Redenção

1139 Words
Stefany hesita por um momento antes de abrir a porta do escritório de seu pai. Ela entra e se depara com um ambiente diferente de tudo o que já tinha visto antes. O escritório é espaçoso, com uma grande mesa de madeira escura ocupando o centro do cômodo. Livros alinhados em estantes ocupam uma parede inteira, e um mapa do mundo está pendurado na parede oposta. Carlos, seu pai, está sentado atrás da mesa, com os olhos fixos nela. Seu olhar carrega uma mistura de arrependimento e tristeza, algo incomum para ele, que costumava ignorar ou fingir ignorar as dificuldades de Stefany. Ele parece prestes a dizer algo, mas demora um instante antes de finalmente quebrar o silêncio. "Stefany... a vida tem sido assim para você? Sendo maltratada?", pergunta ele, sua voz carregada de preocupação. Stefany observa o rosto de seu pai por um momento, surpresa com a mudança em sua atitude. Há uma parte dela que deseja contar a ele sobre tudo o que tem suportado, mas outra parte teme as consequências disso. Ela decide escolher suas palavras com cautela. "Sim, pai... tem sido difícil", responde ela, mantendo-se firme. "Mas eu sempre achei que era assim que as coisas deveriam ser. Eu pensava que merecia isso." Carlos suspira profundamente, parecendo pesaroso. Ele levanta-se da cadeira e caminha em direção a Stefany, parando em sua frente. Ele parece encontrar dificuldade em olhar diretamente nos olhos dela, mas tenta transmitir sua sinceridade em suas palavras. "Stefany, eu sinto muito. Sinto muito por não ter protegido você, por não ter estado presente quando precisava. Eu falhei como pai, e isso nunca deveria ter acontecido", diz ele, sua voz carregada de remorso. As palavras de Carlos surpreendem Stefany. Ela não esperava essa demonstração de arrependimento vindo dele. Uma mistura de emoções passa por seu coração, incluindo raiva, tristeza e um raio de esperança. Ela olha para ele, incapaz de conter a pergunta que está em sua mente. "Por que, pai? Por que você nunca fez nada para me proteger?", pergunta ela, sua voz repleta de dor. Carlos olha para Stefany, seus olhos cheios de tristeza e remorso, enquanto as palavras escapam de seus lábios com sinceridade. "Stefany, você é exatamente como sua mãe", começa ele, sua voz carregada de emoção. "Vocês são tão parecidas, tanto em aparência quanto em personalidade. E, por muito tempo, olhar para você tornou-se extremamente doloroso para mim." Stefany fica surpresa com a revelação. Ela sempre soube que sua mãe faleceu quando ela era muito jovem, mas nunca teve a oportunidade de conhecê-la. Agora, ouvir seu pai falar sobre essa semelhança a deixa intrigada. Carlos continua, lutando para encontrar as palavras certas. "Após a perda de sua mãe, minha dor foi insuportável. Ver você crescer, tão parecida com ela, trouxe de volta todas as lembranças que eu tentei tão desesperadamente esquecer. Eu me afastei, ignorando tudo em relação a você, porque era doloroso demais." Stefany sente uma mistura de tristeza e compaixão pelo seu pai. Ela nunca tinha imaginado o quanto sua mera existência poderia causar tanta dor. Mas ela também se sente aliviada por finalmente entender parte da história que sempre esteve oculta. "Na noite passada, eu sonhei com sua mãe", continua Carlos, sua voz trêmula. "Ela estava tão decepcionada com a forma como eu tenho criado você. Ela me mostrou que não é tarde demais para mudar, para ser um pai melhor para você." Stefany ouve atentamente, suas emoções oscilando entre o ressentimento e a esperança. Ela nunca esperava que seu pai fosse admitir seus erros e expressar o desejo de ser diferente. Lentamente, ela começa a enxergar uma nova perspectiva, uma chance de reconstruir sua relação com ele. "Eu não posso mudar o passado, Stefany. Mas posso prometer que, a partir de agora, estarei presente em sua vida. Quero ser o pai que você merece, aquele que a protege, apoia e ama incondicionalmente", diz Carlos, sua voz carregada de determinação. Stefany olha para o rosto do pai, vendo a sinceridade em seus olhos. Ela sente um turbilhão de emoções, mas uma pequena centelha de esperança começa a se acender dentro dela. Ela dá um passo à frente e envolve Carlos em um abraço. "Pai, eu quero acreditar em você. Quero acreditar que podemos construir um futuro melhor juntos", diz ela, sua voz suave e cheia de emoção. Carlos abraça Stefany com força, sentindo a intensidade do momento. Nesse instante, pai e filha percebem que têm uma chance de curar as feridas do passado e construir um relacionamento mais profundo e significativo. “Pai… eu realmente matei minha mãe?”. Carlos estremece ao ouvir a pergunta de Stefany, mas ele a mantém firme em seus braços, transmitindo-lhe um sentido de proteção. "Stefany, minha querida, você era apenas uma criança quando sua mãe... partiu", diz Carlos, sua voz trêmula. "Eu sei que é difícil de entender, mas você não poderia ter matado uma loba tão poderosa como ela. Além disso, nunca encontramos o corpo dela, o que significa que talvez ela tenha precisado voltar para algum lugar muito distante de nós." Stefany sente um misto de alívio e confusão. A ideia de ter causado a morte de sua própria mãe era algo insuportável para ela, e agora a possibilidade de sua mãe estar viva em algum lugar distante lhe traz uma mistura de esperança e tristeza. "Mas por que nunca me contou isso antes, pai? Por que escondeu essa informação de mim?", pergunta Stefany, buscando respostas. Carlos solta um suspiro pesado antes de responder, ainda segurando Stefany em seus braços. "Eu queria protegê-la, Stefany. Eu achei que era melhor mantê-la no escuro sobre esse assunto doloroso. Eu estava errado em não compartilhar essa informação com você, e por isso, peço desculpas", admite ele, sua voz cheia de remorso. Stefany olha para o rosto do pai, vendo a sinceridade em seus olhos. Ela compreende que Carlos tomou essa decisão com a intenção de poupá-la de mais sofrimento, mesmo que isso tenha causado mais confusão e dor ao longo dos anos. "Eu entendo, pai", diz ela suavemente, acariciando o rosto de Carlos. "Não deve ter sido fácil para você carregar esse fardo sozinho. Eu perdoo você." Carlos fecha os olhos por um momento, sentindo o peso da culpa diminuir ligeiramente com as palavras de perdão de sua filha. Ele se sente grato por ter a oportunidade de se redimir e reconstruir o relacionamento com Stefany. "Obrigado, minha querida", murmura Carlos. "A partir de agora, prometo que seremos mais honestos um com o outro. Estaremos juntos nessa jornada de descobertas e buscando respostas sobre sua mãe." Stefany sorri, sentindo uma nova chama de esperança acender dentro dela. Ela sabe que há muito a ser explorado em relação ao desaparecimento de sua mãe, mas agora ela não está mais sozinha. Ela tem o apoio de seu pai ao seu lado.
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