Severin
Ao encerrar a dança permiti sua socialização entre as monarcas e nobreza, por um tempo ao meu lado, logo em seguida conversava com umas senhoras curiosas perguntando sobre a sua vida particular. Me afastei para da-la um pouco de liberdade, sem perde-la da minha vista. Percebendo vários olhares masculinos nela. Não admito possíveis rivais.
De um certa distância notei que havia encerrado uma conversa com duas senhoras fofoqueiras que circulavam pela corte.
Nicoletti aproximou-se ao lado do bufê. Discretamente pegou uma tigela pequena e tomou a sopa, que acho que era de cenoura, depois pegou um pratinho de porcelana, enchendo de:ovos de codorna, mini salsichas e todos os tipos de aperitivos que considerava apresentável á mesa, além de pedaços de carne de ganso.
Devorou com uma pressa indescritível, não saberia dizer se era gulosa, esfomeada ou passava fome.
Esse último pensamento despertou o meu interesse.
E ela continuou enchendo a barriga.
Avaliando-a, como uma pessoa tão pequena e magra, conseguia comer tanto. Nicoletti tinha um apetite voraz, uma fome de dez mil mendigos parisienses e mais dez mil mendigos da Inglaterra.
Aparentemente saciada, começou a encher o decote com mais comidas do bufê. Teria que interferir, pois estava começando a chamar atenção e comentários. E conhecendo bem o meu povo não era nada positivo. Ela era a única mulher que não saia de perto de tanta comida.
Dei a volta chegando nela pelas costas.
— Não precisa fazer isso.
Tomou um susto sobressaltando-se, e derramando algumas louças de metal no chão, levantando olhares desnecessários para a nossa direção.
Os criados correram para resgata-los do piso encerado ao mesmo tempo que ela pedia mil desculpas.
— Do quê está falando, Milorde.
Virou-se totalmente, mostrando um pedaço de carne assada no decote atrevido.
Olhei para aquela carne suculenta. Não o pedaço de carne, mas sim, os dois pares de s***s que chamavam bastante atenção. São perfeitos, nem grandes demais e nem miúdos. O tamanho ideal para um homem se perder neles e devora-los.
Ergui a mão para tirar a carne, mas ela deu um tapa na minha mão.
— Não se atreva! — Disse-me entre os dentes cerrados.
— Posso retirar com a boca então? — Perguntei ousadamente.
— O quê? — Falou com uma rispidez disfarçada.
— Tem um pedaço de carne no seu decote. Está me dando água na boca. Ela mesma o tirou com raiva, enfiando o pedaço direto na minha boca.
— Hum... que delícia.
Mastigo, aproveitando para prender sua mão nessa posição. Depois de engolir a carne chupei seus dedos finos, um por um, vendo seus olhos azuis dilatar. Assustando-a com a minha atitude. Em seguida a soltei, segurou o seu braço olhando-me estupefata, um pouco desorientada.
A olhei vorazmente, fantasiando quando mordesse toda essa pele branca, conferindo se os pêlos íntimos também são ruivos.
— Posso lhe ajudar mais ainda, se assim quiser. Estou sendo sincero quando digo que quero o seu bem.
Inicio uma renegociação com a bela ruiva.
— Há única coisa que queria de você eu não consegui. Só queria lhe roubar e sair discretamente do seu banco como se nada tivesse acontecido. — Proferiu Nicoletti, friamente.
— Ainda pode ter o dinheiro que tanto sonha. Tenho uma outra proposta, além daquela.
Ela cruzou os braços abaixo dos s***s, fazendo eles quase soltarem de dentro do decote profundo. Meu corpo todo enrijeceu, meu m****o pulou inquieto dentro da calça de linho.
— Para Lord Severin, querer fazer duas propostas para a mesma pessoa é que provavelmente a segunda não vai ser boa coisa. Diga-me... quer que eu mate alguém? Lhe adianto que não sou assassina e...
— Por que pensa tão mau assim da minha pessoa? Nunca lhe fiz nenhum dano. Pelo ao contrário, estou mostrando-te minha versão benevolente.
Reclamei e Nicoletti descruzou os braços para a minha decepção, a visão daqui estava ótima. Pensei.
— Todos de Paris o conhece, a fama de conquistador, já seduziu beldades e todas ficaram com uma espécie de doença, deixa eu ver... — Parou para pensar um pouco. — Há! Paixonite aguda por você. Milorde, além disso é implacável com quem atravessa a sua frente, no seu caminho, sem a sua permissão. E também é c***l, egoísta, egocêntrico, arrogante, frívolo, libertino, supérfluo... Posso dizer mil coisas sobre sua pessoa e todas significam que realmente não presta, de que não serve para ninguém.
— Esqueceu-se de acrescentar nessa longa lista que sou um ótimo amante. Afirmei despreocupadamente. Ignorando suas ofensas.
— Alguns adjetivos são verdadeiros, outras nem tanto assim. Lady.
— Isso não me interessa! — Rebateu com os olhos saltando faíscas.
— Interessa sim, porque é através dela que terás o seu dinheiro.
Percebendo o olhar raivoso mudar, relatei os benefícios.
— Vendo que eu estava disposto lhe dar uma boa quantia de dinheiro, como havíamos conversado, percebi que ofereci pouco, pois o dinheiro um dia acaba, ainda mais nas mãos das mulheres.
Olhou-me desconfiada.
— Além da boa quantia de dinheiro, deixando-a rica, lhe ofereço joias, vestuário variado, carruagem fechada ou aberta, qual preferir, do modelo que quiser, equipado com cocheiro particular e dois cavalos jovens.
Ameaçou a falar.
— E uma casa de dois andares no centro de Paris, só para você e não podemos esquecer do primordial; um valor mensal para os gastos da sua propriedade x empregados e suas despesas pessoas. Terá ao todo cinco empregados: cozinheira, faxineira,
mordomo, governanta e uma dama de compania. Além de torná-la uma mulher rica, permanecerá rica, o que é mais importante. Sou o não sou benevolente?
— O quê vai querer em troca?
Nicoletti perguntou com a expressão espantada no rosto.
— Somente mais sete dias. Serás minha mulher por duas semanas e verás como posso ser amável e afetuoso.
A olhei intensamente.
— Durante esses dias fará tudo que eu mandar, realizará todos... — Coloquei ênfase na palavra. — Os meus desejos mais íntimos, secretos, intensos e profanos, na cama ou em qualquer lugar, onde minha vontade luxuriosa assim desejar.
— Você me dá asco! — Demostrou repulsa evidente.
— Posso te fazer sentir outras coisas também. Querida Nicoletti. — Sussurrei.
— Por que não guarda essa proposta para sua futura esposa?!
— Não quero me casar, só quero passar mais tempo apreciando sua beleza... na cama.
Aproximei mais, tomando posse do seu quadril, apertando, sentindo seus ossinhos.
— Nunca...
— Nunca diga nunca. Sou sua única opção.
Aquela boca rosada me chamava, jamais senti necessidade de beijar uma mulher como agora.
— Sério? Acha mesmo?
Falou com indignação. Olhei em volta do salão, depois voltei a olha-la sentindo meu corpo em chamas.
— Sim, é óbvio. Não vejo outro nobre oferecendo nada melhor.
Estava mais que estampado a minha vitória.
— Vamos Nicoletti, uma mulher como você e nas condições onde se encontra... — Levantei a mão para toca-la no rosto. Trêmula saiu das minhas garras. — Sou tudo que tem. Vai lucrar muito e definitivamente nunca mais passará necessidade. Tens a palavra de um Lord.
Sua respiração saia ruidosa pelas narinas.
— Tenho nojo de você!
— Já me dissestes isso. Não fará nada que já não tenha feito, Nicoletti. Isso são só negócios. Só aumentei o prazo e os benefícios, não será para sempre que sentirá a minha pele.
— Não sou uma meretriz! — Disse furiosamente alto demais, as mãos fechadas, tanto que as juntas estalaram. Nessa altura não nos importavam mais com o público curioso. Seremos notícia nos jornais de Paris amanhã de manhã.
— Pode ainda não ser, mas tenho a total certeza desse mundo desprovido na qual vive, que deve ter experimentado uma ou duas vezes os prazeres carnais na cama de algum serviçal.
A olhei de baixo para cima com presunção absoluta.
— Uma ladra não tem nenhum escrúpulo, faz de tudo... de tudo mesmo para sobreviver e...
Parei de falar ao ver seus olhos transbordarem de lágrimas, porém sem permitir que nenhuma gota rolasse pelo seu rosto angelical.
O fato de vê-la sofrer por causa das minhas palavras maldosas, me fez sentir um remorso pesarosamente.
Ela se recompõe rápido, limpando as mãos no vestido, o trage que havia comprado, sem se importar o tão caro que tinha sido.
Tentou se retirar, mas ao passar ao meu lado, olhou-me de soslaio.
— Posso ser pobre, ladra e ser considerada até mesmo uma mendiga, mas nunca, em toda a minha humilde e insignificante vida fui tão ofendida, humilhada dessa forma.
Ao ameaçar sair do meu lado, agarrei o seu braço, fazendo-a parar.
— Dança comigo?
Pedi sem olha-la.
— E eu tenho outra opção?
— Não!
Exclamei angustiado sem saber o motivo de me sentir assim.
A levei pela cintura para o meio do salão onde uma melodia suave era tocada pelos músicos, ela não recuou.
Nos posicionamos para dançarmos uma valsa. Somente nós dois.
Esqueci até mesmo de colocar as nossas luvas antes de sair do hotel, era melhor assim porque se tornou eletrizante sentir o toque suave da sua pele na minha.
Peguei sua mão feminina, delicada...
E depositei um beijo sem deixar de olhar dentro dos seus olhos azuis que tanto me fascinavam, mesmo estando triste. Sua tristeza era eu.
***
Dançamos, deixando-me guia-la, rodopiando, sentindo o som de violino e violoncelo penetrar a nossa alma. Ditando, descrevendo nossos passos certeiros.
Odiava dançar, porque nunca achava a parceira certa. Com Nicoletti era diferente. Afinal, por que tudo tinha que ser tão especial com ela?