— Erga-se, duque – ordena o Rei encarando o Duque de Winterlys que o atende prontamente — Saiba que aprecio suas palavras e as levo em grande consideração... Porém, devo lembrá-lo de que é o padrinho de Catarina, a quem prometeu honrar até mesmo com sua vida.
—Sim, me recordo perfeitamente – concorda Henrique.— E mantenho a promessa feita diante de Deus.
— Logo, não posso aceitar sua oferta – confessa o rei para surpresa de todos, inclusive para Henrique — Não me entenda m*l, mas aceitar sua proposta, vai de encontro com o sua missão que é defender os desejos de minha filha...
—Majestade, ela é apenas um bebê – alega Henrique.
—Exatamente por isso que devemos protegê-la e correr atrás do que é melhor para ela, certo?
— Sim.
—Dito isso, o melhor para ela é que se torne a herdeira presuntiva do trono – revela o Rei se afastando do duque — É por isso que precisamos mudar a lei.
— Prossiga, Majestade – pede Philip — O que tem em mente?
—Gostaria de fazer uma leve alteração na primogenitura, permitindo que seja entregue a herança à uma filha, ou um outro parente, seguindo uma ordem específicade primogenitura de preferência masculina. A partir de agora a coroa poderá ser passada à filha mais velha quando o monarca não tiver filhos homens e nem sua linhagem, ou seja, será considerada herdeira se ela não possuir irmãos vivos ou que deixaram descendentes vivos do s**o masculino. Casada ou não, uma herdeira do trono, terá os mesmo direitos, poder e autoridade de um herdeiro. – os lábios de Henrique se abrem, indignados, enquanto o rei se aproxima dele, satisfeito.
— Porém, levarei em conta parte da sugestão dos senhores. – ContinuaBelomy— O herdeiro ou herdeira terá por obrigação de realizar seus casamentos com pretendentes domésticos. A escolha de qual pretendente ao herdeiro será previamente realizada pelo monarca. Então o que me dizem?
Os ministros se entreolham, conversando entre si para analisarem as reivindicações impostas pelo Rei. Não que eles pudessem fazer alguma coisa, pois desobedecer ao Rei era contra a lei, podendo ser considerado traição, para a qual a pena era a morte.
O Rei Belomy não estava acima da lei, ele tinha que agir de acordo com ela; mesmo assim, Belomy ainda era um homem muito poderoso. Nenhuma lei poderia ser aprovada sem seu consentimento. Ele poderia decidir a religião do país, decidir quando o parlamento deveria ouvi-lo, quando o país deveria ir para a guerra, além de tomar decisões sobre a educação, o bem-estar de seu povo, e até mesmo a comida que poderiam comer e a roupa que deveriam usar.
Ele também, foi responsável pela escolha daqueles homens que lhe ajudam a governar e tinha o poder de enviar homens e mulheres para a prisão e ordenar suas execuções. Todos no país tinham de obedecê-lo. O Duque de Schleswig se ergue diante de todos , encarando o rei:
—Os nobres decidiram que a emenda é possível e trará grandes benefícios a Duthaich em um futuro próximo. Está aprovada a mudança na Lei de primogenitura.
— E não somente isso, como também estou concedendo o Palácio real como morada oficial de Catarina, afinal ela é a herdeira ao trono. Somente o herdeiro do trono, príncipe ou princesa em Duthaich, pode manter residência no palácio. E eu mesmo me encarregarei de selecionar as pessoas adequadas para sua educação e cuidados. Também recrutarei aias de minha confiança.
— Majestade, e quanto ao senhor? Também ficará no Palácio? – pergunta o Duque de Winterlys. — Não será muito arriscado ambos ficarem no mesmo palácio? Se os nossos inimigos descobrirem...
— Henrique, como sempre preocupado demais com minha segurança. Porém já lhe deixo avisado a você e a todos que após a sessão, regressarei a Fuflly, a qual se tornará minha morada oficial.
—Majestade... – começa o Henrique, indignado — Não há necessidade... de nada disso.
—Está decidido. – interrompe o Rei encarando o Duque— Assim , o duque não precisará sacrificar o seu filho em nome da coroa. E ainda cumprirá seu papel de padrinho, como deve ser.
— Não é sacrifício algum, Majestade – responde Henrique secamente. — Servir a Duthaich é uma grande honra para minha família.
— E ao rei... e a futura Rainha... – completa Belomy.
—Sem dúvida – afirma Henrique.
—Quero que saiba que serão recompensados por essa lealdade... muito em breve.
— Aprecio o reconhecimento – responde Henrique.
O rei caminha em direção a saída sendo acompanhado pelos outros nobres, exceto Duque de Winterlys que ainda fica alguns instantes observando o trono de Duthaich:
—Perdi a batalha, mas a guerra está apenas começando.
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Belomy observa a frente ao palácio enquanto seus funcionários guardam sua bagagem que levará para a nova residência.
Após aquela longa semana, finalmente conseguiu deixar tudo apropriado para sua filha.
Naquele momento, a governanta de Catarina era Margaret, a Baronesa de Câmaro. Ela era a chefe dos aposentos da princesa, e ficou responsável por seu bem-estar. Era costume que as crianças Reais vivessem longe de seus pais, focando em uma educação refinada e direcionada para sua posição. A Baronesa desce a escadaria do Palácio com a menina em seus braços. Ela se aproxima do Rei curvando levemente a cabeça.
— Majestade.
—Baronesa de Câmaro – responde Belomy antes de segurar as mão de sua filha entre as suas — Cuide do meu bem mais precioso.
—Cuidarei, meu senhor, Com minha própria vida. – responde Margaret — Porém, o senhor precisa estar ciente de que ela sentirá sua falta.
— E eu a dela – responde Belomy tristemente enquanto beija a mão da filha.
—Estamos prontos – avisa o serviçal.
—Prometo que a visitarei regularmente. –garante Belomy— Até breve.
Ele sobre em seu cavalo e parte em direção a Fuflly, o Rei ainda olha para trás guardando a imagem de seu bebê em sua mente.