Impiedosa?

2333 Words
Depois daquele dia cansativo, a minha secretária cuidou de tudo para eu ser a juíza do caso Charles, confesso que estava ansiosa para o dia do julgamento. - Cheguei! - digo entrando no meu apartamento sorridente. - Mamãe! - Henry vem correndo e me abraça. - Deveria estar dormindo! Já são 22:00! - abraçando-o com força. - Você sabe, eu só durmo quando a senhora chega! - ele diz sorrindo. - Ele se comportou muito bem hoje! - Fernanda (babá) chega com um copo de suco e me entrega. - Obrigada...- pego o suco. - Fernanda, e os deveres escolares?- pergunto. - Ele fez todos, senhora! Inclusive um desenho. - ela corre até o quarto de Henry e me entrega a folha branca. - Olha, que desenho lindo, filho! - sorrio. - Essa de roupa preta é você, esse de roupa azul é o papai, por causa da roupa azul dele no retrato do escritório! - E esse pequeno aqui? É um duende de jardim que cuida do jardim do prédio? - pergunto sorrindo. - Não! - ele dá gargalhadas. - Esse sou eu, mãe. - Meu desenhista profissional! - sorrio. - Obrigada por ter vindo hoje Fernanda! Dispensada, pode ir, até amanhã! - digo entregando o salário dela. - Ok, senhora Ayumi, se cuide meu camarada! Até amanhã! - Fernanda pega as coisas dela e sai fechando a porta grande da cobertura do prédio. - Hoje eu fiquei quase o dia todo na sala do papai! - ele sorri. - Sabe que não gosto de você lá dentro. - respondo caminhando até a cozinha. - Eu quero ser general, mãe! Igual ele foi um dia! - Henry vem atrás entusiasmado. - Ah é? - me abaixo encarando ele. - Pois você vai ser o general mais bonito do quartel! - digo fazendo cócegas nele. - Hahaha para! - ele gargalha se desabando no chão branco da cozinha. - Hum, deixa eu pensar, NÃO!- continuo fazendo cócegas, até que o mesmo abre a boca bocejando. - O anjo do soninho está passando... - sorrio passando o meu dedo indicador na sua testa. - Acho que sim, estou com sono, já vou dormir. Boa noite mamãe! - ele beija minha bochecha. - Boa noite vida! Vou tomar um banho e ir dormir também. - sorrio vendo o mesmo caminhar até seu quarto no final do corredor. Depois de beber o suco, saio da cozinha e vou para o meu quarto, entretanto para ir ao meu quarto eu passo na porta do antigo escritório de Carlos que pôr sinal, Henry havia deixado aberta, resolvo entrar no escritório e vejo uma foto dele na mesa com o distintivo ao lado, seguro o porta-retrato e quando percebo já estava chorando. FLASHBACK Era um belo dia de domingo, Carlos e eu fomos ao parque na qual fizemos um piquenique com um pano xadrez que cobria uma parte do gramado e com uma bela cesta cheia de frutas. - Se eu fosse escolher ter um filho algum dia, com certeza você seria a mãe! - Carlos sorri deitado no pano. - Ah é? - deito ao lado dele e assim nós dois observamos o céu azul com várias nuvens. - Eu ia querer um menino, pois assim colocaria o nome de Henry! - ele diz entusiasmado. - Por quê Henry? - pergunto. - Na infância eu tive um irmão mais novo, ele morreu por uma bala perdida quando tinha 2 anos, seria uma homenagem a ele. - o mesmo vira os seus olhos azuis e os meus castanhos se encontram com o dele. - Henry Parker, não é nada m*l! - digo olhando as nuvens. - Hey! E o meu sobrenome mocinha?! - ele levanta a cabeça sorrindo. - Seu sobrenome é horrível, tipo "Carlos Wayne, sou parente do Batman!"- começo a gargalhar enquanto ele encara o meu rosto com a feição tensa. - Engraçadinha! - baixei minha guarda, nem percebi que ele estava por cima de mim segurando os meus braços. - Que tal tentarmos fabricar o Henry aqui? - ele diz fazendo eu ficar toda vermelha com sua proposta. - Olha pra você, vermelha que nem um tomate! Sinal que eu causo um efeito em você. - ele diz caindo na gargalhada. - i****a! - empurro ele fazendo o mesmo cair em cima da cesta. - Ops! - ele diz enquanto estava em cima da cesta. - Acho que amassei os bolinhos. - Carlos, você é inacreditável, o que vamos comer agora? - puxo ele de cima da cesta. - Picolés? - ele sorri. - Pior encontro de todos! - digo balançando a cabeça. FLASHBACK OFF - Pior encontro de todos, seu idi.ota no final você ganhou, Henry herdou o seu nome, senhor exibido...