Na nossa pré-adolescência tínhamos apenas uma única coisa em comum: Archie Andrews. O garoto bonzinho que era o nosso melhor amigo, que sempre nos uniu, nosso laço e a nossa ponte.
Me lembro muito bem que comecei a jogar futebol apenas para ter algo em comum com vocês dois, para poder brincar com vocês, na verdade aprendi a fazer muita coisa apenas para ficar próxima de vocês. Jogar futebol, entender sobre futebol e basquete, entender de motos e carros.
Todas as sextas quando tínhamos treze anos nos reuniamos no Pop's para comer hamburger e bebermos milkshake, era a nossa tradição, algo que nunca quebravamos. Depois de ir a chocoloja, assistíamos um filme na casa do Archie.
Você sempre me levava até a porta da minha casa - mesmo que eu morasse do lado do Archie e que nada fosse acontecer comigo em dez metros de distância. Você sempre esperava que eu entrasse e fechasse a porta, apenas depois disso você ia embora.
Me dá saudades daquele tempo em que sentavamos na sala do senhor Andrews, a senhora Andrews fazia pipoca e a gente assistia um filme, as vezes de comédia, romance ou de ação - mesmo que eu insistisse em assistir algum filme de romance.
Archie nunca apoiava minha ideia de assistir filme de romance, até que um dia vocês concordaram em fazer uma votação e você votou para que a gente assistisse romance.
Você me apoiou, mesmo que você tenha odiado o filme de romance.
Na metade do filme eu já tinha chorado o suficiente para molhar toda sua camisa, deitando a cabeça no seu ombro, você tinha comido o balde de pipoca todo e Archie estava apagado no sofá, roncando alto o bastante para atrapalhar o filme.
Hoje eu confesso que o filme não era legal para garotos e nem o suficiente para me fazer chorar, mas assim você ficou acordado apenas para acompanhar o filme e não me deixar chorando sozinha.
10 coisas que eu odeio em você.
Ainda gosto de assistir esse filme e lembrar de você.
- Você chorou tanto que seu rosto está vermelho.- Você comentou quando foi me deixar na porta da minha casa, me olhando com um sorriso brincalhão.
- Não sei por que vocês não choraram também, o filme era tão triste!- Fiz biquinho, enxugando as lágrimas que insistiam em cair.
Para minha surpresa você tinha um lenço e o retirou do bolso da sua blusa xadrez, estendendo ele para mim.
Enxuguei minhas lágrimas e você me abraçou com força, beijando o topo da minha testa.
- Eu sei que você não está chorando apenas por um filme, mas você tem que saber que nem ele e nem ninguém nunca merecerá uma única lágrima sua.- Sussurrou, afagando meus cabelos delicadamente.
Mais um beijo foi depositado na minha testa, antes de você apontar para que eu entrasse para casa.
- Jug!- Chamei antes de fechar a porta.
Você me olhou, em seus olhos estavam claramente a tristeza e você parecia querer desabar ali mesmo.
- Eu sinto muito pelos seus pais, deve ser difícil sua mãe indo para Montana...- Comentei envergonhada.
Desci os degraus rapidamente e te envolvi em um abraço apertado.
Somos amigos para toda hora, não é mesmo? Você cuidou de mim e eu cuidei de você, acho que sempre será assim.