**PRÓLOGO**
Peguei a arma que estava no quarto do meu pai e fui até o quarto do meu tio. A porta estava aberta e ele estava dormindo. Fiz questão de fechar a porta com força, o que o assustou, fazendo-o acordar em estado de desespero.
Felipe: Está maluca, pirralha? O que você quer, que eu te coma gostoso de novo? Já viciou no meu p*u, né? Grita e chora, mais no fundo não passa de uma p*****a, que gosta de dá a b****a.
Olhei para ele com raiva, desprezo e ódio, e apontei a arma em sua direção, enquanto ele me olhava assustado.
Felipe: Está maluca, Carolina? Abaixa essa arma! Ficou louca, garota!
Carolina: Esse inferno acaba hoje!
puxei o gatilho e disparei três vezes contra ele: uma no coração, uma na testa e outra no seu p*u nojento.
Carolina: vai para o inferno, desgraçado, maldito e********r.
*******fim do flashback******
Acordo assustada com o flashback que persiste em atormentar minha mente. Meu nome é Carolina, tenho 35 anos, sou morena, alta e tatuada. Carrego dentro de mim um trauma que ainda me aflige.
Sou filha do temido Enrico, vulgo EC do Morro Alemão. Atualmente, estou morando fora do morro. Após tudo o que aconteceu comigo lá, meu pai decidiu que eu deveria sair por um tempo, na esperança de que eu conseguisse esquecer as experiências que vivi. Com o passar dos anos, acabei preferindo ficar aqui em Nova Iguaçu.
Vou resumir um pouco da minha vida.
Com 11 anos, vivenciei duas experiências profundamente dolorosas: a perda da minha mãe, que faleceu em decorrência de uma doença, e a traumática situação de ter sido vítima de abuso por parte do meu tio.
Meu tio, que veio para o velório da minha mãe, decidiu ficar alguns dias após o enterro. Duas semanas após a perda dela, eu estava em casa sozinha quando ele entrou no meu quarto. Eu, como uma menina fragilizada e abalada pela ausência da minha mãe, não compreendi suas intenções e pensei que ele apenas queria me confortar. No entanto, assim que ele se sentou na cama, e tampou minha boca e rasgou minha roupa. Eu tentei gritar e mordi sua mão. Então, ele retirou uma seringa do bolso e injetou no meu braço. Depois disso, perdi a consciência e só acordei à noite, sentindo dores na minha parte íntima. Naquele momento, percebi o que ele tinha feito: ele me dopou e abusou de mim.Quando me levantei, vi o lençol da cama cheio de sangue e comecei a chorar desesperadamente. Queria falar com meu pai, mas a vergonha me impediu de fazer isso.
Durante dias, mantive a porta trancada, mas, em uma noite, acabei esquecendo de fechá-la. Ele entrou no meu quarto e me ameaçou, dizendo que se eu não colaborasse, mataria eu e meu pai. Assim, mais uma vez, fui vítima de abuso.
Passaram-se meses e ele continuava por perto. Então, decidi pedir ao meu pai para me ensinar a atirar, lutar e tudo que eu precisava saber como filha de um líder do morro.
Eu tinha apenas 12 anos quando comecei a aprender a atirar e a lutar.
Meu pai me ensinou tudo o que eu precisava aprender. Infelizmente, até os 13 anos, eu passei por situações de abuso com meu tio. Chegou um momento em que decidi que era hora de dar um basta. Foi então que entrei no quarto dele e o matei. Meu pai ouviu os disparos e correu para ver o que havia acontecido. Naquele momento, revelei tudo o que ele tinha feito comigo. Meu pai ficou muito bravo e reclamou por eu não ter falado nada com ele antes. A vergonha me impediu de contar, e eu me sentia humilhada e suja. Mesmo após ter cometido aquele ato de matar ele, a sensação de sujeira e desespero estava presente em mim. Foi então que meu pai decidiu me tirar do morro por alguns dias e me levou para morar com minha madrinha em nossos apartamento na cidade.
Passei meses e anos refletindo e decidi que não voltaria ao morro. Com o tempo, a vergonha que sentia de mim mesma foi se dissipando. Eu me sentia culpada por ter deixado o desgraçado do Felipe tocar em mim, mas percebi que não era culpada; eu era, na verdade, uma vítima de abuso. Concluí minha faculdade de medicina, mesmo sendo filha de um dono de morro, e optei por seguir um caminho diferente. Em uma noite de festa para comemorar minha formatura, conheci um rapaz atraente, e acabamos na cama, uma noite intensa de prazer.Mas, pela madrugada, decidi sair antes que ele acordasse. Ele tinha um olhar intenso, do jeito que eu gosto. No entanto, nem tudo são flores: meu pai adoeceu e pediu que eu voltasse ao morro. Depois de anos longe, agora preciso retornar, e só não sei o que essa volta ao morro do Alemão me reserva.
Tenho a sensação de que, ao entrar naquele morro, meus sonhos se dissiparão e serei obrigado a permanecer lá.
Retornaremos em janeiro. Sinta-se à vontade para adicionar à sua biblioteca e compartilhar com suas amigas. Espero que aprecie esta minha nova obra.