20 - Afundando.

3478 Words
Hermione aprendera a apreciar o silêncio desde muito jovem. A paz que tinha em estar sozinha em algum lugar era algo que pra ela não tinha preço, e embora fosse totalmente adepta das relações sociais, sempre prezou por seus minutos de tranquilidade. Se sentia muito feliz na biblioteca. Saciando - ou ao menos tentando saciar -, aquela sua fome inesgotável de conhecimento. Ela se recostou na cadeira, levando o livro sobre Feitiços irreversíveis para mais perto dos olhos, a leitura estava prendendo-a de forma avassaladora. Repentinamente, escutou quando algo caiu com baque surdo, algumas sessões depois da que ela estava. A castanha franziu o cenho em questionamento e receio. Estava sozinha ali desde que chegara, já que a maioria das pessoas preferia aproveitar uma noite de sábado em qualquer outro lugar que não fosse a biblioteca. Decidiu levantar-se cheia de coragem para ver o que, ou quem poderia ter causado tal ruído. Cuidadosamente, Hermione caminhou por e entre as sessões, a varinha já se encontrava apontada para frente, pronta para ser usada, caso fosse preciso. Os olhos âmbar atentavam-se a cada detalhe, e três sessões a frente foi que ela o viu. Malfoy. Ele estava encobrindo o rosto com as mãos, seus cabelos estavam bagunçados e haviam alguns livros espalhados pela mesa, e outros pelo chão. A frustração dele era nítida, e o cheiro de cigarro era tão forte quanto o de álcool, o que fez ela se perguntar como ele tinha conseguido entrar ali com todas aquelas substâncias. Hermione curiosa como somente ela poderia ser, espiou para ver se descobria o que ele fazia, o que era motivo de tanta bagunça. No entanto, enquanto se esticava nas pontas dos pés, ele retirou as mãos do rosto e a pegou em flagrante, os seus azuis-cobalto lhe mirando com um misto de curiosidade e fúria. — O que faz aqui? - ele perguntou secamente, fechando imediatamente o livro e tentando enrolar o pergaminho para que ela não pudesse ter a chance de ver o que era - — Ouvi um barulho, vim ver o que era, já que julguei estar sozinha... - ela se pegou explicando, um pouco de timidez tomando conta de seu corpo - Ele lhe olhou nos olhos desconfiado e soltou um riso de deboche ao baixar o olhar para a mão dela, que instantaneamente apertou a varinha entre os dedos com mais força. — Por isso a varinha em riste? Patética. - ele debochou, catando sua varinha do chão, e fazendo os livros todos flutuarem para aterrizar em cima da mesa - Hermione o observava, imóvel. Ela sabia que deveria ter ido embora assim que o tinha visto, evitar um encontro desagradável, no entanto, alguma maldita coisa a mantinha ali, próxima. — A quanto tempo está aqui? - questionou a castanha, guardando a varinha no bolso, e deixando que sua boca desse voz a sua curiosidade. - — Isso não é da sua conta. - respondeu o loiro rispidamente. Pegando o pergaminho e colocando na mochila, junto com todos os livros - Ela o analisou. — Se for problemas com algum dever de casa, eu posso… Hum.. Ajudar. - ela ofereceu baixo, julgando que deveria ser esse o motivo de chateação do loiro, e apesar de poder ter todos os motivos para odiá-lo, naquele momento ela teve vontade de ajudá-lo. Não que fizesse ideia do porque, apenas, se viu oferecendo-se. Ele parou de guardar suas coisas e encarou a garota por alguns segundos que pareceram ser eternos. Em seguida, depois algum tempo aparentando analisar a oferenda, balançou a cabeça em negação, soltando o ar pelo nariz e colocou mochila nas costas. — Guarde sua boa ação para quem precisa, ou queira, Granger. - ele disse, passando por ela e esbarrando-a - Talvez, pensou ela enquanto o observava afastar-se lentamente, ele precisasse de um pouco. — E então, Hermione? Ela piscou forte fitando as pessoas que a rodeavam, sentadas a mesa. Era quinta-feira, encontrava-se num pequeno restaurante trouxa no leste de Londres, como Ginny havia sugerido que fizessem. Pansy e Ron também estavam ali, era como um encontro de casais, e eles haviam levado