CAPÍTULO 31 (ANASTÁCIA)

1295 Words
Carlo estava nos aguardando e me deu o mesmo sorriso gentil de sempre. Ao chegarmos em casa, Fred saiu correndo, fazendo festa e eu amei sua alegria de boas-vindas. Marina ainda estava na cozinha, terminando seu expediente e deixou o jantar pronto. — Estarei no escritório trabalhando. Você precisa de ajuda com alguma coisa? — Romano se aproximou. — Não, vou desfazer as malas e lavar roupa. Te chamo para jantar. — Tudo bem. — Se afastou e parou. — Se comporta. — Vou tentar. — Sorri. Enzo e Juliana Rafaelli enviaram uma caixa com presentes para recém-casados. Eu fiquei histérica quando Romano me comunicou que eles aceitavam ser nosso casal de padrinhos. Nunca tinha visto a mulher na minha vida e ela seria minha madrinha? Não era segredo que Juliana mandava tanto quanto seu marido. Acho que fiquei mais apavorada de passar o dia com ela do que tropeçar e cair no tapete vermelho, como havia sonhado na noite anterior ao casamento. Para minha surpresa, Juliana foi muito simpática, acolhedora e participou dos preparativos, incentivando as tradições e ao mesmo tempo, sem dar um pingo de atenção aos exageros da minha mãe. Foi bom conhecê-la melhor. Era divertida, falava bem e muito cheirosa. Aliviou um tanto do meu estresse como noiva. Minha mãe estava tão nervosa quanto eu, o que não ajudou muito. Ela chorou tanto que pensei que sua maquiagem estaria um desastre quando entrasse com meu pai, mas até que se controlou na cerimônia. Meus pais ficaram o máximo de tempo grudadinhos comigo e pensando neles, enviei mensagens de voz no grupo da família. Tirei os presentes da caixa. Eram velas aromáticas, sais de banho, garrafas de vinho e Enzo enviou especialmente para Romano uma garrafa de uísque que custava doze mil dólares. No bar, havia muitas bebidas caras e raras. Enviei uma mensagem de agradecimento e lembraria a Romano de fazer o mesmo. Não foi difícil me ocupar, havia tanta coisa a ser feita e a companhia de Fred não me permitiu me sentir solitária. Ele ficou me seguindo o tempo inteiro. Pensei que fosse ficar com Romano, afinal, não estava acostumado comigo, mas ele ficou feliz com os afagos e minha conversa boba. Sempre respondia com um latido quando me empolgava e manteve o r**o peludo balançando. Era engraçado um homem como ele ter um labrador. Era uma raça familiar, para crianças e não para um homem solteiro com uma profissão como a dele. — Vamos lavar roupa, rapaz? — chamei Fred, segurando o cesto de roupa suja. Desci a escada com cuidado e ele foi correndo na frente, pegando sua bolinha e latindo. — Fred! Quieto! — Romano falou do escritório. — Shh. Ele está no telefone — sussurrei, ao ver meu marido concentrado no computador e com o aparelho no ouvido. De fininho, passei para a lavanderia luxuosa que ficava depois da cozinha, começando a separar roupas. Marina não mexeu no closet enquanto estivemos fora, a roupa que Romano usou na despedida de solteiro estava suja ainda. Fedia a boate. Podre. Enfiei a mão nos bolsos, encontrei cem dólares e duas camisinhas. Um dos pacotes estava aberto e vazio. Meu sangue ferveu. Agarrei os pacotes, atravessei o apartamento e empurrei ainda mais a porta do escritório. Coloquei os pacotes na sua mesa e cruzei os braços. Ele encerrou a chamada sem falar nada e me deu um olhar de que eu era maluca por entrar sem pedir licença. — O que é isso, Romano? — Dois pacotes de camisinha, um deles aberto. — Se você deseja que eu mantenha a calma, paciência e o tom de voz doce, não seja tão ridículo com uma resposta dessa! Você fez sexo na sua despedida de solteiro? — Claro que não! — Explica, o que é isso? — Odiei o quanto minha voz tremeu. — Foi uma brincadeira i****a. — Ele suspirou. — Logo que chegamos na boate, eles nos deram camisinhas com drinques. Enzo pegou uma delas, abriu, encheu e ficou brincando. Eu só peguei os pacotes e enfiei no bolso. — Você quer que eu acredite que o todo poderoso Enzo Rafaelli ficou brincando com uma camisinha? Era me fazer de otária. Como se eu não estivesse explodindo na sua frente, ele pegou o telefone, abriu a galeria e deu play em um vídeo. Havia mais homens no camarote, falando e rindo. A mesa estava repleta de bebidas, cigarro e até drogas, o que embrulhou meu estômago. Enzo estava ao lado de Romano, falando com Damon, provavelmente a pessoa que ele enviou o vídeo segurando um balão feito de camisinha. Eles estavam bêbados, mas não o suficiente para perder a lucidez. “Deem boas-vindas ao mais novo capado da família” Enzo gritou. “Um brinde ao homem que pensa que manda em alguma coisa, até sua mulher gritar que você não pode pisar onde ela acabou de limpar!”. Outro gritou e eles caíram na gargalhada. Não havia graça nenhuma, mas com álcool todo mundo acha qualquer besteira engraçada. O vídeo acabou sem sentido e o encarei. — Eu terminei qualquer contato fixo a partir do minuto que soube que procuraria uma nova esposa. Sou um homem adulto, posso controlar meu desejo s****l e não tenho a mínima necessidade de mentir. — Ele ficou de pé. — Sei que não nos conhecemos, mas por favor, confie em mim. A partir do momento que me interessar por outra mulher, nosso casamento irá acabar. Estamos nessa para sempre e eu não vou fazer isso conosco. Espero que também não faça. — Claro que não! Por que você tem tanta preocupação que eu vá me apaixonar por alguém ou que já tenha acontecido isso na minha vida? — Minha primeira mulher não queria se casar comigo, ela amava outro homem. Por orgulho, nos arrastei a um casamento infeliz. Fernanda ficou doente e morreu sem que eu pudesse fazer nada além de cuidar dela e pagar o melhor tratamento. — Deu a volta na mesa. — Ela me pediu um cachorro uma semana antes de morrer na esperança que fosse sobreviver ao tratamento. Ela só viu o Fred uma única vez. Fazia todo sentido. Fred foi um presente para sua esposa acamada. Caramba! Romano pegou os pacotes e jogou no lixo. — Você acredita em mim? — Eu não sou o tipo de pessoa desconfiada, mesmo com meu sangue sendo tão quente. Você nunca me deu motivos para desconfiar, então, minha inclinação natural é confiar na sua palavra. O vídeo colabora, não vou negar. — Segurei sua mão. — Eu te peço, do fundo do meu coração, não faça isso conosco. Meu coração está livre para você. Só para você. Romano pegou seu canivete. — Eu vou honrar isso até o fim da minha vida. Esse é um juramento de sangue — falou e, antes que pudesse segurar seu pulso, cortou sua palma e segurou minha mão. Engoli com o coração tão acelerado que minha boca ficou seca. Ele fez um juramento de sangue em promessa de fidelidade. — Prometi no altar, mas muitos homens entre nós não levam a sério e eu entendo que desconfie até esse momento. — Continuou. — Você... você... — gaguejei, olhando sua palma cortada. Aquilo era um dos atos mais importantes da famiglia. — Romano... você... — Respirei fundo e só me joguei nele, abraçando seu pescoço e tomando sua boca em um beijo que transmitia tudo que estava sentindo naquele momento. — Eu não sei se você tem que trabalhar, mas nós vamos estrear o escritório agora mesmo! — Puxei sua blusa de dentro da calça, atacando-o. Na pressa, ele me colocou em cima da mesa e, com a mesma urgência que eu, me tomou ali mesmo, efetivamente marcando seu juramento de sangue.

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