Meu bebê

1589 Words
— Levanta agora Matthew! - Escuto a voz de Louis e me levanto olhando para trás, passo a mão pelo rosto secando as lágrimas e engulo a seco. — Eu sei que você está arrependido, sei como seus pais estavam preocupados com você e já sei também os sermões que ganhou deles, mesmo sabendo que já está cansado de ouvir, você ainda sim, vai precisar conversar conosco e depois com Noah.  Ele diz indo para o lado de Harry e eu concordo voltando a me sentar. Suspiro olhando para minhas mãos em cima do meu colo e mordo o lábio, o que mais eu poderia falar?  — Eu estou muito decepcionado com você. - Escuto a voz grossa de Harry e o olho, ele estava sério, era raro às vezes que eu via o padrinho sorrir longe dos filhos, julgando que agora dos quatro o mais sensível estava no hospital, eu sabia que o veria sempre assim. — Você foi criado por três pessoas maravilhosas, criado para ser o melhor de todos, todos nós sabemos que até o melhor tem seus defeitos, mas você podia fazer de outro jeito tudo o que você queria. — E-eu... Eu sei, e-eu... Eu não... - Sou interrompido pela voz grossa de papa Liam dizendo ser para me calar e apenas ouvir, murmuro um desculpa baixo e suspiro voltando olhar para minhas mãos sobre meu colo.  — Eu sei que apesar de todo seu tamanho, você não tem idade e nem maturidade suficiente para entender todas as coisas que você fez ou o que você desejava fazer, mas antes mesmo de vocês crescerem, antes mesmo de saber que vocês já tinham se beijado, nós cinco conversamos Matthew, nós prometemos um ao outro que iriamos fazer de tudo para vocês terem suas vidas, tivessem suas experiências, se você queria experimentar sair com outras pessoas, fazer suas besteiras, você tinha que ter principalmente confiado em seus pais para se sentar e conversar com eles, ninguém aqui pensou e teve a certeza que vocês se relacionariam desde pequenos e viveriam somente com as próprias experiências.  O olho quando ele dá uma pausa e franzo o cenho, ele entendeu que eu saia com outras pessoas e não me julgou por isso, aliás... Como ele sabia que eu e Noah já havíamos nós beijado pela primeira vez?  Balanço a cabeça esquecendo tais dúvidas podia resolver isso depois.  — A questão Matthew, é que como qualquer adolescente nós sabíamos que teríamos problemas para lidar e sabíamos que precisaríamos estar ao lado de vocês. - Agora é Louis falando, ele se afasta de Harry e se agacha na minha frente, segura minha mão e sorri, porque esses ômegas à minha volta tinham que ser tão maravilhosos?  — Nós só esperávamos que você fosse confiar em nós para ajudar, tudo o que você tinha desejo de fazer como qualquer adolescente podia ter sido feito de uma maneira diferente, sabemos que com os hormônios a flor da pele pela idade isso aconteceria. - Ele balança a cabeça e suspira.  — Agora já aconteceu não é? Harry e eu conversamos bastante, nós estávamos muito decepcionados com você, ainda estamos, mas sabemos que está arrependido. Noah já está recebendo seu sangue, você pode ir vê-lo, se ele acordar e quiser podem conversar. Nós entendemos a conexão de vocês e nunca quisemos os separar. Você agora com o tempo vai precisar sempre estar provando que mudou, porque reconquistar a confiança de alguém não é rápido, leva tempo, paciência e força de vontade, tudo bem?  Ele sorri doce, continuo o olhando sentindo meu rosto ainda molhado pelas lágrimas que escorriam, parecia que tinham aberto uma mangueira e agora só saia lágrimas sem parar, havia perdido o controle até nisso. Fungo o abraçando e ele se levanta me levantando junto, deixo meu rosto em seu ombro sentindo ele acariciar minhas costas e soluço.  — Me perdoa padrinho, por favor. - Digo em meio ao choro ainda em seus braços, sua voz sai calma, baixa e carinhosa como se ele estivesse sorrindo.  — Nós sempre vamos amá-lo Matthew. Você sempre vai ter uma família, jamais será abandonado, aqui você tem uma família de verdade, nunca ache que o amamos menos por qualquer coisa que possa passar em sua cabeça, ok? Sempre fomos todos uma grande família, isso não mudará, você sempre vai ter uma base para chamar de sua, estando com nosso filho ou não.  Engulo a seco me afastando e aceno entendendo sua promessa e palavras. Noah podia me recusar e eu tinha que estar preparado para isso, seco minhas lágrimas olhando para Harry.  — Vai ver Noah, ele está no quarto 13. - Ele diz sério e se vira de costas indo se sentar em uma das cadeiras ao lado de papa Liam.  — Vai logo! - Louis diz carinhoso e me empurra, aceno enquanto me virava. Não conseguia pensar em nada com clareza, meu corpo se agitava e meu alfa começava a se desesperar dentro de mim, era como se ele soubesse que depois de tudo que passei esse ano e passei hoje, esse momento além de mais importante poderia ser o mais doloroso de todos.  Assim que paro em frente a porta do quarto respiro fundo passando as mãos pelo rosto, engulo a seco e entro devagar. O quarto era infantil, tinha desenhos de bichinhos nas paredes que me fazia rir, a idade de Noah em um hospital já não era mais para quartos assim, mas apostava que o padrinho tivesse feito essa exigência porque sabia que quando o menino fosse abrir os olhos adoraria ver estar em um local mais infantil.  O quarto estava lotado de balões de gás hélio, alguns cheios de dizeres e outros apenas em formato de desenhos animados, tinha algumas pelúcias de gatinho, ursinho e até cachorrinho...  Rio entrando melhor no quarto e em cima da mesa tinha um porta-chupet* e uma mamadeira, todos sabíamos que o menino acordaria manhoso e mais infantil, talvez ele não se lembrasse da tentativa de abus* ou não entendesse o que havia acontecido, nós esperávamos que fosse uma dessas opções, eu não queria meu menino traumatizado.  Assim que reparei melhor na cama parei de andar, Noah estava tão mais magro, embaixo de seus olhos as marcas de olheiras fortes, sua boca parecia ressecada, a mão magra bem acomodada sobre o edredom que o cobria com o soro que o nutria e mais em cima com meu sangue que ele recebia, seus cabelos ondulados e um pouco mais escuro que o loiro clarinho qual me lembrava estavam soltos, mas bem arrumados para apenas um lado.  Suspiro me sentando na ponta de sua cama e seguro sua mão livre sem agulhas e acaricio.  — Oh meu bebê... - Fungo sentindo meus olhos marejarem, o quão forte ele havia sido todo esse tempo? Eu sabia que nossa ligação era forte, eu sabia que se Noah fosse outro ele podia ter morrido, mesmo sem a marca, nós já éramos ligados e como qualquer ômega sem o alfa ele podia ter ficado pior e se entregue mais para a depressão. Ele podia ter tentado se mat*r ou sabe se lá qual tipo de besteira feito. Meu menino era forte e pensar nisso só me fazia ficar ainda mais orgulhoso dele, mais culpado também.  — Eu te amo tanto baby. - Sussurro me debruçando para beijar sua testa, passo a mão em seu rosto para secar minha lágrima que havia caído em si e suspiro.  Fico um tempo ali, o olhando, o beijando e o acariciando, talvez tenha se passado algumas horas, a enfermeira entrou e tirou tudo o que ligava Noah à bolsa de sangue por ela agora estar vazia. Quando ela sai como se não estivesse me visto ali, olhei meu menino.  — Agora mais do que nunca, nós estamos ligados amor, agora em suas veias corre o meu sangue, eu sempre, sempre estarei ao seu lado, eu prometo que nunca mais vou te abandonar minha princesa, me perdoa por ser esse bobo que te fez sofrer e chorar, eu espero que você me aceite de volta quando abrir esses seus olhinhos azuis tão lindos.  Fungo fechando os olhos e deixo minha cabeça apoiada em seu ombro sem realmente deixar meu peso ali, eu só queria encostar minha cabeça nele e poder ouvir seu coração, ter a certeza que mesmo com sua mãozinha quente ele ainda estaria ali e eu podia continuar colado nele o esperando.  — Acorde para mim meu amor. - Sussurro beijando seu pescoço e abro os olhos sorrindo. — Você ficaria tão lindo com a minha marca, eu teria tanto orgulho se você me permitisse amá-lo a esse ponto, ter você como meu, assim como eu seria ainda mais seu. Eu te amo muito princesa, isso é a coisa mais verdadeira e sincera que eu já disse em toda minha vida.  Respiro fundo fechando os olhos, me sento quando os abro e seco novamente o rosto. Noah estava em coma, as chances dele acordar com a transfusão feita eram grandes, principalmente se ele desejasse isso, o ômega dele poderia entender que estava comigo e querer logo ter meu alfa perto, mas dependia dos sentimentos dele relacionado a mim e principalmente a sua vontade de viver. Quando o olho melhor arregalo os olhos. — Matt voltou? - A voz de Noah se faz presente e um sorriso curto em seus lábios aparece enquanto ele me olhava e tinha seus olhos úmidos porque provavelmente queria chorar. Noah havia acordado, ele estava de volta para mim. 
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