Jorge para ela não se sentir deslocada. Quanta tolice! Não conseguia se firmar nas conversas, tudo o havia nela eras as lembranças, as perguntas, as dores emocionais, o vazio, aquela raiva e mágoa crescente. Não parava, nenhum segundo mísero sequer de pensar na tarde chuvosa de alguns dias antes, no calor do corpo dele molhado sobre o seu, tampouco do perfume perverso dele que se fixara em sua alma. Detestava-se imensamente por isso, por não ter sido capaz de se desfazer das sensações. Passou a semana toda com aquele cheiro em si, e tendo diversas outras lembranças para lhe torturar. Cada esbarrão no corredor, cada vez que ele lhe procurou para apoio ou apenas para jogar conversa fora, chamou para almoços, tudo isso quebrava o coração dela, porque ele ainda se parecia ele mesmo, perfeitamente saudável emocionalmente, enquanto ela sufocava nas memórias e em um sentimento que a tomara tantos anos atrás. De repente aquele ar casual que seus amigos tentavam impor começou a sufocar, ela sentia-se encurralada pela pressão deles. Não conseguia mais, não aquela noite. — Eu vou pra casa! - ela anunciou, pegando seu casaco, e sua bolsa, levantando-se da mesa em um arranco, deixando os outros para trás, sem entender o que acontecia. Ganhou a rua em poucos segundos, sentia-se sufocada, como se todos ali estivessem estrangulando-a enquanto tratavam de sabe-se lá o que. Não os culpava por estarem vivendo suas vidas felizes, mas não tinha capacidade de fingir estar bem, como Draco fazia. Sorveu-se de uma profunda respiração, e então soltou todo o ar observando a cidade e suas luzes brilhantes, e aquele ar gélido batendo em sua face. Começou a caminhar, sem rumo, sem rotas. Ar fresco sempre a fez bem, silêncio sempre fora seu maior aliado. Andou por incontáveis minutos. Andou até que estivesse com frio demais para continuar. Andou. Mas não teve êxito em tentar esquecer, ou dissipar os pensamentos que a estavam enlouquecendo. Encontrou um parque, estava vazio, e ela sentou-se, tirando a varinha da bolsa e usando para se aquecer. Não queria voltar pra casa ainda. Estar lá era como acionar o botão de liberação de lembranças, como se elas se sentissem mais seguras para torturá-la. — Eu não achei que fosse aguentar ir tão longe nesse frio. - ela ouviu uma voz e virou-se para a direção do som. — Jorge! - Exclamou, levando sua mão até o peito, tentando acalmar o coração assustado pela presença inesperada. - Me seguiu até aqui? — Que tipo de amigo eu seria se não o fizesse? - Jorge questionou sentando-se ao lado dela e olhando diretamente nos olhos âmbar, os mesmos que aparentavam carregar o mundo dentro deles. - O que houve? - perguntou - Hermione suspirou profundamente mais uma maldita vez aquela noite. — Eu só estou cansada. - ela disse, encostando-se no banco do parque, deixando sua cabeça cair para trás, onde ela pode encarar o céu nublado, sem estrelas e sem lua. - As coisas parecem desmoronar agora, e eu não sei se dou conta de segurar. - confessou com pesar - — Diz isso somente pelo trabalho? - o ruivo foi inquisitivo - Harry contou que estão em momentos difíceis. — Não. - ela murmurou, olhando para ele, novamente - Minha vida toda tá um caos. — Ah! - ele disse. Era nítida sua curiosidade acerca do que angustiava Hermione, mas ele era bom demais para ser um invasor, e Hermione gostava dele sobretudo por isso. Ambos manteram um silêncio por alguns minutos. — Posso fazer uma pergunta? - repentinamente, Hermione se viu com aquela dúvida - — Outra? - Jorge respondeu com ironia, sorrindo travesso - — Sim. - ela sorriu - — Faça. — Como você... Conseguiu? - perguntou, olhando para ele, sua voz soou baixa e séria - — O que? - ele perguntou, meramente confuso - — Não ruir depois da morte dele. - torceu a Merlin para não estar sendo inconveniente, para que ele não ficasse triste, ou chateado. Jorge mirou seus olhos azuis nela com um meio sorriso doce e ao mesmo tempo reconfortante. — Eu ruí todos os dias, Hermione. Morria a cada vez que acordava e lembrava