A piora veio quando menos imaginei

1353 Words
— Licença, bom dia. O que está acontecendo aqui? Porque tem tanta gente reunida? — Kleber entrou olhando ao redor sem entender nada, as pessoas rapidamente começaram a desaparecer. — Vejo que é fofoca. Vamos deixar isso para lá. Talvez todos aqui tenham esquecido de um fato importante, mas aqui se trata de um hospital. E espero que respeitem. Ninguém está aqui para diversão ou entretenimento de vocês. Vamos. Todo mundo circulando. O show acabou. Em questão de segundos, o círculo que estava ali reunido para assistir o show protagonizado por Heitor e Letícia se desfez tão rápido como surgiu. Não sei de onde saiu tanta gente, mas desapareceram rapidamente. — Senhorita Caroline, poderia me acompanhar até o meu escritório? Para conversar um pouco sobre Marieta e seu estado de saúde. Acho que será mais confortável para conversar sobre a situação todos sentados. — Kleber explicou um pouco agitado. Não sei o que havia incomodado ele, a agitação das pessoas ou a situação de Marieta. — Ah.. Claro. — Concordei sem entender nada. Nunca tinha visto o médico chamar para conversar na sua sala, quando estava na emergência. Normalmente, a consulta é feita no local, mas achei melhor não fazer ainda mais barulho. — Vamos, querida. — Heitor passou o braço pelo meu fazendo careta sem que Kleber percebesse. Segurei a risada. Ele tem coisas tão infantis que nem acredito, mas eu gosta bastante desse lado leve dele. — Me mandem mensagem dizendo o que aconteceu. Não me deixem no escuro, só porque eu não posso sair desse lugar. Não esqueçam. Vou está esperando. — Letícia gritou, acho que ela esqueceu que estamos em um hospital. Kléber olhou rápido, mas logo voltou a caminhar, o seguimos até uma sala, que tinha uma pequena placa com o seu nome. Entramos nela, nos sentando de frente para o birô onde o médico estava sentado nos olhando. — E esse é...— Kleber me olhou confuso com seu desviando para direção de Heitor. — O pai da filha dela. Podemos ir direto ao ponto? Queria saber como está a minha avó. Você disse que víamos aqui para falar sobre isso, certo? — Heitor respondeu cortando o assunto. Tenho sensação que essa história ainda vai acabar gerando problemas. Não pensei que também sairia por aí dizendo que é o pai de Mel. — Entendi. — Kleber disse com tristeza — Vamos falar sobre Marieta. Não houve uma evolução do quadro, não teve uma piora ou melhora para ser sincero. Marieta continua totalmente estável, assim como deixamos. Não há muito o que falar sobre essa situação em si. — Isso significa? Isso é bom ou r**m? Devemos nos preocupar? — Eu questionei sem saber como deveria reagir aquilo. — Que não houveram mudança significativa no seu quadro, não quer dizer que seja algo bom, mas também não é r**m. Marieta está estável, o que é bastante positivo, como havia dito, as 24 horas depois da cirurgia são fundamentais, já que ela estava em risco. No final da tarde, podemos transferir para um hospital com uma estrutura melhor, como a senhorita havia sugerido. E aqui está a lista com os especialistas que me pediu. Ah! Tem algo que nos preocupa, ela ainda não acordou, não sabemos se houveram danos cerebrais ainda. — Kleber explicou me entregando os papéis. — Vamos precisar da sua autorização, caso queira mesmo transferir ela e a senhora pode escolher entre os profissionais, aquele que mais a agrada. — Quando tempo a minha avó vai levar para acordar? Aparentemente, você não sabe absolutamente nada e estamos contando com a sorte. Que tipo de médico fraco você é? — Heitor disse irritado enquanto eu olhava os papéis, já haviam os preços nele. Não era nada barato nem hospitais ou especialistas. — Cada corpo é diferente. Não há como saber quando o corpo dela vai se sentir preparado para despertar. A ciência pode estipular um horário, mas seria usando uma régua, baseando em outra pessoa e não tem como isso ser correto. Não conseguimos a ficha médica da