Capítulo 3

1880 Words
Emily Olho para a porta da sala de audiência vendo os seguranças entrarem com Babalú algemado. Marcos: Você o conhece? Emily: Demais, não sei como ele teve a audácia de depor contra mim, ele trabalhava para o meu marido. O olho com receio e ele também me encarou, estava um pouco diferente mas dava para reconhecer muito bem. Estou explodindo de raiva, quem era para estar a favor está sendo contra, tá todo mundo dando as costas para mim. Juiz: Ruan do Nascimento, mais conhecido em Paraisópolis e região como "Babalú", de onde conhece a ré Emily Santory Albuquerque de Carvalho? Babalú: Lá da quebrada - Fala de cabeça baixa. Juiz: Qual o seu primeiro contato com ela? Se recorda? Babalú: Ela começou a se envolver com o meu ex-chefe e ele fez uma viagem para o Rio, me mandou ficar de plantão de frente do condomínio dela, foi lá que eu conheci. Juiz: Você sabe o porquê dessa ordem tão... Exótica? Babalú: O ex dela tava no pé, encheu a mina de porrada e sempre ia no AP dela fazer ameaça, Farinha me mandou lá para não deixar ele entrar. Juiz: Esse ex a qual se refere, seria o empresário Breno Cornélio Guimarães? Babalú: É ele mesmo. Osvaldo: Como ousa abrir a boca para falar que o meu filho batia em mulheres? Ele nunca precisou disso! - Diz se levantando novamente. Já está me dando ânsia esse velho se levantando todas as vezes. Juiz: Senhor Osvaldo mantenha a calma, precisamos dar continuação a audiência, por favor tragam um copo de água para ele. Babalú: É só a verdade, ele não gostava de mulher por isso batia, mó cara de viado, cê é louco - Fala e um dos policiais aperta seu braço com força. Osvaldo: Como ousa seu marginalzinho de merda - Fala com a voz e o corpo meio mole. Sr. Osvaldo começa a passar mão na audiência, sua face está branca igual papel, ele já não consegue ficar firme em pé, está prestes a ter um piripaque. Osvaldo: Me ajudem, socorro! Minhas pernas estão bambas, eu vou desmaiar - Cai no chão e começa a gemer. Arregalo meus olhos com a cena, não sei se isso é verdade ou ele está danso shoe porque o filho está sendo desmascarado. Logo Melissa e os seguranças foram socorrer ele que estava igual um sapo inchado no chão. Quero muito rir disso, mas estou me segurando. Segurança: Chamem a equipe de saúde, urgente! O Juiz olha tudo com preocupação e suspira fundo. Juiz: Intervalo de quinze minutos - Diz alto e bate o martelo. Saí dali sendo escoltada por alguns agentes até uma outra sala, e meu advogado veio atrás. Emily: Bem que esse velho poderia morrer de vez - Bufo me sentando em uma cadeira quando os agentes saem de perto da gente. Marcos: Depois do que Babalú faloun com certeza ele vai ser cobrado na penitenciária, vai pegar um castigo de no mínimo um mês. Emily: Mas ele vai continuar o depoimento, né? Marcos: Com certeza, esse intervalo só foi feito por causa do Sr. Osvaldo, o velho passou m*l e o juiz sem saber o que fazer, pediu um tempo. Tá sendo horrível essa experiência, tá todo mundo recebendo propina aqui, eu trabalho para aplicar a justiça, e aqui não está sendo feito o justo. Emily: Se ele e aquele advogado do d***o não estiverem na segunda sessão, então vai ser melhor ainda. Marcos: O advogado tem que estar, e de qualquer forma você tem que estar preparada para o pior, o juiz que era para estar aqui hoje, não veio. Então isso tudo já é uma armação, eles vão te ferrar, mas com o tempo a gente pode reverter essa situação. Emily: Que tempo? - Pergunto com a voz fraca - Não tenho notícia do meu marido e nem da minha filha, ela é uma neném de dois anos, precisa ser cuidada, ela tem mãe, eu sou a mãe dela - Deixei algumas lágrimas caírem - Como que eu vou esperar pelo tempo sem saber o estado da minha filha, e sem saber se meu marido tá vivo ou morto? Marcos: Fica calma, quando acabar essa audiência eu vou atrás de informações para você. Emily: O pior é que ninguém sabe o que vai acontecer quando tudo isso acabar, tá todo mundo seguindo as ordens daquele velho maluco e nojento, vai tá todo mundo movendo céu e Terra para me f***r. Marcos: Acha que o Babalú está sendo comprado também? Emily: Não sei, acho que sim e penso que não, o que você acha? Marcos: Possa ser que ele tenha sido comprado no começo, mas agora parece que ele está contra o Osvaldo, se ele estivesse sendo comprado ele não teria falado aquilo. Emily: Será se ele pode me ajudar? Marcos: Ele tá cercado por vários agentes, então não posso nem chegar perto dele para tentar propôr alguma coisa. Suspiro fundo e passo a mão no meu cabelo que está limpo, amo cabelo limpo. Emily: E agora? O que a gente faz? Oscar: A gente espera os dez minutos restantes, seja o que Deus quiser. *** Juiz: Estamos dando continuidade a segunda sessão da audiência de hoje. Infelizmente, por conta do imprevisto que ocorreu agora a pouco, nós iremos prosseguir com mais rapidez. O Sr. Osvaldo já está um pouco melhor. Marcos: Lembra do que eu te disse? Fale só o necessário - Assinto. Juiz: Ruan do Nascimento, "Babalú", como melhor dizendo, pode dar continuidade ao seu testemunho. Você viu o empresário Breno Cornélio Guimarães tendo sua vida ceifada? Babalú: Não senhor, quando brotei na laje ele já