Os garotos

1605 Words
Depois do que parecia uma eternidade andando, Chloe finalmente avistou uma casa. A construção era incrivelmente linda, uma mistura perfeita de moderno e antigo, de tradicional e despojado. Construída em formato de chalé, a casa tinha dois andares, sua fachada de madeira combinando harmoniosamente com elementos de vidro e pedra, criando uma sensação de elegância rústica. O telhado inclinado e as janelas grandes permitiam uma abundância de luz natural, enquanto a varanda ampla era decorada com móveis de vime confortáveis e vasos de flores vibrantes. A casa estava rodeada por um jardim de tirar o fôlego. Flores de todas as cores imagináveis estavam cuidadosamente plantadas em canteiros bem definidos, formando um arco-íris natural ao longo do caminho de paralelepípedos que levava à entrada principal. Árvores frutíferas e arbustos floridos criavam um ambiente acolhedor e perfumado, enquanto borboletas dançavam de flor em flor. No fundo do terreno, havia uma piscina olímpica, suas águas azuis brilhando sob o sol. Ao lado da piscina, um lago artificial abrigava várias espécies de peixes que nadavam nas águas límpidas, proporcionando uma vista serena e relaxante. Chloe não pôde deixar de sorrir ao ver a cena. Ela tinha certeza de que aquele era o lugar onde aconteceria o tal evento em que Raoni poderia ser desafiado. Vários índios trabalhavam rindo e conversando em uma parte do jardim onde estavam montando o que parecia ser uma enorme fogueira. Eles estavam vestidos e pintados tradicionalmente, suas roupas e adereços refletindo o rico patrimônio cultural da tribo. Outros estavam na área perto da piscina, na churrasqueira, preparando algo que cheirava muito bem, o aroma delicioso de carne assada e especiarias enchendo o ar. "Quer dizer que ele pelo menos sabe apreciar a vida confortável que o dinheiro pode pagar," Chloe murmurou para si mesma, observando a cena com uma mistura de surpresa e admiração. Ela continuou a explorar o ambiente, notando cada detalhe da propriedade. O jardim era meticulosamente cuidado, com caminhos de pedras que serpenteavam pelo gramado verdejante, levando a pequenos recantos de tranquilidade onde bancos de madeira convidavam ao descanso. Estátuas de figuras indígenas e totens esculpidos adicionavam um toque de espiritualidade ao lugar, lembrando a quem quer que passasse por ali da profunda conexão de Raoni com suas raízes culturais. A combinação de elementos modernos e tradicionais na casa era fascinante. O interior, que Chloe pôde vislumbrar pelas janelas, parecia ser uma continuação dessa fusão harmoniosa. Móveis rústicos de madeira escura eram complementados por peças contemporâneas, como sofás de couro e obras de arte abstrata. As paredes eram adornadas com pinturas e fotografias que contavam a história da tribo e da vida de Raoni, criando uma sensação de continuidade e respeito pelo passado, ao mesmo tempo em que abraçavam o presente. Enquanto observava tudo isso, Chloe pensou que aquele lugar era como seu dono: rústico, mas perigosamente lindo. Havia uma energia ali, uma vitalidade que era ao mesmo tempo convidativa e desafiadora. Chloe sentia-se estranhamente em casa, apesar de estar a muitos quilômetros de sua vida em Nova York. Não demorou muito para que a presença de Chloe fosse notada. Os índios, que até então estavam ocupados com seus afazeres, começaram a olhar para ela com desconfiança. Decidida a ignorar os olhares, Chloe encontrou uma cadeira confortável na varanda com vista para o jardim e se sentou. Não sairia dali até conseguir o que queria, ou pelo menos até ter uma conversa com Raoni. Enquanto observava o movimento ao redor, Chloe viu algumas mulheres se aproximando. Elas eram lindas em suas roupas tradicionais, seus longos cabelos lisos e pretos adornados por penas e pedras, seus rostos pintados com padrões intricados. A pele marrom dourada brilhava sob o sol, e seus físicos esbeltos eram vestidos por saias de franjas de couro. Os s***s eram encobertos apenas por faixas de couro, revelando a força e a beleza natural de seus corpos. Havia uma em particular que se destacava entre elas. Ela era a mais linda de todas, seu andar confiante sugerindo que era a líder do grupo, como se tudo aquilo pertencesse a ela. Chloe prendeu a respiração enquanto a mulher se aproximava, seguida pelas outras. Elas falavam entre si em um dialeto que Chloe não entendia, mas que ela supôs ser Cherokee. Quando chegaram perto, a mulher que Chloe acreditava ser a líder parou na frente dela e a olhou com curiosidade. "Olá, eu sou Niara, e você?" disse ela, com um tom que misturava cordialidade e desafio. Chloe se levantou lentamente, tentando manter a compostura: "Meu nome é Chloe. Eu sou a CEO da Enterprise Marks. Estou aqui a pedido do pai de Raoni." Niara arqueou uma sobrancelha, um leve sorriso nos lábios: "O pai de Raoni. Richard Marks, não é?" Chloe assentiu: "Sim, ele pediu para que eu viesse. Ele quer que Raoni vá a Nova York visitá-lo." As mulheres ao redor de Niara trocaram olhares rápidos, murmurando entre si. Niara parecia estar ponderando as palavras de Chloe, seus olhos escuros avaliando-a cuidadosamente. "Raoni é nosso chefe. Ele é muito respeitado aqui," disse Niara finalmente. "Mas ele é teimoso, como um verdadeiro Cherokee. Ele não ira com você." Chloe sorriu ligeiramente: "Eu imaginei que não seria fácil. Mas não aceito não como resposta." Niara deu um passo para trás, ainda observando Chloe: "Você parece determinada. E como pretende convence-lo?." Chloe ponderou sobre a pergunta de Niara. A líder das mulheres não parecia hostil, apenas desafiadora. Reunindo coragem, Chloe respondeu: "Vou vencer o tal desafio e então obrigá-lo a ir comigo." Imediatamente, Chloe percebeu seu erro. Os olhares das mulheres ao redor se tornaram hostis, e Niara a encarou com uma expressão séria, como se estivesse medindo a força de Chloe. Foi então que Chloe se lembrou do que havia ouvido na vila: Niara queria se casar com Raoni. Niara disse algo em Cherokee, e as outras mulheres e homens próximos riram como se ela tivesse contado a piada mais engraçada do mundo. Uma outra mulher, com um sorriso zombeteiro, disse: "Se você conquistar os garotos do chefe Raoni, ele com certeza vai ouvir você." Chloe franziu o cenho, desconfiada: "Garotos?" A mulher apontou para uma casinha, uma espécie de canil. Chloe olhou para a estrutura curiosa e começou a caminhar lentamente em direção a ela. Dentro do canil, havia dois Husky Siberianos que pareciam não se importar com sua presença. Eles sequer se levantaram quando ela se aproximou da casinha. Chloe se perguntou o quão difícil seria conquistar os dois cachorros. Respirando fundo, ela abriu o portão que os prendia. Foi quando ouviu Niara gritar: "Não, sua louca!" Mas era tarde demais. Os cães, que pareciam dóceis momentos antes, rosnaram desafiadoramente para ela, mostrando suas presas. Chloe deu um passo para trás e os cães avançaram um passo à frente. Sem fazer movimentos bruscos, ela se livrou dos sapatos e começou a correr o mais rápido que podia. Não tinha vindo até aquele fim de mundo para virar comida de cachorro. As pessoas gritavam algo para ela, mas, correndo com os latidos enfurecidos dos dois cães atrás de si, Chloe não conseguia entender o que diziam. Ela sentia seu pulmão doer, seus pés eram perfurados por pedaços de pedra e paus pelo caminho, mas ela ignorou a dor e continuou a correr. O cenário ao redor passou a ser um borrão de cores e formas enquanto Chloe focava apenas em escapar. O som dos latidos se aproximava cada vez mais, e ela sabia que precisava continuar, mesmo que cada passo fosse uma tortura. Em sua mente, Chloe visualizava o jardim ao redor da casa de Raoni. Era um lugar de uma beleza singular. Mas, no momento, tudo o que via era uma série interminável de obstáculos que precisavam ser superados. Enquanto corria, Chloe ouviu os latidos se aproximando rapidamente. Sentia o coração pulsar em seus ouvidos, e cada respiração parecia uma luta. O terreno irregular e coberto de pedras e paus feria seus pés, mas ela não podia parar. Uma dor aguda percorreu sua perna quando tropeçou, mas conseguiu manter o equilíbrio e continuar. Os cães estavam quase alcançando-a. Chloe sentiu uma onda de desespero, mas também uma determinação feroz. Não poderia desistir agora. Não depois de ter vindo tão longe. Ela ouviu o som dos passos pesados dos cães logo atrás de si. A cada segundo, eles pareciam mais próximos. Ela precisava encontrar uma maneira de se salvar. De repente, enquanto corria, uma raiva visceral tomou conta de Chloe. Ela percebeu que os cães a alcançariam, então decidiu parar e guardar suas forças. Respirando fundo, ela se virou furiosa para os cachorros, gritando: "Podem vir, seus vira-latas do inferno!" Atrás dos cães, Chloe viu Raoni vindo disparado em seu cavalo n***o. Antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, os cães pararam. Desconfiada, mas ainda com raiva, Chloe gritou: "O que foi, seus cães infernais? Minha carne não é boa o bastante? Pois é, eu enfrento idiotas que me subestimam todos os dias em Nova York!" Raoni, em cima do seu cavalo preto, escutava as coisas que Chloe dizia e não sabia se ria ou se a deixava para se virar sozinha. No entanto, ele não podia deixar de admitir que ela ficava ainda mais linda quando estava brava. Chegando junto com as outras mulheres, Niara estreitou os olhos, pois a forma como Raoni olhava para Chloe a colocava em alerta. Algo surpreendente aconteceu então: os cachorros cheiraram Chloe e se sentaram aos seus pés, abanando o r**o. A expressão de fúria de Chloe deu lugar a uma confusão momentânea. Ela olhou para os cães e depois para Raoni, que se aproximava devagar, seu cavalo reduzindo o passo até parar.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD