O trato com o gato cafajeste

1262 Words
Para minha surpresa, conseguimos fazer várias fotos, tivemos crises de risos diversas vezes enquanto fazíamos meu ensaio fotográfico sexy sem ser vulgar, mas mesmo contra todas as probabilidades, algumas fotos se salvaram. Foi bem melhor do que o esperado, sendo sincera, não esperava muita coisa. A modelo e a fotógrafa eram bem inexperientes, vamos dar uma colher de chá. Quando mais via as fotos no meu celular, mas eu pensava que Marieta era como um anjo enviado para me auxiliar nesse caos que se tornou a minha vida. Com ajuda de um aplicativo, editei um pouco as fotos antes de postar na plataforma de conteúdo adulto. Agora era cruzar os dedos e esperar para saber se deu certo. E todo o trabalho deu um resultado positivo. Minha maior preocupação talvez seja descobrir que meu corpo não vale a assinatura mensal de 19,90. Seria como esmagar o resto de dignidade que ainda me restava no fundo do tacho. No fim, passei a noite acordada atualizando meu perfil esperando que alguém se interessesse por mim no aplicativo e cuidando de Mel. — Bom dia! Não conseguiu dormir novamente? — Marieta entrou na cozinha já arrumada para ir ao trabalho. Olhei para o relógio, ainda não eram bem 6 da manhã e ela já estava pronta para trabalhar. — Bom dia. Sim, mas depois dessa mamadeira, ela deve adormecer e eu tiro uma soneca. Quando acordar, prometo dar uma limpeza na casa. — Falei enquanto verificava a temperatura da mamadeira. — Não se preocupe com isso. Somos apenas nós duas. Não haverá grande bagunça. Falando nisso, ia me esquecendo. Meu neto vem hoje aqui. Ele chegou de viagem. Espero que não seja um problema ele ficar aqui alguns dias com a gente. Como trabalha de fotógrafo, sempre está viajando. Não sei nem de onde ele vem agora. AH! Já adianto, ele é um gato, mas não presta. É meu neto, mas puxou a falta de caráter do avô quando se trata de mulher, já deixo avisado, para não acabar quebrando a cara como metade das meninas que se envolvem com ele — Marieta me alertava enquando calçava seu tênis — Tenho que ir agora. Estou atrasada. Se eu não correr, perco o ônibus e aí já viu. Como esperado, Melissa adormeceu logo após a mamadeira. Ela não dormia a noite inteira ainda, mas tinha sua própria rotina e eu me adaptava. Com ela dormindo, acabei tirando um cochilo deitada no sofá, eu estava completamente esgotada, enquanto Mel estava em uma rede com cabos de vassoura preso em suas pontas, dica de Marieta para segurança da bebê. Daquela forma, dormimos até que fui acordada sentindo alguém cutucar minha bochecha. — Será que minha avó te deixou como presente para mim. É gata como eu gosto. Bem novinha. Faz meu tipo, mas não deve ser isso, minha avó costuma afastar as mulher de mim. Quem será que é você? — Um homem disse ajoelhado no chão com um sorriso malandro enquanto cutucava minha bochecha. — Você gostar de mim, não quer dizer que seja recíproco, mas para que não tenha dúvidas, definitivamente, você não faz meu tipo. Poderia parar de cutucar minha bochecha? — Respondi me levantando rapidamente. Era mentira. Ele era totalmente meu tipo, mas não precisa saber, certo? — Que língua afiada. Gostei. Deve ser a tal da Caroline, a menina de ouro da vovó. Ela me mandava atualizações diárias sobre você e da neném. Se você é a famosa Caroline, essa bebê deve ser a Melissa. Minha avó já anda por aí dizendo que é a neta adotiva dela, achei que era loucura, mas é realmente linda a neném. Explica a razão do amor platônico pela bebê. — O homem disse olhando para Melissa adormecida com um sorriso fofo em seu lábios. A família de Marieta deve ter fraco para crianças. — Aliás, eu me chamo Heitor, sou neto de dona Marieta. Espero que ela tenha falado de mim. — Ah! Eu deveria ter desconfiado. — Exatamente como ela descreveu, gato, mas sem futuro nenhum. — Bem que sua avó falou que você não valia nada. Nunca pensei que tivesse sendo tão sincera. — Você deveria fingir que não sabia disso, mas explica porque você sobreviveu aos meus encantos. A vovó preparou você para lidar com meu charme irresistível. Isso é uma pena, porque você é linda demais. Parece até uma boneca de madame. — Heitor respondeu me olhando de cima abaixo. Era um pouco constrangedor para ser sincera. Me sentia um pedaço de carne. — Podia ao menos disfarçar, não é? Para não constranger ninguém, mas deixa para lá. Preciso arrumar a casa enquanto Melissa não acorda. — Ao menos, queria conseguir varrer a casa. Não quero ser uma completa sanguessuga naquele lugar. — Não sei porque, mas você tem cara de quem nunca sequer pegou em uma bucha na sua vida toda. — Heitor com toda certeza estava brincando com minha cara, mas o pior de tudo, eu não fazia ideia do que era uma bucha para inicio de conversa. Não sei a cara que eu fiz, porém fez ele gargalhar alto— Não me diga que você nem sabe o que é? — Tá. Eu não sei, mas ninguém sabe de tudo. Talvez você saiba o que é uma bucha, eu sei tocar piano e trompete. Você sabe por acaso? — Perguntei para mostrar meu ponto de vista. As pessoas tem saberes diferentes nessa vida. — E para que diabos eu usaria minha habilidade em piano ou trompete? Ao menos, a utilidade da bucha é diária, mas não se preocupe. Hoje eu estou de bom humor e curioso sobre sua existência. Que tal fazer um acordo comigo? Eu te ensino tudo que há de saber na arte da limpeza de casa e enquanto isso, você me conta o que fez uma patricinha veio parar no morro com um bebê. — Heitor parecia interessado de verdade sobre minha história, mas fiquei me perguntando como ele percebeu que eu não sabia fazer nada daquilo tão rápido. — Como você sabia? — Perguntei surpresa. Precisava saber se eu estava me comportando errado. — Só os brincos que você está usando vale mais do que essa casa toda. Não é o tipo de mulher que sobe aqui no morro, só pela forma de falar e agir. Por isso, estou curioso para saber o que você aprontou para precisar largar a boa vida. — Heitor explicou bastante animado. Parecia um grande fofoqueiro. — Eu amo uma fofoca. — Por acaso você ler pensamentos? — Era uma surpresa, mas eu me sentia confortável perto dele. Talvez seja a vibe dele que lembra a de Marieta. — Mesmo assim, eu aceito que me ensine sobre a arte da limpeza, mas sobre o passado, não há nada para contar. Prefiro esquecer tudo que aconteceu. Agora só vivo para o presente e futuro. Entendeu? Ainda assim, quer me ajudar? Ia procurar no YouTube para aprender a fazer as coisas. — Você procurar no YouTube como limpar a casa? — Heitor gargalhou tão alto, que assustou Melissa, mas ao ver a menina chorando, voltou sua atenção para rede — Me desculpa, princesa. Não era a intenção, mas sua mãe é tão engraçada. — Agora vai ter que me ensinar. Quem mandou acordar a menina. Melhor, vai ter que fazer, aprenderei olhando enquanto cuido dela. Que tal começar lavando roupa? Ou prefere o banheiro? — Terei que colocar o seu neto trabalhar, dona Marieta, espero que não fique chateada. Se ele não presta para namorar, vamos ver se tem utilidade para limpeza.
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