Camilla Narrando
Camilla: Pai, eu já disse que eu não tenho vocação para o tribunal. –Gritei do meu quarto.
Meu pai simplesmente não admitia o fato de eu largar a faculdade no segundo dia.
Eu sei que isso não é normal e que todos os meus amigos já estão estabilizando suas vidas, mas o balé é algo que eu quero para mim até o resto da vida.
Marcos (meu pai): Já está indo para àquele inferno? –Ele disse quando eu já estava com a minha bolsa no ombro e eu pegava a chave do carro.
Camilla: Eu volto ta? Eu te amo.
Sai de casa e fui direto para garagem onde meu Audi R8 coupé me esperava. Sempre fui acostumada com o luxo e meu pai nunca negou nenhum capricho meu. Sempre gostei de carros potentes que me dessem sensação de liberdade.
Entrei no carro, o liguei e dei partida. São mais ou menos uns 20 minutos da minha casa até o morro. Eu fiz em 10 minutos. Obviamente eu peguei uns atalhos. O trânsito do Rio não era proporcional a minha velocidade u.u
Ao chegar lá, fui recebida pela a minha supervisora. Estacionei o carro e fui até ela, que não tinha uma cara muito boa. Sempre que eu chegava as putinhas do morro já me encaravam, eu fingia que nem era comigo. Pra galinha a gente da milho e não moral. Coloquei minhas coisas em cima da mesa.
Cláudia: Onde estava menina?
Camilla: Vindo para cá?
Cláudia: Estamos com problemas.
Camilla: Por quê?
Cláudia: Coringa mandou fechar a ONG.
Camilla: Ela não pode fazer isso. –Senti o sangue ferver nas minhas veias.
Cláudia: Ele pode e vai fazer. Aquela mulherzinha dele quer fazer um salão de beleza aqui.
Camilla: Vamos ver com quantos paus se fazem uma canoa. –Peguei as chaves do meu carro dentro da bolsa.
Cláudia: Pra onde você vai?
Camilla: Ter uma conversinha com o Todo Poderoso.
Cláudia: Ficou louca? Ele vai te matar.
Camilla: Que me mate, mas ele não vai fechar essa ONG. –Falei decidida e sai porta a fora.
Entrei em meu carro e a toda velocidade subi o morro, até a boca. Ele acha que é assim? Quando a madame manda ele vai lá e obedece feito um cachorro? E as minhas crianças? Ele não pensava nisso?
Parei o carro em frente a boca, bem na porta mesmo. m*l coloquei o alarme no carro e já entrei.
Xxx: Ih a patricinha já chega cheia de marra. –As pessoas já me conheciam por ali e já sabiam da minha marra. O Americano parou na minha frente. Eu já o conhecia desde que me juntei a ONG. Ele vira e mexe aparecia por lá pra olhar as minhas aulas. Saímos algumas vezes para comer e ele foi super legal comigo. Fizemos uma boa amizade e ele sabia que eu não era mulher para ele catar e jogar fora. Então ele nem catava.
Americano: Colé gatinha.
Cami: Hoje não Americano.
Americano: Que bicho te mordeu?
Cami: Bicho? A cobra vai é fumar se seu amiguinho acha que vai fechar a ONG.
Americano: Amiguinho? Coringa? Saquei. Colé mina deixa isso pra lá. –Ele tentou me tirar dali.
Cami: Deixa-me Americano, eu vou lá falar com ele. Ele não pode fazer isso com as minhas crianças.
Xxx: QUE p***a É ESSA AQUI? –Era ele. O bambam do pedaço, Todo Poderoso, O Grande i*****l.
Americano: Vai dar merda. –Ele coçou a cabeça. As pessoas a volta poderiam ta chapadas mais sabiam que não era só eles iam fumar e sim a cobra também.
Coringa: O que essa mina ta fazendo aqui em cima? –Ele chegou cheio de autoridade pra cima de mim.
Cami: Vim falar com você. –Soltei-me do Americano e encarei o Coringa.
Coringa: Pode falar então.
Cami: Na frente de todo mundo? Tem certeza?
Coringa: Pra minha sala. –Ele abriu a porta de sua sala e eu o segui-. Levanta c*****o. –Ele mandou uma p**a seminua se levantar dando um tapa em sua coxa de um sofá que ficava ali. Ela reclamou, mas saiu. Ele sentou em sua mesa, acendeu um charuto, soltou a fumaça no ar e me olhou.
Coringa: Fala.
Cami: Por que vai fechar a ONG?
Coringa: Tenho planos pra ali.
Cami: Um salão de beleza?
Coringa: E qual o problema? O morro é meu e eu faço o que eu quiser.
Cami: Você não vai transformar aquilo ali no mundo da Ariel. Ali é o mundo da Camilla e se a Ariel quiser ele que vá fazer suas graças no meio da merda da Baia de Guanabara.
