Não me levem a m*l, eu amava Leona.
Eu não tinha a mínima intenção de magoar a minha irmã no dia mais feliz da vida dela.
Então eu engoli a seco as palavras da minha mãe e simplesmente marchei direto ao hospital para ver mais uma geração de uma linhagem de morte.
- Olá mãe – eu disse assim que a vi cheia de emoção na recepção
- Olá Dante, que bom que pelo menos você veio... Pensei que teria que mandar buscá-lo – disse ela cheia de sua empáfia habitual.
- Agora colocamos capangas atrás de membros da família também? As coisas estão mudadas! Onde está o seu filho preferido? Furou o nascimento da prole da Leona para chorar para o pai?
- Não chame os seus sobrinhos de prole! Tenha mais respeito! – disse ela me olhando furiosa – e o seu irmão já está vindo, ele vem com Catarina e seu pai!
Ah não, não podia ser, eu ficaria de frente com todos os demônios de uma só vez, alguma coisa tinha que acontecer para me salvar daquilo.
Como Leona foi capaz de querer parir bem hoje? Um dia tão importante?
Sei que soa o máximo de arrogância, mas eu estou tentando ao máximo parar com isso.
Eu me virei, precisava de um ar, aproveitar que apenas dona Isabella estava lá para conseguir finalmente fumar um cigarro.
Mas como todo o castigo para mim parecer ser pouco eu me deparei com os três cavaleiros do apocalipse vindo em minha direção.
- Olá Dante – disse o meu pai com a sua postura natural de chefe do lugar – onde você pensa que vai?
- Vou fumar um cigarro, acho que tenho esse direito... Eu não vou parir ninguém! – eu disse tentando continuar com o meu humor sem graça, pelo menos por um tempo que fosse.
Um embate terrível iria começar bem ali, mas, para a glória de Deus ou de qualquer outra divindade minha mãe gritou no corredor:
- JÁ PODEMOS VER AS MENINAS – ela disse toda animada.
Crianças? Eu pensei, eu nem lembrava da primeira, Leona conseguiu o insucesso de cuspir para fora duas crianças com personalidade avessas como as nossas.
Caminhei lentamente enquanto toda a família quase de acotovelava para ver as pirralhas.
Muito me admira que o meu pai tenha ficado feliz, achei que ele queria que sua filha cuspisse mais alguns homens para fora.
- Como se chamam? – falei sem graça, eu não sabia de fato, faltei a todos os eventos importantes antes desse momento.
- Bianca e Chiara! – disse a minha mãe com um brilho lindo nos olhos, sei lá, foi o único momento que me emocionou de verdade.
- Lindos nomes, posso entrar para ver a Leona? Assim posso ir embora mais rápido!
- Esse é o seu problema Dante, você não tem coração... consideração com sua família! – disse minha mãe.
- Dante... posso falar com você? – disse o meu pai me olhando de cima embaixo.
- Eu não posso dizer não ao chefe! – desdenhei.
Eu fui com ele, eu precisava de um cigarro e ele precisava me dizer que minha mãe se chateava com o meu jeito, ele precisava contar o infortúnio do meu nascimento e precisava me dizer o quanto minha mãe sofreu para trazer eu e minha irmã ao mundo. Ele tinha que dizer que o coração dela era tão cheio de luz que ela amou Lorenzo no momento em que o viu, ele tinha que repetir a minha história para jogar na minha cara que o privilégio de eu estar vivo só dependia cem por centro de Isabella Lion.
- Eu tenho uma missão para você! – ele disse assim que acendi o cigarro... Bom, aquela narrativa sim era completamente diferente do normal.
- Qual missão? – falei interessado
- Nós estamos ajudando uma instituição, uma igreja para ser mais exato. E preciso que você se encontre sempre com a freira que está encabeçando o projeto para as crianças.
- De jeito nenhum, me tira fora dessa! – eu falei irritado – quero ser incluído em projetos maiores, onde estão as cargas? Onde negociamos o nosso poderio? As armas chegam no porto? Quando?
- Você jamais vai se sentar na minha cadeira sem que crie compaixão pelas pessoas! Esse não é o legado que quero deixar para trás.
- Você é um mafioso p***a! Que legado além de muito dinheiro envolvido e morte? Amar a minha mãe deixou você sentimental! Mas todos sabem das histórias envolvendo seu nome senhor compaixão! – joguei na cara dele o máximo que eu consegui de informações, eu queria me livrar daquilo, por que não colocar o filho bom para essa função infame? – Coloca o Lorenzo! Ele tem o coração cheio de flores ele e a sonsa da mulher dele vão simplesmente adorar essa função!
- NÃO! VOCÊ VAI E PRONTO! Eu vou passar o endereço e você tem que estar na igreja as sete horas da manhã! Ou eu já proclamo o seu irmão o dono da cadeira e mando você se f***r independente da sua mãe!
- p***a, SÉRIO MATTEO? TEM QUE SER ASSIM?
- Não me chame de Matteo, eu sou seu pai, e sim, tem que ser assim! Se quiser!
- DROGA, eu vou! Eu não tenho uma p***a de uma opção viável!
- ótimo! Agora vou entrar para ver minha filha e minhas netas se você não se importa.
Ele me deixou falando sozinho com o meu cigarro e toda a minha empáfia.
Eu entrei no quarto da minha irmã que me olhou do modo mais afetuoso do mundo.
- Oi Dante... você não foi embora! – ela disse com os olhos cheios de lágrimas.
- Não... eu não fui embora minha irmã! E então como você está depois de dar à luz a duas montrinhas sugadoras de alma? – eu disse sorrindo
- Até que me saí bem considerando que elas são mesmo a nossa cara!
Eu toquei o rosto dela e não consegui evitar as emoções, ela era parte de mim, e a conexão que temos transcende até mesmo a minha maldade.
- Elas são lindas! – eu disse olhando fixamente em seus olhos.
- Você terá gêmeos também! Sabe disso!
- Só se alguma prostituta acabar engravidando! – eu falei rindo, apenas para ver o olhar de reprovação dos meus pais, irmão e cunhada.
- Menos Dante! – disse Leona sorrindo
- Eu já vou, você sabe os motivos... Mas olha... estou feliz por você!
- Eu sei que sim, é só o seu jeito de amar que é deturpado e doente!
- Obrigada pelo elogio maninha! Bom, estou indo!
Saí do quarto como se a minha família não importasse, mas aquele momento, com minha irmã, me marcou para sempre.
Mas eu jamais iria admitir.