Os ouvidos de Hermione zumbiam cada vez mais a cada palavra pronunciada pelos Weasley mais novos, e, inevitavelmente sentia que não havia feito escolha melhor do que deixar de ir esquiar com os pais para vir para o Largo Grimmauld n° 12.
Na manhã seguinte ao dia em que seus amigos desapareceram o diretor havia lhe chamado em sua sala e lhe despejado “tudo” sobre a ausência dos amigos, o que de fato lhe deixou mil vezes mais preocupada. Que irônico, não?
Decerto para Hermione, aquele ano parecia ser bem mais turbulento do que os anteriores. Não somente por todas as aventuras e conflitos em que se via envolvida com seus amigos, mas também, por todos os conflitos internos que às vezes faziam-na sentir-se completamente insana, o que era culpa única e exclusivamente daquele maldito bastardo de olhos tempestuosos, que ultimamente parecia bem mais louco que ela.
A ideia de passar algum tempo longe daquele Castelo e de certos lugares, como por exemplo o corredor perto das escadas da torre de astronomia, nunca pareceu tão tentador.
Agora ela estava ali prestes a bater na porta onde sabia que Harry estava se escondendo, já até sabia como ele deveria estar se sentindo. Revirou os olhos antes de bater.
Garotos.
— Eu sei que você está aí! - avisou - Abra, quero falar com você! - mandou e em segundos a porta foi aberta.
E lá estava ele, olhos realmente confusos que aos mesmo tempo pareciam cansados e ela não pode deixar de notar, bem no fundo, que havia medo também. Teve vontade de lançar-se contra ele, mas, não quis deixá-lo constrangido ou algo do tipo.
— Que é que você está fazendo aqui? - ele perguntou - Não devia estar esquiando com seus pais?
— Esquiar não é bem a minha praia. - ela confessou - Não diga nada ao Rony, eu disse que era bem legal porque ele ficou rindo muito. - confidenciou - Em todo o caso eu disse à eles que todos os alunos que se importam com os exames ficariam em Hogwarts. Eles querem que eu me dê bem então..
Ela quase pode ver a sombra de um sorriso nos lábios do amigo de olhos verdes, mas como mencionado, o sorriso deve ter se perdido entre os tantos pensamentos tumultuados do mesmo.
***
— Rony e Gina me disseram que você anda se escondendo desde que voltaram do St. Mungus. - disse Hermione sentando-se -
— Disseram é? - perguntou Harry olhando feio para os ruivos. Rony olhou para os próprios pés e Gina manteve-se impassível - Pois bem, ainda estou me acostumando à isso.
— Ah, para de se sentir incompreendido, Harry! - Hermione disse exasperada -
— Nós queríamos falar com você, não de você. Mas ficava se escondendo.. - comentou Rony baixinho -
— Eu não queria que falassem comigo. - disse o moreno carrancudo -
— Pois foi burrice sua! - acusou Gina - Principalmente quando você não conhece ninguém além de mim que já tenha sido possuída por Você-Sabe-Quem.
O moreno parou de andar pelo quarto e suspirou profundamente antes de encarar a ruiva que tinha o semblante calmo. Provavelmente, pensou Hermione, ele deveria estar se sentindo envergonhado.
(...)
O clima, assim como o humor de Harry, havia mudado gradativamente e Hermione estaria mentindo se dissesse que não sabia que isso em grande parte era “culpa” sua. Se não fosse ela arrastá-lo para o quarto que o mesmo dividia com o Rony no segundo andar e iniciado uma conversa sobre a possessão e tudo o mais, talvez o moreno ainda estivesse trancafiado no quarto do hipogrifo bicuço, escondendo-se de todos pelo tempo que pudesse.
Naquela noite quando - depois de arrumar aquela casa para o natal - Hermione se recolheu, não podia deixar de, nem que seja por um raro segundo, se sentir feliz e leve por ter tido um dia, depois de muito tempo, normal.
Na manhã do dia 25, quando Hermione abriu os olhos e se deparou com sua pilha de presentes ao pé da cama, não teve como não sorrir. Mesmo com todas as coisas que viera suportando desde o primeiro dia do mês de seu aniversário, seu peito conseguiu inflar-se da boa energia que emergia na época natalina. Abrindo e sorrindo por cada presente, ela agradeceu à Deus por ter em sua vida pessoas boas que a amavam pelo que ela era.
~*~
O Castelo estava todo esbranquiçado por conta da neve que caía incessante nos terrenos da escola, sem contar é claro, no frio esmagador que acompanhava os pequenos floquinhos gelados que desciam do céu.
Draco estava sentado na escadaria de mármore que dava acesso à entrada dos alunos no castelo, o loiro observava tediosamente a neve cair sem pudor por toda extensão de Hogwarts enquanto decidia se despachava ou não o embrulho em papel preto brilhante que tinha na mão esquerda.
