Jantar na casa dos sogros (parte 1)

1781 Words
JASON BISHOP — Aqui, estas são as informações do namorado. Têm alguns fatos bem interessantes sobre ele e a amiga subcelebridade — Daniel diz, colocando a pasta à minha frente. — Fale logo! E pare de fazer suspense, você sabe que eu detesto essas atitudes infantis. — Calma, padrinho, não precisa ficar nervoso. Eu sei como o senhor está ansioso, então, não estou fazendo suspense, só estou me acomodando primeiro. — O engraçadinho falou rindo. Uma hora eu perco de vez a paciência com esse moleque e encho ele de porrada. Abro a pasta e começo a folhear as páginas. Sorrio ao ler um ponto específico, que ressalta ter provas em vídeo. — Isso aqui aconteceu quando? — perguntei, apontando o parágrafo. — Cinco meses atrás. Pelo que descobri, eles foram em uma boate, a Sunshine, por lá eles beberam em companhia do grupo de amigos, depois saíram para o hotel Diamond e permaneceram lá por uns 40 min, após esse tempo, ele — aponta para a fotografia do franguinho — levou a Paola direto para a mansão dos Martinelli. Após deixar a, ainda, donzela em casa, ele voltou para a boate e encheu a cara, o que me leva a crer que não aconteceu o planejado para aquela noite, ela provavelmente deu pra trás naquela ocasião. — Aí então, ele resolveu pegar a amiga — comentei sarcástico. — Ao que parece, sim. A subcelebridade o tirou praticamente carregado da boate e eles entraram juntos no hotel, saindo somente no dia seguinte, às 11h. Ele não gosta da presença dela porque sabe que ela alimenta sentimentos por ele, então, eu tinha certeza que eles não ficaram esse tempo todo no quarto sem fazer nada, com isso fui atrás das imagens e, bingo! Na sala de estar das suítes tem câmera de vídeo e as filmagens mostram dois se pegando no sofá. — Que interessante. Então, a minha noivinha foi apunhalada pelas costas pelo namorado e pela melhor amiga. Que lástima! — murmurei irônico. — Eu quero a ficha completa desta amiga da onça também, algo me diz que ela vai ser útil. De acordo com as pesquisas, Luigi Giordano é o grande amor da minha novinha, eles se conhecem desde crianças e sempre estiveram juntos, ao menos a Paola sempre teve só ele, ela nunca esteve com mais ninguém, nem mesmo paqueras bobas. Já o Luigi, esse é o típico riquinho padrão. Foi um emo revoltado durante a adolescência, causando problemas aos pais com suas atividades ilícitas, corridas clandestinas, brigas e invasão de sistema, o cara tem talento para roubar dados sigilosos, trepou com praticamente todas as jovens, alpinistas sociais e modelos em busca de fama. Após parar na detenção várias vezes e ser salvo, pelo apoio do dinheiro e poder do papai, aparentemente ele consertou, se formou com louvor em Harvard e voltou para assumir os negócios da família. Mas, não é tão certinho assim, já que ainda corre clandestinamente e fatura alto com as apostas on-line. Isso também vai ser muito útil. — O que o senhor vai fazer agora? Ao que parece, os Martinelli não estão muito a fim de cooperar, ainda nem conversaram com a filha. — É, aparentemente eles estão tentando me vencer pelo cansaço, mas hoje nós vamos resolver isso de uma vez por todas. — Certo, vou ligar e marcar um jantar. Do café da manhã até a hora marcada para ir jantar com os meus sogros, eu fiquei resolvendo algumas pendências dos negócios. Meu primeiro negócio com a Cosa Nostra, é um acordo que já está mexendo com as atividades do submundo, já criou um burburinho em torno das exportações e só estamos começando. O Samuel já está instalado aqui também, ele será o responsável pela lavagem do dinheiro, tudo o que faturamos aqui, será lavado pela empresa que ele está abrindo legalmente aqui, a indústria automobilística dele já vai inaugurar e já está movimentando as redes sociais, modéstia parte, ele é muito bom no que faz. Então, todo o nosso faturamento sairá de forma limpa depois de passar pela Car mind, esse é o nome fantasia da empresa. Às 19h entrei no restaurante escolhido para o nosso jantar, foi escolhido por mim, claro. Eu faço uma vistoria minuciosa em lugar, antes de entrar, não confio nem um pouco nestas pessoas, pais desesperados podem fazer loucuras, mesmo que não sejam páreos para mim, eu prefiro poupar-me desses atos insignificantes. Assim que a porta da sala privada foi aberta, vejo o casal já sentados à mesa, me esperando. — São muito pontuais, ficaria lisonjeado se essa pontualidade abrangesse todos os assuntos relacionados a mim — falei, sentando-me à frente deles. — O senhor Jason, sabe que não é nada fácil tratar de algo assim com a nossa única filha — a mulher diz, olhando-me com uma raiva tão grande que chega a ser torcer suas belas feições. — Eu não ligo se é fácil ou não, o que me interessa é resolver logo isso! E eu já estou ficando de saco cheio dessa demora toda, a minha paciência é muito limitada e já se esgotou. Esse é o meu aviso, depois de hoje, se vocês não fizerem o que deve, eu