Dois anos antes...
"Senhor, tem certeza de que vai dispensar os soldados?" — Tom que é meu chefe de segurança pergunta receoso.
"Sim Thom, meu marido tem certeza" — Carolina entra no escritório e senta-se em meu colo.
"Fique tranquilo, não temos nenhuma ameaça" — Tranquilizei-o.
"Senhor, mas isso é muito arriscado, ir apenas com dois soldados pode colocar a vida de vocês em risco."
Eu consigo entender a preocupação dele, mas hoje é nosso aniversário de casamento e Carolina fez questão de me pedir algo mais reservado.
"Nossa Hugo como esse soldado é intrometido"
Ela nunca se deu muito bem com os nossos empregados, Thom é um grande amigo meu e eu gostaria muito que ela entendesse isso, mas hoje não é dia para briga.
"Entendo seu ponto de vista e concordo Thom" — Carolina me olha com raiva. "Mas como hoje é uma data especial, irei atender esse pedido da minha esposa e peço que não toque mais nesse assunto" — Ele confirma e se retira.
"Você dá muita confiança para esse empregado. Tem que começar a colocar ele no lugar dele"
"Thom é muito mais que um empregado meu e você sabe disso, ele é um grande amigo e meu único homem de confiança"
"Você é o Capo, tem várias pessoas de confiança"
"Nesse mundo não confiamos em ninguém"
"Em mim você confia?" — Ela beija minha boca.
"Confio meu amor"
Me casei com Carolina por um casamento arranjado entre nossas famílias. Estamos juntos há três anos e temos um filho de apenas dois meses, nosso pequeno Henry, o herdeiro do meu trono. Apesar de ser um casamento arranjado, nós nos amamos muito. Ela é uma mulher perfeita, uma perfeita dama. Sabe se portar diante da sociedade, dentro e fora da máfia e a cada dia me encanto mais por ela.
Minha mãe costuma dizer que essa paixão é perigosa, porque ela pode cegar um homem, mas eu confio na minha esposa, ela nunca me deu motivos para desconfiar.
A única coisa que me incomoda muito é sobre nosso filho, ela não faz questão dele e não faz questão de disfarçar, Henry fica mais na casa da minha mãe, ela decidiu não amamenta-lo, brigamos e eu quis obrigá-la a isso, mas como ela fazia com descaso e má vontade, decidi não insistir mais.
Carolina sempre diz que não estava preparada para ser mãe e que apenas engravidou para me dar um herdeiro, o que não entendo, pois não a pressionei para isso. Eu ia esperar até que ela estivesse pronta para me dar um filho.
Entendo que ela é nova, está com seus vinte e pouquinhos ainda, eu já estou na casa dos trinta, entendo que nossa diferença de idade e ia respeitar o momento dela, mas ela quis engravidar antes.
Se eu gostei? Claro. Ainda mais por ser um menino. Ele vai herdar o trono da minha empresa e da máfia, ao contrário da Carol que já demonstrou aversão ao nosso filho desde quando estava na barriga. Vivia falando como estava gorda e feia, o que não é verdade, ela sempre foi e é uma mulher muito linda. Vou dar mais um tempo para ela se acostumar com tudo isso, essa nova rotina, mas preciso que ela mude a maneira como trata nosso filho, não quero que ele cresça tendo uma mãe que não o suporta.
"Amor, vamos?" — Me chama e eu desperto dos meus pensamentos.
"Claro" — Ajeito meu terno.
"Senhor, tome cuidado, qualquer coisa me liga" — Thom me alerta assim que passo por ele.
"Fique tranquilo, aqui não corremos riscos"
Fora de Nápoles eu me torno apenas um CEO, claro, que eu tenho que ficar de olho, temos inimigos por todas as partes, mas consigo viver mais tranquilo quando estou fora do comando da máfia. Enquanto fico fora, meu primo que é meu Consiglieri assume minha cadeira, confio nele e antes de tomar qualquer decisão, ele sempre me consulta.
Chegamos ao restaurante e tivemos uma noite agradável. Já estou acostumado com as conversas fúteis da minha esposa. Ela só sabe falar o quanto gastou durante o dia em lojas online. Carol é uma mulher luxuosa e muito ambiciosa. Sei reconhecer os defeitos dela também, apesar de amá-la, não me cego para suas atitudes e defeitos.
"Amor, vamos embora?"
"Já? Chegamos agora" — Apenas bebemos uma taça de vinho.
"Não estou me sentindo bem, acho que foi o vinho, estou sentindo uma dor de cabeça terrível"
"Tudo bem" — Peço a conta e vou para casa com ela.
Durante o trajeto percebi que tem dois carros nos seguindo e ligo para Thom.
"Senhor?"
"Thom, tem dois carros nos seguindo, mande reforços" — m*l consigo terminar a ligação e começa uma troca de tiro. Meus dois soldados que estavam fazendo nossa segurança de moto foram alvejados.
"O que está acontecendo Hugo?" — Carol me olha assustada.
"Esse é o preço que se paga por sair sem soldados" — Dirijo nervoso.
Quando faço a curva tem mais dois carros parados, com vários homens armados do lado de fora. Paro o carro e desço dele.
"O que vocês querem?" — Pergunto para os homens.
Sinto uma pancada na minha cabeça. Alguém me acertou por trás, mas não consigo ver quem e tudo se apaga, mas antes sinto um tiro acertar meu peito e outro minha perna. Nesse momento só consigo pensar na Carolina.
Algumas horas depois…
Acordo assustado, tento me mover na cama e sinto uma dor absurda no peito. Não foi um pesadelo, não foi a droga de um pesadelo, foi real.
"THOM" — Grito por meu chefe de segurança.
"Senhor" — Ele aparece de imediato na porta.
"Cadê Carolina?" — Pela expressão dele eu já sei que não foi coisa boa. "Me diga o que aconteceu?"
"O senhor levou três tiros, um no peito, outro no abdome e um no joelho, chegamos o mais rápido possível, mas a senhorita Carolina já havia sido levada por eles."
"Quem são eles?"
"No momento só sabemos que eles são da máfia Albanesa, mas não consigo entender o interesse que teriam em você"
"Eu sei o interesse" — Droga.
"Qual senhor?"
"Carolina se envolveu na adolescência com Alban, líder da máfia Albanesa, eu mesmo dei um jeito de apagar esse passado dela para que ninguém soubesse desse caso deles dois"
Lembro que Carolina foi apaixonada por esse homem, mas logo depois foi prometida a mim com seus 19 anos, mas como ele nunca deu trabalho anteriormente, não poderia imaginar que fosse acontecer isso agora, até onde eu sei Carolina já havia rompido qualquer laço com ele antes mesmo do nosso noivado.
"Ela pode estar viva" — Comento com Thom. Se Alban é apaixonado por ela provavelmente está com ela.
"Infelizmente não senhor, recebemos esse vídeo"
Thom me mostra um vídeo onde Carolina aparece bem machucada e logo depois é alvejada várias e várias vezes. Não consigo terminar de ver o vídeo. Sinto minha cabeça latejar e meu coração se aperta. Isso tudo é culpa minha, eu acabei cedendo aos caprichos de Carol e sai sem meus soldados, coloquei minha vida e a vida dela em risco. Nunca vou me perdoar por isso.
De uma coisa eu tenho certeza, irei me vingar.
Ele pode se esconder até no inferno, mas irei atrás dele.