Rocco DeLuca
Quando iniciamos a invasão no casamento de Luigi, deveria ter sido uma operação limpa. Meus homens se espalharam pela capela, e em poucos minutos a cerimônia virou um caos. Enrico Casanova estava lá também, escondido nas sombras, como um predador aguardando a oportunidade perfeita. Casanova, sempre imprevisível e perigoso, complicou tudo.
Eu segui diretamente para o altar, onde Luigi estava se casando com… Caterina? Minha Caterina era a noiva misteriosa de Luigi Cavaglieri? Não houve tempo para discursos ou negociações; um disparo certeiro, e Luigi caiu morto aos pés de Caterina. Ele caiu rapidamente, sem sequer saber o que o atingiu. Os olhos dela se arregalaram, cheios de terror e surpresa, ela olhou para o vestido e depois em volta quando todos os outros homens começaram a atirar. Rapidamente ela sumiu no meio da sala.
Droga! Eu precisava encontrá-la. Eu precisava encontrar minha mulher. “Droga, Rocco. Ela não é sua.” Foi quando a encontrei. Nossos olhares se cruzaram por um instante que pareceu uma eternidade. Ela estava assustada, claro, mas também havia uma curiosidade, uma fascinação. Caterina era uma bela mulher, mas seus olhos castanhos estavam assustados e ela estava encolhida no chão da capela, com as duas mãos tapando os ouvidos.
Ordenei que meus homens cuidassem dos convidados enquanto me aproximava de Caterina. Ela tremia, as lágrimas correndo pelo rosto. Eu ergui a mão para ela e por um longo tempo ela apenas ficou encarando. Ela franziu a testa e engoliu seco. Peguei sua mão, e ela tentou se soltar, mas eu a segurei firmemente.
— Vamos, Caterina — eu disse, minha voz baixa mas autoritária. — Tanto seu noivo quanto seu pai me devem, e você virá comigo até que a dívida seja paga.
— Não.Não.. Não… — Ela balançou a cabeça desesperadamente, implorando por sua vida. — Por favor, não me machuque. Eu não posso. — ela suplicou, a voz entrecortada pelo medo. Lágrimas começaram a escorrer em seu rosto bonito. — Não me torne sua mulher. Eu.. Eu não quero me casar…
Eu ri de sua súplica, um sorriso que sabia ser mais ameaçador do que tranquilizador. É óbvio que tenho sentimentos por ela, mas ela era pura demais para mim. Peguei ela a jogando no ombro enquanto ela soltava um gritinho estrangulado. Levei Catarina para fora da capela, onde um dos meus carros esperava.
—ME LARGUE! — Ela gritou batendo pequenos socos que sequer tinham alguma força nas minhas costas.
Me ajoelhei ao lado do carro e a coloquei no banco de trás, segurando ela firme pelos ombros enquanto prendia o cinto nela. Seus olhos estavam vermelhos e inchados pelas lágrimas, mas ela mantinha o olhar fixo em mim.
Ela estava claramente irritada, sua expressão logo mudando para o medo quando viu minha arma dentro do paletó, — Não. — ela suplicou, — Por Favor…
— Eu disse que não vou te machucar, Bambina. Vou te proteger. — Minhas palavras não a acalmaram, mas ela parou de lutar, exausta. Eu me sentei do lado dela e dei o sinal para o carro começar a se mover, deixando para trás a cena de caos e morte. Olhei para Caterina, e vi que ela tentava entender a situação em que se encontrava. Seus olhos, ainda vermelhos das lágrimas.
Ela virou o rosto, se recusando a me olhar, e eu senti um pouco de frustração e uma estranha ternura se misturando em meu peito. Que diabos? Caterina era diferente de qualquer outra mulher que eu já tinha conhecido. Peguei meu celular e mandei ordens aos meus homens para limpar a cena.
No caminho para o meu esconderijo, o silêncio entre nós era pesado demais, então resolvi quebrá-lo, — Seu pai me deve e seu noivo também. Você estará sob minha proteção até que possa pagar a divida. — Eu disse fazendo ela olhar para o chão desolada mordendo o interior da própria boca.
