Filha de pais muito rígidos sua vida se resumiu a ser moldada para agradar seu futuro marido. Em seu quarto com a ajuda da mãe ela estava se preparando para seu jantar de noivado, momento onde ela ia conhecer seu noivo, noivo esse a qual ela havia sido prometida desde que tinha doze anos de idade.
Ela colocou o longo vestido de cor bege escolhido por Marisa sua mãe e se olhou no espelho, aquele tipo de roupa não a agradava nenhum um pouco, mas ela preferia não contrariar a mãe.
— está linda querida — disse a mãe de Alina e ela apenas assentiu com a cabeça.
— mãe, a senhora o conhece? ele é bonito?—ela questionou.
—isso não importa querida, o importante é que tenha bons princípios e isso a família dele tem de sobra — disse sua mãe, nisso ela tinha razão, mas a garota não estava nada afim de casar com um velho feioso.
Ela desceu a escada junto a sua mãe e na sala encontrou seu pai conversando com um senhor, uma senhora e um rapaz que não parecia nada interessado na conversa.
—ela chegou, querida esses são seus sogros, Antonela e Bruno e esse é seu noivo Henrique —disse Marcos o pai de Alina, Henrique a olhou e admirou seu rosto, mas reparou também em sua roupa que não exaltava em nada sua beleza, ele estava acostumado com outros tipos de mulheres.
Ao fim do jantar todos conversavam praticamente ignorando o fato de Alina e Henrique estarem ali, mas o que importava? eles não estavam nada interessados no que os pais conversavam.
—filho por que não leva sua noiva pra dar uma volta? — disse Antonela.
— claro mãe — Henrique respondeu, ele levantou, foi até Alina e estendeu a mão pra ela que logo segurou e os dois foram para o jardim.
—então, quantos anos você tem?—questionou Henrique, ele já sabia quantos anos ela tinha mas perguntou para puxar assunto.
—tenho dezoito, e você?
—tenho vinte e quatro, você já sabe o motivo de tudo isso.
—sim, casar a filha com alguém de boa família.
— e a parceria entre as empresas de nossas famílias.
—pelo jeito mataram dois coelhos com uma cajadada só.
—e os coelhos foram nos dois — disse ele em tom de brincadeira.
— você não está afim de casar né?
— não é que eu tenha algo contra você, longe disso, é só que...quando me disseram que eu teria que casar com você eu tinha dezenove anos, a um ano estava trabalhando na empresa de meu pai como presidente na filial de Nova York, estava curtindo muito a vida, e agora tudo isso vai mudar, não sei se estou preparado pra essa mudança — disse Henrique.
— eu tenho certeza de que não estou preparada pra isso.
—e por que não vai lá dentro agora e diz que se recusa a casar comigo? — perguntou Henrique .
— se eu fizer isso amanhã mesmo estarei em um convento em uma cidade qualquer do interior.
—você não quer ir, e por isso aceitou.
—e você por que não vai lá dizer que não quer casar? — questionou Alina.
— durante esses anos trabalhando na empresa de meu pai conquistei muitas coisas, se eu não casar vou acabar perdendo tudo isso e ainda acabarei deserdado, nisso tudo ao menos minha mãe está feliz, ela acha que você vai botar juízo em minha cabeça— disse Henrique e Alina apenas riu.
—como é em Nova York?
— é uma cidade incrível, enorme, bonita, cheia de festas e lugares legais pra ir, você vai gostar quando estivermos lá.
— eu vou morar lá com você? —questionou ela.
—sim, é o lógico, já que será minha esposa, escuta, já percebi que vamos nos dar muito bem, só temos que nos esforçar para termos uma boa convivência —Henrique se aproximou de Alina e acariciou seu rosto, logo os lábios dos dois estavam unidos em um beijo, as mãos dele a seguravam pela cintura fazendo os corpos se chocarem e ficarem colados um ao outro, Alina com toda a sua inocência não estava entendendo aquele turbilhão de sensações que ele estava lhe causando, então resolveu encerrar o beijo antes que as coisas fossem adiante e ela não conseguisse se controlar.
—vamos entrar—sugeriu ela.
—claro.
Henrique e sua família já haviam ido embora então Alina decidiu ir para seu quarto, estava cansada fisicamente e mentalmente também, mas só tinha que aguentar as regras dos pais por mais alguns dias, pois logo estaria casada e em sua cabeça ao lado de Henrique ela teria um pouco mais de liberdade, será mesmo?
—então, como foi a conversa com seu noivo?—perguntou a mãe de Alina entrando no quarto.
— normal— ela respondeu
—aconteceu alguma coisa entre vocês dois?— Alina até pensou em contar sobre o beijo, mas não se sentiu a vontade, nunca havia visto a mãe e o pai se beijando daquela forma, então não sabia se aquilo era certo, com medo de represálias resolveu então ocultar.
—não, só conversamos mesmo.
—ótimo querida, vou deixar você descansar, o dia hoje foi cheio—disse a mãe de Alina já saindo do quarto.
Ela ficou sozinha no quarto pensando no beijo, ela já havia beijado uma vez quando deu uma fugida dos olhares de seus pais, mas o beijo de Henrique foi muito diferente, ele conseguiu a desestabilizar com simples toques.
—se com um beijo ele me deixou assim, imagina na cama—pensou ela, mas logo repreendeu os pensamentos, pois segundo sua mãe uma garota de família não deveria ter esse tipo de pensamento, quanto puritanismo.