CAPÍTULO 10 (ANASTÁCIA)

664 Words
Acordei assustada e com sede, sem saber exatamente que tipo de sonho havia me despertado. Sonolenta, saí da cama e puxei meu roupão longo, saindo do quarto para beber água. Passei pelos corredores escuros em silêncio, desci o primeiro lance de escadas e parei ao ouvir vozes no corredor que dava para o escritório. O cheiro de charuto fez o meu nariz coçar e segurei a vontade de espirrar para ouvir o que estavam dizendo. — Ele escolheu a Anastácia? — Michelle, o conselheiro do meu pai, riu. — Não me leve a m*l, meu caro. Ana é uma menina linda, inteligente e que não faz o estilo de um homem como Romano. — Sim. Eu sei. Ainda assim, ele a escolheu e sequer desviou seu foco para Maria. — Ao contrário da escolha dos chefes, isso é interessante. Damon deixou claro que havia escolhido Maria para Romano, porque ela é jovem, doce, comedida e provavelmente, não repetiria as mesmas ações que sua falecida esposa. — Michelle continuou rindo. — Quando será o casamento? — Ainda sem data marcada. Anastácia irá conhecê-lo melhor. — Papai retrucou. — Por quê? — Quero dar à minha filha um gosto de ser cortejada. Ela merece ser adorada. — Está dando a sua filha a ilusão de que a família Bracci tem direitode dizer não aos chefes. Você iria contra uma ordem de casamento mesmo que isso custasse a sua vida? — Claro que sim, estamos falando das minhas filhas e não dos meus soldados! — Papai rebateu. Enquanto senti orgulho, meu coração se encheu de medo. — Como seu conselheiro, condeno o seu comportamento. Eu não apoio, oriente a sua filha a dizer sim. É um casamento. Para protegê-la, envolva o nome dela nas empresas e faça com que ele jure, com promessa de sangue, manter a integridade física. — Michelle foi firme. — Não permita que ela, em sua inocência e gênio indomável, acredite que possa sair dessa sem consequências. Não é porque os chefes escolhem a fachada que vivemos em paz, que eles não possam nos matar por desobediência. Devo te lembrar do m******e dos patriarcas alguns anos atrás? Fiquei toda arrepiada e cobri minha boca de pavor. Não queria ouvir mais. Me afastei correndo, desci as escadas e entrei na cozinha. Estava escura e silenciosa, encostei na parede, ofegante e levei minhas mãos ao coração, de alguma maneira tentando acalmar as batidas frenéticas que retumbavam na minha caixa torácica. Dio! Papai jamais poderia ficar em risco por um capricho meu! Michelle, por mais irritante e asqueroso que fosse, estava certo. Toda essa coisa de encontros e cortejo era uma maquiagem para o martelo batido do meu destino. Eu me tornaria a nova Sra. Carlucci em alguns meses e estava apavorada. Bebi água e voltei para o meu quarto, sem conseguir dormir. Rolei na cama e vi o dia amanhecer. Mamãe bateu na porta do meu quarto para me acordar e ficou muito surpresa ao me ver de pé, arrumada e pedindo que agendasse um horário urgente no salão de beleza para meu encontro com Romano à noite. A expressão dela foi tão engraçada que se tivesse com um humor melhor, poderia ter dado gargalhadas. Fiquei quieta, o que não era muito meu estilo, mas eu me dei o direito de ficar reservada mediante ao turbilhão de emoções que estava passando na minha mente e coração. Estava com medo, muito medo do futuro desconhecido que me aguardava, com raiva e ressentida por não ter nascido em uma vida normal. No salão, fiz meus cabelos, sobrancelhas, as unhas e ainda mergulhei em uma dolorosa sessão de depilação a cera que eu negava toda vez, sempre usava gilete. Maria m*l escondia a surpresa com a minha escolha. Após uma manhã e meia tarde de tratamentos, seguimos para um complexo de lojas de luxo que minha irmã amava fazer compras. Tentei escolher qualquer coisa parecida com algo que ela usaria e parei, me perguntando que diabos estava fazendo
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