— Então eu tenho que ir com você por causa da dívida deles? — Ela falou com olhos tristes encarando a janela. — Não tem outro jeito? — Ela perguntou e seus olhos brilharam esperançosos.
— Não vou tocar em você, Bambina. — Eu disse com um suspiro enquanto ela estava trêmula, ao meu lado — Vou te proteger e manter você segura até que seu pai pague o que me deve. Você estará sob minha guarda.
— Ele não é meu pai. — Ela afirmou me fazendo erguer as sobrancelhas para ela. — Enzo é meu padrasto.
— Não me importo com seu grau de parentesco. — Eu respondi. — Como você é a nova esposa de Luigi também herdou a dívida dele. Então você tem muito a me pagar.
— Quem é você realmente? Como você sabe meu nome? — ela perguntou, a voz ainda tremendo. Mas eu não respondi nada. Dei a ela apenas um olhar interrogatório. Quem ela acha que eu sou?
Caterina engoliu em seco, seu rosto refletindo a confusão e a angústia que ela sentia. Eu não podia culpá-la. A situação era complexa e perigosa, e eu sabia que a proximidade forçada não a deixaria confortável tão cedo. Mas era melhor assim. Ela sabe que é.
Chegamos ao meu esconderijo, uma mansão isolada nos arredores da cidade, cercada por segurança privada. Desci do carro e ajudei Caterina a sair, segurando-a pelo braço. Ela não ofereceu resistência, mas seu olhar era um claro sinal de que não estava aceitando sua nova realidade.
— Bem-vinda ao seu novo lar, Caterina — eu disse enquanto a guiava para dentro. — Aqui você estará segura, pelo menos até seu pai pagar o que me deve.
Ela me lançou um olhar de puro ódio misturado com medo de suas pernas tremendo, mas não disse nada. Eu sabia que a batalha para ganhar sua confiança seria longa, e talvez nunca fosse completamente vitoriosa.
— Isabella! — Eu gritei, e minha governanta apareceu rapidamente. Isabella fazia parte da nossa família há muitos anos; ela e meu pai tiveram um envolvimento depois que minha mãe faleceu, e ela teve meu meio-irmão, Inácio. Mesmo que meu pai nunca o tenha reconhecido oficialmente, eu sempre soube que ele era meu irmão.
— Senhor DeLuca, quem é essa signorina? — ela perguntou, olhando para Caterina com uma curiosidade crescente em seu rosto;
— Esta é Caterina. Ela ficará conosco por um tempo. Certifique-se de que ela tenha tudo o que precisa. — Minha voz era firme, sem deixar espaço para questionamentos.
Isabella acenou com a cabeça, oferecendo a Caterina um sorriso acolhedor. — Venha comigo, querida. Vamos cuidar de você. — Ela estendeu a mão para Caterina, que hesitou por um momento antes de aceitar. — Vou lhe dar um banho. Guardate quel vestito, tutto insanguinato. Poverina. (Olhe esse vestido, todo ensanguentado. Pobrezinha.)
Enquanto Isabella levava Caterina para um dos quartos, meu celular vibrou. Era uma mensagem de Vittorio, um dos meus homens de confiança.
Vittorio: Enrico está esperando você na boate.
Droga, Casanova não perdia tempo. Ele estava claramente querendo aproveitar a oportunidade para negociar ou talvez tentar algo mais ousado. Precisava manter minha mente afiada e não me deixar distrair.
Peguei o celular e respondi rapidamente:
Eu: Estou a caminho. Mantenha-o lá até eu chegar.
Olhei para Isabella, que estava voltando para mim após ter acomodado Caterina.
— Isabella, vou sair por algumas horas. Cuide bem da senhorita Caterina. Não deixe que ela saia da mansão.
Isabella cerrou os olhos e assentiu, compreendendo a gravidade da situação pela minha expressão. — Pode deixar, filho. Vou cuidar dela bem. Vá cuidar dos negócios.
Saí rapidamente, pegando o carro e dirigindo em direção à boate onde Enrico Casanova estava me esperando. A noite estava escura e silenciosa, uma estranha calmaria antes da tempestade que eu sabia que estava por vir. Casanova era imprevisível e perigoso, e eu precisava estar preparado para qualquer coisa.