Ao sentir os pulmões a lembrando que precisa respirar, Hermione se afastou do loiro e colocou as mãos na cama em volta do pescoço dele. Draco estava com as mãos na cintura dela e agora a olhava nos olhos.
Hermione sentiu uma corrente elétrica correr pelo seu corpo só de encarar os olhos dele. Um olhar forte e penetrante. Nunca reparou que eram lindos...
A campainha tocou fazendo os dois quebrarem os olhares.
— Deve ser a pizza...
— Até que não demorou — disse sorrindo.
Hermione sorriu e ele a ajudou a levantar e depois sentar na cama.
— O que eu faço?
— É só pagar e pegar a pizza. — Estendeu a mão com o dinheiro.
Draco virou as costas sem pegar o dinheiro e desceu as escadas.
Em pouco tempo voltou com a pizza e um refrigerante e quando chegou ao quarto viu Hermione lendo um livro de poções. Deu uma risadinha e colocou a caixa na cama.
— Onde tem copos e pratos?
— No armário de cima. Se quiser pode comer na mesa.
— Por quê?
— Talvez não goste de comer na cama e eu não vou levantar daqui mesmo. — Deu de ombros. — Eu sabia que tinha feito direito! Mas essa poção demora duas horas para fazer efeito em 100% olha... — Mostrou o livro a ele que riu.
— Eu já entendi. Você fez direito. Vou pegar as coisas.
— Não esquece os talheres — disse quando ele saiu pela porta.
Em pouco tempo estavam comendo juntos em cima da cama.
— Se sujar minha colcha te capo!
— Isso é ameaça que se faça?
— É claro. Ninguém quer ser capado. Ou você quer?
— Óbvio que não!
— Então não suje a colcha! — falou mandona e comeu um pedaço da pizza.
Draco ficou a olhando rindo. Ela nunca vai conseguir parar de mandar nele?
— Isso é muito bom!
— Tem muitas coisas dos trouxas que são boas, Malfoy. Não só a comida.
— Hum... Não conheço muita coisa e nem nunca me deixaram conhecer...
— Seu pai era bem difícil, né?
Ele ficou em silêncio a olhando.
— Desculpa... Saiu sem querer. — Desviou o olhar.
— Ele não era difícil. Era impossível!
Ela voltou a olhá-lo.
— Tudo tinha que ser como ele falava e tudo que ele dizia era o certo.
— Até o grande preconceito de sangue, não é?
Os dois ficaram em silêncio se encarando.
— É. Só que... — Parou de falar bruscamente.
— O que?
— Eu não vejo diferença nisso mais...
Hermione o olhou surpresa.
— Você é um exemplo de que as vezes os nascidos—trouxas podem ser melhores que os sangue—puros.
Hermione estava de boca aberta o olhando. Pensou até que estivesse sonhando e um sonho bem esquisito por sinal... Ela ficou paralisada e sem querer deixou a pizza dela cair na colcha.
— Merda!
Draco caiu na gargalhada e fez ela rir junto.
— Vai se capar? — perguntou rindo e Hermione lhe deu um tapa no ombro.
Ela pegou um guardanapo e limpou sua sujeira.
Os dois comeram e conversaram animadamente. Esqueceram que eram inimigos nesse momento.
— Comi tanto! — disse Draco com a mão na barriga.
— Ninguém resiste a uma boa pizza.
— Quer me contar mais sobre os trouxas?
Hermione o olhou surpresa.
— Sério?
— Sim. Não tem meu pai agora para me bater por querer saber...
Silêncio.
Draco desviou o olhar quando percebeu o que disse.
— Ele fazia isso? — perguntou puxando o rosto dele pra que a olhasse.
Draco acenou confirmando.
— Sinto muito... Posso te explicar algumas coisas — disse sorrindo.
Hermione ficou um bom tempo explicando as coisas dos trouxas. O loiro não prestava muita atenção, pois se perdia nos pensamentos de como ela era bonita. Ah! Por que não tinha ficado com ela antes?