Coringa: Meça suas palavras, patricinha.
Cami: Quem é que vai me fazer medir? Você? –O desafiei. Eu era assim: Impulsiva. Não tinha medo de nada. Mas as situações de risco que me metia me dava certo prazer às vezes.
Ele levantou a camisa e mostrou uma arma que portava. Como se aquilo fosse me ameaçar. O encarei e mantive minha posição.
Coringa: Quem é que manda nessa p***a?
Cami: O presidente do Brasil. Você é só alguém que acha que tem posse de algo. Mas oficialmente quem manda é os governantes e você é só mais um. –Ele riu e eu não estava achando a menor graça.
Coringa: Olha só patricinha, f**a-se os seus caprichos, f**a-se sua ONG ridícula. Aquilo acabou e f**a-se.
Cami: Diz f**a-se para os caprichos da Ariel porque só EU digo quando a ONG acaba. –Dei como conversa encerrada e sai da sala. Pensei que ele fosse vir atrás de mim, mas eu simplesmente entrei em meu carro e voltei para a ONG.
Cláudia: Ai menina, que susto que você me deu.
Cami: Falei com ele.
Cláudia: E ai? –Contei tudo pra ela nos mínimos detalhes e ela riu-. Queria ter um pouco da sua coragem.
Cami: Ninguém vai tirar esse lugar da gente. Ta certo?
Cláudia: Estou contigo.Começamos a limpar o local para mais um dia de trabalho. E aquela história com o Coringa não havia terminado, eu tinha certeza disso.
Coringa Narrando
Eu iria matar aquela patricinha nojenta, ela não é ninguém pra chegar assim cheia de autoridade pra cima de mim. Assim que ela saiu, estava prestes a ir atrás dela quando o Americano entrou na sala.
Coringa: Manda sua amiga sai do meu morro agora.
Americano: Deixa a mina mano, ela só é mimada.
Coringa: p*****a ta achando que é assim que a banda toca?
Americano: p***a mermão a mina é todo cheia de marra.
Coringa: A marra dela ou acaba ou ela acaba.
Americano: A mina é gente boa.
Coringa: De que lado você está agora?
Americano: A ONG é bom demais pro morro mano. As minas dão um trabalhão lá.
Coringa: Se ela não viesse com tanta autoridade assim eu mudaria de ideia. Mas eu quero aquela p***a abaixo amanhã.
Americano: Sério mesmo que vai pela ideia da Ariel? Sabe que é só um capricho dela. Ela nem dirige os carros que você da pra ela. Mas mesmo assim ela pede.
Coringa: Não se mete na minha vida. –Fechei a cara.
Americano: É burrada acabar com a ONG, papo reto e de irmão. –Ele saiu da sala.
Sentei na minha mesa e fiquei ali. Aquela p*****a não tinha direito de chegar assim. Se eu abaixasse a cabeça pra ela, com certeza ela ia achar que manda e desmanda em mim. E logo as putas do morro já iam achar que poderiam se criar pra cima de mim.Mas até que a ONG agrada a criançada. E realmente aquilo era só mais um capricho da Ariel. Que ela nem daria continuidade. Ela ali no morro já faz o cabelo a hora que quer e aonde que quer. Não precisa de um salão de beleza. Quer saber? f**a-se.
Acendi mais um charuto, mandei os moleques já parti em missão pra mim, contei os malotes de dinheiro, comi umas piranhas e fiz meu dia.
Americano Narrando
A loirinha estava brincando com fogo. E ela e o Coringa já são faísca e pólvora, daí já viu quando eles se encostam né. Ela não abaixaria a cabeça pra ele, talvez ele abaixasse a cabeça pra ela. Mas ai eu já não sei. Eu já dei meu conselho pra ele, agora se ele seguir ou não ai problema. Ariel é o problema, quando ela quer tem que ser na hora, e o Coringa faz todas as vontades dela.
Vendi umas paradas pelo morro, dei um role de moto e parei na ONG. Deixei a moto ali por perto e entrei. Estava no meio da aula da loirinha. Ela dançava tão bem. Ela nasceu para aquilo. As crianças a viam como uma deusa e a idolatravam. Ela me viu pelo espelho e sorriu. O Coringa precisava ver o trabalho delas aqui.
Não ia deixar as meninas perderem a ONG. Eu ODEIO a Ariel. Se eu pudesse matá-la já teria a matado há muito tempo. Não suporto nem ela me olhando. E eu tinha um coringa na manga.
Sai da ONG, subi na minha moto e desci o morro. Cheguei à pista e pilotei até ali por perto. Parei em frente a uma casa enorme. Casa da ex fiel do Coringa e da minha sobrinha linda. Toquei a campainha e quem veio me atender foi a Thalita, a ex do Coringa.