CAPÍTULO 13 (ANASTÁCIA)

1075 Words
— O que gostaria de pedir? Ouvi dizer que a culinária desse lugar é exemplar! — falou como se eu não estivesse consumida pela ansiedade. — Eu nunca vim aqui, só ouvi falar. — Peguei o menu. — É verdade que não se importa com a virgindade? Romano ergueu o olhar do menu. Ele era tão bonito que suspirei. — Não. Por quê? Já romperam a sua pureza? — ironizou. Ele tinha uma tendência a ser m*****o. — Não precisa mentir. Mais cedo ou mais tarde… — Se eu disser sim ao casamento. — Rebati. Ele riu, confiante. — Você vai dizer sim. — Me encarou. — Então? Quem foi? — Quem foi o quê? Quer saber para matá-lo? — Eu posso não me importar com a sua virgindade, mas certamente me importo em deixar vivo o homem que tocou em você. — Inclinou a cabeça para o lado. — Não seja covarde, Anastácia. Cadê o brilho do desafio? Ele apertou meu botão da fúria. Bati o menu fechado na mesa. — Escuta aqui, Sr. Carlucci. — Me aprumei no lugar. — O que fiz da minha vida antes de você, não é da sua conta. Ele riu mais ainda. i****a. Segurando meu pulso, delicadamente colocou sua mão na minha e puxou para seus lábios, que roçou acima da minha pulsação antes de beijar a palma. Ele não me corrigiu, não jogou na minha cara que eu era uma filha da máfia, extremamente protegida e cheia de regras nos ombros. Ao invés disso, decidiu que poderia me fazer pensar milhares de besteiras por segundo com sua boca provocando meu pulso. MEU PULSO! — O que você está fazendo? — Ofeguei. — Não vai me convencer a falar e meus guardas podem se aproximar achando que é um contato inapropriado. — Eles não vão ousar, no máximo, vão contar para seu pai quando te levar para casa. Fiquei vermelha com a ideia do meu pai descobrir o que Romano fez. Mordi meu lábio. — Vamos pedir? — Mudei de assunto. — O que você quer? Pecaminoso e instigante. Peguei o menu, me escondi atrás dele e me abanei discretamente. Romano pediu frutos do mar com risotto de limão siciliano. Eu escolhi um filé com camarões, batatas coradas e um arroz da casa que estava ansiosa para experimentar. O garçom serviu uma excelente escolha de vinho enviado pelo chefe. Pensei que o jantar seria silencioso, mas Romano era inteligente e capaz de conduzir uma conversa muito agradável. Ele contou sobre um vinhedo local que eu era louca para conhecer que oferecia degustação para os seus convidados. — Quer? — Ofereci um pedaço do meu filé. — Por que nutrição? — Ele aceitou a minha garfada e roubei um pedaço do seu peixe com um pouco de risotto. — Eu sempre gostei de cozinhar. Não fui autorizada a fazer gastronomia, porque segundo minha adorável mãe, é um curso de pessoas devassas. — Abri um sorriso. Romano riu. — Após o casamento, poderá cursar o que quiser. — Ele bebeu seu vinho. — Adoro a devassidão. — Piscou. — Nutrição foi a escolha mais próxima, somando com o meu desejo de aprender mais sobre alimentação através de uma vida saudável. — Voltei a comer e limpei minha boca. — Você se formou? — Economia. — Sério? — Não consegui esconder minha surpresa. — Você administra as empresas da família? É essa a sua posição de subchefe? — Sim. Eu tenho uma gama de empresas no meu território e com isso, a pressão de ter uma esposa, uma vida social interessante aos olhos dos demais. — Você não está escolhendo o casamento por que quer? — Eu já fui casado, não foi nem um pouco divertido. — Enfiou um pedaço de peixe na boca. — E não quero que a segunda vez seja o mesmo inferno. Direto ao ponto. — Acho que compreendo. Não achava nada. Meus pais biológicos se odiavam. Eu tinha certeza de que meu pai teve milhares de amantes e a minha mãe vivia dopada por calmantes. Ninguém nunca me disse o que realmente aconteceu na noite do falecimento deles e adulta, não precisava somar muito para entender que foram obrigados a conviver, fazendo uma criança na esperança de terem um herdeiro para dar sequência ao nome. Eles não tentaram novamente depois que eu nasci. — Eu não desejo um casamento infeliz. — Deixei meu guardanapo de linho à mesa, perdendo um pouco do meu apetite. — Não desejava um. Pensei que sua escolha seria minha irmã e estava preocupada em como ela se encaixaria em tudo. — Sua irmã é linda, mas é jovem e ainda muito inocente para se tornar uma esposa. Não seria adequado que seus pais lhe prometessem a um casamento, mas isso não é da minha conta. — Ele bebeu todo seu vinho. — Você falaria isso com meu pai? — Brinquei com minha taça. — Não enquanto não for seu marido. — Sorriu torto. — Isso é um sim, Anastácia? — A ideia de que possa proteger minha irmã de um possível casamento precoce me deixa um pouco tentada. — Então, para ganhar seu coração eu devo proteger sua família e não uma promessa de vida cheia de… — Contenha-se, Romano. — Soltei uma risada, relaxada com o vinho. — Eu não disse que vou aceitar. — Brinquei. Ele pegou minha mão e beijou. — Nem mesmo se eu fizer o pedido? Sua boca próximo a minha palma estava me fazendo pensar no quão doce seriam seus beijos nos meus lábios. — Me leve para conhecer o vinhedo. — Está me usando para sair mais, Anastácia? — Ele sorriu e arqueou a sobrancelha. — Cada um luta com as armas que tem. — Dei de ombros. — Sobremesa? Romano sorriu, ciente que eu era capaz de escorregar feito sabonete diante de suas perguntas e até o momento, estava se divertindo. Pedimos a sobremesa e após encerrar a conta, ele não me levou para casa. Pensei que seguiria à risca as regras dos meus pais sobre voltar antes da meia noite, mas aproveitou cada segundo no bar, na parte debaixo. Meus guardas estavam sinalizando o horário. Romano arqueou a sobrancelha e sorriu. — Dança comigo. — Ele pediu, tocando minha cintura. Ao invés de obedecer a ordem silenciosa do meu pai através dos seus homens, segurei a mão do homem que estava na minha frente e aproveitei alguns minutos de desobediência.__
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