Cap 1
Catherine
Caty – Meu Deus do céu, o que está acontecendo?
Paty – O que você acha? Está tendo invasão amiga, se esconde, os tiros estão chega do aqui
A coisa mais comum no morro da Rocinha é acontecer uma invasão e o dono do morro nunca corria de mandar chumbo, só que, normalmente, quando era com a polícia, eles tinham cuidado de não chegar perto de escola e quando era inimigo, eles pensavam também em horário que mais favorecia e que no caso, raridade ser bem no meio da aula das crianças
Todos me chamam de Caty, porque acham difícil mesmo de pronunciar ele completo, preguiça mesmo, mas é Catherine. Uma amiga minha me dizia que esse era o melhor nome, porque o apelido soava igual a gata. Do que adianta um nome desses se ele acaba virando Caty
Caty – Vem Ítalo, a gente precisa se esconder
Eu já tinha me dado conta de que o Ítalo não tinha saído da sala junto com as outras crianças. Ele fazia de propósito, porque gostava quando eu ia ver o que estava acontecendo, dizia que quando eu me abaixava e falava com carinho, ele lembrava da mãe
Como pode uma criança tão pequena ter tantas memórias?
Entrei na sala correndo, procurando por ele. Tadinho, nem precisou muito, o menino estava encostado na parede, se tremendo todo por conta do barulho e assim que me viu, estendeu os bracinhos
Caty – Vem, vem comigo, eu vou te tirar daqui
Peguei ele no colo e tentei sair correndo, só tentei mesmo, os tiros começaram A comer solto assim que eu me aproximei da porta
Voltei pro fundo da sala, me agachou com o Ítalo no colo, olhei de um lado a outro e vi o armário, era pequeno, mas cabia nós dois
Caty – confia em mim, tá amor
Ele balançou a cabecinha, com o olhinho arregalados, mas não me soltou de jeito nenhum, me agarrou mais, na verdade
Abri a porta correndo, o armário era de metal, me enfiei junto com o Ítalo ali dentro e ali mesmo fiquei, rezando pra que não acontecesse nada
Italo – Eu quero o papai
Caty – Xiiiii, fixa quietinho, vai ficar tudo bem
Eu comecei a escutar passos do lado de fora, dentro da sala já, correria mesmo, não demorou muito pra eu ver, pela fresta da porta que eu não consegui fechar muito bem, uma silhueta masculina
Ele abriu a porta no desespero quando escutou o Ítalo o chamando
Ítalo – Papai
O problema foi, com a alegria de ter encontrado o filho, ele não percebeu o outro homem, vindo atrás dele, pronto pra dar uma coronhada