Elliot narrando -
Fui até o hotel em que Rebecca havia se encontrado com seu irmão. Queria coletar informações sobre ele, assim eu poderia conseguir contata-lo e falar com Rebecca.
- Você tem certeza? - Perguntei ao gerente.
- Sim senhor Hangan. - Ele respondeu limpando o suor de sua testa.
Eles haviam alugado uma mesa reservada e todas as outras ao redor, o gerente não podia me falar a identidade do homem pois nem mesmo ele sabia, sabia apenas que ele havia estado hospedado no hotel na noite anterior e alugou um andar inteiro para ele e seus subordinados, saiu uma hora após conversar com Rebecca e tudo foi arranjado pelo diretor executivo da rede de hotéis, nem mesmo o gerente tinha permissão de lhe incomodar. Eu sabia que havia algo errado, pessoas comuns não tinham tanto poder para fazer esses arranjos, eu estava frustrado e irritado.
- Conseguiu algo? - Liandra perguntou quando me viu entrar em casa. Minha mãe não se atreveu a dizer nada pois sabia que eu estava furioso.
- Lia, vamos ao meu escritório. - Era o único cômodo da casa a prova de som, Lia me seguiu e fechou a porta atrás de si.
- O que aconteceu? - Ela perguntou exasperado, estava preocupada pois Rebecca havia saído mas não a contatou nenhum vez desde então.
- O gerente do hotel disse que os arranjos foram feitos diretamente pelo diretor executivo, ele não sabe sobrenome, endereço ou contato do irmão de Rebecca. - Falei soltando um suspiro.
- Você acha que ela deve estar em perigo? - Lia perguntou levando a mão ao peito.
- Eu não sei Lia, eu espero que não! Mas ela desapareceu não atende telefone, ninguém sabe nada sobre esse homem e mamãe disse que ele foi ousado o suficiente para ameaça-la em público. - Passei as mãos sobre meus cabelos de modo exasperado. Rebecca nunca nos falou sobre sua família porque eles eram perigosos? Minha cabeça estava doendo muito, era uma péssima hora para esse homem ter aparecido por aqui, quanto azar.
- Vou continuar procurando ela. - Garanti para minha irmã que deixou o escritório e foi mais uma vez tentar falar com Becca.
Rebecca narrando -
Coloquei uma calça bem folgada, estava folgada pois eu havia emagrecido desde a última vez que a usei, achei uma blusa de alcinha e calcei minhas pantufas, estava muito confortável. Desci as escadas, meu estômago estava roncando, nem mesmo tive tempo de secar meus cabelos. Assim que cheguei a sala de jantar as amas serviam a mesa, algumas me olhavam de canto de olho não ousaram me encarar, essas deviam ser nova pois as mais antigas eu conhecia.
- Becca, você não secou nem mesmo seu cabelo? - Minha mãe me repreendeu imediatamente, iria protestar mas então vejo Abby entrando com uma jarra de suco.
- Abby! - Exclamei e corri ao seu encontro, ela deixou a jarra sobre a mesa e me abraçou com força.
- Menina olha só para você! Como está magra, não te alimentavam? Não acredito que você está de volta. - Ela disse me soltando e voltando a me abraçar.
Abby estava em nossa família a anos, antes mesmo de eu nascer. Ela era a governanta de nossa casa, eu cresci ao seu lado, ela ajudou muitas vezes a cuidar de mim, sua filha Emília era uma de minhas melhores amigas.
- Eu tenho certeza que você e mamãe irão me alimentar muito bem daqui pra frente. Quantas pessoas virão comer conosco? - A mesa estava forrada de pães, queijos, bolos e doces. Mamãe enxugou uma lágrima que caia em seu rosto.
- Querida venha comer, eu não sei como você esteve nos últimos anos mas agora está em casa e eu cuidarei muito bem de você. - Mamãe me colocou sentada, papai e Logan se juntaram a nós pouco tempo depois.
Estava com meu celular no bolso e então resolvi ligá-lo, havia desligado desde que sai da casa dos Hagan. Enquanto tomava meu suco um som estridente saiu de meu telefone, olhei para a tela e pude ver a chamada de Liandra. Olhei para cima e todos me olhavam expectantes.
- É Liandra, vou atende-la, ela deve estar preocupada comigo. - Eu disse fazendo menção em me levantar.
