As Faces De Caroline

Melissa precisa de aulas

— Que cheiro delicioso. Não sei o que é melhor, o cheiro de casa limpa ou dessa sopa. Não acredito que você teve tempo para fazer tudo isso, mesmo com a recém-nascida, Caroline. Você é mesmo uma mulher extraordinária. Quando tive meus filhos eu sequer conseguia tomar banho. Não vou mentir.— Marieta entrou na casa, colocou sua chave ao lado da porta e se dirigiu até a cozinha onde estávamos todos.

— Agradeço o elogio, mas não fui eu que fiz. Apenas servi de supervisora, uma líder nata. Não sabia que seu neto era tão bom em limpeza. Fiquei aqui apenas observando para aprender. De quebra, ele ainda mostrou toda sua habilidade na cozinha. Ele realmente tem algum utilidade. — Brinquei. Já era de noite. Acabei fazendo Heitor fazer uma faxina na casa, enquanto eu apenas assistia ele trabalhando. Uma espécie de curso intensivo, sem precisar sujar as mãos.

— Vovó! Essa mulher é má, está te enganando. Sabe que ela me fez de e*****o o dia inteiro? Teve piedade nenhuma com um gato como eu. De onde você tirou alguém tão c***l? Meu corpo está todo destruído. Ela tem ideia que esse corpinho aqui é a razão de desejo de várias mulheres. — Heitor dramatizou buscando apoio da avó.

— Sério? Meu deus! Caroline, você tem que me ensinar como faz isso. Esse garoto é morto nas calças, mas parece que aprendeu com a mãe a limpar a casa. E o cheiro da sopa, reconheci de fora, fiquei até surpresa de ser a mesma que a minha mãe fazia, mas ela só ensinou para sua mãe, não é, Heitor? Minha mãe sempre gostou de uma intriga na família. — Marieta parecia feliz abrindo a panela e sentindo o aroma que subia. — Agora vem cá! A avó está com saudade.

— Sei. Saudade. Tentando descobrir como me fazer de e*****o. Muita saudade tem aí. — Heitor abraçou a avó com um sorriso no rosto. Era uma família doce e carinhosa afinal.

— Claro que senti falta. Eu irei tomar um banho enquanto a sopa fica pronta. Quero saber tudo sobre seu último trabalho quando eu voltar, sua mãe disse que você estava em Paris ou era Grécia, não sabia ao certo, mas quero que me conte as novidades. Quero ver todas as fotos dos lugares que passou e as histórias. Volto rapidinho. — Marieta disse antes de apressar os passos para a cozinha.

Fiquei sentada na mesa olhando para Heitor, ele não parecia em nada com Marieta, ao mesmo tempo que de alguma forma se parecia. Ela era doce, simpática e acolhedora, o seu neto tinha o humor ácido, um sorriso s****o e o seu olhar era enigmático. Quanto mais eu olhava, mais achava ele bonito, o sorriso me pegou bem desprevenida.

— Aqui. — Heitor me entregou o celular, na tela tinha uma foto dele sem camisa.

— O que isso significa? — Perguntei sem entender, mas o homem tava mesmo bonito na foto. Isso explica porque ele é tão bom com as mulheres. Era um moreno, alto, lindo e bastante musculosos, com um sorriso arrebatador. Tinha uma razão obvia para ser tão popular com as mulheres.

— Você parecia admirar muito, achei que iria gostar de ver uma foto sem camisa. Ver o produto completo, sabe? — Heitor disse antes de puxar o celular da minha mão. — Não baba nele. Preciso dele para pagar as minhas contas.

— Ah! Verdade. A sua avó disse que você é fotografo, não é? Tem algumas área que goste mais de atuar? Não sei como funciona, mas vejo que algumas pessoas fotografam mais paisagens, outras pessoas e tem uns especialistas em objetos. Qual você é? — Mudei de assunto. Já estava quase caindo na dele. Preciso ser forte. Já tive problemas o suficiente ao cair na lábia de um homem que não prestavam para nada. Não cometerei o mesmo erro.

— Meu estilo é o que paga os meus boletos, se tiver um bom p*******o, eu não recuso nada. Pagando bem, que m*l tem? E você, trabalha com o que? — Heitor perguntou. Senti o meu rosto corando. Como posso contar aos outros que trabalho colocando foto indecentes minha na internet porque nunca pensei em trabalhar? Minha profissão era herdeira, mas saiu um pouco dos planos.

— Acabei de receber uma ligação da sua mãe. Aconteceu alguma coisa com uma das suas irmãs. — Marieta veio toda arrumada já. Nunca tinha visto alguém se trocar tão rápido. — Vou ter que ir lá resolver isso antes que seu pai resolva e se torne um caos. Sabe como aquele homem é. Não sei o que minha filha ainda faz com aquele homem.

— Eu vou. Não posso deixar que a senhora vá tão longe nessa hora. Chegou agora do trabalho. Deve estar completamente cansada. Deixe para fazer isso amanhã. Até lá minha mãe deve conseguir lidar com aquele homem. Posso ir hoje e tentar lidar com ele do meu jeitinho. — Heitor levantou preocupado com a avó. Ele era um s****o, estava estampado na sua cara, mas respeitava muito a sua avó, cuidava dela com cuidado. Pareciam duas pessoas totalmente diferentes, dividindo o mesmo corpo.

— Se algo der errado, você não fará diferença lá. Sabe que o seu pai não te ouve e não poderá parar ele. Capaz da sua presença, as coisas fiquem até pior. Nem a sua mãe pode. Por isso, achou melhor que eu fosse. Pode deixar. Resolverei tudo. Em troca, o senhor cuida de Caroline e Melissa. Não deixe que ela exagere. Eu espero voltar amanhã mesmo. Então, se cuidem, crianças. E Caroline, não esqueça, o meu neto não presta! Ele é ótimo iludindo corações e despedaçando deles. Por isso tem um sorriso assim. — Marieta gritou enquanto ia em direção à porta.

— Vovó! Assim você acaba comigo. — Heitor sorriu para avó. — Bença?

— Deus te dê juízo. — Marieta gritou antes de fechar a porta.

Me dei conta que eu ficaria sozinha, naquela casa pequena, com Heitor, o neto cafajeste do anjo que cuida de mim. Não que eu suspeitasse que ele fosse me atacar nem nada, mas um estranho nervosismo tomou conta de mim. Essa era hora perfeita para Melissa chorar e me salvar dessa situação, mas minha filha estava perfeitamente calma.

— O que estávamos falando mesmo? Ah! Verdade! Qual é o seu trabalho? — Heitor claramente tinha uma ótima memória.

Olhei em direção de onde a minha filha estava calmamente despreocupada, sem menor indícios que iria chorar. Não acreditei no que estava acontecendo. Ela sempre chorava do nada, porque quando quero usar ela como desculpa, está tão quieta?

— Desunida. — Sussurrei para mim mesma. Tenho que ensinar Melissa a me tirar de situações constrangedoras. Temos que ser uma boa equipe. Como vou explicar a esse homem que trabalho no Onlyfans.