Capítulo Três — Thomás

1461 Words
— Você está me ouvindo Thomás? Voltei a minha realidade quando escutei a voz do Apolo me chamando. — Desculpe! Me perdi no meio de algumas lembranças do passado e acabei esquecendo que estávamos conversando. — Você é muito misterioso referente a esse passado. Me conta, você deixou alguém importante na cidade onde morava, não é? Por isso você vive pelos cantos perdido nas suas memórias. De certa forma ele tem razão, eu deixei a mulher da minha vida para trás, porém eu não podia fazer o que ela estava querendo. — Não gosto de falar sobre a minha vida pessoal aqui no escritório e você sabe disso, agora preciso que você chame todos para a sala de reunião, quero acertar logo os detalhes dessa confraternização que vamos ter. — Todos estavam animados para comemorar cinco anos atuando com sucesso em todas as áreas do direito que estamos atuando, e olha que tem sido casos bem complicados. Mas o nosso escritório ficou conhecido justamente por pegar casos polêmicos para defender e o melhor, todos os nossos casos saíram ganhos. — Ninguém sabe o que você tanto esconde, cara! Vão fazer exatos cincos anos que trabalhamos com você e não sabemos nada do seu passado, já você sabe tudo do passado de todo mundo, porque em conversa, todos já contamos mais ou menos como foi a nossa adolescência até passarmos para a faculdade. Não gosto de falar do passado, as decisões que tomei nele me trouxeram até aqui, porém eu tive que deixar a pessoa mais importante da minha vida para trás, e a lembrança desse dia é muito dolorosa para mim. — Eu não escondo nada Apolo, apenas penso que o passado deve ficar no lugar onde ele está, devemos viver o presente. No dia que eu me sentir à vontade para conversar sobre isso com alguém, eu falarei. Mas não vou sair falando por aí da minha vida pessoal, somente pelo fato de que os meus associados estão curiosos para saber sobre. — Não tiro a sua razão, mas talvez se você conversasse ao menos um pouco, tiraria essa tristeza do seu olhar, ela sempre aparece quando você fica perdido nas suas lembranças do passado. Levanto-me, o chamando para irmos de uma vez a sala de reuniões, pois se ficar aqui, ele ficará batendo na mesma tecla e eu não quero falar disso com ninguém, é um direito meu, manter o meu passado preservado, ninguém tem nada a ver com isso. — Eu não quero conversar com ninguém, no momento que chegar a hora você vai saber o que aconteceu comigo para poder chegar até aqui onde estou! — Acho que nem sobre tortura você fala o que aconteceu no passado para te deixar assim perdido nas lembranças, não acredito que um dia você irá confiar em alguém para dizer o que tanto te assombra no passado. Na verdade, minhas lembranças não me assombram, mas me fazem questionar, como teria sido a minha vida, caso eu tivesse aceitado as maluquices da Elisa e esperado por ela para fazer a faculdade, mesmo ela sendo mais nova do que eu um ano, eu esperava que na época ela tivesse a mesma maturidade que a minha. — Também não é para tanto Apolo, só não acho necessidade trazer o passado para o presente, o que tinha que acontecer já aconteceu, agora eu quero viver o meu presente, apenas isso, agora vamos parar de enrolação e vamos seguir para a sala de reuniões, pois precisamos decidir como será o quinto aniversário da empresa. Esse ano estava pensando em fazermos diferente em vez de uma festa grandiosa, fazermos algo mais fechado, apenas para nós e para os nossos sócios e clientes mais próximos, vamos ver se todos concordam, mesmo sendo o maior acionista do aglomerado de advocacia. Apesar de ter fundando, eu nunca gostei de impor decisões, acredito que discutir com a equipe e chegar a uma solução, mantém todos satisfeitos em trabalhar conosco. — Bom dia a todos, desculpem o atraso, já éramos para está aqui há alguns minutos atrás, porém estava conversando algumas ideias com o advogado Apolo, sobre a nossa festa de comemoração do aniversário da empresa, mas claro, nem uma decisão foi tomada ainda, como todos sabem sempre gosto de me reunir com vocês e escutar a opinião de cada um, sobre as coisas, para mim isso faz com que o funcionamento do nosso escritório flua melhor. De início apresentei a minha ideia desse ano