que ele não estava mais ali, no quarto ao lado. - a voz dele saiu baixa como a sua, e seus olhos ganharam um pouco mais de ternura, talvez ele estivesse se recordando dos momentos que passaram juntos. - Mas, o que importou de verdade, é que eu estava vivo, e tenho certeza de que ele está feliz por isso. - ela viu uma lágrima escapar sorrateira dos olhos dele - Inevitavelmente vamos ter que passar pelo caos, para depois termos a plenitude. Hermione ficou calada, apenas absorvendo cada palavra dele. Lembrava-se dele logo após a morte de Fred, aquele baque deixou a família aleijada por alguns meses, e ela sabia que para ele deveria ter sido deveras mais difícil. O vínculo deles, a complementação, eles eram só um, e então de repente Jorge teve de seguir sem sua outra parte. Entendeu o que disse, e mais ainda, o que quis dizer. Viver, um dia de cada vez, independente do caos. Ele sempre vem. Basta saber como vamos lidar com ele. — Obrigada. - Hermione sussurrou e voltou a olhar para cima - — Vamos pra casa. - ele disse, levantando-se e estendendo a mão para ela que aceitou de bom grado - — Ginny ficou muito brava? - quis saber a morena, já de pé, arrumando-se e começando a caminhar, de braços dados com jorge - — Ah, não. - ele disse, simplesmente - Só disse que vai dar o lugar de madrinha do bebê para Pan. - contou o ruivo rindo - *** Alguns dias depois Os dias que se seguiram foram muito movimentados, por tal, ela quase não parou sequer para respirar direito, ou conseguir jogar conversa fora por corredores. Graças a Harry, agora eles estavam numa caçada infinita atrás de Olímpios, embora ainda existisse todo o caos, Hermione já conseguia contornar melhor a situação, a conversa com Jorge na semana anterior foi como um abrir de olhos, um expandir de visão, e dizia isso tanto no âmbito profissional, quanto no pessoal. Ela estava louca atrás dos símbolos que havia encontrado em alguns dos locais em que Olímpios havia sido visto, precisava mais do que urgentemente descobrir o que os mantinha na mira, o que significavam e se davam pistas dos próximos alvos. Retornou da biblioteca central lá pelas quatro da tarde, com todos os livros sobre relíquias mágicas escondidas no mundo trouxa que pudera encontrar. Para sua sorte, ou azar, dependendo do ponto de vista, eles somavam-se em mais de quinze, e em vários idiomas e dialetos. Levou todos os livros para a sala de reuniões, despejando-os sobre a mesa e puxando uma cadeira ela começou a folhear o primeiro livro, ao lado, um pergaminho com todas as imagens de relíquias que haviam sido furtadas, ou encontradas que tinham ligação com a quadrilha, e ela o consultava regularmente memorizando os símbolos para poder reconhecê-los caso estivessem em algumas daquelas folhas amareladas e antigas. Passou uma hora inteira consultando livros, achando tudo menos o que procurava. Relaxou na cadeira e afastou um pouco os papéis de perto de si. — O que você está tramando, maldito? - ela murmurou fitando o amontoado de livros que apanhara mais cedo, como se as respostas fossem pular fora de algum deles a qualquer precioso momento. - Preciso de um chá. - constatou, passando as mãos no rosto frustrada - Ela se dirigiu até a copa do Ministério apressada e enquanto seguia distraída para lá, esbarrou com Kingsley no caminho. — Você mesmo que eu queria ver. - ele disse, alegremente, aproximando-se dela, que não interrompeu seu trajeto - — As seis, já sei. - ela disse, passando por ele, e caminhando para seu destino, ele a seguindo - — Precisei adiantar isso. É um pouco urgente. - ele disse obrigando-a a parar de andar e virar para trás, para mirá-lo com interesse. - — O que houve? - perguntou apreensiva seus braços pendendo um pouco deslocados ao lado do corpo - — Pode me seguir até a minha sala? - Shacklebolt perguntou aproximando-se da morena e oferecendo o braço - — Na última vez que fui até lá, acabei trocada de departamento. - ela brincou, um pouco nervosa, aceitando o braço do chefe. - Ele nada