Vamos andar até o carro rapidinho, essa área da cidade não é muito boa, você sabe disso! – disse Ben todo preocupado.
- Sim, eu sei lá... Me deu até um arrepio r**m! – falei me encostando a ele completamente.
Andamos para o carro no meio daquela névoa da madrugada. E em meio aqueles sinais de mau agouro que estavam no ar, era esquisito aquilo acontecer. Era verão, noites de verão não eram assim!
Ao lado do nosso carro havia uma mulher, parecia uma prostituta... Toda vestida de couro, loira e com cara de cretina. Eu a ignorei, naquela área isso era normal, e não fazia sentido todo aquele drama só por que a mulher encostou no meu carro.
- Lilith? Ou eu devo dizer... Lily? – ela chamou, e eu olhei surpresa, como ela poderia me conhecer? Eu nunca havia visto aquela mulher, eu tinha uma certeza estranha dentro de mim. Lilith? Quem era aquela? Eu me chamava assim?
- Perdão? – eu disse olhando fixamente para ela enquanto Benjamin me puxava nervoso para dentro do carro.
- Ignora essa p**a de rua pelo amor de Deus Lily, vamos embora daqui agora, é perigoso! – me jogou dentro do carro em um golpe só, parecia preocupado, a respiração dele estava cortada, rápida demais. Ele arrancou com o carro tão rápido que eu até quase caí do banco, quando olhei novamente a mulher havia desaparecido.
- Você ainda ia dar assunto para a prostituta Lily? – disse muito nervoso – p***a, você... por que você não escuta quando falo com você?
- Ela disse o meu nome Benjamin, e se ela tinha alguma coisa para me dizer do seu passado? – eu disse um pouco mais calma, tentando manter o controle da situação.
Eu estava exaltada, eu não achava que ele havia agido errado, mas também não achava que havia agido do jeito certo, era uma inconstância que eu nunca vi Ben ter.
- Era alguma amante? – perguntei cheia de direitos – se não tinha a ver comigo e sabia o meu nome, pode ter tido a ver com você e eu nem percebi!
- Eu não conheço aquela mulher! Você ficou doida? – disse ele ainda mais nervoso. Reagiu exatamente como eu esperava, negando tudo claramente. Nada de novo!
- Eu não sou maluca, mas eu acordei do nada em um hospital, e aquela p**a falou o meu nome Benjamin! Você não tinha o direito de sair me arrastando, a menos que o r**o preso seja seu, e a mulher te conheça!
- Não é uma amante... Eu nunca traí você Lily, droga que inferno! E ela disse o seu nome e não o meu! – disse ele se defendendo.
- Certo, então quem era a mulher e por que ela sabia o meu nome? Por que não me deixou saber? Por que está tão nervoso Benjamin Baker?
Ele estava com a postura rígida, nervoso o suficiente para as pernas não ficarem quietas, olhava para todos os lados como um louco, alguma coisa de errado estava acontecendo e eu ia descobrir.
- Benjamin! Me diz agora, conhece aquela mulher? – eu disse com mais veemência, um pouco mais firme.
- Essa mulher se chama Susan, e ela foi paciente lá no memorial – disse ele cuspindo as palavras, engoliu a saliva com dificuldade e demorou a voltar a falar!
- Certo, termina a história agora! O que essa tal de Susan quer comigo? Como ela sabe a p***a do meu nome?
- Ela... Entendeu os cuidados que eu ofereci a ela no hospital como sendo cuidados... Românticos... E virou... bom ela ficou obcecada... Provavelmente por isso ela sabe o seu nome! Mas eu juro Lily, eu nunca dei motivos para ela achar que tínhamos algum relacionamento ou envolvimento além de paciente médico! Você acredita em mim, não é?
- Eu acredito em você Benjamin, mas por que, você não avisou que isso estava acontecendo por que? – eu baixei a cabeça – somos estranhos!
- Como? Nós somos estranhos? De onde você tirou isso?
- Do fato de que você tem a p***a de uma perseguidora – ele me olhou feio por causa do palavrão – p***a, sim Benjamin Baker... Eu disse p***a! Uma perseguidora Benjamin?... E você não disse nada para mim sobre isso... Confiança, não é?
- Eu não contei por que eu sabia que seria demais, demais para você... eu te conheço, conheço suas ansiedades, e eu não quero isso em cima de você
- Nós somos casados... casados Benjamin, por isso somos distantes, porque não falamos sobre nada. você fica preso nessa p***a desse seu looping de vida perfeita! Não somos perfeitos! Eu não quero ser perfeita, não quero plantar peônias na p***a do quintal, entendeu?
- Eu não ligo para isso, para ser perfeito, só faço o melhor para você... tento ser o melhor para você!
- Eu não quero o perfeito, eu quero o Benjamin de hoje... o homem que é espontâneo, que transa comigo a tarde na frente de uma porta de vidro, sem nenhum problema! é isso o que eu quero! E você precisa superar o fato de que jamais teremos filhos Ben, já falamos sobre isso!
Aquilo tocava em uma ferida muito profunda desde o inicio do nosso casamento, a necessidade que Benjamin tinha de querer me fazer cuspir alguém com o seus olhos o seu sorriso e o seu sobrenome a qualquer custo, a minha necessidade de não ter outro ser humano para cuidar e o fato de que eu sofri um aborto, tudo isso era demais para nós dois.
- Me desculpa Lily! – disse ele baixando o tom – eu nunca te cobrei esse filho!
- Você não precisa dizer, eu vejo no seu olhar todos os dias, o que teria sido com o seu garoto de ouro! Mas ele morreu Benjamin, Luke morreu e eu não posso fazer nada contra isso!
- Eu tenho que pedir desculpa para você, eu sei que eu tenho sido omisso e não é a primeira vez que eu penso nisso para dizer a verdade eu só sei que eu te amo profundamente e não tem nada que eu possa fazer para você se sentir bem onde você está. Eu nunca cobrei você pelo que houve com nosso Luke, jamais fiz isso Lily! Deus nos deu e ele levou!
- Para o inferno com o seu Deus católico Benjamin! f**a-se! Entende que eu estou presa?
- A mim? Você está presa a mim Lily? Sim, eu sei que você odeia aquele bairro eu sei que você odeia as vizinhas eu sei que você odeia as roupas do jantares e toda a nossa vida social, eu sei que você odeia minha profissão eu sei que eu fui o primeiro cara a ser legal com você quando você acordou do coma. Mas eu amei você desde o momento em que eu tive no hospital, eu amei você cada segundo depois disso e nos casamos e agora eu não sei o que fazer com a mulher intensa que eu conheci.... Só que eu sou esse, eu sou um cara bonzinho talvez até i****a, eu sou essa pessoa, eu sinto muito que eu seja assim... o sinto muito que você se sinta tão m*l perto de mim!
O meu coração apertou no mesmo momento, a verdade era que eu amava Benjamin, eu o amava muito eu só não sabia o que fazer com aquele sentimento porque todo aquele sentimento era difícil, era difícil transitar entre a minha vida e a minha personalidade, era difícil transitar entre os abraços quentes dele que me acalentavam e me deixavam dentro de um círculo de confiança e amor e também dentro da minha personalidade onde eu queria que ele arrancasse a minha calcinha em algum lugar da casa. Eu era intensa, eu era uma cretina.
E Benjamin... não merecia nada disso.
- O problema talvez só fosse eu mesma, eu tenha que me resolver.