- suspiro colocando a foto dele no lugar e fechando a porta do escritório. NO DIA SEGUINTE Mais um grande dia surgiu, era o dia do julgamento do fazendeiro Charles, eu estava lá com toga pronta para julgar o pobre homem, a família dele estava no tribunal, então planejo pegar leve com o indivíduo. - Senhora Parker, como sua conselheira e secretária, esse homem não matou ninguém e tem uma família, apenas dê trabalho voluntário para ele... - Amanda! - interrompo ela. - Não me diga como julgar alguém, eu gosto muito de você e tenho um enorme respeito por você, mas no meu tribunal quem manda sou eu! - olho fixamente para ela. - Sim senhora, só espero que compreenda, os filhos e a mulher dele estará assistindo tudo. - Eu sei, não se preocupe, irei julgar ele com piedade. - sorrio sem mostrar os dentes. AMANDA narrando. - Ei Amanda, por quê falou aquelas coisas pra delegada Ayumi? - Doss se aproxima e se senta ao meu lado na plateia do tribunal. - Ela, eu não sei. Digo, talvez ela tenha sofrido muito no passado para ter se transformado no que é hoje, um ser frio e sem escrúpulos. - Amanda, não entendi a sua resposta...- Doss sorri confuso. - A delegada Ayumi nunca dá uma sentença pequena ou tranquila para os detentos, Doss, o último julgamento dela, o homem havia roubado uma bolsa na rua e mirado a arma na vítima, ela chegou fez como sempre faz, convenceu ele a se entregar...- Amanda diz apreensiva. - Isso é bom, não é? Ela ajuda as pessoas a mudarem. - Doss sorri com os seus olhos em mim. - Eu a vi, visitar a cela daquele ladrão quatro vezes por semana até o dia do julgamento dele, viraram amigos basicamente, assim como vi a mesma condenar ele há 45 anos de prisão preventiva, sem nem poder ver os parentes nos feriados. - respiro fundo tocando minha cabeça. - Só por ter roubado apenas uma bolsa, o homem ficou maluco com o sorriso dela no final do julgamento, ele a gritou, chorou e xingou como um psicopata, ela se levantou, sorriu e saiu do tribunal. O sorriso que ela deu, foi como se ela não estivesse ali, foi m*****o, debochado...já faz quatro anos que isso aconteceu, mas ainda sinto arrepios só de lembrar, melhor eu sair daqui. - levanto da poltrona. - Não vai acompanhar o julgamento? - Doss retruca. - Acho melhor não, passar bem sargento. - saio andando. AYUMI narrando. - Boa tarde meritíssima! - o advogado de defesa me cumprimenta. - Boa tarde, como está meu amigo Charles? - pergunto sorrindo. - A sua espera para o julgamento, ele gostaria de agradecer mais tarde pôr anular o contrato de compra da propriedade. - Avise ao Charles que não precisa me agradecer, fiz o que era para ser feito assim como darei a pena dele hoje. - sorrio gentilmente. - Se me permite! - peço licença para me sentar. - Claro, me perdoe, estou atrasando o julgamento do meu cliente! - o advogado corre para o seu lugar. - Eu juíza Parker, foi quem cuidou desse caso e estou aqui para me certificar que esse homem, não faça algo desse tipo outra vez senhores. - me levanto e vejo o sorriso de Charles e de seu advogado se desfazer. - ELE APONTOU A ARMA NA CABEÇA DE UM HOMEM DESARMADO! E VÓS DIGO MAIS! EU ENTREI NA FRENTE DE SUA ESPINGARDA E ELE QUERIA ATIRAR DO MESMO JEITO! Agora me diga advogado, o seu cliente Charles Adams é um completo psicopata, não posso permitir que um homem como esse seja solto, ou que tenha liberdade provisória. - digo fazendo o advogado do Charles ficar calado sem argumentos. - Desgr.açada, vagabu.nda... - Charles gagueja tremendo e chorando. - Você foi na minha casa, conheceu minha família, me prometeu que ajudaria na minha causa, o que estar fazendo? - ele me encara chorando. - Acalme-se Charles, por favor! - o advogado diz nervoso e pensativo. - Doutor, faça alguma coisa, ajude meu marido! - a esposa de Charles se levanta da poltrona. - Estão vendo, além de mirar a arma na cabeça das pessoas, ele ainda demonstra alucinações. - digo e o tribunal permanece em silêncio. - Charles Adams Valez, eu te condeno há 67 anos de prisão, com 3 consultas psiquiátricas por semana, o réu poderá sair aos feriados com vigias ao seu lado usando também uma tornozeleira eletrônica. Encerro esse julgamento, tenham uma boa tarde. - desço da corte e sigo em frente ao Charles. - Principalmente para você campeão, tenha uma boa tarde na prisão. - sorrio largo. - Se eu soubesse que você era tão hipócrita assim, teria atirado na sua cabeça aquele dia...