- Coma primeiro, depois você pode retornar a ligação. - Papai tinha uma cara séria, Logan que estava ao meu lado me colocou de volta no lugar, acho que eles tinham medo de que os outros me convencessem a voltar, mas isso não aconteceria de forma alguma.
Papai me falava sobre seus novos investimentos e como esperava poder desenvolver um novo tipo de veículo, ele investia na área tecnológica mas havia várias outras empresas de outras áreas que também possuía.
- Becca, eu protegi sua identidade durante sua adolescência para lhe manter longe de problemas, proibi que fotos suas fossem divulgadas por aí, mas agora quero que o mundo inteiro saiba que você é minha filha! - Eu sabia que ele estava fazendo isso para que ninguém mais ousasse me machucar. - Faremos isso após seu divórcio.
Limpei a boca com o guardanapo, Logan e mamãe me encaravam esperando uma resposta.
- Tudo bem! - Eu nunca quis falar que fazia parte da família Sinclair não por vergonha como Rosemary e Leonor imaginavam, mas por medo de que as pessoas apenas se aproximariam de mim por interesse. Mesmo não sabendo minha origem eles apenas me usaram, então que diferença isso fez? Resolvi concordar, mais cedo ou mais tarde isso ocorreria, eu preferia então que fosse agora.
Papai tinha algo a resolver na empresa e Logan o acompanhou, mamãe estava discutindo o cardápio para o jantar, pensou em fazer uma surpresa as minhas amigas amanhã e eu concordei, sai para o jardim e liguei para Liandra.
- Lia! - Ela atendeu o telefone prontamente.
- Becca! - Ela soluçou. - Becca eu estava tão preocupada, não deveria ter sido tão imprudente e deixado você sair assim, onde você está? Meu irmão vai buscá-la. - Respirei fundo, podia ver o quão desesperada ela estava.
- Lia, eu estou muito longe, estou com minha família, eu não vou mais voltar, nunca mais. - Falei com a cabeça baixa.
- Becca por favor, preciso saber que você está bem, eles estão lhe ameaçando? - Lia disse em desespero.
- Não Lia, quem lhe disse isso? Minha família não seria capaz de fazer algo assim eles me amam muito. Eu estou bem, só percebi que a coisa mais estupida que fiz na vida foi deixar a minha família por uma paixão de juventude, a melhor coisa nisso tudo é que eu conheci você, e seremos para sempre amigas.
- Deixe-me vê-la então tudo bem!? - Lia então início uma chamada de vídeo e eu aceitei, a tarde já estava caindo, não havia mais um sol tão forte, estava passeando pelo jardim quando a tela se iluminou revelando meus cabelos ao vento, Lia tinha os olhos vermelhos e cheios de lágrima, ela soltou um suspiro.
- Você parece bem Becca, está na casa de sua família? - Lia perguntou enxugando as lágrimas.
- Sim, conversei com meu pai e meu irmão, papai não está com raiva de mim Lia. - Eu disse sentando no banco no jardim.
- Becca está em uma parque? - Lia perguntou, eu sorri, o jardim de minha casa era enorme, parecia até mesmo um parque.
- Não Lia, estou em casa no jardim. - Papai já havia decidido revelar minha identidade, cedo ou tarde eles saberiam quem eu era.
- Essa é a casa de sua família? - Ela perguntou com a testa franzida.
- Sim Lia. - Falei abaixando a cabeça. - Minha família não é desafortunada, só não queriam que eu me casasse tão jovem. - A olhei nos olhos através da tela do celular enquanto falava.
- Entendo. - Lia percebeu que sua família nunca procurou minhas origens para saber de onde vim, só deduziram que se tratava de uma pessoa p***e por eu não lhes dizer nada sobre eles, não é como se Elliot não soubesse meu sobrenome antes de se casar comigo ou não tivesse acesso ao nome dos meus pais, ele só não teve interesse.
- Só não conte para ninguém por favor. - Pedi, não queria que eles soubessem antes do divórcio ser assinado, conhecia Rosemary muito bem, era uma mulher dissimulada ela seria capaz de dificultar meu divórcio e fingir que nunca me tratou como um lixo.
- Senhorita. - uma ama veio até o jardim me chamando.
- Você precisa ir? - Lia perguntou bem mais calma.
- Sim, mas te ligo amanhã. - Respondi pedindo para que a ama não pronunciasse meu sobrenome.
- Liandra. - Elliot chamou Lia que se assustou.
- Tenho que ir Lia, até mais. - Desliguei imediatamente o telefone.