Papai

1005 Words
Mel foi o caminho inteiro tentando descobrir a suspresa, Heitor se negou. Disse que apenas contaria quando chegasse ao restaurante. Não sabia quem estava mais empolgado com tudo aquilo, ele ou a minha filha. — Chegamos! — Heitor disse quando estacionou o carro. Melissa se soltou na mesma hora da cadeirinha. Ficou em pé olhando pela janela agitadíssima. Foi só Heitor abrir a porta do carro, que Melissa pulou fora, ele teve que segurar Mel para não deixar ela escapar. Enquanto eu descia, ouvi uma gargalhada enorme da minha filha nos braços de Heitor. Sentamos em uma mesa perto da área Kids — Então, o que vamos comer hoje? — Heitor perguntou mostrando o cardápio para mim. — Pode escolher. Alguém tão viajado e conhecedor de gastronomia, não deve escolher errado — Brinquei devolvendo o cardápio para ele. — Olha quem fala, eu estava andando o mundo trabalhando, a senhorita não era a patricinha que vivia de luxo? — Heitor não deixava passar nada — Mas eu vou escolher mesmo hoje, já que é um dia especial para mim e Mel. Hoje é nosso dia. — Porque hoje é nosso dia, papai? — Mel perguntou curiosa. Parecia que podia explodir a qualquer momento de empolgação. — Posso falar já? — Heitor me olhava com os olhos de cachorro que caiu da mudança. — Está por você. Eu estou aqui só para assistir. — Respondi olhando para Mel, que pulava na cadeira agitadíssima. Se demorar mais para falar, era capaz dela colocar o restaurante abaixo com toda essa energia acumulada. — Papai, fala! Qual é a surpresa? — Mel pulou da cadeira dela, correu em direção dos braços de Heitor. Ele sentou a menina no seu colo. Não sei qual dos dois estava com um sorriso maior. Queria filmar aquela cena. — Não sei nem como começar a falar sobre isso. O meu coração acredito que vai sair pela boca. Mel, lembra o que você pediu no seu aniversário? — Heitor perguntou a menina. No aniversário dela, ela soprou a vela, mas não quis dizer a ninguém qual tinha sido o pedido. Ela contou ao Heitor? — Você me ligou para contar, não é? Lembra? — Sim! Papai não estava no meu aniversário. Quando me ligou te contei o meu desejo. — Mel me olhou confusa, como se estivesse com vergonha de não ter me contado. — Você desejou que eu nunca mais faltasse nenhum aniversário seu, não foi? — Heitor tinha lágrimas nos olhos. Aquilo me pegou de surpresa. Eu sabia que Mel havia sentido falta de Heitor no seu aniversário, mas não imaginei que ela havia sentido tanto a sua ausência. — Sim. — Mel estava de cabeça baixa. Ela sentia tanto assim a falta de Heitor na vida dela? Como não percebi isso antes? — Pronto. Eu pensei muito desde aquele dia. Conversei bastante com a sua mãe também sobre o assunto. E ontem, depois de uma conversa enorme, eu consegui aprovação da sua mãe. Sabe para quê? — Heitor dizia tudo bem devagar, Mel parecia não está entendendo absolutamente nada que ele estava falando. — Não. — Mel me olhou como se estivesse pedindo explicação do que estava acontecendo. — Eu pedi a sua mãe autorização para ser seu pai oficialmente, não apenas de coração, mas para que o mundo todo saiba que eu, Heitor, sou o pai de Melissa. Eu quero ser o seu pai hoje e sempre, Mel. Você deixa? — Heitor perguntou para Mel, que arregalou os olhos para ele. — Você vai virar o meu papai de verdade? — Mel tinha os olhos cheios de lágrimas. — Sim, vou ser seu papai de verdade. Também vou voltar a morar no Brasil. Vou cuidar sempre de você. Não faltarei mais os seus aniversários ou festinhas da escola. Vou ficar tão perto de você, que vai enjoar da minha cara. — Heitor explicou, Mel abraçou ele ainda mais forte. — Para sempre? — Mel estava chorando com o coração apertado. — Sim. Para sempre. Eu nunca mais vou deixar você. Minha pequena e amada filha. Mel, você é o que tem de mais importante na minha vida toda. Quero que nunca esqueça disso. Você é tudo para mim. Eu amo muito você, minha pequena. — Heitor tinha lágrimas nos seus olhos. Aquele homem com toda certeza amava minha filha de verdade. Depois de ouvir aquela conversa, eu não tinha mais dúvida sobre aquela decisão. — Eu amo você, papai. — Mel gritou abraçada com Heitor. Seus olhos brilhavam. Ela tinha conseguido algo que sonhou por muito tempo. — Que tal uma foto para recordar desse momento? Não é sempre que aceitamos um novo m****o na família, né? — Eu queria registrar que a minha filha finalmente tinha um pai, não fui eu que escolhi, talvez a minha Mel seja melhor para julgar as pessoas do que eu. Prefiro pensar assim. Ficamos um do lado do outro, para tirar a foto. Fiquei um tempo admirando a imagem, não era a primeira vez que tirávamos fotos juntos, mas de alguma forma, senti ela de uma forma diferente. Era como se fosse a primeira foto em família. Eu queria emoldurar. Guardar para sempre. — A foto ficou maravilhosa. Te mandei a foto no aplicativo de mensagem, Heitor. Vou no banheiro. Pode pedir o nosso almoço? Volto já. Não saia de perto do seu pai, Mel. Tá? — Falei antes de ir em direção ao banheiro. Ainda estava encantada com a foto, enquanto caminhava para o banheiro. Não pude deixar de sorrir. A felicidade da minha filha naquela foto era de outro mundo. Estava tão entretida que acabei esbarrando em um senhor de terno. — Me desculpa. — Pedi desculpas de forma automática por ter esbarrado nele, mas minha atenção se voltou para o meu celular caiu do outro lado com o impacto. — Quando a gente se esbarrar com uma mulher como você, a gente agradece. Não é sempre que temos essa sorte. — O homem disse com um olhar que me incomodou.
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