paciente, não sabemos se ela tem alguma outra doença, como estão todos os seus exames e ou o tipo de vida que ela leva. Tudo isso pode mudar o tempo que ela ficará de coma. Não há como supor. Eu estaria sendo desonesto, mentiroso e antiético se fizesse isso. Não posso dar esperanças falsas aos meus pacientes. — Kléber parecia irritado, Heitor estava rindo. Não sei como a hostilidade começou, mas está claro que é recíproca. — Nesse hospital, vão ter máquinas e a fisioterapia necessária para ela. Ainda mais, uma equipe de enfermagem especializada em neurologia. Entendo. Pode organizar o transporte. E sobre o especialista, espero que possa indicar o mais confiável na lista. — Eu sei. Tudo sairia caro. Isso acabaria com o dinheiro que estava guardado, mas eu nunca me perdoaria se não fizesse o meu melhor para cuidar de Marieta. — Farei como diz. Soube que a garota que sofreu o acidente com ela, poderá ser liberada. Terá que fazer uma cirurgia em algumas semanas, mas poderá se recuperar em casa. — Kleber comentou, o que era um alívio. Ao menos Letícia estava completamente bem. — Eu agradeço. Podemos visitar Marieta agora? — Perguntei me levantando da cadeira. — Podem ir, mas lembre de como eu disse que ela estava. Espero que não seja demais para você. — Kleber falou quando eu já estava na porta. — Acho que "demais para mim" não existe no meu dicionário, sempre acabo ultrapassando os limites. Obrigada de qualquer forma. — Agradeci antes de sair, Heitor me seguiu sem falar nada. — Isso será caríssimo, não é? O que vai fazer? Retirar do valor que está juntando para cirurgia de Mel? — Heitor perguntou parecendo preocupado. — Não acho que seja uma boa alternativa, vamos apenas cobrir algo e descobrir outro. Tem que ter outro jeito. Enquando Heitor falava, chegamos na UTI que Marieta estava. Parecia uma cena de filme de terror. Seu rosto estava irreconhecível, de tão inchado que estava. Haviam ferros em sua cabeça, com parafusos e pesos. Mantendo ela imobilizada. Haviam tantas máquinas e fios aos seu redor. Ela estava quase completamente enfaixada. Não parecia que era a senhora tão forte que estendeu a mão e não me deixou cair quando não tinha mais nada na minha vida. — Tudo bem. Marieta é importante para mim. Eu não seria nada que sou hoje sem ela. Vamos nos preocupar com o problema que temos agora, depois verei o que farei sobre a cirurgia da Mel. Ainda tem tempo para iniciar. Não vamos nos preocupar com o dinheiro agora, mas fazer tudo que podemos que ela possa melhorar. — Era uma decisão difícil, mas não podia tomar uma decisão diferente. Se tratava da vida dela que estava em jogo. — Vou te ajudar a recuperar esse dinheiro. Eu prometo. E obrigando por cuidar da minha avó. Letícia talvez esteja certa, sou egoísta, deveria parar de viajar e trabalhar mais perto da família, cuidar delas. — Heitor explicou parecendo triste, sempre fingia não sentir as besteiras que Letícia jogava nele, mas sempre absorvia. — Então, vamos organizar essa transferência. Marieta deve está lutando pela vida do lado de dentro, faremos o que pudermos do lado de fora. Então, não se preocupe. E não ligue para o que Letícia falou, ela apenas escolheu você para jogar a culpa que consome ela. — Comentei me virando, mas assim que fiz isso, ouvi um som sinistro dentro do quarto, as equipes médicas estavam correndo para dentro do quarto. Uma das enfermeiras nos puxou para fora enquanto uma equipe enorme entrava no quarto e rodeava a cama que ela estava deitada. Eu e Heitor ficamos na porta, olhando por uma pequena janela de vidro tudo que estava acontecendo. — Vovó! Lembre da sua promessa, você só pode morrer quando a gente casar. Está me ouvindo? Você tem que ficar viva para isso.— Heitor gritou para dentro do quarto enquando batia na porta desesperado por não ser capaz de fazer nada, além de assistir. Eu me sentia da mesma forma. Uma completa inútil.
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