Um começo difícil.

1146 Words
Emma corre pelos corredores vazios da faculdade, ela não acredita que vai chegar atrasada em seu primeiro dia de aula. Ela estava decidida a mudar de vida, a não ser mais a nerd, filha do bêbado e da viciada em compras que deve para toda a cidade, alvo de zombaria e a excluída da sala. Aqui ninguém a conhecia, graças a sua avó que deixou uma quantia considerável de dinheiro para que ela pudesse fazer a faculdade longe da pequena Cidade de Forks, e isso só foi possível porque sua vó Nana, como ela costumava chamá-la, deixou uma cláusula dizendo que o dinheiro só poderia ser gasto com a faculdade e gastos de alojamento, ou então seus pais sanguessugas teriam gastado cada centavo e ela estaria presa a eles e a Forks para sempre. Nana também lhe deixara um Subaru Justy 1994, que Emma carinhosamente chamava de Shelby, nome da música preferida da Nana e que as duas muitas vezes cantaram juntas no carro. O carro também foi uma luta para ela conseguir mantê-lo, para isso ela tivera que ameaçar a não dar mais nenhum centavo para ajudar nas contas da casa ou para os gastos dos pais, e visto que era ela que desde os 14 anos, trabalhava como garçonete, pagava a maioria das contas, seus pais não quiseram arriscar. Mas agora ela estava livre, e graças a Nana ela conseguiu entrar em uma das universidades particulares mais prestigiadas do país, que tinha polos pelo país inteiro e até alguns fora do país. Era a Brown Universidade. Quando recebeu a carta de aceitação, Emma correu para o túmulo de Nana e chorou de alegria e tristeza. Deixar seus pais não foi a tarefa mais fácil; afinal, eles tinham as garras bem fincadas em Emma. Na realidade, Emma nunca conheceu os seus pais biológicos, pois foi entregue à adoção assim que nasceu, e o casal Miller, por causa dos benefícios de ajuda do governo, adotou Emma. Por isso, sempre usavam o fato de terem dado a ela um lar como desculpas para todas as atrocidades que faziam contra ela. Nana, na realidade, era a vizinha do casal que não tinha filhos ou família e sempre cuidava de Emma quando seus pais sumiam, às vezes por dias a fio. Mas agora ela deixou tudo isso para trás, começou uma nova vida em Seattle. Ao virar o corredor, Emma tromba em algo bem sólido e forte. Lentamente, ela percebe que se trata de uma pessoa, na verdade um homem, que xinga baixinho ao ver que sua camisa branquíssima agora tem uma mancha rosa do brilho labial de Emma. Dando três passos para trás, Emma encara o homem que tira um lenço do bolso e tenta em vão tirar a mancha da camisa. Se aproveitando da distração do estranho, Emma o examina e perde o fôlego diante do Deus do sexo que está na sua frente. Não que ela tivesse feito sexo alguma vez na vida; na verdade, ela sequer beijou alguém, isso se não contar o beijo de selinho que Mike Dilan tinha dado nela no terceiro ano no jogo da garrafa. Mas ela tinha certeza que, se houvesse um Deus do sexo, era aquele homem, com seus fartos cabelos lisos e pretos que caíam sobre a testa em sinal de rebeldia, olhos pretos emoldurados por longos cílios que garotas matariam para ter, e o corpo que era perfeitamente desenhado. Emma perde toda a cor do rosto quando o estranho diz com uma voz rouca e sensual: “Já terminou de olhar? Se sim, sai da minha frente que por sua causa vou me atrasar.” O tom dele demonstra que está extremamente irritado e sequer olhou para ela, mas continua tentando tirar a mancha da camisa. Emma cora violentamente e diz: “Perdão, é que eu vou entrar nessa sala. Se quiser, eu mando a camisa para a lavanderia mais tarde... Hum, eu realmente sinto muito...” Brandon Brown estava extremamente irritado essa manhã. Com vinte e nove anos e dono de uma fortuna que o tornava um dos vinte e cinco homens mais ricos do mundo, não conseguia acreditar que se deixara enrolar por seu avô. Sua família era dona de uma rede muito conceituada de universidades particulares, embora Brandon tenha feito sua fortuna sozinho no mundo das aquisições e vendas. Usando a herança deixada pelos pais, que morreram em um trágico acidente de carro, deixando Brandon e seu avô sozinhos no mundo. Brandon nunca demonstrou interesse na área acadêmica, embora tenha se formado com louvor em Economia e Gestão de Negócios. Por anos ele tinha se mantido longe de Seattle, onde seu avô mantinha residência fixa e ele era dono de um dos prédios mais chiques da cidade, o Skala. Brandon saíra dali prometendo nunca mais voltar quando o amor da sua vida o abandonara, deixando somente uma carta dizendo que as coisas entre eles eram explosivas demais, e reaparecera nove meses depois apenas para abandonar na porta de Brandon um bebê que era seu filho, com um novo bilhete dizendo que um dia ela voltaria para reconquistar o seu amor e o de seu filho. Brandon gastara rios de dinheiro para tentar encontrar Erika, mas sem sucesso; era como se ela tivesse desaparecido no ar. Quatro anos depois, Brandon era um ótimo pai e tinha triplicado sua fortuna, mas havia se tornado frio e cético em relação às mulheres, as encarando como brinquedos descartáveis. A única mulher constante em sua vida era Lívia, e isso só era possível porque ele nunca tinha dormido com ela e a encarava como amiga. Há uma semana atrás, Brandon recebeu uma ligação do seu avô, dizendo que ele teve um ataque cardíaco e precisava de ajuda para manter os abutres longe do seu legado, que eram as universidades. Embora o avô fosse o sócio majoritário das universidades Brown, seus dois irmãos também tinham ações, e agora, com o estado debilitado de Marcos Brown, os dois estavam tentando assumir a presidência, para o total desespero do avô, pois os dois não passavam de incompetentes sanguessugas. E foi assim que Brandon e seu filho de quatro anos, Colen, deixaram Nova York e se mudaram para Seattle, onde Brandon assumiu a presidência no lugar do avô, e ainda de quebra se deixou convencer por aquele velho persuasivo a dar aulas de Economia e Gestão de Negócios no polo da cidade. Brandon estava extremamente atrasado para seu primeiro dia de aula porque Colen se recusava a ficar com a terceira babá só essa semana, pois seu filho tinha desenvolvido uma certa aversão a mulheres, com exceção a Lívia, que era sua gerente de contas em Nova York, e o garotinho a amava. Mas Brandon não podia pedir para a amiga se mudar para Seattle só por causa do filho. E para ajudar, uma dessas estudantes afoitas acabou de piorar o seu dia.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD