- Ai meu Deus! Que burrada você fez no seu cabelo?! E essas lentes?! Vai começar a falar antes que o carro comece a andar.- Liza disse de dentro do carro.- Vai desembucha!- Insistiu após eu entrar do outro lado. Deu a partida.
- Sabe aquele lance das faíscas vermelhas? Então, hoje mais cedo piorou, ficou mais forte. Mudou a cor do meu cabelo e dos meus olhos. Pode ver, não é tinta e nem lente.- Ela deu uma olhada quando paramos no farol e ficou pensativa.
- É, vendo daqui não é tinta e nem lente mesmo.
- E é nisso que eu precisava da sua ajuda.- Disse fazendo uma cara de dó.
- Amiga, agora já não dá mais para disfarçar isso tudo. Estamos chegando.- Como eu poderia esquecer que a faculdade está a menos de 10 minutos da minha casa?- Você vai ter que mostrar seu visual novinho.- Minha cara não devia ter ficado muito boa.- Olha... Vou admitir, você tá linda!- Tentou me animar.- Eu só fiquei assustada pela mudança repentina e por nunca ter te visto desse jeito... diferente.- Deu um sorriso.
- Sei... Mas obrigada.- Eu sabia que estava estranho.
Passando pelos corredores lotados, todos me olhavam. Antes já me olhavam torto, imaginem agora.
- Amiga não fica se importando com eles, estão com inveja de você. Você tá um arraso.- Liza tentou me confortar.
- Não, não me importo, mas é chato, sabe?
- Ainda 'tá de pé a nossa saidinha ao shopping? Agora só temos dois dias para escolher as roupas.- Disse passando o braço por de trás do meu pescoço.
- Claro, às sete, não é?
- Sim!- Respondeu animada.- Amiga, vou para sala. Tchauzinho.
- Okay, também vou. Até mais.- Disse bem desanimada.
- Até.- Respondeu e fomos cada uma para um lado.
Eu acho que ir para faculdade depois daquele surto de poderes não foi uma boa ideia. Enquanto o professor falava e falava sobre a matéria, minha cabeça não parava de doer.
- Au!- Comecei a reclamar de dor.
- Evydia, você está bem? Evydia?!- Depois disso não lembrei de mais nada, acabei desmaiando.
Quando acordei me disseram que aconteceu uma coisa muito estranha, no caso, para eles era estranho, para mim já era normal. Meus olhos, mesmo fechados, brilhavam vermelhos, como duas fogueiras em chamas. E de minhas mãos, mesmo viradas para mesa, conseguiam ver que havia uma luz vermelha nas palmas que piscavam, parecendo trovões avermelhados. Eles acharam que eu estava sendo possuída, vê se pode?
Depois de sair da enfermaria, fui à diretoria pois haviam me chamado.
- Pode entrar.- O diretor disse após eu bater na porta.
- Diretor?- Perguntei sem entender o porquê de eu estar ali.
- Eu soube que você desmaiou na aula do Sr. Stanley, está tudo bem?
- Sim.
- Que bom.- Sorriu gentilmente.- Mas hoje vou te liberar mais cedo, para poder descansar em casa. É só assinar aqui.- Mostrou um papel para mim.
- Obrigada.- Disse após assinar.
- Não a de que.
Agradeci novamente com a cabeça e fui para casa. Chegada, já comecei a pesquisar sobre algumas doenças só para tentar descobrir se tinha algo sobre o que estava acontecendo comigo. E adivinha, não achei nada. Mas ainda bem que a Liza ligou porque eu já estava ficando paranóica.
Ligação on
- Alô? Oi Liza.
- Oi senhora esquecida. Cadê você? Não estou te achando em lugar algum.
- É porque eu estou em casa.
- Ué! O que você está fazendo na sua casa a essa hora? O diretor deixou você sair?
- Liza, claro que deixou. Eu sei que dá muita vontade de cabular, mas eu não faria isso. Eu desmaiei.
- Nossa, você está melhor?
- Sim, bem melhor.
- Ai que bom.- Ficou um silêncio.- Mas e o shopping? 'Tá de pé ainda?
- Claro amiga.
- Ok então, até mais tarde. Tenho que voltar para aula.
- Tá bom. Até mais.- Respondi.
Ligação off
Eu imaginei que nada mais de estranho iria acontecer hoje, mas eu me enganei mais uma vez. Comecei a ouvir um barulho muito esquisito e uma luz bem forte vindo da porta do meu quarto, e como todo mundo faz, fui ver o que era. Abri a porta e na hora pulou um garoto bem alto e cheio de armaduras.
- Eu sou Luky, filho de Hades e Atenas. Que lugar é esse?- Foi o que ele disse. Cada pessoa estranha que aparece.
- Sabe Sr. Luky, em primeiro lugar, eu nem sei quem você é. E em segundo, o que você está fazendo aqui no meu quarto?
- Como já disse, sou filho de Hades e Atenas. Eu não sei como vim parar neste lugar estranho. Eu estava correndo de uns caras de onde eu vim que me perseguiam...- Parou de falar.- Eu nem sei o porquê 'tô contando isso pra você.- Fiquei com uma cara de deboche.
- Hum sei. E eu nem deveria estar falando com você! Eu deveria ter ligado para polícia.
- O que é polícia?- Quando ele perguntou, pensei que estivesse de brincadeira com a minha cara, mas logo percebi que ele realmente não sabia.
- Tá, deixa quieto.- Respondi.
- Sabe, pelo que estou vendo, você tem poderes. Tem uma grande energia em volta de você.- Disse me observando de cima a baixo.
- Tá.- Disse nem prestando a atenção no que dizia.- O que?!- Percebi e fiquei surpresa.- Como você sabe disso?
- Ah, eu tenho um dom.- Começou a se gabar.
- Aí beleza.- Não sei, mas de alguma forma ele me irritava muito fácil.
- A sua energia, o seu poder, é bem forte. Por acaso você é filha de algum deus?
- Que! É sério isso?! Cadê as câmeras?- Eu estava desacreditada no que ele acabou de dizer.
- Não.- Respondeu seriamente.- Não 'tô de brincadeira.
- Só para você saber, eu sou órfã.- Pelo menos eu me considerava uma.- Não tenho pais, nem sei quem eles são.
- Me desculpe pela intromissão.- Disse quando percebeu a minha feição.
- É o mínimo por ter invadido a minha casa.
- Me desculpe por isso também.- Um silêncio invadiu o meu quarto.- Mas, se você quiser, eu posso te levar para o lugar de onde eu vim, só pra ter certeza de que você não é mesmo filha de algum deus.