Thalita: Fala Americano. –Ela me abraçou.
Americano: Fala minha morena. Como que vai?
Thalita: Linda e maravilhosa. E o morro?
Americano: Suave na nave. E cadê minha princesinha?
Thalita: Lá dentro brincando.
Ela me chamou pra entrar e eu a segui.
Mel: Dindinho lindo. –Ela veio correndo me abraçar.
Americano: Oi minha princesa. –Beijei o rosto dela.
Mel: E o papai?
Americano: Está lá.
Thalita: E a enjoada, já morreu? –Ela perguntou da Ariel.
Americano: Infelizmente não. –Apesar da separação da Thalita e do Coringa ser história finalizada, ela não gostava da Ariel. Na verdade, quem gosta da Ariel?
Thalita: E ai? Arrumou a minha babá
Americano: Ganhei uma coisa melhor.
Thalita: O que? Não me inventa tretas.
Americano: Relaxa. –Ri-. E ai princesinha, você gosta de balé? –Mexi com a Mel.
Mel: Que isso? –Ela disse mexendo na sua boneca e se enfiou entre as minhas pernas.
Thalita: Onde isso? Quantas horas?
Americano: Uma ONG lá no morro. Ela pode ir pra escolinha de manhã e a faz as aulas a tarde. Quando as aulas acabarem eu pego ela e trago aqui pra você. É de graça. E a loirinha é um amor com as crianças.
Thalita: Loirinha? Está de rolo é Americano? Aaaah sabia que tinha interesse maior.
Americano: Claro que não. –Ri-. Você não queria que ela passasse mais tempo com o pai? Ai então.
Thalita: Vamos tentar né.
Americano: Sabia que iria aceitar.
Thalita: Não tenho opção.
Americano: Pode deixar que eu ajeito tudo e amanhã ela já pode ir pras aulas.
Thalita: Valeu ein.
Americano: De nada. Ai princesinha, você vai dançar como uma princesa? –Dei um beijo na Mel.
Mel: Igual a Cinderela?
Americano: É sim. –Ela sorriu com os olhinhos brilhando.
Mais tarde eu fui embora com um sorriso nos lábios. Eu gosto é do estrago. Queria ver o piti que a Ariel iria dar. Acima da Ariel só está a Mel no mundo do Coringa e queria saber quem ia ganhar. Com a Mel na ONG queria ver Coringa fazer salão de beleza.
Cheguei ao morro e já fui direto para a ONG. Cheguei lá a loirinha estava se despedindo das crianças. Encostei na minha moto e a fiquei olhando de longe. Assim que ela deixou a última criança veio até a mim.
Cami: Qual foi Americano?
Americano: Tem vagas pra mais uma?
Cami: Não dou aulas pra adultos. –Ela riu.
Americano: Eu disse uma e não um.
Cami: E você é o que?
Americano: Fica de quatro que eu te mostro. –Puxei na cintura dela colando meu corpo e ela se soltou.
Cami: Fica suave. –Ela riu.
Americano: Minha sobrinha p***a, ela quer fazer aulas de balé.
Cami: Quantos anos?
Americano: Quatro.
Cami: Então, manda a mãe dela fazer a matrícula dela, ela já vem arrumada e fica pra aula da tarde.
Americano: Cuida da minha princesinha ein.
Cami: Pode ficar suave. –Subi na minha moto e a liguei.
Americano: Enquanto a ONG, essa princesinha que vem ai joga Ariel para escanteio.
Cami: O que você fez?
Americano: Eu dou meus pulos né gata. –Ri, pisquei pra ela e subi o morro.
Camilla Narrando
Assim que encerrei o trabalho na ONG, despedi-me da Cláudia e entrei no meu carro. Ia descendo o morro e vi a nojentinha da Ariel subindo o morro com uma amiga. Rolei os olhos e assim peguei o rumo de casa.
Chegando a minha casa, fui para o meu quarto, tomei um banho e fui jantar com o meu pai. Somos apenas nós dois naquela mansão desde que mamãe se fora para o céu. Dei um beijo no rosto dele.
Marcos: Como foi no trabalho?
Cami: Foi ótimo e no seu?
Marcos: Bom. –Não iria contar meus problemas na ONG com o meu pai, capaz dele me trancar dentro de casa se soubesse-. Estava pensando, vou deixar você em paz para seguir seus sonhos. Te dar todo apoio financeiro e emocionalmente –Olhei para ele sem acreditar no que havia ouvido. Até deixei o garfo no meu prato-. Mas... –Sempre tem algo né-. Com uma condição.
Cami: E qual seria?
Marcos: Trabalhar aos sábados e quartas no escritório.
Cami: Vou ganhar pelo menos um salário?
Marcos: Como outro funcionário qualquer não formado.
Cami: Está certo.
Marcos: Feito assim?
Cami: Desse jeito pode ser.
Marcos: Sem mais brigas?
Cami: Sim. –Sorri-. Obrigado pai, você deveria ir conhecer o nosso trabalho na ONG. São ótimas crianças.
Marcos: Qualquer dia tirarei um dia e irei te ver.
Cami: Avisa-me antes.
Marcos: Não, será surpresa. Quero ver se as aulas de balé deram frutos bons.
Cami: Claro que deram u.u
Terminamos de jantar e ficamos na sala assistindo TV, como pai e filha de verdade. Sem brigas e esse clima agradável era bom. Mais tarde fui para o meu quarto e peguei meu cel. Fiquei trocando mensagens com os meus amigos e com o Americano. Ele estava cheio de fogo no cu pra variar.
Fui dormir 1 hora da manhã, acordei na merda. Mas fui trabalhar assim mesmo.
Cheguei a ONG, estacionei o carro. Na calçada estava sentada a Ariel e uma amiga dela que eu não sabia o nome. As duas me olharam com cara de deboche.Declarações de amor já uma hora dessas das inimigas. Entrei na ONG e já arrumei tudo com a Claudia.
Cláudia: Temos novidades.
Cami: Qual?
Cláudia: Consegui um novo patrocinador e mais gente pra colaborar. Vamos reformar a quadra de esportes e dois responsáveis vão dar aulas de futsal para os meninos. Festival de pipa nos finais de semana. Não vai ser um máximo?
Cami: Ai que tudo. –A abracei-. Vai ser fantástico.
Passei o dia inteiro super feliz com as boas notícias do crescimento da ONG. É um trabalho formiguinha que pode virar elefante. Eu acreditava muito no nosso potencial.
Estava preparando a minha sala para a aula da tarde. Trabalhar com meninas de 4 a 7 anos é uma tarefa difícil, mas não impossível.
As meninas já foram chegando com suas roupinhas rosa e já sentando no círculo.
O Coringa entrou com uma garotinha no colo e ao lado uma morena. Juntei-me as meninas no circulo e as ajudei com as sapatilhas dela. Mas sempre ficava observando a Cláudia fazer a ficha da menina e olhava para o Coringa. Sabia que isso era treta do Americano e tinha que agradecer ele mais tarde.
Cláudia: Camila, vem aqui por favor.
Cami: Já venho meninas. –Levantei e fui até a Cláudia.
Cláudia: Explica pra dona Thalita como são as aulas. –O Coringa me olhou vaziamente. Mas eu sabia que algo passava na mente dele. A menina em seu colo era linda, uma princesinha de cabelos morenos.
Cami: Bom, é um pré-balé. Como essas aulas são dedicadas pra crianças de 4 a 7 anos eu faço a introdução do balé clássico. Conforme elas vão evoluindo em grupo as atividades aumentam, temos apresentações internas. Algumas meninas de 7 anos quando avançam muito bem nas aulas eu já passo pra outra turma. Fazemos de tudo para que não haja desinteresse, então por isso planejamos sempre uma aula com coisas novas.
Thalita: Ela costuma ser um pouco m*l criada quando é pressionada, pode puxar a orelha dela. –Ela sorriu.
Cami: Não vou puxar a orelha, mas tudo bem. –Ri.
Thalita: Filha, você vai ficar com a tia Camilla? –A menininha olhou pra mim e eu sorri-. Nome dela é Melissa, mas gosta de Mel.
Cami: Oi Mel. Vamos lá conhecer as novas amiguinhas? –Ela veio no meu colo-. As aulas terminam as 16 horas.
Thalita: Coringa vem buscar não é?
Coringa: Fazer o que né. Se eu não vier o Americano vem.
Thalita: Não, você vem.
Coringa: Ta né. Dá um beijo no pai. –Uol como assim ele já tem uma filha. A Mel deu um beijo nele e outro na Thalita.
Mel: Tchau mamãe.
Thalita: Tchau meu amor. –Eles sorriram e se foram.
Cláudia: Não sabia que ele tinha uma filha.
Cami: Graças a ela não perdemos a ONG.
Cláudia: Como assim?
Cami: Explico mais tarde.
Fui com a Mel para a roda e nos juntamos com as outras meninas.