Hermione se espreguiçou.
— Estou com sono...
— Você vai me deixar dormir no outro quarto? Ou quer que eu durma no sofá?
Os dois riram.
— Pode ficar no outro quarto.
Draco acenou com a cabeça. Queria mesmo era ficar ali com ela, mas sabendo de sua história... Não podia pedir isso. Tinha que ir devagar...
No dia seguinte os dois tomaram café juntos e seguiram para a casa de repouso. Estavam de ótimo humor. O que não passou despercebido pela morena da recepção. Ah droga! Pensou com raiva. Tinha colocado na cabeça que ia ficar com aquele loiro bonitão e não era a Hermione que iria a impedir!
Hermione levou Draco a um quarto um pouco maior. Nele não tinha mofo, só as paredes descascadas.
— Aqui precisa ser lixado.
— Como?
— Com isso aqui. — Pegou uma lixa grande. — É só esfregar nessas partes que estão soltas... Olha — fez um movimento circular em um espaço descascado.
— Entendi.
Hermione entregou a lixa a ele. Draco fez questão de pegar a lixa encostando na mão dela. Precisava senti-la nem que fosse um pouquinho.
— Vou ajudar o pessoal e já volto.
— Ok...
Hermione passou por ele. Draco engoliu em seco e a segurou pelo pulso. Hermione o olhou confusa. O loiro se aproximou lentamente e colocou uma das mãos no rosto dela, assim que percebeu os olhos dele em seus lábios ela engoliu em seco.
Draco tocou os lábios dela lentamente e só com isso ela estremeceu dos pés à cabeça. Hermione subiu as mãos passando pelo peito de Draco e colocou os braços em volta do pescoço dele. Com isso ele entendeu como um "também quero isso" e aprofundou o beijo.
Como na noite anterior, um beijo calmo e puro. Nunca pensou nisso na vida, mas... Se pudesse ele ficava o dia todo beijando ela! Hermione subiu uma das mãos para os cabelos do loiro e acariciou, Draco sentiu um arrepio correr por todo seu corpo com o toque.
Ambos cortaram o beijo quando precisaram de ar. Eles ficaram com as testas encostadas se olhando.
— Volto mais tarde. — Fez carinho no rosto dele sorrindo e o fez sorrir.
— Vou esperar...
Hermione lhe deu um selinho e saiu do quarto.
O loiro ficou um tempo em transe ainda sorrindo com o que aconteceu. Logo ele balançou a cabeça.
— Parece uma garotinha apaixonada, Malfoy! — falou pra si mesmo e ficou pensativo com as próprias palavras.
Apai...xonado? Merlin!
Os dois não tinham visto, mas enquanto se beijavam, Marcele observava do corredor. A morena sentia raiva em ver aquilo. Se eles viviam brigando, por que ela o queria agora? Isso não era justo! Ele tem que ficar com ela!
Hermione estava ajudando uma senhora a se deitar na cama. Ela estava estreando o quarto recém pintado.
— Puxa ficou tão bonito! — disse olhando as paredes. — Quem pintou trabalhou bem.
— Que bom que gostou. Espero que fique confortável — Hermione sorriu.
— E como estou. Não tem mais aquele cheiro de estragado... — falou torcendo o nariz e a fez rir.
Alguém bateu na porta e fez as duas olharem.
— Posso falar com você, Hermione?
— Claro Marcele... Está confortável, dona Virginia?
— Até demais — disse rindo.
— Então eu vou falar com ela, está bem?
— Fique à vontade! Porque eu já estou! — falou se aconchegando e arrancou risos de Hermione.
As duas saíram do quarto.
— Aconteceu alguma coisa Marcele?
— É que tem uma pessoa na recepção te esperando.
— Uma pessoa? — Hermione franziu a testa.
— Sim. É um homem...
