— O que gostaria de pedir? Ouvi dizer que a culinária desse lugar é exemplar! — falou como se eu não estivesse consumida pela ansiedade.
— Eu nunca vim aqui, só ouvi falar. — Peguei o menu. — É verdade que não se importa com a virgindade?
Romano ergueu o olhar do menu. Ele era tão bonito que suspirei.
— Não. Por quê? Já romperam a sua pureza? — ironizou. Ele tinha uma tendência a ser m*****o. — Não precisa mentir. Mais cedo ou mais tarde…
— Se eu disser sim ao casamento. — Rebati.
Ele riu, confiante.
— Você vai dizer sim. — Me encarou. — Então? Quem foi?
— Quem foi o quê? Quer saber para matá-lo?
— Eu posso não me importar com a sua virgindade, mas certamente me importo em deixar vivo o homem que tocou em você. — Inclinou a cabeça para o lado. — Não seja covarde, Anastácia. Cadê o brilho do desafio?
Ele apertou meu botão da fúria. Bati o menu fechado na mesa.
— Escuta aqui, Sr. Carlucci. — Me aprumei no lugar. — O que fiz da minha vida antes de você, não é da sua conta.
Ele riu mais ainda. i****a. Segurando meu pulso, delicadamente colocou sua mão na minha e puxou para seus lábios, que roçou acima da minha pulsação antes de beijar a palma. Ele não me corrigiu, não jogou na minha cara que eu era uma filha da máfia, extremamente protegida e cheia de regras nos ombros. Ao invés disso, decidiu que poderia me fazer pensar milhares de besteiras por segundo com sua boca provocando meu pulso.
MEU PULSO!
— O que você está fazendo? — Ofeguei. — Não vai me convencer a falar e meus guardas podem se aproximar achando que é um contato inapropriado.
— Eles não vão ousar, no máximo, vão contar para seu pai quando te levar para casa.
Fiquei vermelha com a ideia do meu pai descobrir o que Romano fez.
Mordi meu lábio.
— Vamos pedir? — Mudei de assunto.
— O que você quer?
Pecaminoso e instigante.
Peguei o menu, me escondi atrás dele e me abanei discretamente.
Romano pediu frutos do mar com risotto de limão siciliano. Eu escolhi um filé com camarões, batatas coradas e um arroz da casa que estava ansiosa para experimentar. O garçom serviu uma excelente escolha de vinho enviado pelo chefe.
Pensei que o jantar seria silencioso, mas Romano era inteligente e capaz de conduzir uma conversa muito agradável. Ele contou sobre um vinhedo local que eu era louca para conhecer que oferecia degustação para os seus convidados.
— Quer? — Ofereci um pedaço do meu filé.
— Por que nutrição? — Ele aceitou a minha garfada e roubei um pedaço do seu peixe com um pouco de risotto.
— Eu sempre gostei de cozinhar. Não fui autorizada a fazer gastronomia, porque segundo minha adorável mãe, é um curso de pessoas devassas. — Abri um sorriso. Romano riu.
— Após o casamento, poderá cursar o que quiser. — Ele bebeu seu vinho. — Adoro a devassidão. — Piscou.
— Nutrição foi a escolha mais próxima, somando com o meu desejo de aprender mais sobre alimentação através de uma vida saudável. — Voltei a comer e limpei minha boca. — Você se formou?
— Economia.
— Sério? — Não consegui esconder minha surpresa. — Você administra as empresas da família? É essa a sua posição de subchefe?
— Sim. Eu tenho uma gama de empresas no meu território e com isso, a pressão de ter uma esposa, uma vida social interessante aos olhos dos demais.
— Você não está escolhendo o casamento por que quer?
— Eu já fui casado, não foi nem um pouco divertido. — Enfiou um pedaço de peixe na boca. — E não quero que a segunda vez seja o mesmo inferno.
Direto ao ponto.
— Acho que compreendo.
Não achava nada. Meus pais biológicos se odiavam. Eu tinha certeza de que meu pai teve milhares de amantes e a minha mãe vivia dopada por calmantes. Ninguém nunca me disse o que realmente aconteceu na noite do falecimento deles e adulta, não precisava somar muito para entender que foram obrigados a conviver, fazendo uma criança na esperança de terem um herdeiro para dar sequência ao nome.
Eles não tentaram novamente depois que eu nasci.
— Eu não desejo um casamento infeliz. — Deixei meu guardanapo de linho à mesa, perdendo um pouco do meu apetite. — Não desejava um.
Pensei que sua escolha seria minha irmã e estava preocupada em como ela se encaixaria em tudo.
— Sua irmã é linda, mas é jovem e ainda muito inocente para se tornar uma esposa. Não seria adequado que seus pais lhe prometessem a um casamento, mas isso não é da minha conta. — Ele bebeu todo seu vinho.
— Você falaria isso com meu pai? — Brinquei com minha taça.
— Não enquanto não for seu marido. — Sorriu torto. — Isso é um sim, Anastácia?
— A ideia de que possa proteger minha irmã de um possível casamento precoce me deixa um pouco tentada.
— Então, para ganhar seu coração eu devo proteger sua família e não uma promessa de vida cheia de…
— Contenha-se, Romano. — Soltei uma risada, relaxada com o vinho. — Eu não disse que vou aceitar. — Brinquei.
Ele pegou minha mão e beijou.
— Nem mesmo se eu fizer o pedido?
Sua boca próximo a minha palma estava me fazendo pensar no quão doce seriam seus beijos nos meus lábios.
— Me leve para conhecer o vinhedo.
— Está me usando para sair mais, Anastácia? — Ele sorriu e arqueou a sobrancelha.
— Cada um luta com as armas que tem. — Dei de ombros. — Sobremesa?
Romano sorriu, ciente que eu era capaz de escorregar feito sabonete diante de suas perguntas e até o momento, estava se divertindo. Pedimos a sobremesa e após encerrar a conta, ele não me levou para casa. Pensei que seguiria à risca as regras dos meus pais sobre voltar antes da meia noite, mas aproveitou cada segundo no bar, na parte debaixo.
Meus guardas estavam sinalizando o horário. Romano arqueou a sobrancelha e sorriu.
— Dança comigo. — Ele pediu, tocando minha cintura. Ao invés de obedecer a ordem silenciosa do meu pai através dos seus homens, segurei a mão do homem que estava na minha frente e aproveitei alguns minutos de desobediência.__