respondeu, apenas guiou-a até a sua sala, silenciosamente. Em sua cabeça, várias luzes de alerta se acenderam, primeiro por ele ter antecipado uma reunião que estava marcada para dali a uma hora, e porque como mencionara, a última vez que ele a chamou para uma conversa, ela foi substituída por ninguém menos que Draco Malfoy, quando acreditava fervorosamente que teria apoio a sua causa dos Elfos. Quando encontravam-se em frente a enorme porta n***a que dava acesso a sala do Ministro, ele abriu a porta, e como sempre, deixou que ela entrasse primeiro e se acomodasse em uma poltrona de sua escolha, até poder rodeá-la e dizer de fato porque ela estava ali. Desta vez, ela escolheu a poltrona da esquerda, e esperou por Kingsley. — Você sabe que as coisas em relação ao caso dos tronquilos estão andando por caminhos perigosos, não? - começou o homem, não olhando diretamente para ela, mas sim para alguns papéis dispersos de forma irregular em cima da mesa - — Como assim? - Hermione questionou, em dúvida - — É óbvio que temos um espião aqui, Hermione, sei que já deve ter percebido isso! - ele disse, suspirando profundamente, este gesto demonstrando toda a sua insatisfação e preocupação - — De fato, essa hipótese tem sido levantada com mais força na minha cabeça a cada dia, mas, eu não tenho ainda nenhum suspeito. - ela suspirou também e ergueu seus âmbar para encará-lo - Você o tem? — Não. - devolveu o homem contrariado e juntou as mãos em cima da mesa - Escute, te chamei aqui porque preciso que você fique de olho, esteja sempre vigiando - ele pediu olhando diretamente nos olhos dela - Sei que tenho te dado tarefas demais e que talvez possa estar te sobrecarregando, mas preciso que seja você, Hermione. Pois sei que somente você será capaz de conseguir ver quem está sendo desonesto. — Eu… - ela ponderou, estava atolada até o pescoço com as pesquisas e montando planos de ação, não sabia se conseguiria levar mais aquela tarefa para si - — Por favor! - ele pediu, agora tirando um pouco de toda aquela marra de chefe que recaía a ele automaticamente - Juro que assim que essa missão acabar te dou as férias que tanto queres. - ofereceu - — Não brinque comigo! - Hermione alertou, um sorriso ladino nascendo em seus lábios - — Tem a minha palavra. - alegou o homem também deixando um sorriso nascer em seus lábios grossos - — ARG! - ela exclamou e se levantou - Tudo bem, tudo bem, serei um olho! - ela disse - Tudo por férias. - brincou - Kingsley apenas sorriu, e ela saiu da sala dele batendo a porta logo em seguida. Tinha consciência de que era trabalho a mais para si, mas, poder sonhar com dias no campo, ou em alguma praia do litoral ou quem sabe até mesmo de outro país era algo que não tinha preço. Odiava ficar sem fazer nada, como ficara todos os dias no hospital, mas agora férias, isso era outra história, uma mais bonita, feliz e constantemente idealizada. Dispensando o chá e com um enorme sorriso no rosto, ela fez seu caminho para a sala de reunião. Sentia-se pronta para mais pesquisas, símbolo e até tinha uma ponta de esperança que agora iria encontrar alguma coisa nos livros, uma maldita coisa pra ajudar aquele dia a fechar com “chave de ouro”. Até mesmo os corredores aparentavam estar mais iluminados, e somente quando adentrou a sala foi que o peso da realidade voltou. Lá estava o constante motivo de suas dores de cabeça e sua falta de sono, a causa da sua quase insanidade, e os seus surtos noturnos; Draco Malfoy. Hermione parou abruptamente quando o viu, sentado em uma cadeira bem próxima a que ela sentara-se minutos antes e com um dos livros perto dos olhos, analisando-o. — Por Deus, o que faz aqui? - ela perguntou, seu sorriso morrendo ante a presença mais perturbadora que ela tinha nos últimos tempos. — Esperando você, não é um pouco óbvio demais? - devolveu o loiro com ironia, direcionando suas orbes acinzentadas para a morena que ainda não havia tido coragem para se sentar - — Para que? - questionou, a sobrancelha bem marcada sendo arqueada