03-Aqui é o Fumaça!

1896 Words
FUMAÇA NARRANDO. Eu preciso dizer para vocês um pouco de mim para vocês entenderem como tudo aconteceu, né isso? Então vamos lá, o meu nome é Bruno ,porque aquele bosta do meu pai colocou o mesmo nome dele em mim. Minha mãe era a Marina, isso mesmo, era. Eles morreram em um confronto com a polícia, o meu pai era traficante, mas daquele tipo que gostava de um tumulto, e num certo dia que ele resolveu desafiar os verme, acabou morrendo e ainda matando a minha mãe junto. E e eu tinha apenas 11 anos de idade, mas já entendia tudo, inclusive já até ajudava o meu pai com umas fita, mas isso nem é a pior parte, porque eu aprendi a me virar, e também tinha a minha vó, que hoje é a razão da minha vida, o que me mantém de pé, firmão para enfrentar a próxima caminhada, o que mais me afetou na morte dos meus pais é que a minha mãe estava grávida, era uma menina. E no dia que tudo aconteceu, a minha mãe já tava com 8 meses, inclusive na primeira bala ela entrou em trabalho de parto mano, e eu vi tudo. Porque nóis era moleque, qualquer pipoco que a gente ouvia já ia correndo atrás para ver o que era. E eu realmente vi, minha mãe no chão, agonizando, com muito sangue, mas ao mesmo tempo puxando a cabecinha da minha irmã que já estava para fora do corpo dela, só faltava o resto do corpinho, e minha irmãzinha roxa, mais do que tudo que eu já vi, porque o pouco de força que a minha mãe estava tendo para tentar parir ela, não foi o suficiente. E elas morreram ali, no chão quente do morro, em plena luz do dia, juntas. Eu nem gosto de ficar imaginando essas fita mano, porque é um bagulho que ainda é muito difícil para mim, e é por isso que eu tenho um ódio mortal dos verme, e tudo que eu puder fazer para conseguir exterminar essa raça, eu vou fazer. Nunca tive medo de nada e nem ninguém, porque eu sei que depois da pior fase da minha vida que eu precisei enfrentar na raça, nada mais me abala. Hoje eu moro com a minha vó, mãe do meu pai. O nome dela é Josefa, e ela é tudo o que eu tenho. A preta mais forte e mais f**a que eu já conheci em toda a minha vida, e eu chamo ela de mãe, tenho um orgulho do c*****o disso. As vezes ela implica comigo, e esses as vezes na verdade é quase todos os dias, mas eu sei que é por amor, porque a única coisa que ela me pede e também pede a Deus todos os dias quando ela reza o terço dela, é que ele me proteja e nunca deixe acontecer o mesmo que aconteceu com o meu pai. Ainda pivete eu comecei a fazer uns corre pro chefão do morro aqui do Alemão, o mano Vidal. Ele sempre confiou em mim, ia me dando alguns trocados e em troca eu fazia o corre de fogueteiro para ele, que é levar a droga nos lugares que ele precisar. E com o tempo ele foi subindo o meu cargo, eu fui ficando mais velho, e eu conseguia o que ninguém no morro já tinha conseguido, nem mesmo a fiel dele, a tal da Sandra. Eu consegui a confiança do mano Vidal, eu via nele o pai que eu já não tinha mais, porque ele realmente era muito firmeza comigo. Só que do mesmo jeito que os verme levou meu pai, levou o meu segundo pai também, o Vidal. Eu não sei o porque mano, mas os corre aqui do Alemão é muito moiado, tudo dá BO e tudo tem que ser pensado nos mínimos detalhe, no sigilo total. Só que por um tempo foi f**a, porque tinha rato infiltrado no meio dos corre que tava ganhando dinheiro dos verme pra contar os bagulhos. E foi assim que mataram o chefe do Alemão, que tava dormindo do lado da sua mina, e morreu com vários tiros na cabeça. Nem deu pra velar, o mano foi direto pro enterro, caixão lacrado total. Ele, a mina dele e a sua filha de 5 anos. Sem dó e nem piedade, sem vida em menos de 50 segundos. Foi o tempo que eles levaram pra entrar, matar e sair. Tudo isso porque o tal do rato deu até a chave da casa do Vidal. Aí me perguntam: O tal do rato morreu depois de 2 dias que o Vidal foi morto, quem conseguiu descobrir tudo e matar ele? Exatamente isso que estão pensando, eu matei! Era o mínimo que eu podia fazer depois de tudo que aquele mano fez por mim, me ajudou quando eu mais precisei, me deu apoio, me deu um trampo e ainda me ajudou a conquistar os meus bagulho. Isso era o mínimo que eu podia fazer por ele. E eu matei o mano da mesma forma que ele matou meu chefe, com vários tiros no pote, e pronto. Tivemos mais um caso de caixão lacrado na p***a do morro do Alemão. Minha vó todos os dias embaça na minha pedindo que eu pare com isso, o motivo eu já sei e todo mundo sabe. Agora vamos a parte que importa! Hoje acordei mais cedo, desci pra biqueira, que no caso é disfarçada em um bar, que no caso é meu. Eu tomo conta de tudo nessa p***a desse morro, eu herdei ele do Vidal, ele deixou tudo em minhas mãos porque ele sabia que eu ia lutar até o fim pra fortalecer