O coelhinho assustado

1654 Words
Rocco DeLuca Eu me movia pela casa com a confiança de alguém que tinha o controle absoluto da situação. A cozinha estava silenciosa quando entrei, e ao ver Caterina sentada ali, pude perceber a tensão em seus ombros. Ela estava tentando disfarçar, mas era óbvio que o ambiente a deixava desconfortável. Eu estava acostumado a isso. As pessoas sempre ficavam tensas na minha presença, especialmente quando eu vestia o manto de autoridade que minha posição exigia. Guiá-la pelo corredor foi quase um ritual, uma demonstração silenciosa de poder. Os homens ao redor endireitaram as posturas quando passamos, como se meu simples estar ali exigisse respeito. Atrás da mesa, me acomodei na cadeira, observando enquanto ela hesitava antes de se sentar. Sua apreensão era palpável, mas havia algo mais, algo que me intrigava. Eu sempre gostava de um bom mistério. — Vamos falar sobre sua dívida, senhorita Gallo. — comecei, meu tom impessoal, quase burocrático. Eu tinha que manter meus sentimentos fora desse escritório porque o negócio vem antes de meus sentimentos e a família vem antes dos negócios. E era isso que Caterina era para mim. Um negócio. Ela tentou mostrar coragem, mas seu desconforto era evidente. A forma como seu rosto estava tenso e como as suas sobrancelhas estavam caídas não deixavam dúvidas. — A dívida não é minha, mas vamos. — respondeu, sua voz traindo a coragem forçada. Eu levantei uma sobrancelha, mais curioso do que irritado com ela. Abri o livro preto em minha mesa e comecei a folhear as páginas. Esse livro continha todos os meus devedores e contribuintes. — Luigi me devia 1.5 milhões de dólares. — notei o leve tremor em seus olhos ao ouvir o número, mas continuei querendo saber mais sobre qual era o objetivo dela afinal. Eu sorri internamente e continuei, — Seu padrasto, Enzo, me deve 3.5 milhões de dólares em dívidas de jogo, cocaína e honorários de prostituta. O choque em sua expressão era quase palpável, e uma pequena parte de mim saboreou aquele momento. Era a reação que eu esperava, mas algo nela me pegou de surpresa. Eu estava preparado para ver medo, talvez desespero, mas o que recebi foi... um sorriso? — Por que você está rindo? — eu perguntei, a curiosidade me invadindo. Ela não parecia estar ciente do próprio sorriso, o que apenas aprofundou o mistério. Ela deve ter passado por merdas gigantes com certeza. Ela mordeu o lábio, lutando para recuperar o controle de suas emoções. — Desculpe. — disse ela, e então, com um tom de voz que me surpreendeu pela audácia, perguntou: — Você tem algum plano para mim? A pergunta me pegou desprevenido, e não pude evitar de olhar para ela com uma mistura de surpresa e fascínio. Ela estava tentando negociar. Eu já conhecia esse tipo de tentativa, era engraçado que ela pensasse que ia conseguir negociar. Eu sorri, um sorriso genuíno desta vez, enquanto observava suas mãos nervosas. — Todos os cinco milhões de dólares? Como planeja fazer isso? Minha risada ecoou pelo escritório, mas não era de escárnio, era de genuína curiosidade e, talvez, um pouco de admiração. Não pude deixar de pensar em como ela havia sido moldada para resistir, mesmo em uma situação como essa. Ela sempre pareceu tão doce. Ah minha pequena coelhinha. — Eu não sei. — admitiu ela,— Então o que você gostaria que eu fizesse? Eu parei de rir, minha expressão tornou-se séria. Seu rosto estava pálido, mas seus olhos continuavam fixos nos meus, desafiando-me a encontrar uma resposta. Ela estava disposta a tudo, isso estava claro. Mas até onde ela iria? — Eu ainda não tenho certeza, mas vou arrumar um jeito. — eu murmurei, mais para mim mesmo do que para ela. — Você realmente tem dezenove anos? — perguntei, analisando-a de novo, tentando entender o que havia de tão peculiar nela. Ela limpou a garganta e assentiu. — Sim, senhor. — respondeu, com aquele sorriso que não parecia nunca abandonar seus lábios. — E é uma virgem? — eu continuei, minha voz mais baixa, mas firme. Eu precisava saber. Era uma questão que importava, por razões que ela provavelmente não compreendia. Seus olhos brilharam por um segundo antes de seu sorriso falso retornar. — Sim, fui examinada por cinco pessoas antes de me casar com Luigi, e o casamento, como você viu, não aconteceu. Então sim, ninguém me violou. Ela estava sendo brutalmente honesta, quase como se estivesse me desafiando a reagir. Isso era algo novo. — Isso é bom. — admiti, sentindo uma leve tensão em meus ombros relaxar. Havia algo de muito valioso nela, algo que eu não podia ignorar. — Mas como isso me ajuda? — perguntou ela, seus olhos fixos nos meus, buscando alguma pista, alguma ideia do que eu estava pensando. Eu a encarei por um longo momento, ponderando minhas opções. Ela não era só uma dívida para ser paga. Era um jogo de xadrez, e eu estava ansioso para fazer meu movimento. Caterina