Assim que chegaram à recepção Hermione viu o loiro parado com os braços apoiados na bancada. Ele sorriu quando a viu e ela sorriu sem graça. Ele não se lembrava que ela o atacou, mas ela lembrava!
— Oi Mione.
— Oi.
— Está tudo bem com você? — Deu dois beijinhos no rosto dela.
— Sim e com você?
— Também.
— O que te traz aqui?
— Bem, faz dias que não te vejo. Estava com saudades...
Hermione ficou vermelha e o homem sorriu.
— Desculpe ter te abandonado, mas eu ando trabalhando bastante.
— Esse maldito trabalho! — resmungou revirando os olhos. — Quem sabe um dia você não me conta seu segredo, não é?
— Quem sabe...
— Hermione!
Ela virou para trás assustada ao ouvir isso. Draco estava parado bem perto dela furioso.
— Oi... — respondeu com medo.
— O que você está fazendo?
— N—nada...
Draco olhou o homem com fúria.
— Marcele disse que você estava de chamego com um cara aqui na recepção — falou com raiva.
— Marcele o que? — perguntou indignada.
— Não se faça de sonsa!
— Não estou me fazendo de sonsa! Ela que foi fofocar pra você o que não sabe! Ou melhor, o que lhe convém! — disse alto.
— Mas você está aqui falando com ele! — falou alto também.
— Exatamente! F—A—L—A—N—D—O! — frisou bem a palavra e bem alto.
Draco ficou a encarando sério.
— Bem... Acho melhor eu ir embora...
— Já vai tarde!
— Malfoy!
— Não se preocupe, isso não me abala. Até outro dia. — Se aproximou e deu um beijo no rosto de Hermione.
Draco tentou se aproximar, mas Hermione o segurou. O homem sorriu m*****o para Draco sem que Hermione visse e saiu dali.
— Você viu o sorriso dele?
— Não. Que diabos deu em você?
— Por que estava falando com ele?
— O que tem de m*l?
— A dois dias atrás você o agarrou! — falou alto.
— Fala baixo seu i****a! Por que está tão irritado assim? Não estou te entendendo!
Draco a colocou contra a bancada a cercando com os braços.
— Você quer alguma coisa com ele? — perguntou a olhando nos olhos.
— Pra que você quer saber?
— Responde a droga da pergunta!
— Não fale assim comigo seu i*****l!
— Você não pode ficar com ele! – falou alto.
— E por que não?
Os dois falavam bem alto e nem perceberam. Em pouco tempo, Valentina, ouvindo a gritaria apareceu ali, mas ao ver a posição dos dois não falou nada só ficou assistindo.
— Porque... Porque...
— Por quê?
— Porque não!
Valentina suspirou e Hermione arqueou uma sobrancelha.
— Escuta uma coisa, Malfoy, eu fico com quem eu quiser! Não é você que escolhe isso. Aliás, nem tem porque você se preocupar com uma coisa dessas, afinal, você não é de ninguém, não é?
O loiro ficou em silêncio a olhando nos olhos.
— Você não pode ficar com ele...
Hermione revirou os olhos.
— Não pode porque eu quero você!
Hermione sentiu um grande frio na barriga e o olhou de boca aberta. Antes que ela pudesse responder qualquer coisa, ele já tinha se aproximado e se apossado de sua boca.
Dessa vez o beijo foi intenso. Como se com o beijo ele falasse que ela era só dele! Hermione sentia seu coração aos pulos no peito. Quando que ele iria falar isso para alguém? Devem ter batido nele na prisão... E bateram na cabeça! Com força...
Os dois se separaram respirando ofegantes e ficaram com os rostos bem próximos. Se olhavam em silêncio.
— Te quero Hermione... — sussurrou.
Ela colocou uma das mãos no cabelo dele e apertou um pouco.
— Fica comigo...
Hermione fechou os olhos ao ouvir isso e o beijou de novo.
Ela também bateu a cabeça... É claro.