Vamos fazer um acordo

1463 Words
CATERINA GALLO Eu apaguei depois de horas esperando que o meu raptor voltasse a sua mansão, mas ele não voltou durante horas. Levantei com o sol batendo na minha janela. Por um momento, esqueci onde estava. A mansão tinha uma beleza sombria, com a suas cortinas pesadas e móveis planejados, mas naquele momento parecia quase pacífica. Era estranho pensar que havia sido raptada e trazida para cá, como uma peça de um jogo que eu não entendia. Levantei da cama, sentindo o chão frio sob os meus pés descalços. Caminhei até a janela, espiando para fora. Os jardins eram vastos, bem cuidados, mas vazios. Não havia sinal de movimento, nenhum indício de que alguém além de mim, estava acordado. Meu estômago roncou, me lembrando de que eu não havia comido desde... bem, desde que fui trazida para cá. Eu apaguei, literalmente depois do sanduíche que Isabella me trouxe. A ideia de descer e procurar comida me fez hesitar. E se eu encontrasse alguém? E se ele tivesse voltado durante a noite e estivesse lá embaixo, esperando por mim? Respirei fundo, tentando acalmar os meus nervos. Não podia ficar trancada aqui para sempre. Tinha que encontrar uma maneira de sair, ou pelo menos entender melhor a minha situação. Me aproximei da porta e girei a maçaneta devagar. Para minha surpresa, ela não estava trancada. O corredor estava silencioso. Caminhei devagar, cada passo parecia ecoar nas paredes, aumentando a minha ansiedade. Segui o corredor até encontrar uma escada que descia para o andar inferior. As escadas rangiam levemente sob o meu peso, um som que parecia amplificado no silêncio da mansão. No andar de baixo, a cozinha era tão opulenta quanto o resto da casa, com bancadas de mármore e armários de madeira escura. Me aproximei de uma bancada e comecei a abrir gavetas e armários, procurando algo para comer. Encontrei um pedaço de pão e um pouco de queijo. Não era muito, mas era melhor do que nada. Enquanto comia, ouvi um som atrás de mim. Me virei rapidamente, o meu coração disparando. Um homem estava parado na entrada da cozinha. Não era Rocco, mas alguém que eu não conhecia. Ele me observava com curiosidade, os seus olhos avaliando cada movimento meu. — Você deve ser Caterina, é um prazer conhece-la, finalmente. — ele disse, sua voz era suave, mas havia uma dureza nela que me fez estremecer. — Eu sou Vittorio, o primo de Rocco. Ele está um pouco ocupado agora, mas me pediu para cuidar de você. — Eu me lembro de você. — respondi, — da cafeteria. Não preciso de cuidados. Eu só quero ir para casa. Vittorio riu, um som curto e sem humor. — Sinto muito, mas isso não vai acontecer tão cedo. Rocco tem planos para você. E Luigi e o seu padrasto nos devem muito dinheiro. Minhas mãos tremiam enquanto segurava o pão e passava manteiga nele. — Que planos? Ele deu de ombros. — Isso é algo que ele vai explicar quando estiver pronto. Por enquanto, apenas faça o que lhe mandarem e talvez as coisas não fiquem piores para você. Havia uma ameaça velada em suas palavras, algo que me fez sentir um frio percorrer minha espinha. Eu sabia que estava em uma situação muito perigosa, e precisava ser cuidadosa com tudo por aqui. Vittorio se aproximou, pegando uma maçã de uma tigela sobre a mesa. — Coma. Rocco vai descer para falar com você em breve. — ele disse, dando uma mordida na maçã. Eu me sentei, tentando pensar em uma maneira de sair daquela situação. Rocco tinha planos para mim, mas eu tinha meus próprios planos também. Eu precisava negociar com ele minha saída dessa droga de situação. Foi então que ele entrou na cozinha, a camisa branca de linho, a calça social e um paletó cinza escuro sob os ombros. Sua camisa de linho branca estava impecavelmente passada, e a calça social realçava sua postura confiante. Ele parecia diferente do homem que eu tinha conhecido na cafeteria, onde a atmosfera era mais descontraída. Aqui, ele emanava autoridade e controle. — Bom dia, senhorita. — disse ele, com um sorriso que não alcançava os olhos. — Vejo que conheceu meu primo Vittorio. Espero que ele tenha sido educado com você. Eu engoli em seco, tentando manter minha compostura. — Ele foi... educado o suficiente. Mas não