tinha algo que eu queria, algo mais profundo que dinheiro ou poder. Eu só precisava descobrir o que era. O que diabos eu ia fazer com ela? — Quanto minha virgindade tiraria da quantia? — perguntou ela, a voz vacilando apenas por um segundo. Eu sorri, apreciando a coragem que ela demonstrava. Isso ia ser interessante. Eu olhei para ela, deixando que um sorriso lento se formasse em meus lábios. A ideia de trocar sua virgindade por uma parte da dívida era tentadora, mas ao mesmo tempo, era fácil demais. Caterina era interessante demais para ser reduzida a uma simples transação como essa. Além disso, havia algo inegavelmente divertido em vê-la se contorcer de vergonha e, ainda assim, tentar manter a cabeça erguida, armada com aquelas respostas afiadas. — Sua virgindade, senhorita Gallo? — perguntei, minha voz pingando sarcasmo. — Você realmente acha que isso cobriria uma dívida tão grande? — Inclinei-me sobre a mesa, aproximando-me dela, meus olhos fixos nos seus. — Eu... eu só pensei que... — Ela gaguejou, corando intensamente, o rubor subindo por seu pescoço até suas bochechas. Ah, como eu adorei ver aquela vulnerabilidade em sua expressão, o jeito que ela tentava se recompor. O jeito como meu p*u reagiu instantaneamente a isso. p***a. — Pensou que poderia me comprar com algo tão trivial? — continuei, minha voz baixando um pouco, quase em um sussurro— Tenho que admitir, senhorita Gallo, você me diverte. — Um riso baixo escapou de minha garganta, e eu me recostei na cadeira, observando-a enquanto tentava encontrar as palavras certas para responder. — Eu não estava tentando te comprar, só... só queria saber o que poderia fazer. — Ela finalmente encontrou sua voz, e havia uma leveza ali que não passava despercebida. Seus olhos brilhavam com uma mistura de vergonha e raiva, o que apenas aumentava meu desejo de provocá-la mais. — E o que mais você estaria disposta a oferecer? — perguntei, deixando a pergunta no ar, sabendo muito bem que a resposta seria fascinante. Ela ficou quieta por um momento, suas mãos inquietas em seu colo. Seus olhos se desviaram, mas eu podia ver a luta interna enquanto tentava formular uma resposta que não a colocasse em uma posição ainda mais vulnerável. Ela respirou fundo antes de responder. — Eu faria qualquer coisa para pagar a dívida. — Suas palavras saíram firmes, mas havia uma tremulação em sua voz que não passou despercebida por mim. — Qualquer coisa? — inclinei-me novamente, a intensidade da minha voz a fazendo recuar ligeiramente na cadeira. — Você sabe o que isso implica, senhorita Gallo? Ou será que está apenas tentando dizer o que acha que quero ouvir? Ela mordeu o lábio, — Não sou uma criança, Senhor DeLuca. Sei muito bem o que estou dizendo. Isso deve valer alguma coisa. Valeu quando Enzo me negociou para Luigi. — Mesmo? — perguntei, me divertindo ao ver sua determinação se chocar com o desconforto. — E o que você sabe sobre mim, exatamente? Acha que pode me manipular? Me controlar com uma simples b****a? — Meu tom era provocador, e vi a tensão em seus ombros aumentar e sua mandibula delicada se torcer. Ela estava lutando para se manter firme, e isso apenas alimentava meu desejo de continuar. — Não estou tentando te manipular, só quero uma chance de pagar essa dívida sem vender a minha alma no processo. — ela falou, mas havia um tremor em sua voz, como se estivesse tentando convencer a si mesma tanto quanto a mim. Eu sorri de novo, dessa vez com um toque de verdadeira admiração. — Ah, Bambina, você realmente é uma coisinha interessante. Mas saiba disso... — Eu me levantei, andando lentamente ao redor da mesa, minha presença a cercando, enquanto ela me observava com olhos grandes, como um coelho acuado. — Eu sou o tipo de homem que gosta de resolver os meus próprios mistérios. E você, minha querida, é um enigma que estou ansioso para decifrar. Ela me olhou, seu rosto ainda ruborizado, mas seus olhos não se desviaram. — Você não vai conseguir me assustar, Rocco. Eu ri, um som baixo e perigoso. — Não preciso te assustar, Caterina. Eu só preciso te fazer perceber que, no final, você sempre vai acabar exatamente onde eu quero que você esteja. Ela se levantou abruptamente, a cadeira raspando novamente no chão. — E onde seria isso? Eu a observei, ainda com aquele sorriso preguiçoso. — Isso, minha cara, você vai descobrir... no tempo certo. — Me virei, dando a ela uma saída, sabendo que ela estava perto de seu limite. Provocá-la era uma diversão que eu poderia prolongar por muito tempo. Ela hesitou, claramente tentando decidir se deveria continuar a luta ou recuar. Finalmente, virou-se e saiu apressadamente do escritório, seus passos ecoando pelo corredor. Eu fiquei ali, observando-a desaparecer, um sorriso satisfeito no rosto. Caterina Gallo seria um desafio, e eu adorava um bom desafio.
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