Camila narrando.
Eu não podia mais ficar aqui trancada num cômodo e esperando pela minha forca. A minha vida tinha virado uma loucura e eu estava cansada de fazer o que os outros queriam, o Dário iria sair vitorioso, conseguiria assumir a Máfia do pai, como ele quer, mas e eu? Iria passar um ano infeliz e gerando o filho de um cara que eu nem conheço?
Que loucura...
Eu ouvi o Dário dizer que iria sair, combinou algo com alguém à meia noite e essa seria a minha chance de me divertir pelo menos um pouco. Eu iria me convidar para ir com ele, eu precisava tomar um porre daqueles e esquecer essa merda que estava prestes a acontecer.
Eu tomei um banho demorado, vesti o melhor vestido vermelho que ele tinha comprado, marquei os meus lábios com um belo batom vermelho e o salto não podia faltar, o perfume era marcante e maravilhoso, nunca tinha sentido nenhum cheiro parecido e os meus longos cabelos castanhos ondulados estavam jogados de lado, dando o caimento perfeito para toda aquela produção.
23:00 p.m, era a hora perfeita para aparecer na sala e surpreender a todos, eu peguei uma mini bolsa brilhante, tranquei a porta do meu quarto e guardei a chave na bolsa, eu fui andando pelo corredor enorme e na ponta da escada pude ouvir a voz do Dário e do Sr. Alejandro, ele parecia estar se despedindo, mas se virou de frente para a escada quando ouviu o barulho do salto batendo na escada de mármore.
— Boa noite! — Eu sorri cínica quando ambos me olharam.
— Onde pensas que vai, bela menina? — Alejandro perguntou ao me olhar dos pés à cabeça.
— Ora, aproveitar a minha última noite não tão livre. — Eu cruzei os braços, me encostando no vidro da escada. — Amanhã eu serei uma senhora presa num casamento obrigado.
— Não vai a lugar algum. — Dário respondeu com uma sobrancelha erguida.
— Ah, por que não hijo? — Alejandro perguntou para o filho. — A moça está arrumada, não faça disfeita.
— Eu não quero a companhia dela, estou indo para resolver coisas com o Carlos. — Ele respondeu sério.
— Tudo bem, não vou te atrapalhar, querido. — Eu falei ironizando, estava cansada de me lamentar pelo que aconteceu, era hora de dar o troco.
Dário respirou fundo e agora o seu rosto era ainda mais sério, ele beijou a testa do seu pai e abriu a porta da sala.
— Não me faça arrepender! — Ele falou enquanto saia em direção ao seu lindo carro tesla.
— Obrigada Sr. Alejandro. — Eu falei empolgada e beijei a sua bochecha, marcando com o meu batom vermelho.
Ele se assustou com a minha reação, mas depois sorriu e me desejou uma boa noite, enquanto eu saia saltitante e fui em direção ao carro, eu abri a porta de trás e me sentei elegantemente.
O Dário não deu uma única palavra o caminho inteiro, hora ou outra ele olhava pelo espelho retrovisor, mas eu fingia não perceber e continuava a cantar as músicas que tocavam ao fundo... A minha voz era maravilhosa, eu amava cantar... e até esse sonho foi destruído.
Nós chegamos ao local, ele estacionou e entregou a chave ao manobrista que abria a porta para que eu descesse. Dário não me esperou, ele entrou na frente e eu fui logo em seguida, como se eu estivesse sozinha.
Era uma boate muito luxuosa, acho que nunca tinha entrado em algo parecido, eu avistei o bar de longe, eu me aproximei, desviando das pessoas que estavam dançando e então eu cheguei onde eu queria.
— Nunca a ví por aqui, linda mulher. — Um homem falou, eu olhei para ele e até que era bonitinho, mas não dei bola, ignorei o que ele dizia e então o barman chegou para me atender.
— ¡Dos tequilas, por favor! (Duas tequilas, por favor.) — Eu pedi para o barman.
— Claro, senhorita! — Ele respondeu enquanto preparava. — Aqui está...
— Gracias! — Eu sorri e vire uma e depois a outra.
— Vai com calma. — Uma voz rouca soou próximo ao meu ouvido, me fazendo arrepiar, eu me virei e dei de cara com o Dário.
— Já está querendo me controlar? — Eu debochei e o rapaz que tentou chamar a minha atenção olhou para nós dois sem entender. Ele parecia conhecer o Dário.
— Vocês se conhecem? — O rapaz perguntou ao cumprimentar o Dário.
— Sim, é a minha noiva! — Dário respondeu desanimado.
— Que mundo pequeno. — Ele respondeu sem graça. — Me desculpe pela cantada. — Ele se referiu a mim e o Dário olhou sem entender.
Eu dei de ombros, afinal, não me importei com a cantada dele, eu pedi mais duas tequilas e vire ambas, enquanto os dois me olhavam, sem acreditar que eu poderia beber tantas tequilas de uma vez.
— Ah, por favor, me traga uma taça do melhor champanhe e coloque na conta do meu noivinho. — Eu sorri irónica e o rapaz olhou para o Dário, esperando pela aprovação dele, ele balançou a cabeça que sim e o rapaz fez o que eu pedi, entregando a melhor taça nas minhas mãos. — Tchauzinho...
Eu sorri para eles e dei um gole na bebida, indo em direção a pista de dança. Além de cantar, eu sabia dançar, amava todas as danças típicas mexicanas, mas me dava melhor com músicas sensuais, a arte é a minha paixão e aonde eu ia, conseguia chamar a minha atenção pela minha beleza e a minha simpatia.
O DJ da casa percebeu que eu estava animada e que eu não era dali, ele colocou uma música mexicana para mim, um rapaz muito bonito estendeu a mão para que eu dançasse com ele e eu aceitei, a música era lenta e bastante sensual, o rapaz apertada a minha cintura e me conduzia ao som da minha terra natal.
Os olhares do Dário para mim eram fixos, as vezes eu disfarçava e olhava na sua direção, ele conversava com o homem, mas os olhos eram grudados em mim e eu estava amando provocar, alguma coisa boa eu iria tirar desse casamento de merda, eu iria fazer ele se arrepender de ter me escolhido naquele maldito leilão.
Ao final da música, o rapaz parou a música me deixando num meio fio, a minha perna dobrada e a sua mão na minha coxa, enquanto o seu corpo dobrado dobre o meu, praticamente colando os nossos lábios. Eu já estava um pouco alterada de bebida, não estava quase respondendo por mim e quando eu percebi, todos estavam batendo palmas, mas o meu corpo foi puxado para longe e segundos depois o homem já estava no chão com a boca sangrando.