- ele diz chorando. - Guardas, levem esse criminoso daqui! - sorrio vendo o mesmo ir embora. - Doss...- me viro e topo de cara com o sargento. - Ayumi...o que você fez? - ele pergunta frustrado com o que acabou de presenciar. - Julguei alguém, afinal sou formada pra isso. - sorrio. - Julgou alguém? Você condenou uma pessoa que não matou ninguém há 67 anos de prisão! - ele questiona assustado. - Ele mereceu! Não se aponta uma arma na cabeça de ninguém, ao menos que você seja um policial. - suspiro cansada tirando a toga. - Meritíssima, me desculpe pelas minhas palavras, mas você Ayumi Parker é um monstro! - Doss sai do tribunal indignado. - Boa tarde para você também! - grito de longe. HORAS DEPOIS Depois daquele delicioso julgamento, resolvo visitar minha irmã mais velha Tereza. A mesma se casou com um ator de novela, Tomás Stell, ela virou chefe de cozinha, uma das melhores chefes posso dizer, teve 3 filhos, dois meninos e uma menina. Caio, Henrique e Vanessa. - Hello sister! - entro na casa dela abraçando as crianças. - Tia! Cadê o Henry?! - Vanessa pergunta procurando meu filho atrás de mim. - Henry não pode vim hoje, mas amanhã trago ele, princesa! - sorrio e dou um beijo na testa dela. - Olá irmã! - Tereza vem e me abraça. - Estava querendo te ver mesmo, vi seu julgamento na televisão...- ela diz. - Ai, meu Deus, lá vem você novamente, vai me dá lição de moral chef? - pergunto debochando e revirando os olhos. - Crianças a titia e a mamãe vamos ter uma conversa agora, vão para o quarto, ok?! - Tereza sorri gentilmente, nem parece que vai chamar minha atenção pelo julgamento que fiz hoje. - Aff, assuntos de adultos de novo?! - Caio diz e todos o seguem para o quarto. - Que pena absurda foi aquela, como pôde? Você tem noção do que está fazendo com sua carreira? Com a sua vida? - Tereza pergunta. - Minha carreira? - olho surpresa. - O tribunal da corte federal gosta de mim porque faço um bom trabalho como delegada e juíza, então minha carreira está ótima! - sorrio irônica. - E quando as penitenciárias não couberem mais ninguém? Vão tudo para sua casa? - ela pergunta debochando. - Eu sei muito bem cuidar de mim Tereza, vi o papai morrer na minha frente e não enlouqueci! Depois perdi o Carlos e estou aqui plena e invicta! - digo sorrindo. - Não é como se eu julgasse todos de Nova Jersey, eu só julgo quem me desperta interesse no caso, ou seja, raramente julgo alguém, então não exagere irmã! - Olha pra você, Ayumi! Acha que está bem? Acabou de destruir uma família, a mulher de Charles Adams é doente, se acaso ela não sobreviver por muitos anos, quando morrer as crianças vão para onde? - Tereza pergunta séria. - Isso já não é problema meu. - retruco me sentando no sofá. - Irmã, pelo amor de Deus tenha juízo, você já tem mais de 30 anos! - Tereza! Sinceramente, não sei por que venho aqui! Você só sabe brigar e falar m*l do meu trabalho e do que eu faço...- me levanto. - Imagine o Henry, sem você e sem o Carlos, para onde ele iria? - ela diz colocando a mão em meu ombro. - Não, não imagino, por que isso não vai acontecer, eu não vou morrer agora e não vou morrer tão cedo! - digo afastando a mão da mesma. - Queria entender quanta falta eu fiz enquanto morava na Itália estudando gastronomia, pois quando voltei você já estava viúva e usando esse preto pra tudo... - Não acha que tá bem na cara? Eu perdi quase tudo na minha vida, enfim não vou discutir com você, dê um beijo nas crianças por mim...- abro a porta para ir embora. - E se ele não estiver morto? - Tereza pergunta. - Que merda você está dizendo? - digo encarando-a. - Nunca acharam o corpo do Carlos, acharam apenas o relógio dele e os corpos dos outros soldados que foram bombardeados, e se ele estiver vivo por todo esse tempo, já pensou nisso? - ela cruza os braços aguardando uma resposta. - Então, não é melhor ele aparecer mais, pois a minha fase difícil eu já passei sozinha, não preciso mais dele! - respondo fechando a porta com força e indo embora.
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