Capítulo 1

1440 Words
22 de Abril, Seattle. April Kendall Suspiro suavemente escutando a chuva amena cair lá fora. Um clima gostoso que praticamente clama pelo conforto da minha cama. Folheio mais algumas páginas do livro que trouxe do trabalho para ler em casa, com um sorriso de satisfação. O que seria melhor para um clima como esse, se não uma boa leitura? “ Se houvesse amor, não teria partido.” Ana tem se questionado todos os dias. Se Samuel a amou como declarou a todo instante, não teria ido. Fecho o livro e marco a página para prosseguir a leitura em outra ocasião. Meu coração se aperta, não tenho como assumir tal sentimento, nunca amei alguém. Coloco-o sobre a mesinha de cabeceira e me enrolo sob as cobertas até sentir minhas pálpebras pesarem, mas como de costume, meu sono é interrompido por desagradáveis incontáveis gemidos. Fecho os olhos com força, fazendo uma contagem mental. 1 “Oh, Deus, isso é tão… bom! — Como sempre, exclama uma voz feminina.” 2 “Você não viu o melhor, gata,” 3 “ah… ah… eu vou… go…” Solto um grunhido estrangulado, abafando o som com o meu travesseiro. Eu não aguento mais. Esse cara é um completo i*****l e um pervertido. Sento-me na cama e esfrego os olhos impacientemente, me levantando em passos lentos, indo em direção a sacada, deslizando a porta de correr vagarosamente. Encolho-me com o frio, sentindo minha pele ser acariciada pelo vento gélido da madrugada. Continuo observando Seattle da minha janela que m*l me dou conta que o vizinho deu-se por satisfeito e o agradável silêncio foi restaurado. Retorno praticamente me arrastando para a cama e enfim, consigo fechar os olhos e adormecer. ********************* No dia seguinte, após um dia longo e exaustivo de trabalho, m*l posso esperar para cair em minha cama e adormecer profundamente. Fecho os olhos e praguejo ao me lembrar que dormir é a última coisa que farei. Digamos que tenho um cretino como vizinho e que ele é bem barulhento ao anoitecer. Arg! Preciso encontrar outro apartamento para morar. Escutar gemidos incessantes, cama batendo contra a minha parede todas as noites está me enviando ao limite. Não me mudei de Michigan para isso. Droga! Faço malabarismo com muitas sacolas em meus braços, ao mesmo tempo que tento abrir a porta do meu apartamento. — Posso ajudá-la? Me assusto com uma voz grave atrás de mim. Me viro lentamente me deparando com um homem que… Jesus! É muito lindo. Pisco os olhos, ainda aturdida quando ele se abaixa e começa a recolher as minhas sacolas espalhadas pelo chão. Suspiro internamente. Sou um desastre e ele já deve ter percebido isso. — Aqui — Me entrega algumas sacolas e se aproxima pegando o molho de chaves das minhas mãos. — Posso? — Franzo o cenho sem entender o que ele queria dizer. Vendo a confusão estampada em meu rosto, ele se apressa e abre a porta me cedendo passagem. Sorrio sem graça e agradeço. Observo que ele continua parado no limiar da porta, sua mão direita dentro do bolso do jeans, de forma casual. Meus olhos curiosos me traem e fazem uma longa inspeção em seu corpo. Na verdade nunca havia visto um homem tão bonito quanto ele. Alto, olhos castanhos, cabelos negros que combinam harmonicamente com seu rosto másculo e intenso. Possui lábios cheios e bastante convidativos. Sinto uma tensão se formando no ar e quando percebo que ele está fazendo o mesmo que eu, isso se multiplica.Engulo em seco e limpo a garganta, me perdendo em seus músculos firmes m*l encobertos por sua fina camiseta branca. Ele estala a língua e caminha lentamente em minha direção, parando perto o suficiente para que eu sinta seu aroma picante. Ele sorri e me estende o restante das sacolas. — Foi um prazer ajudá-la — Fala, olhando diretamente em meus olhos. Abro a boca para responder, mas sou interrompida por ele. — Me chamo Dex, eu sou o seu novo vizinho. Meu queixo vai ao chão. Então ele é o cretino inconveniente do meu vizinho. Cruzo os braços como uma criança birrenta quando o vejo estender a mão em minha direção. Dex Arqueia uma sobrancelha e me analisa com um sorriso sugestivo. — Não diga! — Solto. Não consigo disfarçar o meu tom sarcástico. Os lábios atrativos