Voltando a ser eu

1644 Words
Helena Naquele mesmo dia eu fui para Brasilia, meu pai não me impediu, muito menos pediu pra eu ficar. Ele só pediu para eu me arrumar no quartinho do meu irmão até ele arrumar um lugar maior para nós dois, eu não ligava para casa, só queria um lugar onde eu poderia me enfiar e me esconder da vergonha de ter um chifre maior que o da vaca mimosa. A corna, da 28 e assim que estão me chamsndo, vim para cá para me ver livre de João Guilherme, mas para pensar. A última coisa que meu pai disse antes de eu embarcar era que ele não conseguiu desfazer o acordo de casamento, mas conseguiu me dar o tempo que eu precisasse para me recuperar e eu vou estender esse período até onde eu posso. Meu irmão me esperava no aeroporto, Arthur era dez anos mais velho, aquele homem deveria ser meu grande irmão protetor, mas na verdade era um grande fanfarrão. Foi o primeira pessoa da nossa família a fazer faculdade, ele passou para 5 faculdades federais diferentes mas decidiu ir para o lugar mais longe que poderia achar, esse lugar era Brasília. Lá ninguém sabia de quem ele era filho, ou o que ele iria herdar Ao descer do avião e ver seu grande sorriso eu dei um berro e o abracei. -fala baixinha -Nossa eu lembrava que você era mais alto -É você tinha olhos menos inchados Eu lhe dou um beliscão -Ai Caraí, essa p***a machuca, vamos tenho aula de tarde. -Eu sinto muito de incomodar você, eu sei que sua casa e pequena, mas papai disse que logo mandará dinheiro para alugarmos uma casa maior. -Relaxa, eu já organizei seu quartinho. O AP não era uma mansão mas tbm não era um quartinho fétido como ele falava pro nosso pai. O prédio era de classe média, bonito, em um bom bairro O apartamento tinha dois quartos, sala cozinha e banheiro, tinha bons móveis e até uma faxineira que limpava a casa duas vezes por semana. -Você e um safado Arthur, nossa tia chorou por dias pensando que você tá passando fome e você no bem bom. -Bom, depois eu te explico, eu preciso ir pra aula agora, esse aqui e sei quarto Ele abriu a porta o quarto ele preparou um quartinho fofo com almofadas cor de rosa e e um urso Pooh gigante, eu amo o Pooh -Obrigada Arthur, você lembrou -Bom, tem sorvete na geladeira, chocolate no armário, e uma tv aqui no seu quarto gigante, tudo o que e necessário para um coração partido. Eu tenho que ir mas quando voltar quero saber como vamos torturar o filho de uma p**a do João Guilherme. -Eu não quero falar, mas aceito o sorvete, e um pouco de vodca -Sorvetr sim, vodca daqui a 2 anos, agora eu tenho que ir, trago a pizza para o jantar Ele saiu eu me deitei no sofá liguei a Tv e chorei até dormir Acordei com Arthur me cobrindo com um cobertor fofinho, o dia já estava escuro lá fora. -Você demorou. -Eu não passo muito tempo em casa, eu acho que você pode ficar uns dias aqui se curando, mas eu já te matriculei em uma escola e aqui. - Ele tinha um panfletos de vários cursos - Você tem que preencher seu tempo, conhecer pessoas novas, viver. -Eu tinha uma vida. -Não, você tinha um destino traçado, você é uma adolescente, precisa viver e amadurecer, ter experiências de uma adolescente comum. Sem o peso de ser noiva de A ou B ou filha de Don, grande o dono do morro dos macacos. Você precisa fazer algo que gosta, algo que realmente ame. -Eu me lembrei que você pode ser extremamente chato. Me levantei, e fui para minha cama eu só queria me afundar na cama até que o mundo acabasse. Foram dias de muito sorvete, filmes romances e ligações com prefixo 21 desligadas Sim, João não para de me ligar de vários números diferentes, uma das vezes eu atendi ele só sabia chorar do outro lado. Engraçado, quando ele me pediu perdão e me pediu pra voltar e não fazer isso com a gente, meu coração doeu, doeu tanto, que a minha vontade foi jogar as coisas dentro da mala e voltar Mas a imagem dele com aquela mulher, beijando ela do jeito que me beijava, fazendo com ela o que nunca fez comigo, segurando seus s***s, beijando todo seu corpo. Coisas que eu sempre imaginei que iríamos compartilhar juntos. Como ele pode tocar nela, os beijos era eu que iniciava, o desejo era sempre contido, e eu achava aquilo romântico, nossa meu noivo me respeita. Não tinha coragem de me beijar direito, mas fazia com as outras na rua, ele diz que foi a primeira vez e única Quem me garante? Me lembrei de todas as vezes que ele saiu com os amigos, todas as vezes que ele me chamou de marrenta por