Atualmente, 2021.
Em Seattle...
ANA
Raiva.
É o que sinto ainda depois de todos esses anos, depois daquela noite infernal há sete anos.
Vou atualizar vocês brevemente, logo após ser espancada por Lucas e estrupada por aqueles quatro homens, — fiquei como Jhennifer do filme doce vingança, com a diferença que ainda não me vinguei de nenhum daqueles maníacos — fingi que estava morta e os capangas do bola murcha fugiram, deixando-me à própria sorte, em seguida rastejei-me para fora do beco até onde as pessoas pudessem me ver.
Graças a Deus uma alma bondosa passou naquele momento, dei o nome do hospital onde meus pais trabalharam, depois desmaiei.
Quando abri os olhos estava no quarto, tomada por cedativos, eu vi o medo nos olhos da sra. e sr.González.
Demorou um mês para me recuperar totalmente, segundo o médico eu estava destruída por dentro de todas as formas possíveis e recebi a pior notícia: não poderei ser mãe.
Eu odeio Lucas Bittencourt.
— Ana... Ana!
Saio do meu momento de ódio para olhar quem está atrapalhando meu treino, vejo que é o gerente da academia de box na qual venho descontar a minha raiva em um saco preto.
Paro, olho para ele, passo minha luva na testa para limpar o suor.
— O que foi? – Digo sem paciência.
— Desse jeito você irá estourar outro saco.
— Não vou e estourei só um.
Justin me olha com deboche.
— Ok, ok, talvez uns... Três.
— Ana, foram dez.
— Já disse que p**o, mais você se recusa então não reclame.
— Você sabe o que penso sobre isso.
— Sei, faz isso porque gosta de mim e todo esse lixo. Mais já disse que não, transamos uma vez e já foi o suficiente.
— Você sabe que isso não é o mais importante para mim, não sabe? – Ele alisa meu braço e afasto do seu toque e Justin fica cabisbaixo.
— Sinto muito, não poderei fazer nenhum homem feliz.
— Eu não sei o que aconteceu no passado que tem tanto ressentimento Ana, então quando quiser conversar podemos sair e...
— E o que? – Corto-o.
— Desabafar com você? Não obrigada, já fiz isso com vários especialistas e não me ajudou em nada, com você não seria diferente. Mais quer saber? Cansei, já deu por hoje.
Tiro minhas luvas, vou até os armários pego minha mochila guardo minhas coisas, coloco a mesma nas minhas costas e por fim pego meu capacete e saio daquele lugar.
Subo na minha moto Suzuki 750 na cor preta indo direto para casa.
Falando no d***o, para ele estou morta literalmente porque o i****a estava tão convencido que eu tinha morrido, que foi dar os pêsames para meus pais, então decidimos deixar assim.
Chego em casa, deixo a moto na garagem e subo correndo às escadas porque tenho que ir para o trabalho, meu novo chefe — para todos o antigo chefe — chega das férias hoje.
Eu fui transferida para este Departamento de Polícia há um mês quando saí do civil para ir ao federal. Só que quando cheguei o delegado atual era apenas substituto do dono daquele gigante prédio, o que torna este babaca mais metido ainda, espero que não seja um homem arrogante, porque é assim que o chamam.
Talvez pense: Nossa nem conhece o cara e já chama de babaca. Gente, lá no DP dizem que é o próprio d***o, mais não sei nada dele para mim são só fofocas e se for verdade que ele fique com aquele nariz empinado bem longe de mim.
E deve ser um cara horrível, um velho de bolas idosas.
... ♡ ...
Termino meu banho, enrolo-me na toalha e pego uma menor para enxugar meus cabelos médios em frente ao espelho.
Enquanto me observo vejo a imagem de uma mulher que amadureceu através do sofrimento em busca de vingança.
Saio do banheiro, coloco uma langerie preta sempre com uma liga, além de me sentir sexy uso para colocar uma faca ou algo assim, coloco uma legging preta e a blusa do uniforme com o símbolo da polícia federal na frente e atrás o próprio nome em extenso.
Confesso que meu corpo deu algum volume na b***a e coxa com os treinos. Coloco também anexado na calça um coldre duplo de pernas e coloco minha pistola Glock no seu respectivo lugar, junto as outras ferramentas e para finalizar meu distintivo.
Desço para ir na cozinha cumprimentar meus pais, que estam neste momento com roupas hospitalares.
— Buenas noches, família.
— Buenas, mi hija. – Minha mãe responde e meu pai apenas olha minha roupa e abaixa a cabeça.
— Papá?
Meu pai não aceitou muito bem, quando decidi que não ia mais ser médica e que seria uma policial, ele pensa que essa vida não me levará a nada, apenas sofrimento.
Eu discordo.
— Olhe para mim.
Pego em suas mãos e ele me olha.
— Não fique assim, mi padre. Essa profissão me tornou uma mulher mais forte, independente, não aquela garota ingênua que acreditava em tudo e todos. Olhe a mulher que me tornei, estou feliz assim, deveria sentir orgulho de mim. Essa profissão salva vidas também.
— Ela também destrói.
— Pode ser, mais eu fiz minha escolha e preciso que aceite.
— Sente-se, vou servir o jantar. – Minha mãe tenta amenizar a tensão no ar.
— Não mamá, estou no limite do tempo.
— Você precisa se alimentar filha e...
Pego uma maçã que está na fruteira da mesa e mordo.
— Satisfeita? – Sorrio com um pedaço de fruta na boca.
— Não, mais já é alguma coisa.
Lhe dou um abraço e beijo os cabelos negros do meu pai, que não responde nada.
Mais quando estou para sair do cômodo...
— Ana?
Ele me chama e continua de costas.