para ele e seu tom de voz vagamente acusador - Draco levantou-se, aquele seus olhos de galáxias e mistérios prendendo-a no lugar, como uma espécie de hipnose sobre a presa, preparando-a para o bote, ou ataque. Instintivamente, ela rodoeu a cadeira, dando a volta e sentando-se o mais rápido que pôde, tentando escapar das sensações contraditórias às suas ordens enviadas por seu cérebro racional. O loiro sentou-se na cabeceira, próximo dela, aparentando tornar-se poderoso e imponente, uma majestade retornando ao trono. Granger bufou baixinho com sua própria insatisfação. Odiando cada mísera metáfora que estava ligando a ele, ou detalhe que outrora seria facilmente ignorado, mas que agora não eram simplesmente por conta das lembranças. Forçando-se a focar no que precisava fazer, ela coçou a garganta e se obrigou a mirar no rosto dele. — Não sei você, Draco, mas tenho trabalho a fazer. Muito trabalho. - ela disse, finalmente, indicando com o queixo todos os livros espalhados pela mesa de mogno extremamente polido - — Ainda acho que você poderia ser mais simpática às vezes! - ele desconversou, seu rosto e seus olhos adquirindo aquele brilho diabólico longínquo - — Se não tem nada realmente útil a me dizer, peço-lhe que se retire. - a morena falou séria, tentando mostrar a ele que não estava para brincadeiras, e que realmente tinha o que fazer - — Uh, rígida e séria. - constatou - Sei como se acaba com isso. - insinuou - — Malfoy, é sério, o que você quer? Me irritar ou ser azarado? - retrucou, fazendo uso de sua expressão mais amedrontadora - Ele riu, aquilo aparentava estar o divertindo bastante. Granger revirou os olhos, puxando o livro mais próximo, e deixando-o com suas provocações infantis. Férias, precisava urgentemente de suas férias. Então, aparentemente cansado de suas besteiras, Malfoy retirou do bolso interno de seu terno azul escuro, um envelope vermelho e colocou sobre a página que ela fingia ler, roçando sua mão pálida na dela no ato, não parecendo notar. Hermione olhou o envelope que estava endereçado a ela com letras douradas e florais, e olhou em seguida para Draco em busca de uma explicação. Por um momento, ela pensou que pudesse ser o convite do casamento dele, e por alguma razão, seu coração perdeu uma batida. — O natal já é daqui a duas semanas e meia. - ele começou, sua voz habitualmente arrastada voltando - Blás está entregando os convites. - finalizou o loiro - — Ah! - ela exclamou ao entender do que se tratava e quase suspirou aliviada por isso - — Você vai? - Draco perguntou, baixinho e Hermione o olhou, pode notar, através de toda aquela tempestade cinza, que havia algum tipo de expectativa da parte dele, de que ela fosse. Isso destruiu com ela. Quebrou um pouco mais do que já estava quebrado, e ruiu mais um pouco aquele dito muro que ele levantou entre eles no dia que decidiu que iria fingir não saber de nada do passado deles. — Eu ainda não tenho uma resposta para essa pergunta. - ela murmurou, desviando os olhos, soltando o ar. Aquela proximidade deles não era boa, aquelas perguntas feitas em tons de voz baixos e respondidas ainda mais baixas deveriam ser proibidas. Ela travava um caminho ardiloso de volta ao passado, em que qualquer deslize poderia fazê-la se perder uma segunda vez em todo aquele sentimento, e isso era tudo o que Hermione não queria. Ela observou ele ficar com o semblante um pouco decepcionado, mas tão logo, ele o escondera atrás das suas rotineiras máscaras. Draco levantou-se e empurrou a cadeira em que se sentara. Pigarreou e olhou para baixo, bem nos olhos dela. — Bem, você sabe que é bem vinda a qualquer hora da festa. - ele disse, sério agora - Preciso ir, boa noite Granger. - desejou e caminhou impecavelmente para a porta e saiu sem olhar para a trás, deixando a morena com mil coisas na cabeça e com outras mil no coração.

Read on the App

Download by scanning the QR code to get countless free stories and daily updated books

Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD