Estava tão agoniada com aquilo rondando a minha cabeça que tinha que falar com alguém, e por mais que nós não estejamos muito bem ele ainda é a pessoa em que eu mais confio nesse mundo.
Vi a hora e já eram umas 2 da manhã, escutei um barulho vindo da cozinha e desci um pouco apreensiva dando graças a Deus por ter visto o meu padrinho ali.
Russo: O que está fazendo acordada essa hora? - Falou num tom calmo assim que me viu, nem parecia que eu tinha falado maior desaforo pra ele mais cedo.
Alice:Tem tanto tempo que não consigo dormir que se você soubesse. - Falei sentando no sofá um pouco atordoada.
Russo: Tu sabe que ainda pode confiar em mim né? - Sentou perto de mim. - Me fala ai oque ta se passando nessa cabecinha, me deu um empurrãozinho e brincou me fazendo dar um sorriso.
Alice: Eu vi o meu pai me olhando tomar banho hoje mais cedo.- Vi ele se espantar - Eu não sei se foi de propósito, mas me pareceu meio estranho e isso tem me deixado um pouco incomodada.
Russo: Aquele filho da p**a. - Bufou quase soltando fogo pelas ventas.
Alice: Fica calmo por favor, eu só queria que você falasse com ele sabe, eu não sei se foi algo de propósito.
Russo: Esse desgraçado não perde por esperar, eu quero você longe dele Alice, ele não vai ficar vivo por muito tempo. - Falou totalmente revoltado.
Alice: Calma aí, você n******e fazer nada com o meu pai, se eu soubesse que iria agir assim eu nem teria falado nada. - Fui levantar e ele me puxou.
Russo: Esse cara não é teu pai. - Falou num tom mais alto me fazendo rir de nervoso.
Alice: Se você não percebeu eu não estou no clima, então se isso for uma brincadeira é melhor parar.- Falei no mesmo tom.
Russo: Eu to com cara de quem está brincando?
Alice: Isso não faz um pingo de sentido, se você fosse realmente meu pai eu não estaria passando por tudo isso, por qual motivo um pai deixaria outro cara assumir a própria filha? - Fiquei nervosa.
Russo: Por vergonha Alice, você acha mesmo que eu iria querer que a minha filha me visse como esse monstro que você me ve hoje? - Falou cabisbaixo.
Alice: Isso não justifica. - Falei com a voz embargada.
Russo: Não, não justifica Alice, mas eu nunca me perdoaria de ver a minha filha ser tratada com diferença por ter um pai que é desse mundo, eu sei como é esse preconceito e eu nunca iria deixar a minha filha passar por uma coisa dessas. - Falou firme. - Eu nunca deixei faltar nada pra você, sempre dei assistência em tudo que precisava, mas eu não podia deixar você entrar nesse mundo assim. - A v*****e de chorar veio mas eu segurei.
Alice: Você não podia ter me deixado viver essa mentira durante a minha vida toda, eu achava que aquele homem me amava e ele me vendo com olhar de maldade, me vendo tomar banho.
Russo: Me perdoa por isso, eu prometo pra você que nunca mais esse cara vai sonhar em olhar você com maldade minha princesa.
Alice: Eu não consigo entender, a minha mãe mentiu pra mim esse tempo todo a troco de que? me diz!
Russo: Eu pedi Alice, ela sabia que isso seria o melhor pra você e também não queria ter envolvimento nisso, acho que o maior arrependimento da vida dela foi ter se envolvido comigo.
Alice: Eu não sei oque dizer. - As lágrimas deciam mas eu não conseguia esboçar nenhuma reação.
Russo: Eu to ligado em como você está se sentindo, mas quero que você saiba que eu ainda estou aqui mesmo que você não queira, eu sempre vou estar. - Apenas assenti e sai andando pra fora de casa sem falar nada.
Como pode acontecer tanta coisa r**m com uma pessoa só meu Deus, eu nunca fiz nada pra merecer isso e hoje estou aqui.
Estava paralizada e sem conseguir expressar nenhum tipo de sentimento, só andar em uma única direção sem ao menos saber pra onde iria.
A favela estava toda acessa, mas quase ninguém nas ruas, apenas alguns traficantes, alguns casais e algumas pessoas fumando.
Passei perto de onde um deles estavam e acabei inalando aquele cheiro e fumaça de m*****a me fazendo lembrar de mais cedo quando tinha feito isso pela primeira vez na vida.
Aquilo de longe era a pior coisa que eu já teria feito na minha vida, nunca sequer me imaginei passando por isso.
Me veio a sensação de como eu me senti mais cedo e eu não pude deixar de lembrar de como aquilo me aliviou de uma forma absurda.
Não resisti e acabei indo atrás de um dos caras que estavam vendendo.
Alice: Eu preciso de um cigarro. - Falei em tom de medo e ele riu.
Xx: E eu preciso de dinheiro mina, vaza daqui vai.
Alice: Eu sou afilhada do Russo, você não vai querer que eu fale com ele que você me negou um baseado vai? - Ele pareceu não se abalar e um dos vapores que sempre estavam na casa do Marcos apareceu.
- Oque ta rolando aqui? Da o que a mina ta pedindo se não o bagulho vai ficar f**o pro teu lado. - Falou colocando a mão na cintura onde tinha uma a**a e o outro cara se assustou me dando o que eu tanto queria, ou melhor, precisava.
Sai dali bufando e e indo em direção à praça onde tinham poucas pessoas e me sentando no banco mais afastado em um ponto alto onde tinha a visão da parte mais baixa da favela.
O cara que tinha me ajudado sentou perto de mim e aquilo já estava me incomodando.
Alice: Você tem um isqueiro? - Perguntei com indiferença e ele me entregou um.
Xx: Não é legal tu ficar usando essas paradas não ta ligada, pelo pouco que te conheço sei que tu não é desse mundo.
Alice: Queria saber quem foi que pediu a sua opinião, sei nem quem é você. - Revirei os olhos.
Natan: Eu sou o Drago, Natan é meu nome de verdade. - Pegou o baseado da minha mão rindo da forma em que eu fazia aquilo e tragando também. - To de olho em você jae?
Alice: Sai do meu pé chule. - Revirei os olhos e ele riu ficando calado.
Ficamos ali fumando até não sobrar mais nada em uma vibe boa pra c*****o, pelo menos assim eu tenho um pouco de paz.