Episódio 9

1929 Words
EXPLICAÇÃO, O QUE É ANEMIA? Anemia é o nome dado à redução do número de glóbulos vermelhos no sangue. Os glóbulos vermelhos, também chamados de hemácias ou eritrócitos, são as células responsáveis pelo transporte de oxigênio pela circulação sanguínea. Existem vários tipos de anemia, cada uma delas com uma causa específica, como deficiência de ferro, ácido fólico ou vitamina B12, infecções, estados inflamatórios crônicos, intoxicação da medula óssea por medicamentos, insuficiência renal, câncer hematológico, gravidez, doenças autoimunes, doenças genéticas, etc. A anemia, portanto, não é uma doença em si, mas sim uma manifestação comum de várias doenças diferentes. Para que o paciente tenha anemia, basta que o número de glóbulos vermelhos circulando no sangue esteja reduzido. Nesse texto explicaremos os principais sinais e sintomas da anemia, não importando qual seja a sua causa. Se você quiser mais informações sobre como surge a anemia, leia: O que é anemia? POR QUE A ANEMIA PROVOCA SINTOMAS? Para entender os sintomas da anemia é preciso antes compreender como funcionam os glóbulos vermelhos (hemácias). O sangue não é uma substância puramente líquida. Nele estão diluídas trilhões de células, sendo as hemácias as mais abundantes. A hemácia é uma célula cuja principal função é transportar oxigênio pelo sangue até os tecidos. Dentro das hemácias existe uma proteína chamada hemoglobina, que é a estrutura responsável pela ligação com a molécula de oxigênio. Assim que oxigênio entra na hemácia, ele liga-se à hemoglobina para poder ser transportado por todo o corpo. Resumindo o processo de funcionamento dos glóbulos vermelhos: as hemácias que estão no sangue vão até o pulmão, captam o oxigênio respirado (ligando-o à hemoglobina), e viajam por toda a circulação sanguínea distribuindo esse oxigênio para as células do corpo poderem funcionar adequadamente. Quando todo o oxigênio é entregue, as hemácias retornam aos pulmões para reiniciar o ciclo. Quando o paciente tem anemia, ou seja, uma quantidade reduzida de hemácias no sangue, o seu organismo tem maior dificuldade de distribuir o oxigênio respirado através dos vários tecidos do corpo. Daí surgem os sintomas da anemia. E quanto mais grave for a deficiência de hemácias, menor é a entrega de oxigênio às células e mais intensos são os sinais e sintomas. A anemia pode ser quantificada no exame de hemograma através dos valores do hematócrito e da hemoglobina. Explicamos com detalhes como é feito o diagnóstico da anemia no artigo: Entenda os Resultados do seu Hemograma. Resumidamente, podemos classificar a anemia da seguinte forma conforme os valores da hemoglobina no hemograma: Hemoglobina normal: acima de 13 g/dL nos homens ou 12 g/dL nas mulheres. Anemia leve: entre 10 e 12 g/dl. Anemia moderada: entre 8 e 10 g/dl. Anemia grave: abaixo de 8 g/dl. Anemia com risco de morte: abaixo de 6,5 g/dl. PRINCIPAIS SINTOMAS Cansaço e falta de energia Conforme já dito, quando a quantidade de glóbulos vermelhos está reduzida, a oferta de oxigênio para os tecidos fica comprometida. Como o oxigênio é um combustível essencial para as células, a redução do mesmo provoca sintomas de falta de energia, tais como cansaço, fraqueza, falta de ânimo e comportamento lentificado. Pessoas jovens costumam ter os sistemas cardiovascular e respiratório mais saudáveis e toleram melhor a menor oferta de oxigênio. O coração jovem é capaz de bater com mais força e frequência e seus pulmões conseguem aumentar a quantidade de oxigênio respirado de forma a compensar a redução no número de hemácias. Suas células só sentem a falta de energia em situações nas quais há uma demanda maior por oxigênio que o habitual, como durante a prática de exercícios físicos, ou quando a anemia é realmente intensa. Já as pessoas idosas costumam apresentar queixas de cansaço e falta de energia mais precocemente, tornando difícil a realização de tarefas simples, como se vestir, tomar banho e andar pela casa, mesmo quando a anemia não tão grave. O cansaço é o sintoma mais comum e mais típico da anemia. Quando a perda de hemácias se instala de forma rápida, até os mais jovens sentem esse sintoma intensamente. Por outro lado, se a redução no número de glóbulos vermelhos for se desenvolvendo de forma gradual, ao longo de meses, o sistema cardiovascular e respiratório conseguem ter tempo para adaptar e o cansaço pode surgir só em fases mais avançadas. Para saber sobre outras causas de cansaço, leia: Principais Causas de Cansaço. Sensação de falta de ar A lógica por trás da sensação de falta de ar é semelhante ao do cansaço. A falta de ar costuma ocorrer em casos graves de anemia ou nos pacientes que já apresentam algum grau de mau funcionamento cardíaco e/ou pulmonar. Como a quantidade de oxigênio que chega às células é insuficiente, a resposta do organismo é acelerar a frequência respiratória, na tentativa de aumentar a oxigenação do sangue. O paciente respira mais rápido tentando aumentar a oferta de oxigênio para os seus tecidos. Se você notar que está ficando sem fôlego e com a respiração muito acelerada aos realizar as suas tarefas diárias normais, principalmente aquelas que até recentemente eram fáceis, como caminhar, subir escadas, limpar a casa ou pegar pesos leves, a anemia pode ser a causa. Para saber mais sobre todas as causas de falta de ar, leia: Principais causas de falta de ar. Taquicardia – Coração acelerado Assim como há um aumento da frequência respiratória, há também um aumento da atividade do coração. O coração acelera tentando aumentar a quantidade de sangue que chega aos tecidos. A lógica é simples, se o sangue está pobre em hemácias, é preciso chegar mais sangue, mais rapidamente e em maior quantidade para os tecidos poderem receber uma quantidade aceitável de oxigênio. A taquicardia que ocorre na anemia provocar o aparecimento de sopro no coração (leia: Sopro Cardíaco – Causas, sintomas e tratamento). Dor no peito Nos pacientes que já apresentam algum grau de doença cardiovascular isquêmica, a redução da oxigenação dos tecidos e a aceleração dos batimentos cardíacos podem não ser bem toleradas. Se o paciente já tem o coração doente, ele terá dificuldades de aumentar o seu funcionamento, e mesmo uma anemia leve pode ser a gota d'água que faltava para desencadear uma isquemia cardíaca. Em pacientes com doenças do coração, valores de hemoglobina abaixo de 10 g/dl costumam ser danosos. Para saber mais sobre dor no peito e angina, leia: Sintomas do infarto agudo do miocário. Palidez cutânea | A palidez da pele e das mucosas ocorre por dois motivos: o principal é a redução da circulação de sangue que ocorre nos tecidos periféricos, como a pele, já que o organismo dá prioridade aos órgãos nobres do corpo, desviando o fluxo de sangue para os mesmos. Como a pele recebe menos sangue, ela torna-se mais pálida. Além disso, conforme há uma queda no número de hemácias circulantes, o sangue torna-se mais diluído, assumindo assim uma cor menos viva. Diferença entre pele corada e pele pálida provocada por anemia. Portanto, na anemia, a pele e as mucosas recebem menos sangue, e o sangue que chega está diluído por haver falta de hemácias. Além da palidez, a pele também pode ficar mais fria. Em pessoas de pele mais escura, esta palidez da pele é mais difícil de ser notada. Para identificar uma anemia, é preciso olhar a cor da boca e da conjuntiva dos olhos, que se apresentam mais pálidas em casos de anemia. A palidez cutânea pode não ser notada até que a hemoglobina caia para valores ao redor de 10 g/dl. Portanto, somente a ausência de palidez não descarta uma anemia. Conjuntiva pálida em paciente com anemia e conjuntiva corada em paciente sem anemia. Nos casos de anemia por carência ferro, a pele além de pálida também pode tornar-se mais ressecada e áspera. Câimbras As câimbras ocorrem pelos mesmos motivos do cansaço e da palidez