05°

1058 Words
Magrim: finalmente, já tava achando que ia ter que buscar a princesa- fala quando eu chego na mesa deles. Eu: tava era dormindo, tive mó insônia essa noite- falo fazendo careta enquanto cumprimento ele- toma ae, valeu- falo estendendo uma nota de vinte para o meu irmão. Perigo: eu lá quero teu dinheiro, guarda essa p***a vai, tô duro ainda não para precisar de vinte conto- fala e eu só dou risada. Eu: eu também te amo Gustavo- falo beijando o rosto dele e ele me empurra. Perigo: vai, vai, anda, sai de perto de mim, gosto de grude não- fala e eu só dou risada. Metralha: conseguiu dormir pulguinha?- pergunta quando e eu sento do lado dele. Eu: como um anjo- falo e ele beija a minha cabeça assim que levanta. Metralha: vou buscar um negócio ali, já volto- fala e sai andando. Observo bem o movimento a minha volta, o pagode está com o movimento de sempre, domingão a tarde, tempinho gostoso para beber e escutar um pagodinho, ainda mais eu, que tenho que aproveitar meu último dia de férias, graças a dona Isabela, porquê uma hora dessas era para eu estar na piscina, comendo churrasco e sem me preocupar de ter que trabalhar amanhã, inferno viu?! Hoje o pagode tem uns povo de fora, uns povo do comando, de uns morros aliados, enfim, esse povo mais próximo, mas hoje nem tô muito de assunto, tô mais na minha mesmo, quero nem saber de ficar batendo Papinho, eu hein, me estresso logo, ainda mais que essa noite eu não dormi direito e eu odeio dormir durante o dia. [...] Eu: quando foi que essa aí voltou?- pergunto para a Ana Júlia enquanto vejo a Tatiane entrando no bar. Juh: assim que vocês viajaram- fala dando de ombros. O Perigo, o Magrim, o Metralha e o Coringa olham para a guria que tá chegando, olham para mim e se entre olham, vejo eles falando algo entre eles e logo o meu irmão mais velho tá vindo na minha direção. Metralha: levanta- fala e eu levanto já sabendo o que vem pela frente. Ele ergue os meus braços, me fazendo ficar com os braços para cima e faz uma breve revista, apenas para confirmar que eu não estou armada, coisa que eu deveria estar, mas nas minhas férias eu me recuso a andar com radinho e com arma, eu hein, já tenho segurança na minha cola para me proteger, para que andar armada nas férias? Metralha: cadê a tua arma?- pergunta quando eu volto a me sentar. Eu: na gaveta da minha mesinha de cabeceira, não ando armada nas minhas férias, embora eu devesse- falo cruzando as minhas pernas enquanto pego o copo em cima da mesa. Metralha: certeza?- pergunta e eu dou de ombros. Eu: eu não sou mulher de sair mentindo atoa- falo voltando a minha atenção para o grupo de pagode que tá tocando. Por mais que eu sinta uma vontade imensa de estrangular a Tatiane, eu me mantenho na minha, bem quietinha, bebendo, curtindo o meu pagode, posturadíssima, sem render papo e nem sorrisinho para ninguém, apenas filmando cada detalhe desse pagode. Observo de r**o de olho a Tatiane me encarando, mas tu liga? Porque eu mesmo não, eu hein, lá vou perder meu tempo com vagabunda, tenho mais o que fazer da minha vida, não tenho tempo a perder com que não vale nem o esmalte que eu passo na unha. [...] Eu: não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar, o morro foi feito de samba, samba para a gente sambar- canto baixinho enquanto faço a perna do meu irmão de pandeiro. Metralha: comprei para tu- fala quando o seu José bota um p**a de um podrão na minha frente, com batata recheada e tudo mais. Eu: mas eu nem pedi- falo olhando para ele confusa. Metralha: mas tá bebendo sem comer nada, comeu só uma marmita, come- fala e eu dou risada antes de dar um beijo no rosto dele. Eu: obrigada meu amor- falo e ele da um beijo na minha cabeça. Metralha: se eu não cuido de você, quem vai cuidar hein?!- fala e eu só dou risada. Meu irmão sendo irmão, o Felipe é o mais cuidadoso possível comigo, acho que se ele pudesse, ainda meu pegava no colo e cuidava de mim como se eu fosse uma bebezinha, não que as vezes ele não faça, não a parte de me pegar no colo, mas cuidar de mim como um bebê. Até o Gustavo, que as vezes consegue ser mais seco que o deserto do Saara, cuida de mim como se eu ainda fosse um bebê, e sempre foi assim, se eu aprontava e ficava de castigo, eles dois ficavam comigo escondido, sempre contrabandeavam comida para mim, até hoje, se um deles saem e eu fico em casa, eles me trazem lanche, e se os dois saírem, mesmo que juntos, cada um trás alguma coisa para mim. E já acabou virando tradição entre nós três, se um sai sem o outro, ou dois saem e um fica, ou um sai e dois fica, sempre trazemos algo de fora para o que ficou comer, e se tiver dormindo, o que ficou acorda com a comida na mesa de cabeceira, para comer quando acordar. [...] Me jogo na cama exausta, pronta para dormir, e com o cansaço que eu estou, duvido que eu não durma, quase que impossível eu não conseguir dormir essa noite, e só de pensar que amanhã eu acordo cedo para ir para a boca, já me dá uma preguiça, mas essa é a vida né?! Queria voltar para a minha vida de filhinha de papai, que faz o que quer e ganha mesada todo mês, as vezes até duas vezes por mês, depende do comportamento, porém, a vida adulta chega para todos, e eu nunca cheguei na fase da mesada, só vejo em filmes mesmo. Metralha: te liga, amanhã vou precisar de você só a tarde, vamos sair para resolver um negócio lá na Mangueira, o Abelha acabou de me ligar- fala invadindo o meu quarto. Eu: quem diabos é Abelha?- pergunto confusa. Metralha: o sub chefe lá da Mangueira, te liga hein, roupa descente- fala e eu apenas faço um jóia com a mão. Pelo menos não vou ter que acordar cedo amanhã.
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