— Sim?
— Você disse que está feliz, isso significa que esqueceu aquela loucura de vingança.
Droga! É, eles sabem.
— Não, porque é ela o motivo que me faz levantar todos os dias.
Ele abaixa a cabeça, minha mãe me olha com os olhos iluminados pelas lágrimas e abraça meu pai o consolando.
Saio de casa com mais raiva ainda, por aquele loiro i****a ter acabado com a minha vida.
... ♡ ...
Já no estacionamento do DP, que é um estacionamento interno abaixo de onde trabalhamos, ficando apenas os automóveis dos funcionários e chefes.
Sigo em direção às escadas, paro quando sinto meu celular vibrar, enquanto estou plena pegando meu aparelho, ouço uma buzina louca de um carro que quando levanto a cabeça vem em minha direção como um foguete.
Quem anda numa velocidade dessa em um estacionamento? Essa praga só pode ser um retardado.
Com a velocidade me afasto caindo de b***a no chão.
— Ah! Seu infeliz.
Procuro a minha volta o mais rápido que posso e acho uma pedra e jogo no carro que para instantâneamente.
Levanto do chão e posso ver que trincou o vidro traseiro do carro chic.
Obrigada box pela força.
Dou um sorriso interno, mais toda minha felicidade acaba quando o dono do foguete sai, vindo com a mesma velocidade na minha direção.
Mais tudo começa a ficar em câmera lenta quando vejo o ser. Um homem de terno preto com uma única peça branca dando contraste, é difícil não reparar que aquela roupa modela todos seus músculos fortes.
Uau!
Fixo no seu rosto, suas íris azuis e cabelos pretos com um pouco de onda e uma barba por fazer e pele branca.
Meninas um verdadeiro escultor de suspiros ou um molhador de calcinhas, tanto faz na realidade.
Acho que senti algo úmido aqui, ops!
— Que p***a foi aquela garota?
E lá se vai os sonhos, porque o escultor vira um ogro.
— Eu que pergunto que p***a foi aquela de quase me atropelar? – Retruco.
— Deveria ter passado por cima, assim não tivesse nenhum prejuízo.
— Azar o seu.
Que boca.
Foco Ana, foco!
Engulo seco e volto a mim.
— Da próxima vez eu quebro os seis vidros, fui boazinha de ter apenas trincado.
Na sua testa se forma um vinco, o fulano me olha estranho e não consigo entender aquela forma de me olhar.
Aos passos que ele se aproxima eu ando para trás, até que minhas costas betem em um pilar, engulo seco com a intensidade do seu olhar.
Fico uma anã perto dessa montanha que chama de corpo. Perdi meu raciocínio com o cheiro desse homem.
Problema, problema...
Esse é o alerta vermelho que pisca na minha cabeça. O ogro coloca uma das mãos apoiadas na lateral da minha cabeça.
E se aproxima do meu ouvido e sussurra.
— Não irá ter próxima vez. E espero que trabalhe com os mortos.
Sério, ele viu meu uniforme e acha que trabalho no necrotério? É um babaca mesmo.
— Porque se não, estará demitida.
Sinto um arrepio passar pela minha espinha.
Ele se afasta e vira as costas e não espera minha resposta, eu fico p**a de raiva com tanta arrogância e é quando digo a única coisa que vem a minha mente.
— Aah, seu dentista da barbie! – Grito.
Que? Dentista da barbie?
Ana sua i****a, não tinha nada melhor a dizer? Realmente, esse homem mecheu comigo de um jeito que não gostei, perigo é a palavra que o descreve.
O ogro apenas me mostra o dedo médio e entra novamente no carro.
... ♡ ...
Sento na minha mesa, soltando fogo pelas narinas. Acho que está visível porque a minha parceira e amiga vem me perguntar o que houve.
— O que aconteceu? Você está com uma cara péssima, estava ali conversando com Peter e vi você andando pisando alto.
— Eu briguei com um.. um...
— Um o que, Ana?
— Escultor de suspiros...
Novamente a imagem daquele homem vem na minha mente.
— Escultor de suspiros? – Fala com desdém.
— Não, não... Não disse isso. – Digo mais confusa ainda.
— Ficou maluca? Você acabou de dizer...
— Eu quis dizer ogro, babaca, arrogante.
— Tá, enfim o que aconteceu?
Conto para ela tudo que aconteceu e ela simplesmente ri, faço cara de tédio quando vejo minha amiga se desmanchar como se eu tivesse contado uma piada.
— Você chamou o cara de dentista da Barbie?
— Sério, quase fui atropelada e você só prestou atenção nessa parte, Angel?
Ângela é minha colega desde que entrei na equipe, nos demos super bem de primeira, se tornou uma grande amiga em pouco tempo, ela é a pessoa mais legal que já conheci nesta cidade. Mais no momento quero matar esta ruiva sarnenta e arrancar esses olhos cor de mel.
Quando ela resolve voltar pro corpo e falar, somos convocados para se reunir ali mesmo. Vejo meu chefe de longe e...
O que aquele i****a faz perto do meu chefe?
— Aquele é o babaca.
Angel me olha com uma cara de pombo.
— Você chamou nosso chefe de dentista da Barbie, Ana?
— Que? – Agora aposto que sou eu que estou com cara de pombo.
— Aquele monumento é Dominc Carter, o nosso chefe que estava de férias e dono desse prédio.
Merda! Meu dia não podia ficar pior...
O escultor de suspiros meu chefe?
Droga!
...♡ ...
Kkkkk Amores, não sei oque dizer desse capítulo.
Me digam vocês. Será que Ana vai ser demitida?
Vamos saber o que Dom pensa em fazer com essa esquentadinha no próximo.
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