cutânea. O desvio do sangue para órgãos mais nobres faz com que os músculos periféricos recebem menos oxigênio. Como o oxigênio é essencial para a geração de energia dos músculos, a falta deste provoca graves distúrbios metabólicos nas células musculares, o que pode provocar contrações involuntárias e o surgimento das câimbras. Para saber mais sobre o mecanismo através do qual surgem as câimbras, leia: CÂIMBRAS – Causas e Tratamento. Síndrome das pernas inquietas A síndrome das pernas inquietas, também chamada de doença de Willis-Ekbom, é um distúrbio no qual há um desconforto e um desejo incontrolável de mover as pernas durante períodos de inatividade. A anemia por deficiência de ferro é uma das causas da síndrome das pernas inquietas. Explicamos essa síndrome com mais detalhes em: Síndrome das Pernas Inquietas – Causas e Tratamento. Dor de cabeça | Casos de anemia moderada a severa podem provocar dor de cabeça, que surge devido a uma redução do aporte de oxigênio para os neurônios. Em geral, o cérebro é um dos órgãos que o organismo tende a preservar, aumentando o aporte de sangue nos casos de anemia. O problema é que essa compensação tem um limite e a partir de valores de hemoglobina abaixo de 8 g/dl, o cérebro começa a receber menos oxigênio do que o necessário para o seu bom funcionamento. Sonolência e dificuldade de concentração Além da dor de cabeça, a diminuição do aporte de oxigênio nos neurônios também provoca outros sintomas neurológicos, os mais comuns são sonolência e dificuldade de concentração. Esses dois sintomas associados à redução de energia em todo o corpo faz com que o paciente tenda a ficar deitado o dia inteiro, seja porque está sempre muito cansado ou porque está sempre com sono. Hipotensão A hipotensão é um sintoma comum nas anemias que surgem por conta de perdas sanguíneas. Quando o paciente apresenta uma hemorragia, ele perde não só hemácias, mas também volume de sangue circulante, levando à queda da pressão arterial. A hipotensão arterial também pode surgir nas anemias graves de qualquer origem, quando os níveis de hemoglobina encontram-se abaixo de 6,5 g/dl. A hipotensão se manifesta clinicamente como fraqueza extrema, pele fria e úmida, dificuldade de ficar em pé, tonturas e sensação de desmaio. Anemia com hipotensão é uma emergência médica, havendo indicação para transfusão de sangue o mais rapidamente possível. ANEMIA AGUDA OU CRÔNICA A intensidade dos sintomas da anemia depende de dois fatores: o tempo de instalação da anemia e a gravidade da mesma. Anemias crônicas, que se instalam de forma lenta e gradual, ao longo de várias semanas ou meses, não costumam causar sintomas até fases bem avançadas. Como o processo é lento, as hemoglobinas existentes têm tempo de se adaptar, passando a ser mais efetivas na captação e distribuição do oxigênio pelo corpo. Além disso, o próprio sistema cardiorrespiratório passa por alterações na tentativa de se adaptar às baixas concentrações sanguíneas de hemácias. Devido à capacidade de adaptação do organismo, os pacientes com anemia crônica conseguem se manter assintomáticos em repouso até níveis de 8 ou 9 g/dl de hemoglobina. Logicamente, o estado de saúde prévio conta. Se o paciente já tem outras doenças, principalmente de origem pulmonar ou cardíaca, sua capacidade de adaptação à anemia é bem inferior. Pacientes jovens e em ótimo estado físico podem só sentir os sintomas da anemia em casos graves, com hemoglobina ao redor de 6 a 7 g/dl. Já pessoas idosas podem começar a sentir os efeitos assim que os níveis de hemoglobina desçam abaixo de 10 g/dl. Nos casos de anemias agudas, com instalação rápida, como as que ocorrem por hemorragias, o paciente sente os sintomas mesmo que a queda da hemoglobina não seja muito acentuada. Uma hemoglobina que cai abruptamente de 14 g/dl para 10 g/dl pode ser suficiente para provocar muitos dos sintomas descritos acima.
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