ser algo menor, não pelo fato de estar falindo, pelo contrário os casos não param de chegar para que possamos defender, mas porque uma festa grandiosa não temos o controle de quem vem ou deixa de vir, pois nem todos tem a consideração de avisar que não irá comparecer, no final perdemos as coisas, principalmente comida, uma coisa que não admito é desperdiçar comida, o ano passado tivemos problemas referentes a isso porque mesmo mandando distribuir para famílias carentes, ainda tivemos que jogar um pouco no lixo. — Esse eu pensei em fazer algo menor, um jantar na minha casa em Búzios, acredito que não será problema para ninguém a viagem, com nossas famílias, os sócios e seus acompanhantes, e alguns dos nossos principais clientes, o que me dizem, pode dizer suas opiniões também, se acharem que não vai dar certo, fiquem à vontade para falar por favor. Somos um grupo de oito advogados, sendo quatro mulheres e quatro homens. — Será que não iríamos passar uma visão duvidosa sobre o lado financeiro da empresa? Pois apesar de só ter cinco anos, somos um escritório de advocacia conceituado e porque não dizer um dos mais procurados, a mídia pode entender que este jantar, por ser menor, pode ser um sinal de falência, isso causaria rumores, deixando os nossos clientes inseguros. O Apolo já tinha exposto esse ponto de vista na minha sala, porém pedi para ele expor perante os demais novamente, assim chegaremos em um consenso juntos, confesso que não tinha pensado por esse lado, quando tive a ideia do jantar. — O Apolo tem razão nesta parte, Thomás, seria prejudicial para nossa imagem caso a imprensa publicasse que reduzimos o tamanho da nossa festa anual, desde o primeiro ano sempre damos uma festa glamurosa, acho que trocarmos o estilo agora faria com que todos estranhassem, acredito que poderíamos pensar em fazer algo diferente, mas não reduzir o tamanho da festa. Uma das nossas advogadas concorda com a opinião do Apolo, na verdade eu também concordo com ele, eu não tinha parado para analisar deste ângulo que eles estão me fazendo ver agora, por isso é sempre bom sentar com a equipe para discutir, seja o assunto que for, porque com certeza 8 cabeças juntas, pensam melhor que uma. — Mais alguém quer dar uma opinião sobre a fala do Apolo, ou alguma sugestão do que poderíamos fazer para inovar na nossa festa? Pois diminuir o tamanho já foi descartado. O jantar mais íntimo já está fora de questão, também não acredito que as pessoas gostariam de vir para uma festa que acontece sempre do mesmo jeito todo ano. Mas o que poderíamos fazer para inovar, afinal somos um escritório conceituado de advocacia, não uma loja de roupas, se fosse com certeza seria mais fácil, colocaríamos um desfile de moda e pronto, a noite estava ganha. — Porque não pensamos na possibilidade de em vez de colocar música clássica como fazemos todo ano, colocar música ao vivo, claro que não poderia ser clássica que era para diferenciar dos demais anos. A ideia do meu amigo é boa, mas qual seria o estilo de banda que colocaríamos, a classe dos advogados é algo muito formal digamos assim. — A ideia é boa Apolo, porém qual estilo musical vamos colocar? Colocamos a clássica porque é um estilo que agrada a todos. Ele pensou um pouco e disse que se era para inovarmos deveríamos colocar um cantor que pudesse cantar algumas músicas românticas de maneira acústica. Opa! Será que andei perdendo alguma coisa por aqui, o maior garanhão do escritório está apaixonado? — Poderíamos procurar alguém que tocasse de tudo, uma música romântica não faria m*l a ninguém durante a festa, sem contar que poderíamos dançar bem agarradinhos. Não acredito que Apolo está se aproveitando da situação para implicar com um casal que temos entre os advogados, isso não se faz, a pobre da nossa advogada chega estar vermelha. — Sem gracinhas Apolo, o assunto é sério, este ano estamos atrasados com a organização, já deveríamos ter iniciado os preparativos. Sempre começamos a organizar esta festa no começo do ano, porque como é algo que chamamos muita pessoas, se deixar para organizar bufê, a parte da segurança, essas coisas, em cima da hora, ficamos sem ter com quem acertar.
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