Borboleta

1033 Words
Luna dormia quando foi acordada pelo toque insistente do telefone. Atendeu sem nem mesmo olhar no visor. _Pronto. _ Bom dia, pequena borboleta Ela reconheceu a voz do homem que até ontem era uma espécie de namorado, mas agora era seu noivo. _ Bom dia. _ Ainda na Cama? _Sim, treinei até tarde ontem a noite. _ Vou a Curitiba a negócios, você vem comigo. Partimos depois do almoço . _ Não vou, meu irmão não vai permitir. _ É Maior de idade e é minha noiva, sabe disso, não sabe? _ Sei, mas é cedo, e não vou magoar meu irmão para isso. Ele não merece. Um silêncio sepulcro@l foi ouvido do outro lado da linha, Dante não estava acostumado a ser contrariado. _ Está com medo do seu irmão ou de ficar sozinha comigo? _ Não tenho medo do Ricardo, mas respeito. _ E de mim? Tem medo? _ Receio, não nós conhecemos realmente. _ Certo. Volto na segunda feira e começamos os preparativos do casamento. Quer se casar na igreja? _ Não tinha pensado nisso. O que acha? _ Por mim, faríamos algo simples, só nós e os padrinhos, mas minha mãe já está com ideias na cabeça. Mas a palavra final é sua. _ Posso entrar em acordo com ela. Sem problemas. _ Ótimo, vou passar seu telefone para ela. _ Tudo bem. Até logo. _ Até logo. E Luna, tenho um aviso a lhe dar, não subimos ao altar ainda, mas não se esqueça que você é minha, pequena borboleta. Dante desligou e Luna ficou imaginando o motivo de ser chamada de borboleta. E que até o casamento deveria evitar ao máximo ficar sozinha com ele. Depois do café ela recebeu uma ligação da sua futura sogra, para falar sobre o preparativos finais marcaram um almoço em um restaurante da cidade. Quando chegou o horário Ricardo não estava em casa e tinham um acordo de que ela nunca pegaria táxis ou Uber de desconhecidos. Sem escolha ligou para Andréa. _ Não seja por isso, busco você em casa. Na hora marcada Luna saiu pelo portão. O carro que a esperava era dirigido por uma mulher de cabelos vermelhos esvoaçantes, e Luna se pegou pensando que ela não tinha fisionomia de uma sogra. _ Luna, você é linda minha querida A mulher desceu do carro e a abraçou. _ Tem razão do seu irmão a ter sob constante vigilância e de meu filho a ter escolhido como esposa. _ Obrigada. Depois disso o dia foi um turbilhão de acontecimentos. Ficou próxima de Andréa que não permitiu ser chamada de senhora e fizeram diversos planos caríssimos para o casamento. No meio daquele alvoroço seu celular apitou com uma mensagem. Era Dante: Minha mãe não sabe o que é pudor, portanto não siga todos os conselhos dela. Luna ficou vermelha como um pimentão, Dante estava falando da mãe e por muito pouco Andréa não visualizou a mensagem. _ Querida precisamos ver uma chá de lingerie. Luna sentiu todo seu rosto queimar. Todas as suas amigas eram do internato e a maioria eram evangélicas. Criada por um homem que nunca sequer levou uma namorada para casa, Luna não falava dessas coisas. E não tinha pretensão nenhuma de fazer algo tão ousado. _ Não vou fazer. Sinto muito. _ Ah! Não tem problemas, podemos comprar lingeries e coisas e*****a@s juntas. Luna não sabia onde se esconder. Se pudesse abriria um buraco ali mesmo na loja de noivas. Andréa notou seu desconforto. _ Querida você cora como uma vir£m. Luna desviou o olhar. _ Deus, você é mesmo virgem, por isso meu filho está louco com esse casamento. Luna se sentiu como em um parque de exposições, as outras mulheres na loja olharam diretamente para ela. Imediatamente seus olhos se encheram de lágrimas. Quando um rapaz que era acompanhante a olhou como uma carne suculenta o ambiente ficou pequeno demais e ela simplesmente saiu da loja sem olhar para trás e sem escutar os chamados da sogra. Nunca tinha sentindo vergonha de ser virgem, mas nesse exato momento parecia que era uma alienígena. Correu para fora daquele lugar e pegou o primeiro táxi que viu, se esquecendo do acordo de não usar carros de aluguéis. Respirou aliviada quando parou em casa, e deu graças a deus pelo carro de Ricardo não estar na garagem ou estaria em apuros e ainda precisaria dar explicações de suas lágrimas. Correu para o quarto e se trancou lá. Depois de minutos o telefone começou a tocar, ela estava disposta a não atender, mas a pessoa do outro lado parecia que não desistiria. Ao olhar no visor Luna se sentiu tentada a jogar o celular pela janela. Não estava pronta para enfrenta-lo, mas senão atendesse provavelmente Dante apareceria na sua casa. _ Alô. _ O que ela fez? _ Quem? _ Não se faça de desentendida, por que saiu correndo do shopping? _ Não me senti bem. _ Não tolero mentiras. O tom foi cortante. _ Senão falar ao telefone, vou na sua casa. O que prefere? _ Tudo bem _ Então comece a falar _ Sua mãe praticamente gritou dentro da loja que eu era virg£m. Virei o centro das atenções. Sei que é ridículo, mas não consegui continuar ali. _ Vou falar com ela, não vai se repetir. _ Não! Não quero que brigue com sua mãe por minha causa, por favor. _ Não será a primeira vez. E em todo caso, ela só me gerou, nunca soube ser uma mãe. Quem era o rapaz que te seguiu? _ O que? _ Coloquei um segurança para cuidar de você. Quando correu para fora um rapaz seguiu você. O segurança não o parou porque preferiu vigiar o táxi. Quem era ele? _ Não faço a mínima ideia. _ Tem certeza? _ Tenho _ Certo, preciso ir, se Andréa ligar, ignore. Resolvemos tudo quando eu voltar. Luna não sabia o que pensar. Dante parecia mais Cortez quando saiam para jantar, mas agora algumas vezes a voz dele lhe causava cal@frios. Não podia voltar atrás com o sim que havia dado para o noivo e o irmão, mas começava a repensar se aquele casamento de fato era uma boa ideia.
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