Capítulo 1

1128 Words
Paris/capital da França.(centro da cidade) Ano 1897 Lord Severin Sanches Pelo fato de não conseguir pegar a posição de respeito, que obviamente merecia nessa sociedade francesa voltei para Paris. Precisamente de volta a civilização, porque onde meu primo, o Visconde Esteban Gutierrez Sanches, mora é praticamente no meio do nada. Só existe árvores, muita vegetação para o meu gosto requintado, sou um cidadão parisiense, acostumado com coisas finas. Depois das tentativas que acabaram sendo bastantes desgastantes por sinal de finalmente conseguir esse prêmio, achei melhor desistir dessa ideia. Retornado para a parte mais elegante da França, que para mim era o melhor lugar para se morar. Porém o meu querido primo nasceu para ser mais... mais do campo. Logo que voltei para Paris, a notícia do nascimento dos gêmeos Alec e Alexandre era a notícia principal nos jornais de toda a França. O sortudo de uma única gestação, não só ganhou um herdeiro, também garantiu um reserva. Não senti inveja, pois essas histórias de amor, casamento e filhos não eram da minha ossada. O que eu mais almejava era o título e nada mais. Lógico que viriam os bens e toda a fortuna... Sobretudo, isso já não estava mais nos meus planos de posse. Os apaixonados eram pessoas extremamente instáveis poderiam até cometerem: delitos, infrações, loucuras e várias outras coisas impossíveis de se imaginar. Não digo por experiência, não, jamais eu me apaixonei por nenhuma mulher que passou pela minha cama. A minha lista de amantes era bem longa. Damas incríveis, adoráveis, dispostas a me darem um prazer por uma ou mais noites, até eu me cansar e despacha-las de vez. Quando me enjoava de uma determinada mulher, nunca mais repetia a dose. Nenhuma dama é capaz de fazer-me de trouxa. Elas geralmente são todas iguais, só mudam a aparência, a cultura, a língua do seu país de origem... no final todas eram verdadeiras interesseiras, buscando um o****o rico, bonito e apaixonado. Porque um homem apaixonado era capaz de mover e girar o mundo por causa de uma só mulher. É o que esses tolos diziam. O fato de ser tão ateu referente ao amor tem um motivo. Esse assunto já havia martelado a minha mente o ano todo, e não queria me estressar com algo que não deveria significar nada para mim. Bati na porta da carruagem, alertando o cocheiro. — Ande mais rápido homem! — Sim. Senhor. — Respondeu o criado apressando os cavalos a correrem velozmente. Frustrado, tive que sair do conforto do meu lar em plena noite fria de Paris para ver a cara do criminoso que tentou assaltar o meu banco, a única coisa que sentia que era meu nesse universo. Esse bandido já roubou os outros dois bancos mais distantes dessa região, eles não possuíam a minha astúcia, para evitar de serem roubados. Eram umas toupeiras. Sou um mestre na arte de inventar dispositivos, e construí um sistema de segurança digna do meu século, pois a minha mente trabalhava o tempo todo, parecia uma engrenagem que não parava de inventar uns brinquedinhos a frente do século dezenove. Mas eu não gostava de exibir esses, mais modernos, as pessoas poderiam pensar... que sou um bruxo. A minha reputação entre as damas parisienses não eram as das melhores e a respeito aos cavalheiros... somente dentro do meu círculo de amizade superficial que sou um pouquinho amigável. Fora sou um verdeiro capeta. Quem ousa cruzar o meu caminho tem que ser com um objetivo palpável, senão consigo acabar com a pobre alma do ser em questão de segundos, apenas usando as palavras certas. — Chegamos. Senhor... — Já percebi! Parou em frente ao banco central de Paris. Não esperei ele abrir a porta da carruagem fechada, como sempre fazia. Saí às pressas pela rua de tijolos de cimento, em direção as escadarias, subindo rapidamente degrau por degrau, entrando rapidamente no meu banco. Logo na entrada tinha uns cinco guardas em volta, verificando o local e vendo se não havia mais ninguém. Dois guardas segurava o criminoso com seus braços virado para trás. O pobre tentava inutilmente se soltar das garras da lei. Estava todo de preto e o rosto coberto com uma toca larga preta, m*l dava para enxergar os seus olhos. O chefe de polícia aproximou-se apertando a minha mão que sempre vivia coberta com luva. Sorte a dele, porque se as minhas mãos não estivessem cobertas... não tocaria nele. Não gosto de sentir o toque de outro ser humano, só quando estou com uma bela dama na cama. — Boa noite Lorde Severin, desculpe mandar o rapaz dos recados te enviar o.... — Senhor... — Quis saber. — Chefe de polícia. — Respondeu rápido. — Soares Brandão ao seu dispor. Seu dispositivo disparou e deu pra ouvir a várias quadras daqui, fora que o aprisionou em uma teia de cordas... Ou seja lá o que era aquilo. — Uma rede... — Revirei os olhos pela sua ignorância. Cheguei perto do assaltante de banco. Abaixei o corpo. A criatura era bem baixinho, franzino. — Acabou... — Sussurrei cruamente. — Fazendo para-lo de se contorcer de imediato. — Está nas minhas mãos, sabe a pena desse delito? Ergui, ficando ereto novamente. — Achou que seria fácil assaltar o meu banco? Ainda por cima sozinho. É muita petulância e presunção seu pequeno delinquente. Agora veremos sua verdadeira face. Levantei o braço e com as pontas dos dedos aos poucos fui puxando a toca que o cobria. Primeira visão foi de umas madeixas ruivas caindo em verdadeiras cascatas volumosas. Depois a boca pequena e rosada foi revelada, junto com a pele mais branca que já havia sido vista pelos meus olhos, em seguida um nariz pequeno, empinado e por último... dois pares de olhos azuis... mais lindos que a minha existência já havia presenciado. Me afastei com a boca aberta para fitar melhor a dama mais linda e angelical... parecia uma pintura de arte. — Deus do céu! Mas... mas é uma menina! O chefe de polícia disse o óbvio. Porém, não conseguia parar de admirar a sua beleza, extremamente exuberante, o rostinho sério de menina. Fiquei imaginando como conseguiu disfarçar tanto o corpo feminino nessa roupa de homem. — Milorde! Tenha misericórdia, eu... A voz suavemente angelical parecia uma melodia, tocando no mais profundo do meu ser... Voltei ao normal no instante que me chamava diversas vezes seguidas. — Façam seus deveres perante a lei, levem ela para a cela! A bela se assustou, se calando no automático, contudo seu olhar transmitia toda sua frustração, e não abaixava a cabeça, se mantinha firme olhando-me. Hum... orgulhosa. Os guardas a levaram sem deixar de me examinar com aquele olhar de... de... asco? Que atrevida... Não falei a toa quando mencionei que estava nas minhas mãos doce jovem.
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