Uma adolescente cuidando do seu bebe

1084 Words
Logo que os pedidos do mercado e farmácia chegaram, tratei de fazer uma boa mamadeira quentinha para Melissa se acalmar. Ela era um bebê doce e calmo, que ficar com fome. Deixar aquela pequena com fome era como desejar sofrer e minha filha não era do tipo que tinha piedade quando estava querendo comer. No entanto, antes mesmo de terminar a mamadeira, voltou a dormir como um anjo calmo como sempre. Coloquei ela no sofá, com as malas ao lado, para imitar um berço e a deixei ali dormindo. Era o que tinha para hoje. Mesmo que eu quisesse, não caberia um berço naquele lugar e nem teria dinheiro para isso. Por enquanto, vamos nos contentar com um lugar seguro para ela dormir. E quanto Melissa dormia, decidi limpar aquela casa que estava terrível. O cheiro de mofo parecia tomar conta do lugar. Nunca tinha visto um lugar tão sujo e fedorento como aquele. Também era a minha primeira vez limpando alguma coisa nessa vida. Não funcionou muito bom, tenho que admitir. Ao menos, o banheiro não estava com cheiro de podre como antes e eu descobri a função de uma vassoura, ao esquecer de comprar ela. — Isso deveria ser aprendido na escola. Onde diabos vou usar trigonometria na minha vida? Mas com certeza pode ser útil aprender a limpar uma casa e cuidar de um bebê. Pensando, bem, nada que eu aprendi na escola deve ser útil agora. Tanto tempo perdido para nada. A escola está focando em aprendizados menos úteis e deixando de lado o que é importante. — Pensei alto olhando para aquele quarto sujo que eu não tinha conseguido mesmo limpar. Não é que eu não gostasse de estudar, tinha grandes sonhos que envolviam uma boa graduação, mas naquela situação, como poderia ser útil o que aprendi na escola ou meus sonhos? — Bom... Ao menos temos o YouTube para nos ajudar. E agora, como se faz café? Será que é só colocar água no **? Os próximos dias não foram dos melhores, foi uma adaptação bem difícil que eu tive que viver. Ainda pior do que o hospital, lá eu tinha diversas enfermeiras para me ajudar quando as coisas apertavam. Não havia me dado conta de como isso era de grande ajuda todas aquelas pessoas na minha diária. Melissa dormia pouco. Na maior parte das vezes, eu não fazia a mínima ideia da razão dela estar chorando. Como diferenciar os choros? As enfermeiras faziam isso. Para mim era tudo igual. Então, sempre que ouvia ela chorando, tentava dar comida, trocar a fralda ou brincar. Às vezes, não funcionava, ela chorava até cansar e adormecer. Aconteceu várias vezes, algumas eu até acompanhei ela, chorando junto de desespero e cansaço. No pouco tempo que ela dormia, eu organizava a venda das minhas coisas e tentava limpar aquela casa, mas era basicamente uma missão impossível. Mesmo assim, por mais difícil que tivesse tudo, eu achei que tudo estava correndo perfeitamente bem, ao menos, na medida do possível, mas como eu disse, adolescente sofre por sua própria ignorância. Já estávamos trinta dias naquele lugar quando Melissa começou com espirros, que logo evoluiram para uma tosse sem fim. Pesquisei na internet de tudo para fazer ela melhorar, mas falhei miseravelmente. Certa noite, acordei assustada, pensando que algo estava pegando fogo no meu sofá-cama, mas eu estava equivocada, era minha filha ardendo em febre dormindo ao meu lado. Não tive outra opção, corri para UPA mais próxima com a menina. No meio do caminho, minha filha teve sua primeira convulsão de muitas que teria por toda sua vida. Minha pequena passou da ambulância direto para o atendimento de urgência, não me deixaram entrar na sala. Fiquei esperando na recepção por algumas horas sem descobrir qualquer informação. Quando estava prestes a quebrar tudo pela falta de comunicação, um médico veio em minha direção. — Você deve ser a mãe da Melissa, certo? Podemos conversar um pouco? Gostaria de entender melhor o que está acontecendo. O quadro dela é complicado. Será que Apequena teve contato com mofo? Tinta? Produtos tóxicos? — O médico questinou sem nem olhar para minha cara. — Não teve contato direto, mas onde estamos morando tem um cheiro muito forte de mofo, não sei de onde vem, mas ela é pequena, fica o tempo inteiro no berço. Acho que nem se eu colocasse fogo no lugar, poderia acabar com aquele cheiro. — Quer dizer, não era um berço, estava mais para um sofá, mas achei melhor omitir essa parte. — Então, o que deve ter acontecido... — O médico me explicou com uma calma imensa. Eu não fazia ideia que o cheiro de mofo que estava no quarto incomodando meu nariz, era apenas a ponta do iceberg e acabaria fazendo m*l a Melissa de alguma forma. Ao ponto de ter que ser levada para UTI, após uma parada cardiorrespiratória. Descobri depois de alguns exames, que Melissa estava com uma infecção respiratória, causada pelo maldito mofo. Sua situação era grave. E um dos medicamentos que ele necessitava tomar, estava em falta na upa. O médico deixou claro que era necessário começar a medicação nas próximas 24 horas ou a vida de Melissa estaria em risco. Eu tentei ligar para meus pais naquele dia novamente, ignorando todo orgulho que ainda me restava, me agarrando a pequena esperança que eles já tinham me perdoado depois de tanto tempo.Me iludi assim, para conseguir ligar, era a vida da minha filha que estava em jogo, o importante era ela ficar bem, mas sequer completou a ligação. Talvez eu estivesse bloqueada no celular deles. Naquele dia, me dei conta que estava sozinha com Melissa no mundo. E ninguém iria me salvar dos meus problemas. E nesse ponto, eu tinha certeza, que nada mais na minha vida seria tão fácil como um dia foi. E eu estava certa. Minha vida entrou no modo hard. — O que eu vou fazer? — Coloquei as mãos na cabeça andando de um lado para outro tentando pensar em uma forma de resolver essa bagunça. Não tinha ninguém para pedir ajuda ou conselhos. Enquanto eu andava de um lado para o outro, um alarme tocou, vindo do quarto que Melissa estava internada. A equipe médica inteira correu para lá. Os meus pés não se moveram. Fiquei parada assistindo toda a movimentação, a entrada e saída do quarto. Vendo a agitação e preocupação no semblante dos médicos. Não pude me mover por mais que eu quisesse. Tinha medo de descobrir o que havia acontecido.
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