de Dex se curvam em um sorriso que deveria ser considerado crime. Sexy e quente como ele. Foco, April! Não se esqueça que ele é o motivo das suas inúmeras noites de insônias com todo aquele barulho e … Balanço a cabeça espantando tais pensamentos impróprios e agora que eu o conheço, isso será demais para minha pobre mente. Dex recua, levantando as mãos em rendição. — Ok! Já sei o que está acontecendo aqui e eu juro. Posso explicar! Reviro os olhos. Isso não poderia soar pior. — Eu não quero suas explicações. Agradeço pela ajuda, e ficaria novamente grata se fizer menos barulho, você sabe, quando… Coro, diante do olhar intenso que ele acabou de me lançar. Não sei porque, toda essa conversa está me deixando em chamas, ou é a presença dele. Isso que dá muitos meses sem um bom sexo. — Olha… — April — Respondo seca, desviando o meu olhar do seu. — April, peço desculpas por todo o incomodo, mas isso tem uma explicação bastante plausível. Emprestei o meu apartamento para um amigo durante duas semanas enquanto viajava, e pelo visto parece que ele abusou da minha hospitalidade. Suspira, coçando a nuca. Faz sentido para mim, foi exatamente há duas semanas que eu me mudei para cá. Com certa relutância, olho para ele e vejo sinceridade em seus olhos. — Podemos começar novamente? — Pergunta expectante. — Dex, seu novo vizinho — Estende a mão novamente. — April, sua nova vizinha. — Sorrio, retribuindo o seu cumprimento. Ao segurar sua mão, um arrepio caloroso percorre minha pele e sou obrigada a cessar o toque. — Bom, April, não tomarei mais seu tempo. Espero te ver em breve. Sorri, e novamente uma sensação gostosa se espalha pelo meu corpo. Só não imaginava que em breve, significaria ter a presença de Dex em meu apartamento de maneira tão constante. Todas as noites nos encontrávamos no meu apartamento, víamos filmes, bebíamos, conversávamos. Quando dei por mim, já estávamos mais do que envolvidos. Já era tarde demais, Dex West se tornou o meu vício. ******************** Podemos ver outro filme, se quiser — Ele diz, se afundando no sofá da sala. Olho de soslaio para ele sorrindo. É uma típica noite de sexta-feira, Dex não quis sair com seus amigos do trabalho como de costume para beber e sugeriu que poderíamos ficar em meu apartamento e ver um filme. Topei de imediato, não ligo se estamos assistindo um filme de terror, o que me importa é sua presença. Ter ele ao meu lado. Eu sei que ele já percebeu a tensão s****l que se formou entre nós e a cada encontro está ficando insuportável esconder isso. É como uma bomba prestes a explodir. — Merda! Saio dos meus devaneios quando escuto ele resmungar. Dex acaba de derramar vinho em seu suéter branco. Arfo baixinho quando o vejo retirando a peça, ficando apenas com o seu jeans. Tento não olhar para o seu peito desnudo e nem para o seu abdômen trincado, mas é impossível. Fico fascinada olhando sua pele bronzeada com algumas tatuagens gravadas nela. Mal posso respirar, meu corpo está em chamas e antes que eu me jogue em cima dele como uma louca faminta, levanto do sofá em um rompante. — Eu vou pegar um pano pra limpar isso, já volto — Grito indo em direção a cozinha, mas antes que eu alcance, suas mãos quentes, já estão em minha cintura e em um movimento rápido, ele gira meu corpo em direção ao seu. Estamos ofegantes e ambos respirando profundamente a centímetros dos lábios do outro. — Dex… — Digo baixo. Ele segura minha nuca firmemente, roçando seus lábios nos meus. Mas logo se afasta, parecendo buscar ar. Sinto um leve rubor em minha face, o que torna tudo mil vezes pior. Há claramente uma batalha interna acontecendo em seus olhos. Dex está nervoso, sua postura corporal afirma isso. — Tenho que ir! April… eu sinto muito! Não podemos fazer isso. Engulo em seco observando Dex recolher o seu suéter e simplesmente ir embora. É nítido que ele ficou perturbado com a nossa aproximação. Não posso acreditar. Por mais louco que seja, realmente pensei que ele me desejava. Seus gestos, seus olhos, sua intensidade diziam isso. — Droga, April, você entendeu tudo errado. — me amaldiçoo mentalmente.
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