Ele não quis ir para a Mansão naquele Natal, apesar da carta quase manipuladora que recebeu de sua mãe três dias antes. Imaginava que o estaria esperando em sua casa agora e por mais triste que fosse admitir isso ele tinha medo, medo de ter que encarar aquele que amedrontou o mundo bruxo inteiro há alguns. E medo da reação do seu pai ao perceber que ele tinha tal medo. Por isso a idéia de ficar ali remoendo lembranças, que, aos olhos de todos seria estranha e impossível , para ele era muito mais agradável do que voltar para casa e sentir toda as trevas e maldades nas paredes e no ar.
Claro que não foi exatamente fácil aceitar que gostava dela de forma mais aprofundada e diferente do que das outras garotas. Que com ela, ele apreciava o sorriso e os olhos, as manias e o jeito, e, com as outras era s***s, pernas e b***a, tudo tão malditamente superficial. O caso é que Draco precisava e queria ficar com aquele sentimento em seu peito um pouquinho mais, e por mais estranho e às vezes incômodo que fosse ele sabia que era a única coisa real e verdadeira em sua vida, desde que pisou no Expresso de Hogwarts cinco anos atrás... E o pior é que ele não sabia se ela se sentia da mesma forma, ele tinha quase certeza que não.. Quem em sã consciência iria gostar de uma pessoa que sempre te tratou m*l justamente pelo que você é? Ele certamente não estaria gostando dela se pudesse escolher isso. Balançou a cabeça em negativa olhando para o céu como se, além de neve as respostas também caíssem.. Era absolutamente patético.
Levantou decidido e cheio de coragem rumado à passos largos para o corujal, ele ia enviar o embrulho, era uma sensação estranha a que sentia no peito, como se fosse uma felicidade nova. Ou seria ansiedade? Sabe-se lá!
Já no topo da torre ele pegou uma coruja aleatória e rabiscou o nome dela em um pedaço de pergaminho que ele enrolou no embrulho poucos segundos depois. Sorriu de nervosismo ao ver a coruja levar para ela o embrulho.
Inconsciente pensou: Será que seu nome seria escrito algum dia naquele caderninho que acabara de enviar para Hermione Granger?
~*~
Dia decididamente estranho aquele, Hermione diria. Depois do almoço ela e os Weasley resolveram ir visitar o Sr. Weasley no hospital St. Mingus e após sair do quarto para dar mais privacidade aos pais de seus amigos ruivos discutirem sobre os procedimentos dos trouxas ela, Harry, Rony e Gina acabaram por encontrar com o antigo professor de Defesa Contra As Artes Das Trevas; Gilderoy Lockhart.. O pobrezinho ainda estava desmemoriado e parecia mais louco do que nunca, querendo ainda dar os benditos autógrafos à eles.
O sem sombra de dúvidas o que a deixou mais intrigada foi saber sobre os pais de Neville, que por um mero acaso também estavam naquele quarto. Ela nunca soubera do trágico “fim” de Alice e Frank Longbottom, o casal de aurores que havia sido torturado até a insanidade pela Comensal Da Morte; Bellatrix Lestrange. Se tinha uma mulher de qual Hermione tinha pavor com toda a certeza era aquela.
Assim que se viu novamente no Largo Grimmauld n° 12, ela imediatamente subiu para o quarto que dividia com Gina.. Ao adentrá-lo deparou-se com uma coruja no parapeito da janela fechada. Abriu-a e viu a coruja voar em sua direção despachando um embrulho preto brilhante onde tinha apenas o seu nome. Virou de todos os lados para ver quem era o remetente, não encontrou nada. Suspirando e receosa ela desfez o embrulho e se deparou com um pequeno caderninho que parecia antigo e caro, folheando ela acabou por achar uma nota em uma folha qualquer.
“Escreva neste caderno tudo o que tiver vontade. Use-o como se fosse sua penseira.
Feliz Natal!.”
Franzindo o cenho ela folheou mais algumas vezes em busca de pistas que indicasse quem poderia ter lhe dado presente tão.. Significativo. Nunca foi de ter diários, mas não podia negar que havia adorado a ideia de começar um.
Frustrada por não obter nada além do que já sabia ela pegou uma pena, molhou no tinteiro e escreveu na primeira folha com uma caligrafia caprichada e impecável:
“25 de Dezembro, 20:11pm
Quem será que me mandou você?
Bom, mesmo sem saber irei agradecer. Muito obrigada.
Feliz primeiro Natal juntos!”
Satisfeita com sua primeira anotação, ela fechou o caderno, guardou no malão e dirigiu-se para o banheiro afim de tomar um belo banho quente.
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