essa p***a, e é isso que eu faço dia após dia. Desci mais cedo pra poder embalar umas parada, ia ter um transporte grande na próxima madrugada, preciso deixar tudo ajeitado, e tem que ser na calada. Só que hoje o morro tem um coisa que nunca teve, barreira lá em baixo, ninguém entra se eu não confirmar que pode entrar, por nem um lado, nem mesmo por cima, de helicóptero. Porque os bagulho evoluiu, hoje a gente tem funcionário e tem arma que derruba avião, basta eu querer. Basta eu mandar. Meu apelido é Fumaça e eu nem sei o motivo, só sei que é assim desde que eu me entendo por gente. Tava de boa embalando as parada ouvindo um Racionais, de repente a mina que eu tô dando uns pega me liga dizendo: — Oi amor, tô morrendo de saudade de você, tu tá na biqueira? Posso dar um pulo aê? — Ela disse e começou a dar aquela risada de p*****a que ela tem. E coloca p*****a nisso. — E ai Rayssa, bom dia. Mano, agora eu tô ocupadasso. Preciso terminar umas paradas, mais tarde eu te ligo e a gente relaxa junto. — Eu disse e já desliguei, porque eu sei que ela ia começar com mimimi. Se fosse em outros tempos eu ia mandar ela colar logo, mas mano, tá f**a aguentar a minha vó, ela ta no meu pé embaçando demais, ela fala até que vai me denunciar pra polícia as vezes, então tá f**a memo. Então é por isso que hoje eu acordei antes mesmo do sol nascer, pra já ir adiantando a carga. E como eu já sofri por causa de rato, inclusive o meu mano morreu por conta disso, essa parte eu faço tudo sozinho. Na verdade eu faço quase tudo sozinho, porque mano hoje em dia não tá dando pra confiar em ninguém, e eu não tô afim de ir preso por sujar a minha mão com um filha da p**a cagueta qualquer por aí, tô firmão. E fora isso, eu resolvi fazer tudo sozinho porque eu sei que tem muito mais zé povinho que torce pra ver você caindo do que pra te ajudar. Mas uma coisa é certa mano, o m*l que esse povo deseja pra mim não chega nem perto das oração que a minha véinha faz todo dia antes dela dormir, e também todo dia na hora que ela acorda. Nunca vi uma pessoa que tem tanta fé igual ela, se é loko. Então melhor dar um jeito e fazer tudo sozinho memo. Eu e os muleque que embala droga terminamos uma remessa, mais uma tonelada tava embaladinha, agora faltava mais 8. O total dessa carga ia ser 10 tonelada, e ia ser enviada pra Suiça. O meu rolê agora tava até internacional mano, respeita o pai. Porque o tanto que eu tô lutando ainda vai ser recompensado, eu ainda vou vencer num grau que ninguém vai acreditar. E esse é o meu maior sonho, mostrar pra um bando de zé roela que tem por aqui eu posso até ser igual o meu pai, mas mano, eu nunca vou acabar como ele acabou. Eu quero dar orgulho pra eles, porque eu sei que de onde eles tão, tão cuidando de mim e da minha véinha. E é isso mano, dia após dia, matando vários leões dia a dia, mas firme e forte na caminhada, porque quando a gente foca no progresso, tudo fica mais fácil. Terminei de embalar mais alguns pacotes, fechei o bar e voltei pra casa. Minha véia já tava sentada no sofá com o bico maior que o mundo, mandei o papo pra ela e disse: — Qua foi mãe, porque tá com esse bico aê, te fiz alguma coisa? — Perguntei pra ela. — Não, você não fez nada né Fábio. Você é um anjo igual seu pai, faz nada. — Ela disse meio brava, já até conheço a peça e fui saindo de perto, nem respondi. — Isso mesmo que você tem que fazer seu ordinário, sair andando e me deixar falando sozinha. Já até sei que, porque você faz isso sempre. Mas é que hoje eu acordei com o coração apertado, sonhei que tu ia preso. — Tá repreendido mãe, vou pra ratoeira p***a nenhuma. — Eu respondi pra ela enquanto ia tirando minha camiseta, ia tomar uma ducha porque eu tava fedendo a pó. Eu sou do tipo de traficante que vende as drogas mas não curte nem o cheiro das parada. A única coisa que eu ainda gosto, pra poder curtir uma brisa e tirar um lazer é a maconha. Que de resto, nem gosto mano, não curto mesmo. Mas o pior disso tudo que o que mais vende é a cocaína, o pó, e é o que eu mais odeio. Fingi que nem ouvi o que a véia tava falando ainda e fui pro banheiro tomar um ducha. Ela sempre joga esses verde em mim, porque fica esperando eu falar que não vou mais fazer isso, que vou parar, que vou arrumar um trampo e isso e aquilo. Mas é f**a mano, porque o cara confiou o morro dele nas minhas mãos, depois que eu tomei posse o bagulho mudou e ficou mil grau, não tenho coragem de abandonar o barco assim, é questão de honra mano, de homem pra homem, e se tem uma coisa que eu sou é homem, eu faço questão de honrar o c****e que eu tenho no meio das perna. E eu vou lutar por isso aqui até o fim. Em meu nome, no nome do meu pai e em nome do eterno Vidal. Tamo junto!
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