vou fazer do meu jeito, e já aviso que eu não sou nada educado. — Percebe-se! — A mulher murmurou entredentes. — O que você disse? — questionei, fazendo-a perder a cor. Sua palidez repentina faz-me rir. — Eu espero que vocês me conheçam bem o suficiente para não mostrar gracinhas, eu não suporto os engraçadinhos. E só para ressaltar a exceção que estou fazendo, neste caso, é que eu não vou cobrar a festinha que a sua filha fez com o namoradinho, lá no hotel, mas eu abri APENAS essa pequena exceção, isso significa que se vocês deixarem acontecer novamente, eu não respondo por mim. — Você está obrigando uma menina que não conhece você, que não sente nada por você, você vai prender essa menina em um casamento sem amor e ainda quer se passar como bondoso, nós devemos o quê? Agradecê-lo? — Marco diz, com a voz carregada de sarcasmo. Jason, naquela época eu te agradeci, mas hoje eu preferia que você tivesse me deixado morrer — completou, olhando-me com raiva. — Mas você não morreu e, mesmo se decidir morrer agora, isso não vai mudar a minha decisão, afinal aquele ato meu lhe deu muitos anos de uma vida cheia de riqueza e alegrias, então, eu sugiro que pare com o sentimentalismo e a choradeira pois não vão me convencer. Vamos aos negócios! — digo, colocando a pasta com o contrato à frente deles. — O que é isso? — A mulher perguntou, passando as páginas, sua expressão piora a cada nova cláusula que lê. — Este é o contrato que irei assinar com a filha de vocês, o contrato nupcial. Está tudo bem claro nas páginas que estão lendo, inclusive o tempo que especifiquei para noivar, que será em uma semana. Amanhã eu vou jantar com vocês e espero conhecer a minha noivinha. — Mas, nós ainda não falamos com ela. Por favor, Jason, nos dê mais tempo — o Marco diz, sua voz é baixa e falha, quase uma súplica. — Eu já lhe dei tempo suficiente. Tenham uma boa noite e até amanhã. — Levanto-me e saio em direção à porta, sem me importar com os pedidos desesperados atrás de mim e menos ainda com o jantar que acabou de ser servido. [...] Eu não esperava ser bem recebido, mas também não achei que eles fariam uma recepção digna de um funeral. Confesso que isso me divertiu bastante. A Paola não demorou muito para chegar, ela passou pela porta logo após servirem o café. Ela parece que não gostou muito de me ver ali, nem sequer mostrou educação, e isso me irritou, tanto que a provoquei descaradamente. — Boa noite, Paola Martinelli. O seu pai não a ensinou a cumprimentar as visitas? — falei, exibindo o meu melhor sorriso, aquele que dou a quem eu gostaria de ensinar uma boa lição. — Boa noite! Desculpe a minha falta de modos, é que eu não achei que o SENHOR fosse uma visita — ela respondeu deixando evidente a ironia em cada palavra. Mas eu resolvo continuar com o jogo. — Mesmo? E por que exatamente você achou isso? — questionei, fixando meu olhar nela. — Porque o SENHOR não faz o perfil das pessoas que visitam o meu pai, parece mais um… — agora é a maldita quem provoca — uma daquelas pessoas que vêm aqui pedir favores, sabe… — completa forçando uma voz meiga. É. Eu tinha razão, essa ninfeta não é nada inocente, e isso vai deixar esse jogo até divertido. — Não, eu não sei. Explique! — Eu exigi, apontando o sofá à minha frente para ela se sentar, eu achei que ela não fosse fazê-lo, mas ela fez e com um enorme sorriso provocante. — Bom, eu peço desculpas por ofendê-lo se for o caso, mas é que… — olha-me de cima a baixo, ainda sorrindo — desde aquele nosso encontro lá no hotel, eu o achei estranho, assustador. O seu me lembrou o Jason, aquele do filme que mata as pessoas com uma serra elétrica. É óbvio que a filha da p**a pesquisou sobre mim e seja lá o que ela descobriu por conta própria, não a assustou o bastante, afinal isso foi uma bela provocação. Olho para o lado e o Daniel está rindo, o infeliz. — Paola, onde estão os seus modos! — O Marco grita da porta. — É, eu também me pergunto a mesma coisa, Marco. Onde estão os modos da sua filha? — digo, ainda estou sorrindo, mas a minha vontade é pegar essa ninfeta do c*****o e ensiná-la uma boa lição. — O que eu fiz de errado? — Ela perguntou coquete. É, menina, continua assim. Você está cavando o próprio precipício. — O que você fez de errado, minha querida? Muitas coisas. Primeiro: que eu sou um homem inteligente e culto, sou muito bonito também e tenho uma figura desejável. Segundo: que eu prefiro métodos menos sujos para aniquilar meus inimigos, não faço tanto barulho, a não ser quando explodo suas cabeças, mas isso é raro. Eu prefiro tortura, a dor psicológica, aquela que fere pouco, mas o nível de dor é insuportável, é o que eu mais curto. Então, o Jason da serra elétrica não me representa. Um dia você saberá como é diferente — falei lentamente, bebericando o meu café. Agora, ela está sem o sorriso e tudo que tem é um olhar de medo. No final, ela não é tão corajosa assim.
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