estava morto. Juiz: Quando você chegou na laje quem estava lá? Babalú: Tinha ninguém não, só eu e o mano que foi pegar ele para levar para o matagal. Juiz: Então você não chegou a ver a ré Emily Santory Albuquerque de Carvalho na cena do crime? Babalú: Não senhor. Juiz: Por que chegou a conclusão de que ela o matou? Babalú: Porque o Bagunça chegou na boca me falando que a patroa apagou o playboy, na mesma hora a gente brotou na laje para tirar ele de lá. Juiz: Depois o que fizeram com ele? Babalú: O que o chefe pediu, a ordem vem de cima. Juiz: Seja mais claro. Babalú: A gente esquartejou ele, em picadinho. Depois tacomos fogo para não jogar no mar, é uma ofensa para os peixes, cê tá ligado. Melissa: Como alguém é capaz de fazer uma crueldade dessa e achar a coisa mais natural do mundo - Fala chorando - VOCÊ É UM MONSTRO, VOCÊ E TODA A GENTALHA DAQUELA FAVELA MISERÁVEL. Juiz: Seguranças, por favor, tirem ela daqui. Melissa sai rosnando e sendo arrastada pelos seguranças. Juiz: Silêncio absoluto, não tolero gritarias nas minhas audiências. Aurélio: Sr. Meritíssimo, Breno estava usando um microfone escondido no dia de sua lamentável morte, antes de quebrarem a escuta deu para ouvir uma risada de fundo, não sei ao certo se era feminina ou masculina, a ré poderia responder essa pergunta? Marcos: Se você não quiser responder não tem problema. Emily: A risada não foi minha, e sim de um homem! Eu não dei risada por ter matado o Breno, já falei que foi tudo na hora da raiva. Juiz: Identifique esse homem. Emily: Bagunça, ele que riu e depois chamou o Babalú para ajudar. Juiz: Um minuto, vou conferir isso agora mesmo - Fala colocando um óculos e abre um caderno enorme. Marcos: Não foi certo colocar o nome de mais gente aqui - Diz baixo. Emily: Vai que isso me ajude em algo, pelo menos estou colaborando. Marcos suspira e eu espero a resposta do juiz. Juiz: "Uma risada masculina ecoou no fundo, junto da seguinte frase: Vixi, esse já tá conhecendo o capeta. Mira muito boa essa tua. E em seguida o microfone foi quebrado." - Fala lendo no caderno - Você se recorda dessa cena, Emily? Emily: Apesar de eu estar bem assustada, eu me lembro. Juiz: Conclusão: A ré afirmou que matou Breno Cornélio Guimarães a tiros, explicou sua versão e alega dizendo que não teve a intenção de matar. Alguém tem alguma outra pergunta? Ninguém pergunta mais nada. Observo o juiz tomando um copo de água e se preparando para se pronunciar. Juiz: Eu declaro a ré condenada a dez anos de prisão sem direito a regime semi aberto. Amanhã cedo será encaminhada para a penitenciária da qual não iremos identificar, por motivos de segurança. A audiência está concluída com sucesso - Diz se levantando. Soluço em meio ao meu choro e balanço minha cabeça negativamente, olho para o lado e vejo o Sr. Osvaldo me lançando um sorriso, desvio meu rosto. Emily: Faz o que eu te pedi, por favor. É a única coisa que você pode fazer por mim - Falo quando sinto os policiais puxando bruscamente o meu braço e me algemando. Marcos: Eu irei, não se preocupa. Abaixo minha cabeça quando vejo o tanto de repórter e suspiro quando fui jogada no porta malas da viatura. Provavelmente estão me levando para mesmo lugar de antes. Choro baixo pensando na merda que eu fiz naquele maldito dia. Vou rezar bastante para o Marcos me trazer boas notícias, é a única coisa que eu preciso no momento. *** 18:00 Carcereiro: Levanta do chão, teu advogado está te esperando. Enxugo minhas lágrimas e saio da cela minúscula e fria. Ele me algema e me leva até uma sala, me deixa a sós com o Marcos e fica me esperando do outro lado da porta. Emily: Pelo amor de Deus, me diz que cê tem notícias boas, eu não aguento mais só coisas ruins - Fungo. Marcos: Eu tenho uma boa e uma r**m, qual você quer ouvir primeiro? Emily: Me diz logo a r**m. Marcos: Não consegui notícias do Farinha, fui até o hospital que está internado mas está rodeado de polícia, eu não consegui entrar e ninguém me deu uma resposta concreta. Emily: Meu Deus! Você acha que ele segue vivo ou... ? Marcos: Se ele estivesse morto não estaria no hospital ainda. Emily: Sim, realmente. Mas essa gente gosta muito de armar, sabe? Por isso na realidade não sabemos o que pode tá acontecendo. Marcos: Sim, você está certa. Emily: Você chegou a falar com o Terror sobre o Farinha? Talvez ele saiba de algo. Marcos: Não pensei nisso, quando eu saí do fórum eu fui atrás de outros meios para obter informações. Emily: Mas quando você sair daqui você pode falar com ele e depois me falar? Marcos: Poder eu posso, mas essa é a tua última visita aqui, depois que você for para a penitenciária você só poderá receber visitas depois de quinze dias, então só apartir daí eu posso ir lá te dar satisfações. Emily: É melhor do que nada... E minha filha? Como ela tá? Ela tá bem? - Pergunto aflita. Marcos: Rodei atrás de informação dela, é graças a Deus ela está bem, e está com a tia. Emily: Com a tia? Marcos: Sim, o nome é Milena, você a conhece? Emily: Sim, sim! - Repito - Conheço sim - Sorrio meio boba e meus olhos se enchem de lágrimas. *** Publicado dia 3 de Setembro de 2021, ás 11:53.
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