dizer que não gostava daquele povo. Todas as vezes que ele estava na farra com mulher sentada nas mesas e ele jurando que ele só fazia a segurança do baile. Das vezes que me disse que não podia ir me ver porque o pai disse ele tinha que fazer plantão e eu acreditei. Eu era uma criança, b.urra, idiot.a, que achava que o mundo era a novela das 18:00. Eu estava enfiada em um grande buraco de auto piedade tão grande que não conseguia sair. Faz um mês que eu estava enfiada na minha batcaverna só saindo para pegar a comida que os entregadores deixavam na porta. Meu irmão não parava em casa, só abria a porta para saber se eu estava viva, mas soube pela faxineira que eu não estava indo às aulas e não deixava ela limpar o quarto Ele então entrou no quarto me tirou da cama e me jogou no banheiro e abriu o chuveiro -Chega, você precisa reagir, fazer algo da sua vida. -Me deixe em paz! Eu quero dormir! -Quer sofrer, sofra mas faça algo com essa merda, tô cansado de te ver assim Sai pra correr, vai ao cinema, compra um gato, faz qualquer coisa mas reage! -Eu não quero! -Vai ter que querer, ninguém vive assim, direciona essa por.ra dessa energia em algo que preste inferno, mas não vou te ver afundar por causa daquele i****a. Arthur pode ser meio duro às vezes… Não pera! Eu saí do banheiro de pijama limpo, meu irmão tinha mudado as roupas de cama e aberto as janelas,me olhei no espelho, meu rosto estava inchado, meus cabelos sem vida eu devia ter engordado uns cinco quilos de tanto sorvete. Os panfletos de curso estavam em cima da cama e pela primeira vez senti vontade de ver o que tinha lá Comecei a olhar um por um, tinha de tudo de curso de massoterapia a informática e técnico em enfermagem, logo me imaginei dando uma injeção de ar na veia do imperador. Os próximos panfletos eram de defesa pessoal, em uma academia ali perto gostei disso. No dia seguinte eu estava na academia, fiz a aula experimental de defesa pessoal Era legal mas não despertou meu interesse, na saída agradeci ao professor e fui andando devagar no sentido da saída, foi quando eu a vi, uma mulher dando aula para uma sala cheia de marmanjos, O nome dela era Áurea professora de Muay thai, a visão de uma mulher. Ela notou a minha presença e deu um grande sorriso, terminei de assistir a aula dela, estava encantada com sua força e desenvoltura. No final da aula fui até ela. -Gostou da aula? -Muito, eu realmente gostei. -É difícil ver meninas da sua idade gostarem de luta, a não ser que tenham feito luta quando menor. -Não, eu só quero ocupar meu tempo. -Sei, amanhã às 6:00 e minha aula de infantes, e um grupo bem peculiar, são mulheres um pouco mais adultas, mas vem eu espero você. No dia seguinte lá estava eu, a única chaveirinho da turma mais nova. Fui adotada pelas mulheres mais velhas, no final da aula sentamos em roda, algumas delas, nós falávamos do que é ser uma mulher do século XXl Desse feminismo velado, desse machismo abrangente, do fato de gritamos e ninguém ouvir. Voltei a estudar, e foquei em estudar e na luta. E virou minha rotina, acordar às seis da manhã correr, ir para Aula de luta, ir para escola, não atendia nenhum tipo de telefona bloquei o mundo, assim se seguiu o ano, voltei para casa, para passar as férias de natal, mas assim que ele soube que eu estava no Rio veio me ver, mais magro abatido. Atendi ele no portão da casa , aquele homem não ia invadir meu espaço novamente, me vesti da melhor forma que pude, e mais ousada possível, eu havia cortado e pintado os cabelos A primeira coisa que ele disse foi: -Cê está linda Anjo. -O que você quer? -Conversar, sobre nós -Eu não tenho nada para conversar com você, a não ser que você queira acabar com esse contrato de casamento ridículo -Isso nunca. -Então não tem nada que fazer aqui, amanhã eu volto para Brasília -É o casamento? Você tem que horar a promessa. -Você tem coragem de me cobrar isso? -É meu direito, está no acordo, você não quer outra guerra não é. Eu penso bem -Não, não quero, eu vou me casar com você, quando eu achar que devo! Não por amar você, mas por que estou sendo obrigada a isso. Agora vai embora e por favor não me liga mais. Ele deu as costas e foi embora. Eu estava furiosa, no final ele ia sair ganhando. Ou não, era meu último ano na escola, e folheando a folha dirigida descobri um concurso para polícia civil de Brasília Minha vingança ia começar ali.
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