estou interessada em hospitalidade. Quero saber quando poderei ir embora. Rocco se aproximou, movendo-se com uma graça predatória. Sentou-se na cadeira ao meu lado, seu olhar nunca deixando o meu. — Tão ansiosa. — ele disse simplesmente, — Vamos ao meu escritório. Eu levantei imediatamente a cadeira fazendo um barulho alto ao ser arrastada no chão de madeira. Rocco me guiou pelo corredor, sua presença parecia preencher todo o espaço ao nosso redor. Não era apenas a diferença de roupas que tornava a atmosfera diferente; era a aura de poder e controle que ele exalava. Alguns homens estavam relaxados, mas assim que ele entrou eles arrumaram sua postura ficando mais retos. — Saiam. — Rocco disse e eles saíram sem questionar. Ele se moveu para atrás da mesa de escritório e se acomodou dentro dela, lamber meus lábios secos e me sentei na cadeira em frente a ele. — Vamos falar sobre sua dívida, senhorita Gallo. — A dívida não é minha, mas vamos. — Eu respondi com uma coragem recém criada me remexendo desconfortavelmente na cadeira. Ele ergueu uma sobrancelha, mas não disse nada e abriu um livro preto, — Vejamos, Luigi me devia 1.5 milhões de doláres. — ele começou a falar e meu corpo gelou, como ele chegou a esse valor? — Seu padrasto, Enzo, me deve 3.5 milhões de dólares em dívidas de jogo, cocaína e honorários de porstituta. O QUE? Como eu pagaria isso? Meu Deus! Ele me encarou com um olhar estranho a sua sobrancelhas quase tocando o cabelo, — Por que você está rindo? Eu estava sorrindo? eu saberia. Eu aperfeiçoei o sorriso no início da minha vida e sabia que nunca deveria mostrá-lo quando gostava de alguma coisa. Era uma garantia de que Enzo o tiraria de mim. Por que eu deixei isso transparecer perto dele? Meu sorriso nunca vacilou; era melhor sorrir do que chorar. Aprendi há muito tempo que as lágrimas não faziam nada além de provocar raiva em alguns e pena em outros. Nada que jamais me ajudaria. Sempre chorei sozinha em meu quarto, mantendo minha fachada de felicidade perto de Enzo e os outros. — Desculpe. Você tem algum plano para mim? — eu perguntei me arrependendo no mesmo instante que as palavras saíram da minha boca pelo olhar que Rocco me deu. Que merda eu estava pensando? Eu engoli minha risada e encarei minhas mãos fechadas no colo, — Eu só… Eu só preciso pagar o que eles te devem. — Todos os cinco milhões de dólares? Como planeja fazer isso?— Uma risada barulhenta escapou da garganta de Rocco me deixando estranhamente quente. Eu respirei fundo e assenti. p***a 5 milhões de dolares… Onde Enzo estava com a cabeça? — Eu não sei. — Respondi mordendo o interior da minha boca, — Então o que você gostaria que eu fizesse? O homem parou de rir e olhou. Seu olhar era pesado enquanto me perfurava. Fiquei imóvel como uma pedra, nem mesmo inspirando mais ar do que precisava. — Eu ainda não tenho certeza, mas vou arrumar um jeito. — Você realmente tem dezenove anos? — ele perguntou olhando para mim furtivamente. Eu limpei a garganta e sorri. — Sim, senhor. — Eu respondi — E é uma virgem? — Ele perguntou ainda com aquele olhar incrédulo. Qual era a obsessão de todos por eu ser virgem? E daí? Grande coisa é não ter tido tempo para namorar. Não poderia ser um grande negócio. Mais uma vez, mantive o sorriso falso estampado em meu rosto. — Sim, fui examinada por cinco pessoas antes de me casar com Luigi e o casamento como você viu não aconteceu, então sim, ninguém me violou. — Isso é bom. — ele respondeu e suspirou pesadamente. — Mas como isso me ajuda? — Perguntei Ele me encarou cerrando os olhos. Okay, estou perdida. Eu teria permissão para voltar ao meu emprego? Ou eu poderia arrumar um outro emprego? Eu com certeza precisaria arrumar um novo emprego porque o salário do Café da Marcella era baixo demais para pagar, levaria um século para que eu tivesse todo o dinheiro. Eu provavelmente morreria antes de pagar tudo. O que diabos eu tinha de valor? Minha mente andava em círculos até que cheguei a uma conclusão. A pergunta ficou pesadamente na ponta da minha língua, mas eu engoli de volta todo o medo de pronunciá-la. — Quanto minha virgindade tiraria da quantia?
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